610 a.C.: Nasce ANAXIMANDRO de Mileto
séc. VI a.C.: Início da filosofia ocidental com Tales de Mileto. São chamados físicos, que procuram o princípio que dá origem à todas as coisas.
585 a.C.: Nasce ANAXÍMENES de Mileto.
570 a.C.: Nasce PITÁGORAS. O real se reduz a números ou combinações de números. Nasce XENÓFANES de Colofão.
556 a.C.: Morre Tales de Mileto.
547 a.C.: Morre Anaximandro de Mileto.
540 a.C.:Nasce HERÁCLITO de Éfeso. O real é puro vir a ser.
530 a.C.: Nasce PARMÊNIDES de Eléia. O vir a ser é pura aparência: o ser é imóvel.
528 a.C.: Morrem Anaxímenes de Mileto e Xenófanes de Colofão.
504 a.C.: Nasce ZENÃO de Eléia.
500 a.C.: Nasce ANAXÁGORAS. Espiritualismo, o mundo é governado por uma inteligência.
496 a.C.: Morte de Pitágoras.
487 a.C.: Nasce GÓRGIAS.480 a.C.: Nasce PROTÁGORAS, Sofística: ceticismo; fenomenismo; morre Heráclito de Éfeso
470 a.C.: Nasce SÓCRATES. Direciona a Atitude Filosófica para o homem. Conhece-te a ti mesmo. Morre Heráclito de Éfeso.460 a.C.: Nasce DEMÓCRITO. Atomismo. Materialismo. Morre Parmênides de Eléia
440 a.C.: Nasce ANTÍSTENES. Fundador da Escola cínica.
435 a.C.: Nasce ARISTIPO de Cirene. Hedonismo.
430 a.C.: Nasce PLATÃO. Realismo ontológico. Teoria das Idéias.
428 a.C.: Morre Anaxágora.
410 a.C.: Morre Protágoras.
399 a.C.: Sócrates condenado à morte em Atenas.387 a.C.: Platão funda a Academia em Atenas, a primeira universidade do planeta.
384 a.C.: Nasce ARISTÓTELES. Realismo moderado. Teoria do conceito.380 a.C.: Morre Górgias
371 a.C.: Morre Demócrito
360 a.C.: Nasce PIRRO. Ceticismo universal.
347 a.C.: Morre Platão.
341 a.C.: Nasce EPICURO. Materialismo. Moral do prazer (ataraxia).
340 a.C.: Nasce ZENÃO de Citium. Estoicismo,
335 a.C.: Aristóteles funda o Liceu em Atenas, escola rival da Academia.
330 a.C.: Nasce EUCLIDES de Alexandria. Funda a geometria
322 a.C.: Morre Aristóteles.
O primeiro momento da Filosofia foi marcado pelas escolas do período conhecido por COSMOLÓGICO: Da Escola Jônica: Tales, Anaxímenes, Anaximandro e Heráclito de Éfeso, são os principais representantes; Pitágoras é o mais importante da Escola Itálica; enquanto Parmênides da Escola Eleata.
Só para lembrar:
É uma explicação baseada em um raciocínio sistemático sobre a origem, ordem e transformação da Natureza, da qual os seres humanos fazem parte, de modo que, ao explicar a Natureza, a Filosofia também explica a origem e a mudança dos seres humanos.
Afirma que não existe criação do mundo, isto é, nega que o mundo tenha surgido do nada (como é o caso da Religião judaico-cristã, na qual Deus teria criado o mundo do nada). Para a Cosmologia: “Nada vem do nada e nada volta ao nada”. Isto significa que o mundo é eterno; no mundo tudo se transforma em outra coisa sem jamais desaparecer, embora a forma particular desapareça com ela, mas não sua matéria.
O arché é um termo fundamental na linguagem dos filósofos pré-socráticos, dado que é caracterizado pela procura da substância inicial de onde tudo deriva e é também a ideia mais antiga na filosofia, já que se tornou no ponto de passagem do pensamento mítico para o pensamento racional.
Os primeiros filósofos, os pré-socráticos, tentaram estabelecer um "princípio" (arché ) da origem e composição do Universo, recorrendo para isso à natureza (physis ).
