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FILOPARANAVAÍ

sábado, 20 de março de 2010

AULAS_RESUMO / prof. Lucio & apontamentos de Filosofia

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AULAS/RESUMOS

Resumo das aulas/Semana

01-05/03/10

Caracterização do Mito

O pensamento mítico precedeu a filosofia. A questão não oferece grandes dúvidas, em outras palavras é uma questão vencida. O problema está no quando tentamos saber em que é que consiste o pensamento mítico e como podemos caracterizá-lo.

No tempo da Grécia Antiga, período em que o Mito era vigente enquanto conhecimento dominante, apenas os Ricos podiam pensar. Os pobres (povão) não possuíam este direito. Hoje, de forma indireta, os ricos (aquela parcela minoria que domina e tem os poderes: econômico e político), continuam não querendo que o povo desabroche suas capacidades racionais.

A mídia brasileira é um exemplo disso. A maior parte das concessões de TVs, rádios e jornais, estão concentradas nas mãos de pouquíssimas famílias e quando não, quem domina estas concessões são as instituições religiosas, que por sua vez, cooptadas pelo sistema, também estão a serviço de manter o povão calado e apaziguado através de uma teologia da retribuição e do pecado, ainda que o povão possa perceber claramente as injustiças saltarem a um palmo de seu nariz. A história não mudou muito. No tempo da Grécia não havia o poder de mídia que temos hoje, mas eles encontravam nos deuses imaginários uma forma de obterem autoridade para seus conteúdos ideológicos e moralizantes. O povão recebia o já pensado e não podia contestar, era dogma. Quem ousasse fazer isso poderia ser punido sendo transformado, em sapo, estátua, pó e/ou outra qualquer coisas, dependendo do humor do deus juiz sentenciador.

Na história humana o que não faltam são exemplos destas punições em todos os seus tempos. Só para facilitar vamos recorrer ao período do Renascimento Cultural, quando contrários aos Conhecimentos Dogmatizados pela Igreja Católica, por exemplo, contra a Teoria Geocêntrica, que a Igreja fundamentava também a partir de textos bíblicos, o grande pensador Giordano Bruno, por contestar tal teoria foi parar na fogueira. Bruno foi apenas um entre tantos sentenciados. Esta prática sempre será latente por aqueles que querem manter suas “ideologias”. Riscar do mapa todos os que os ameacem. Ainda hoje é assim: homens e mulheres que lutam por justiça na distribuição de nossas riquezas, homens e mulheres que lutam contra os dogmatismos moralizantes impostos pelas igrejas cristãs sobre todo o conjunto da sociedade brasileira, que tem um Estado Laico, continuam sendo perseguidos de várias formas e ameaçados, em todo o momento, pelos que não querem dialogar e nem ceder.

No Brasil, durante a ditadura vigente de 64 até 85, muitos foram os perseguidos, torturados, assassinados, exilados, por combaterem os que no topo da pirâmide queriam impor somente sua forma de governar e regular a vida das pessoas. Olhe para as programações das maiores redes de TVs abertas do Brasil. Analise seus telejornais: 99% das notícias são ruins _ corrupção, assassinatos, etc. Isto não é por acaso. O Bem parece perder todo dia para o mal. Parece não valer a pena ser Honesto e Justo. Ninguém mais se escandaliza com tantas falcatruas. Tudo isto tem o objetivo de manter as pessoas inertes, impotentes, diante do domínio dos mais ricos. Ao povo cabe “pão e circo” a exemplo da Pax Romana. Impotente, o Homem comum diz: “não vale a pena lutar”. “Nada vai mudar”. “Políticos não prestam”. “Vou votar em branco ou anular meu voto”... É isto exatamente que eles lá de cima da pirâmide querem que você continue pensando ou fazendo. Alienado, com sua Razão seqüestrada no senso comum dominado pela ideologia deles, continue você um cordeirinho sempre a ser tosquiado...