Tales de Mileto, Anaximandro de Mileto e Anaxímenes de Mileto acreditavam que as coisas têm por trás de si um princípio físico, material, chamado arché .
Arché está na physis (em grego, physis vem de um verbo que significa fazer surgir, fazer brotar, fazer nascer, produzir) é o elemento primordial, invisível aos olhos humanos, porém, totalmente visível para o pensamento. É deste elemento que, é eterno (perene e imortal), de onde tudo nasce e para onde tudo volta. É nela (physis) que se origina todos os seres infinitamente variados e diferentes do mundo; sendo que ao contrário do PRINCÍPIO gerador são mortais (perecíveis).
Em suma, a mudança – nascer, morrer, mudar de qualidade ou quantidade – chama-se MOVIMENTO e o mundo está em movimento permanente. O movimento do mundo chama-se DEVIR e o devir não se dá no CAOS, mas segue uma rigorosa ordem marcada por leis rigorosas que o pensamento pode conhecer.
Arché - physis é imortal e as coisas físicas são mortais: donde os diferentes filósofos no desenvolvimento do pensamento filosófico cosmológico encontraram motivos e razões para dizer qual era o princípio eterno e imutável que está na origem da Natureza e de suas transformações. Tales a identifica na Água ou úmido; Anaximandro no Infinito e ilimitado sem qualidades definidas; Anaxímenes, no Ar ou no frio; Heráclito no Fogo. E assim por diante... Vamos ver a divisão dos grupos de filósofos cosmologistas e as suas respostas filosóficas:
Filósofos da JôniaTales – existe um único princípio que é a água.
(Tales de Mileto pensava este princípio ou arché como se da água se tratasse. A água seria a substância última da constituição das coisas. Tales afirmou que a água possui vida e movimento próprios. Já que a água é subjacente a todas as coisas, poder-se-ia dizer que tudo está vivo e animado. Tales chega a uma grande abstracção: "tudo é um", ou seja, todas as coisas são redutíveis ao seu elemento fundamental, neste caso, a água. Segundo Tales, a terra flutua sobre a água; assim sendo, a água é a causa material de todas as coisas.)
Anaximandro – princípio = ápeiron.
(Para Anaximandro, o princípio das coisas - o arché - não era algo visível, era uma substância etérea, infinita e indeterminada.)
Anaxímenes – princípio – Ar.(Para Anaxímenes de Mileto, o arché seria o ar e as coisas da natureza. Da mesma maneira que a nossa alma, que é ar, nos sustenta, também um sopro e o ar envolvem o mundo inteiro.)Heráclito – princípio – a realidade é dinâmica = Fogo.
(Heraclito de Éfeso pensava que todas as coisas eram feitas de uma única substância, o fogo. Para ele, é impossível alguém se banhar duas vezes na mesma água no mesmo rio; o acontecer do mundo é um fluxo permanente, pois tudo está em movimento e nada dura para sempre. O mundo, para Heraclito, era como se fosse a chama de uma vela - sempre o mesmo em aparência, mas sempre se alterando na substância.)
Filósofos da Itália Meridional
Pitágoras – Descobre uma Ordem na Natureza e são os números.
(Segundo Pitágoras, os princípios da matemática, ou seja, os números são o arché . Pitágoras afirmou que os números são a essência de todas as coisas. Considerou os números, as suas relações e as formas matemáticas como a essência e a estrutura de todas as coisas. Cada coisa possui um número (arithmós arkhé ), que expressa a "fórmula" da sua constituição íntima. As leis que governam o cosmos são também relações matemáticas.)
Parmênides estuda o Ser.
Últimos pré-socráticos pluralistas
Conciliam movimento com ser único.
Representantes principais são:
Empédocles – princípio = Quatro elementos.
Anaxágoras – princípio = semelhanças.
Atomistas – princípio = Átomos.
MAIS IMPORTANTE QUE AS RESPOSTAS DADAS POR ESTES FILÓSOFOS, AO PROBLEMA EM COMUM, COSMOLÓGICO, FOI A FORMA (RACIOCÍNIO SISTEMATIZADO) EMPREGADA PARA A CONSTRUÇÃO DAS MESMAS.DA COSMOLOGIA PARA OS PROBLEMAS ANTROPOLÓGICOS
Com o desenvolvimento das cidades, do comércio, do artesanato e das artes militares, Atenas tornou-se o centro da vida social, política e cultural da Grécia, vivendo seu período de esplendor.
É o período do florescimento da DEMOCRACIA: igualdade de todos os homens adultos perante as leis e o direito de todos os cidadãos participarem do governo da cidade (POLIS).
O CIDADÃO (lembrando que mulheres, escravos, estrangeiros, crianças e velhos estavam excluídos da cidadania) para conseguir que sua opinião fosse aceita nas assembléias precisava dominar a fala e ser capaz de um raciocínio lógico capaz de convencer seus ouvintes.
PARA CONHECER MAIS A GRÉCIA ANTIGA
É necessário, agora, educadores para formarem jovens cidadãos na Arte da RETÓRICA. Surgem assim, na Grécia, os SOFISTAS.
Os sofistas são os primeiros filósofos do período socrático. Os sofistas mais importantes foram: Protágoras de Abdera, Górgias de Leontini e Isócrates de Atenas.
Em Português: sofista (so-fis-ta) s. m. e s. f. Pessoa que raciocina usando sofismas. S.m. Filósofo retórico, na Grécia antiga: Sócrates combatia os sofistas.
Semântica do termo Sofista
O termo "sofista", em sentido geral, significa "partidário da sabedoria", mas foi adquirindo um sentido pejorativo, pois seus opositores afirmavam que estes filósofos corrompiam a juventude com seus principios democráticos. Os sofistas também eram chamados de "filósofos de rua", pois percorriam as cidades fazendo discursos eloqüentes e conferências sobre diversos assuntos.
As palavras sofista, sofística (do grego antigo: σοφιστής, σοφιστικός; derivada σοφός - "sábio", "instruído"), assumem diferentes significados ao longo da história da filosofia, que merecem ser distinguidos:
1.Chama-se sofista ou sofístico, um conjunto de pensadores, oradores e professores gregos do século V a.C. (e do início do século seguinte).
2.Em Platão, seguido da maior parte dos filósofos até aos nossos dias, uma perversão voluntária do raciocínio demonstrativo para fins geralmente imorais.
3.O desenvolvimento da reflexão e o ensino da retórica, em princípio a partir do século I d.C., na prática a partir do século II, no Império romano.
Exemplo de sofisma: Todo cavalo raro é caro. Um cavalo barato, é raro. Logo; um cavalo caro é barato!
QUE FAZIAM?
Os sofistas eram, portanto, os educadores de seu tempo. Cada qual com um grupo de discípulos. Afirmavam que os ensinamentos dos filósofos cosmologistas estavam repletos de erros e contradições e que não tinham utilidade para a vida da polis (cidade). Apresentavam-se como professores de Oratória (arte de falar bem em público, de saber convencer pela palavra) e Retórica (arte de persuadir pela fala e pela escrita). Os sofistas ensinavam técnicas de persuasão para os jovens, que aprendiam a defender a posição ou opinião A, depois a posição ou opinião contrária, não-A, de modo que, numa assembléia, soubessem ter fortes argumentos a favor ou contra uma opinião e ganhassem a discussão.Platão escreveu uma obra intitulada Sofista, onde ele elenca uma série de elementos identificadores dos sofistas:
Para Platão o nome sofista deriva de sophós que quer dizer sábio e nesta concepção, para o discípulo Platão, apenas seu mestre Sócrates seria o único e verdadeiro sofista. Há nesta obra um elenco de aspectos atribuídos por Platão aos sofistas: são educadores ambulantes; cobram para ensinar; são mercadores porque transmitem um saber pronto, sem crítica; a retórica sofista não transmite conhecimento algum, uma vez que é uma enxurrada de palavras bem composta para persuadir os ouvintes; o sofista refuta por refutar, apenas para ganhar uma disputa verbal.
Na verdade estes sentidos pejorativos impostos por Platão aos sofistas não podem negar o fato da importância destes filósofos para a História da Filosofia. Os sofistas foram, na verdade, grandes mestres, e a eles acorriam quantidades de jovens bem-nascidos, dispostos a pagar muito dinheiro para aprender o que eles podiam ensinar. Os sofistas dominavam uma série inumerável de conhecimentos a serem ensinados. Eles trataram de uma gama enorme de temas do seu tempo e em especial, independente daquilo que ensinavam, o que os jovens buscavam era, fundamentalmente, a Areté, que era a qualidade indispensável para se tornar um cidadão bem sucedido, quer na vida privada, quer na pública.