Em relação a isto, retomarei aqui um dia o Mito da Criação do Homem na versão do Mito Grego. Veremos que o semideus Prometeu, encarna o pobre contestador e que rebelde desobedece aos deuses. Este Mito foi uma forma que Hesíodo, um poeta de origem plebéia, encontra para se opor ao “status quo”. Ele quebra a dinâmica de domínio e mostra que é possível ao povão dar um basta a este domínio.

Mas vamos retornar ao nosso caso aqui em questão: O saber mítico é de um tempo da história humana em que não era acessível ao conjunto total da população a arte da Escrita. É bom recordar que foram os Fenícios que desenvolveram o alfabeto e que no início só havia as consoantes. Só muito mais tarde é que os gregos iriam acrescentar as cinco vogais. O alfabeto Fenício deu base para a estruturação da língua grega, que por sua vez, deu base para a estruturação da língua latina que vai se converter na base principal do alfabeto utilizado hoje em grande parte do Planeta, inclusive no Brasil. Centenas e centenas de palavras de nossa língua, por isso mesmo, derivam do Grego e do Latim.

Posto isto, não fica difícil imaginar que na falta de Leis escritas, por exemplo, as populações antigas necessitariam de um Saber disseminado entre seus cidadãos que lhes orientassem a regulação de suas relações sociais e oferecesse também respostas às questões existenciais do dia a dia. E este saber constituído foi o Mito. Drácon foi o legislador ateniense (Grécia) que elaborou mais tarde as primeiras Leis escritas e que na verdade, já eram consensuais na forma tradicional oral.

O saber Mítico em seu conteúdo tem elementos próprios e que diferem de outras duas modalidades de conhecimentos, mas com as quais interage, isto é, os saberes: Artístico e Religioso.


Os antigos elaboraram seus próprios mitos. Todos os povos antigos constituíram os elementos de conteúdos míticos a partir de especificidades culturais próprias.

O Homem é um Ser eternamente angustiado diante do desconhecido. Ele faz questões existenciais a todo tempo e estas necessitam de respostas para que sua angústia seja apaziguada. Não importa se as respostas transitem pelo espaço do Real e/ou apenas pelo espaço da crença, sem qualquer fundamentação no campo do real. Mas o certo é que o Homem necessita destas respostas. Caso contrário, ele enlouqueceria. Esta característica primitiva persiste até hoje. O Homem é sempre tendencioso a escolher o extraordinário em oposição ao ordinário, o fantástico prende sua atenção de forma que se torna presa muito fácil para os que querem dominá-lo. É o Deus fantástico, o Deus comerciante, o Deus negociador, o Deus miraculoso, pregado por padres e pastores, que faz sucesso entre os fiéis. O Deus que em cada ritual religioso está pronto a barganhar com seus fiéis. A indústria do milagre cresce dia a dia fazendo as contas bancárias das instituições religiosas crescerem em quantias vultosas tudo em nome de Jesus Cristo.

Por muito tempo, foi o saber Mítico uma forma de conhecimento muito plausível para organizar a vida destes povos antigos. O saber mítico é constituído de estórias que encontram sua autoridade central, como no caso do Mito Grego, no mundo sobrenatural dos deuses e/ou outros seres sobrenaturais como os Heróis, por exemplo. Estas estórias são transmitidas em suas fontes originárias pelo poeta-rapsodo ( em uma analogia ao Mito Judaico encontramos referência nos profetas do Velho Testamente). O poeta era aquele que ouvia dos deuses as estórias-lições que deveria transmitir aos mortais no mundo ordinário.

Estas estórias estavam carregadas de conteúdos marcados por simbologias próprias da cultura grega, eram brotadas do imaginário fantasioso e inventivo e serviam para regular a vida em suas três dimensões: do Cosmo, da sociedade e da vida subjetiva. O saber mítico trabalhava com a Faculdade Anímica dos Sentimentos e por isso mesmo, cabia ao Homem apenas acolher, crer e vivenciar, sem qualquer possibilidade de contestação, era Dogma e ponto. Os que ousassem contestar poderiam, por exemplo, ser transformados em pedra, em pó...