A importância dos sofistas, guardadas as devidas ressalvas tratadas por Platão em sua crítica aos mesmos, é que eles fazem parte do florescimento da Filosofia que vai de Tales até Sócrates. Muitas questões, senão que todas, foram levantadas neste período. Descobriu-se neste período que a RAZÃO não apenas explica, mas ela também revela as dificuldades para a aquisição do conhecimento verdadeiro.
1. Górgias define-se com orador e professor de retórica;
2.O objecto da retórica são os discursos, sobretudo os de carácter político;
3. A retórica é considerada um "bem supremo", dado que permite persuadir juízes, senadores, o povo e qualquer espécie de participantes em reuniões.
4. A retórica não se define porque aquilo que é, mas sim pelos efeitos provoca;
5. A persuasão é o objectivo e a essência da retórica;
6.O poder das palavras está na base da retórica e do discurso político.
7. A retórica permite persuadir um dado auditório sobre a verdade/justiça de uma dada posição, independentemente da mesma ser de facto verdadeira ou falsa, justa ou injusta.
8. A retórica prescinde do conhecimento. É uma arte do verosímil ou do crível não do saber que são tratados.
9. As palavras não manifestam a verdade das coisas. O seu uso na retórica não tem em vista exprimir o que as coisas são, mas sim provocar emoções e sentimentos nos ouvintes.
10. Não é possível impedir o mau uso da retórica.
11.Indiferença perante as questões ética do ensino da retórica
Em contraponto com Sócrates podemos atribuir as seguintes diferenças:
12. A retórica não pode prescindir do conhecimento.
13. Só pode falar de justiça aquele que a procura e a pratica.
14. Quem sabe o que é a justiça jamais poderá praticar a injustiça (intelectualismo moral).
Esquema de Carlos Fontes
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ARISTÓTELES
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(Aristóteles: Biografia)
Fontes: Marilena Chauí. Convite à Filosofia. 6. Ed. São Paulo: Ática, 1997. Gilberto Cotrim. Fundamentos da Filosofia: Ser, saber e fazer.8 ed. São Paulo: Saraiva, 1993. J. FERRATER MORA, Sofista, Diccionario de Filosofía, Q-Z, Ariel, Barcelona, 1994.
REVISÃO AULA/FILOSOFIA
RESUMO Mês de MAIO.
MITO e FILOSOFIA
Passagem do Mito à FILOSOFIA
Noções gerais sobre: Sistemas de Conhecimentos, Módulos de Conhecimentos, Linguagens Alegórica e Abstrata, Raciocínio Sistemático, Mito e Filosofia.
O Globo está dividido em dois grandes sistemas de conhecimentos: O Ocidental e o Oriental, ambos em constante interação.
Para esclarecer melhor essa interação, vamos ver como foi que os gregos reelaboraram o conhecimento acumulado pelos Orientais quanto ao domínio de TÉCNICAS, que possibilitaram aquele conhecimento que hoje entendemos por Científico.
→ Aquilo que era concebido para facilitar a vida em seu cotidiano, os gregos transformaram em ciência (ou seja, em um conhecimento racional sistematizado – sempre abstrato e universal). Assim, não é errôneo afirmar que, a Matemática tem sua fonte no Egito Antigo. Os egípcios já praticavam a agrimensura para medir, contar e calcular; os Caldeus e Babilônios praticavam a astrologia como forma de prever o futuro através da adivinhação a partir da observação dos astros celestiais; logo, a astrologia os gregos transformaram em astronomia; as práticas de grupos religiosos secretos que buscavam a cura misteriosa para doenças, os gregos transformaram em medicina.
→ Outro fator que potencializou em grande medida o poder de abstração, do homem grego, foi transcrever a palavra e o pensamento com símbolos: eis o alfabeto. Criado pelos Fenícios, o alfabeto foi melhorado pelos gregos que acrescentaram, por exemplo, as vogais. O alfabeto possibilita ao homem uma maior capacidade de abstração e generalização. Diferente dos hieróglifos dos egípcios ou os ideogramas dos chineses, a escrita alfabética supõe que não se represente uma imagem da coisa que está sendo dita, mas a idéia dela, o que dela se pensa ou se transcreve. A escrita permite o pensamento mais aguçado sobre algo quando ficamos lendo e analisando alguma coisa, como, por exemplo, uma lei. Ao ser fixada, a lei fica exposta como um bem comum de toda a cidade, um saber que não é secreto como um saber vinculado ao exercício de um sacerdote, mas propriamente público, além de estabelecer uma nova noção na atividade jurídica, a saber, uma verdade objetiva. Da linguagem alegórica para a abstrata irrompeu-se uma grande tensão provocada pela dessacralização do Mito. A Escrita era tida pelos defensores das verdades mitológica como atividade profana. Não é difícil imaginar o que significava este conflito. A Escrita tirava o poder sobrenatural dos detentores do saber.
→ Portanto, nas explicitações textuais acima, eu tive a preocupação apenas de delinear alguns exemplos para reforçar a idéia de interação entre Ocidente e Oriente, no que tange ao problema do conhecimento. Em outras palavras, a cultura grega sofre de uma influência Oriental – ela é resultado direto de contatos profundos com as culturas mais avançadas do Oriente. Porém, também é verdade, que os gregos imprimiram mudanças de qualidades tão profundas no que receberam do Oriente e de outras culturas do Ocidente, que até parecia terem criado sua própria cultura a partir de si mesmos.
ESTA IDEIA DE INTERAÇÃO CULTURAL é fundamental para compreendermos que o Homem é realmente um SER social e político, como retratado pelo Filósofo Aristóteles em sua obra “A Política”. O Homem é um ser Dependente Coletivo. Não pode viver de forma isolada como se fosse uma ilha. E, sua participação no coletivo pode fazer toda a diferença.
∆ Para uma compreensão mais profunda deste processo de construção do Conhecimento desde a dinâmica evolutiva dos hominídeos até o evento histórico de nascimento da Filosofia, é essencial atermos para estas duas características incontestáveis do Homem: Razão e Dependência Coletiva.
→ Ele é o único ser no Globo Terrestre, pelo menos do que temos conhecimento, que possui a Faculdade Anímica da Razão. Isto é dizer, é o único SER que faz PERGUNTAS, que PENSA e que busca RESPOSTAS para as perguntas por ele elaboradas.
A dinâmica seria mais ou menos essa:
O Homem inserido no contexto do Senso Comum (interior da Caverna Platônica) faz PERGUNTAS, PENSA pouco e sempre se apossa de RESPOSTAS alheias já prontas e tidas como definitivas.
O Homem inserido no contexto do Senso Crítico (exterior da Caverna Platônica) faz PERGUNTAS, PENSA muito – de forma autônoma e sempre elabora RESPOSTAS com a exigência de que sejam verdadeiras de forma lógica, ou seja, fruto de um raciocínio sistematizado. AS RESPOSTAS NUNCA SÃO DEFINITIVAS.
→ Quanto à dependência coletiva eis alguns exemplos ilustrativos abstratos:
Ex. 1 =
Pergunto a um Sujeito: _ Você é brasileiro?
_ Sim, sou brasileiro – responde ele.
_ Então você é um cidadão brasileiro?
_ Sim, sou. Ontem mesmo exerci minha cidadania ao cumprir meu dever de eleitor e escolhi deputados e senadores que me representarão nos próximos quatro anos lá em Brasília nas casas das Leis.
_ Muito bem... Você poderia me dizer quais são os nomes destes deputados e senadores e a quais partidos eles pertencem?
_ Rapaz, sabe que já não me lembro bem...
Este exemplo parece algo inocente, mas ao contrário de sê-lo, revela algo nefasto para a vida em seu âmbito Coletivo e de quebra, também para o âmbito da vida privada. É comum nosso povo passar quatro anos de uma legislatura dizendo que nossos políticos não prestam, são corruptos, são ladrões... Na verdade não estão errados os eleitores que possuem este ponto de vista, pois a maioria se comporta exatamente assim. Porém, em uma reflexão lógica a pergunta deveria ser: Quem realmente não presta: Os políticos ou os eleitores que colocam os políticos em seus cargos respectivos? É óbvio que quem não presta são os eleitores. Por que passam quatro anos afirmando que os políticos não prestam e sempre em uma nova eleição acabam por colocarem sempre os mesmos lá de novo. É certo ainda que, há forças alienantes com o objetivo de manterem esta situação, porém, o Homem pode superá-las desde que esteja disposto a deixar o interior da CAVERNA.