Estas estórias, também, eram passadas, de pessoa à pessoa, na forma oral e ganhavam variadas versões, apesar de que o núcleo de conteúdos permanecia quase sempre o mesmo. Isto porque cada qual que contava a estória em questão, não é difícil de imaginar, acrescentava alguma novidade. Podemos então afirmar que o Mito era constituído de estórias fantasiosas, não verdadeiras. Podemos encontrar possibilidade de analogias às nossas novelas televisivas: por exemplo, algumas novelas da Rede Globo tratam de problemas do mundo ordinário de nossa população em suas tramas. Isto é dizer, em outras palavras, que o saber mítico apesar de constituído de estórias fabulosas, fantasiosas, não verdadeiras, sempre tem um “fundo de verdade” e, ou seja, sempre está se referindo a algum problema concreto do mundo ordinário do grego antigo. Esta característica ordinária dada às estórias é para que as mesmas não percam poder de persuasão.

O Homem sempre foi marcado pela atração ao fantástico, até hoje esta é a característica mais marcante do Homem contemporâneo, que vive quase exclusivamente com esta ideia primitiva fixa em sua busca pela satisfação do desejo de sempre TER mais. Desejo este cooptado e comandado pelo Modelo Econômico de Produção através da manipulação desse desejo por meio de todos os recursos possíveis e que se caracterização na imposição da Ideologia dos que dominam os meios de produção e a política, mantendo o chamado estado de alienação sempre latente como já tratei acima.

Veja só, vou dar um exemplo de como isso funciona. Vamos supor que o incesto seja um problema colocado no cotidiano dos gregos antigos. Não há leis escritas para regular esta relação não desejada naquela sociedade. O saber mítico então apresenta uma solução. Na minha versão, mas sem fugir muito da estória original, só para economizar espaço aqui na página, apresento uma possível estória envolvendo dois personagens clássicos: Jocasta e Édipo. Mãe e filho, ambos são heróis. Jocasta era a mulher mais linda da Grécia. Heróis não envelhecem, são semi-deuses. Conta-se que Édipo cresceu errante pelo mundo e um dia, quando já adulto, encontrou Jocasta, a quem não tinha conhecido, apaixona-se e casa-se com ela e tem filhos. Um dia descobrem tratar-se de mãe e filho. Então impõem a si mesmos as seguintes autopunições: Jocasta se suicida e Édipo arranca seus olhos vivendo eternamente sem visão. Esta estória uma vez assim contada e transmitida, podia induzir. o Homem do mundo ordinário, à seguinte conclusão lógica: se estes que eram Heróis sofreram tal fim ao cometerem o incesto, o que não seria de mim, um pobre mortal, se o mesmo fizesse?
Jocasta e Édipo, bem como este acontecimento da estória relatada aqui, certamente que nunca existiram e/ou no máximo eram figurações de pessoas comuns transportadas para o plano sobrenatural com fins educativos. Mas esta estória tem um “fundo de verdade” e este, era nada menos que um problema real do cotidiano a ser solucionado: o incesto.