→ Vamos voltar ao processo de construção do conhecimento ao longo da história humana.
O Homem que faz perguntas, elaborou desde cedo QUESTÕES EXISTENCIAIS, ou seja, problemas gerados a partir de seu cotidiano, que requeriam soluções, respostas concretas.
Desde cedo, ainda no início do processo evolutivo, quando ainda nas cavernas, o Homem necessitava de prover necessidades como alimentação, proteção de seus corpos, regras mínimas de convivência.
Foram destas questões existenciais que o Homem passou a elaborar um conhecimento que formaria o Módulo de Conhecimentos ARTÍSTICOS.
Imaginemos o Homem em um tempo da história no qual ele se quer tinha a consciência de possuir a Faculdade Anímica da Razão. É certo que esta tomada de consciência não se deu da noite para o dia. Mas, foi um longo processo.
Porém, o módulo ARTÍSTICO não dava conta de responder a questões existenciais que eram da dimensão do SOBRENATURAL: Quem fez todas as coisas que existem? Para onde vamos depois desta vida biológica? Por que uns nascem com deficiências físicas e outros não? O módulo religioso centrado na autoridade da crença veio para dar conta destas questões.
Ora, as populações hominídeas deixaram aos pouco de ser nômades para se constituírem como sociedades sedentárias. Maior número populacional, maiores também se tornam os problemas de convivência coletiva. Aos poucos estes povos primitivos foram construindo um novo módulo de conhecimento para dar conta de questões existenciais inseridas em um contexto cada vez mais complexo. Surge o MITO. Módulo de conhecimento estruturado basicamente na Linguagem Alegórica sob a autoridade do sobrenatural (dependente da CRENÇA).
SURGE A FILOSOFIA
Atenção, a Filosofia não é um Módulo de conhecimento – como o é o Artístico, o Religioso e o Mito. A FILOSOFIA é uma atividade, um exercício de reflexão racional sistematizada. Não CONFUNDA Filosofia com CIÊNCIA, ciência é um módulo originário da Filosofia e por isso mesmo, ela, a FILOSOFIA é considerada mãe de todas as ciência. Depois do século XV - a 500 anos atrás - a Ciência tornou-se autônoma e os ramos da Filosofia foram reduzidos a poucas áreas: Epistemologia, Ética, Estética, Axiologia, Ontologia, Metafísica, e outras.
O QUE QUEREMOS DIZER COM REFLEXÃO RACIONAL SISTEMATIZADA?
REFLEXÃO seria o pensamento pensando ele mesmo. Significa em Filosofia o movimento de volta sobre si mesmo ou movimento de retorno a si mesmo. Seria o movimento pelo qual o pensamento, examinando o que é pensado por ele, volta-se para si mesmo como fonte desse pensado. É o pensamento interrogando-se a si mesmo ou pensando-se a si mesmo. É a concentração mental em que o pensamento volta-se para si próprio para examinar, compreender e avaliar suas idéias, suas vontades, desejos e sentimentos.
A REFLEXÃO FILOSÓFICA É RADICAL, pois vai à raiz do pensamento.
Não somos apenas seres pensantes, somos também seres que se relacionam com outros seres: por meio de linguagem e dos gestos, por meio de ações, comportamentos e condutas. Portanto, a reflexão busca compreender a realidade que nos circunda.
O que é pensar? O que é falar? O que é agir?
O que pensamos, dizemos e fazemos em nossas crenças cotidianas constitui ou não um pensamento verdadeiro, uma linguagem coerente e uma ação dotada de sentido?
ATITUDE FILOSÓFICA: dirige-se ao mundo que nos rodeia e aos seres humanos que nele vivem e com ele se relacionam. É um saber sobre a realidade exterior ao pensamento. Já a REFLEXÃO FILOSÓFICA se dirige ao pensamento, à linguagem e à ação. São perguntas sobre a capacidade e a finalidade de conhecer, falar e agir e que são próprias dos seres humanos. É um saber sobre o homem como ser pensante, falante e agente, ou seja, sobre a realidade interior aos seres humanos.
POR ISSO MESMO, RACIONAL SISTEMATIZADA → As indagações fundamentais da atitude filosófica e da reflexão filosófica não se realizam ao acaso, segundo as preferências e opiniões de cada um de nós. A filosofia não é feita de “achismos” nem é pesquisa de opinião à maneira dos meios de comunicação de massa. As indagações filosóficas se realizam de modo sistemático.
A PALAVRA SISTEMA vem do grego e significa “um todo cujas partes estão ligadas por relações de concordância interna”. No caso do pensamento, significa um conjunto de idéias internamente articuladas e relacionadas, graças a princípios comuns ou a certas regras e normas de argumentação e demonstração que as ordenam e as relacionam num todo coerente.
O CONHECIMENTO FILOSOFICO É UM TRABALHO INTELECTUAL
É sistemático porque não se contenta em obter respostas para as questões existenciais que se apresentam, mas exige que as próprias questões sejam válidas e que as respostas sejam verdadeiras, estejam relacionadas entre si, esclareçam umas às outras, formem conjuntos coerentes de idéias e significações, sejam provadas e demonstradas racionalmente.
O PRIMEIRO PROBLEMA FILOSÓFICO: A COSMOLOGIA
O nascimento da Filosofia
Linguagem ABSTRATA
TALES DE MILETO (cerca de 625/4-558/6 a.C.) é considerado o primeiro Filósofo e fundador da Filosofia que surgiu em fins do século VII a.C. e início do VI a.C.
O PROBLEMA FILOSÓFICO: A palavra cosmologia deriva de duas outras: COSMO poderia ser traduzida, de forma sofrível, para o português como UNIVERSO e/ou Planeta, Globo, Natureza (seria mais próximo mesmo de “a ordem, a organização do mundo”; LOGIA vem de LÓGOS que significa Razão – “pensamento racional, discurso racional, conhecimento”.
ASSIM A FILOSOFIA NASCE COMO CONHECIMENTO RACIONAL DA ORDEM DO MUNDO OU DA NATUREZA, DONDE COSMOLOGIA.
Na base do problema cosmológico está a questão existencial:
QUAL É A ORIGEM DE TODAS AS COISAS?
Ora, qual é o problema mítico grego que tem em sua base, também, esta mesma questão existencial?
COSMOGONIA (Linguagem Alegórica): a palavra gonia significa nascimento, gerar, fazer nascer e crescer, gênese. Em outras palavras, significa nascimento a partir da concepção sexual e do parto. Está relacionada à TEOGONIA que significa a narrativa da origem dos deuses a partir de seus pais e antepassados.
“No início era o CAOS. Foram gerados os deuses primordiais, dentre os quais Gaia a deusa terra... E tudo foi criado. Céus e mares; Terra – rios, lagos e montanhas, vegetação e animais... O semideus Prometeu tomou um pouco de terra e, misturando-a com água, fez o Homem à semelhança dos deuses... O irmão de Prometeu, Epitemeu se encarregou de dar a cada animal um dom variado: força, sagacidade, rapidez... Quando chegou ao Homem já não tinha mais dons para doar e recorreu a Prometeu. Do Palácio de Zeus roubou o FOGO (símbolo da Razão) e o deu ao Homem – assegurando-lhe superioridade em relação aos demais seres. A Mulher foi criada em seguida como castigo ao Homem pelo presente recebido de Prometeu: a mulher é responsável por liberar e fazer a humanidade conhecer todos os tipos de males... Prometeu transformado em imortal foi condenado a ser devorado eternamente por uma águia...” Esta é apenas umas das muitas versões.
Portanto, o problema é o mesmo. Mas, a diferença reside no fato de que a Filosofia ao retomá-lo do Mito reformulou-o, racionalizando-o, transformando-o numa explicação inteiramente nova e diferente...