Vamos também utilizar o Mito Judaico para compreender melhor ainda esta dinâmica: Moisés um dia recebe de uma voz que surgira de um vegetal em chamas a incumbência de libertar o povo Hebreu cativo, escravizado pelo Faraó do Egito. Deus tenta por meio do diálogo a dispensa dos hebreus, Faraó não aceita, são enviadas pragas a fim de amolecerem o coração dele, mais ele não cede. Ao que Moisés organiza o povo e foge. O Faraó descobre e envia seus guardas. O povo ta diante do Mar não tem para onde fugir, os comandados do faraó estão chegando. Moises milagrosamente então abre um corredor no Mar com um simples toque de seu cajado. Passam ao outro lado da planície e os soldados que continuavam a perseguição, ao passar pelo mesmo corredor aberto milagrosamente são engolidos pelas águas do Mar. Uma estória fantástica, extraordinária, fabulosa. Certamente podem ter fugido, podem ter escapado da perseguição de Faraó, e leram na dinâmica desta aventura a presença de um Deus que não os abandonavam. Mas com certeza, como toda e qualquer estória mítica não passa de um imaginário fértil a dar a um acontecimento real ordinário uma roupagem do extraordinário para aquela experiência que marcaria sobretudo a constituição de um novo povo no caminho à “Terra Prometida”. A estória é fantasiosa, mas tem o “fundo de verdade”: uma parcela, e não foram todos, do povo hebreu, conseguiu fugir das ordens do Senhor Faraó... E, a experiência do Deus, amigo e companheiro de fuga, no ordinário desta fuga foi apenas transcrita em conto poético dentro da estrutura simbólica da linguagem mítica judaica.

Estive recentemente em uma celebração ecumênica em uma ocupação dos sem-terra. Serve de exemplo, penso eu, para compreendermos a força da linguagem mítica. Agora analogicamente em outro contexto. Após parte da cerimônia religiosa um garoto fazia a leitura de vida e de luta daquela comunidade e um trecho relatava o seguinte: “ Naquele tempo de chegada em nosso chão, tínhamos alimentos para poucos dias. Estávamos cercados por jagunços e policiais, que não permitiam nem entrada e nem saída de ninguém da propriedade ocupada. Eles queriam nos cansar e nós também teríamos que fazer o mesmo em relação a eles se quiséssemos ganhar aquele pedaço de chão. Mas não tínhamos alimentos para estender este processo de negociação. Clamamos aos céus e Deus fez chover abóboras em tão grande abundância que matamos nossa fome e cheio de forças resistimos até que os policiais e jagunços desfaleceram por aguardarem nossa derrota. Ganhamos nosso pedaço de chão e aqui estamos hoje depois de quase vinte anos, celebrando nossa vitória”. É óbvio que não choveu abóboras dos céus, só alguém lerdo das ideias para crer nisso. Mas o fundo de verdade existe...

Na próxima semana continua... um abraço!



AULAS/RESUMO



Resumo das aulas das semanas 15-19 e 22-26/02/2010

→ Os estudos de φ ocupam-se diretamente de três recursos básicos para sua boa consecução: o Silêncio, a Leitura e a Escrita. Estas ferramentas são essenciais para o estudo de φ e para o conseqüente ato de filosofar.

→ A atividade filosófica desde o Homem grego tinha a pretensão de dotar o Homem de autonomia plena, isto é dizer, dar ao Homem a possibilidade de pensar por si mesmo, gerar suas próprias opiniões. O Homem seria assim humanizado e ajudaria os demais no processo de Humanização. Esta dinâmica era clara tanto na φ quanto, por exemplo, no método gestado pelo filósofo Sócrates, com sua “Ironia e Maiêutica” - que iremos estudar nos próximos dias.

→ É importante destacar que assim como a φ pode ter esta finalidade nobre, também pode ela ser utilizada para sustentar ideologias nada nobres e que, nada têm de humanizantes, como é a ideologia dos mais ricos, imposta por meios ao alcance dos mesmos, sobre os mais pobres. Tanto a Filosofia, como a Ciência, podem converter-se em conhecimentos manipulados para sustentarem interesses egoístas.

→ É bom recordar ainda que a φ trabalha com a perspectiva de análise centrada no Universal/Geral/Conjunto (dedutiva) e não leva em conta a exceção. Ter isto presente, ajuda no processo de ensino aprendizagem de φ, uma vez que temos que superar os preconceitos que seqüestram nossa RAZÃO dentro dos limites do Senso Comum.