TALES DE MILETO já não se contentava mais com as respostas prontas e definitivas do mito e propaladas pela tradição oral. Ele queria uma nova RESPOSTA. Para seu problema COSMOLÓGICO construiu a seguinte resposta – A ÁGUA É O PRINCÍPIO DE TODAS AS COISAS:
“A maior parte dos primeiros filósofos considerava como os únicos princípios de todas as coisas os que são de natureza da matéria. Aquilo de que todos os seres são constituídos, e de que primeiro são gerados e em que por fim se dissolvem, enquanto a substância subsiste mudando-se apenas as afecções, tal é, para eles, o elemento, tal é o princípio dos seres; e por isso julgam que nada se gera nem se destrói, como se tal natureza subsistisse sempre… Pois deve haver uma natureza qualquer, ou mais do que uma, donde as outras coisas se engendram, mas continuando ela mesma. Quanto ao número e à natureza destes princípios, nem todos dizem o mesmo. Tales, o fundador da filosofia, diz ser água [o princípio] (é por este motivo também que ele declarou que a terra está sobre água), levando sem dúvida a esta concepção por ver que o alimento de todas as coisas é o úmido, e que o próprio quente dele procede e dele vive (ora aquilo de que as coisas vem e, para todos, o seu princípio. Por tal observar adotou esta concepção, e pelo fato de as sementes de todas as coisas terem a natureza úmida; e a água é o princípio da natureza para as coisas úmidas (…).” (ARISTÓTELES. Metafísica, I, 3.983 b6 .)
OUTROS FILÓSOFOS COSMÓLOGOS:
Anaximandro → Afirmou que o princípio é o infinito. O princípio é o fundamento da geração de todas as coisas, a ordem do mundo evoluiu do caos em virtude deste princípio.
Anaxímenes → Refutando a teoria da água de Tales, e do ápeiron de Anaximandro, Anaxímenes ensinava que essa substância era o ar infinito, pneuma ápeiron. O universo resultaria das transformações do ar, da sua rarefação, o fogo, ou condensação, o vento, a nuvem, a água e a terra e por último pedra. Esse era o processo por qual passava uma substância primordial, e resultava na multiplicidade, os quatro elementos. O ar tinha o eterno elemento.
Pitágoras → Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina, e são a verdade eterna.MUITO IMPORTANTE, ANOTE
O mais importante em Tales de Mileto não foi a resposta dada ao seu problema cosmológico, mas sim a forma pela qual ele chegou a esta resposta. As diferentes respostas dos filósofos cosmólogos e/ou físicos revelam uma característica essencial que faz a Filosofia SER Filosofia e não outra coisa... O fato da Filosofia não ter respostas prontas e muito menos definitivas. A Filosofia lança-se em busca da VERDADE e não se contenta com simples respostas. A DÚVIDA é o elemento deflagrador da atividade filosófica e é ela, a DÚVIDA, que faz da Filosofia uma incessante e eterna atividade reflexiva racional sistematizada a fim de manter o Homem sempre na possibilidade de conquistar o exterior da Caverna platônica e vivenciar a autonomia de uma pensamento que possa, de fato, lançá-lo à FELICIDADE colocá-lo próximo da VERDADE.
Nas próximas aulas VEREMOS:As áreas e/ou ramos da Filosofia
Os primeiros problemas filosóficos centrados na Cosmologia, Arte Política e Antropologia.
Os pré-socráticos, os SOFISTAS, Sócrates, Platão e Aristóteles.Fontes consultadas:ALVES, Fátima e outros. A chave do agir: Introdução à Filosofia. Lisboa: Texto Editora Ltda, 1998.
ARANHA Maria Lúcia de Arruda, MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de Filosofia. 2.ed. São Paulo: Moderna, s.d.
CARDOSO, Osvaldo e outros. Filosofia: Ensino Médio (Livro Didático da S.E.ED./PR). 2. ed.Curitiba: SEED/PR, 2008.
CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. 6.ed. São Paulo, Ática,1997.
CHAUI, Marilena, OLIVEIRA, Pérsio S. Filosofia e Sociologia. São Paulo: Ática, 2007.
COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia: ser, saber e fazer. 8 ed. São Paulo, 1993.
DELEUZE, Gille, GUATARI, Felix. O que é a Filosofia? Rio de Janeiro: Ed. 34, 1992.
DURANT, Will. A história da Filosofia. 3. ed. Rio de Janeiro: Record, 2000.
REZENDE, Antonio e outros. Curso de Filosofia. 13. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.
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