→ A φ pode sim possibilitar ao Homem a passagem do Senso Comum ao Bom Senso e daí até aquele estágio desejado e ideal que seria o do Senso Crítico. Vamos conceituar o Senso Comum. Este conhecimento é básico de todo Homem. Ele é um conhecimento que não exige grande esforço pessoal para ser adquirido. É compartilhado pelas experiências individuais ou grupais e transmitido, geralmente, de pessoa à pessoa através da forma oral. Ele é incoerente, não lógico, não sistematizado. É carregado de preconceito, fechado em si mesmo e nada amigo do novo. O senso comum busca suas explicações no mundo natural e se não consegue esgotar estas explicações apela então ao mundo sobrenatural. Permanecer ou sair do Senso Comum é uma decisão pessoal, permanecer no senso comum, podendo dele sair, é fazer uma opção pela mediocridade.

→ Invertendo o conceito de senso Comum, construído acima, você tem o conceito para Senso Crítico.

→ Não se esqueça que para a φ a DÚVIDA é fundamental diante de qualquer pseudo verdade. É a DÚVIDA que move a φ. É a DÚVIDA a “alma” da φ. Sem a DÚVIDA a φ viraria religião e deixaria de ser φ. Viraria dogma e deixaria de ser contestadora. A φ estaria condenada ao desaparecimento. Mas a DÚVIDA enquanto existir e for exercitada pelo Homem, fará com que a φ continue sua missão...


→ Para a φ a idéia central do Homem como pertencente à única raça hominídea “Homo Sapiens”, em seu atual estágio de evolução e do qual somos atores em cena, é fundamental para o pensamento filosófico se liberar em sua aventura na busca pela verdade. A consciência do mesmo Homem presente em qualquer espaço do Planeta é condição urgente para que possamos debelar qualquer limite ao pensamento filosófico. Desde esta perspectiva a φ rechaça toda e qualquer forma de preconceito e possível discriminação, rompe com os moralismos dogmatizados: O Homem merece ser respeitado independente de sua situação de biótipo e/ou mesmo psíquica. Preconceitos e discriminações contra mulheres, crianças, pessoas com necessidades especiais, homossexuais, idosos, negros, índios, pobres, etc., não são mais que ranços moralistas de grupos sociais e/ou religiões, perpetuados em nossas mentes manipuladas. São coisas de gente com “alma pequena”, medíocres. Romper com esses paradigmas e construirmos novos paradigmas que busquem a humanização do Homem, rompendo com todas as formas de violências, esta é a tarefa essencial da φ que queremos compreender em nossas aulas.

→ Em suma, possibilitar o Homem Novo, esta é a tarefa central da φ.

→ Para concluir, de tudo o que vimos nestas primeiras aulas introdutórias, lembre-se, é muito importante, ter presente sempre as três competências que todos os alunos (as) de φ deverão dominar ao longo de nosso curso: Identificar e elaborar PROBLEMAS φsóficos; Identificar e elaborar TEORIAS φsóficas; Identificar e elaborar ARGUMENTOS φsóficos.

→ Estas competências começarão a ser exercitadas já na nossa avaliação processual a partir do texto “Natureza em Destruição: O poder da consciência participante”, adaptado do autor BERMAN, Morris e, o qual, já se encontra em mãos de todos os alunos (as). Vamos através desta atividade, aprender não somente φ mas concomitantemente como filosofar. Lembre-se, o conteúdo resumo/revisado em sala de aula é conteúdo para nossa primeira prova. O texto de BERMAN será uma outra avaliação. E para os alunos (as) do matutino já agendamos o “Painel φsófico” – que é outra atividade avaliativa - para a próxima semana; providenciem os materiais orientados e que sustentarão o Painel.

Um bom fim de semana para todos (as). Um abraço do prof. Lucio


Estou indicando dois bons dicionários de FILOSOFIA online e gratuitos - na versão língua portuguesa de portugal, basta acessar e pesquisar!!!




AULAS/RESUMO

ESQUEMA/RESUMO – aulas da semana 08-12/02/10
Os conteúdos aqui especificados são apenas apontamentos daquilo que foi trabalhado em sala de aula. Estes conteúdos se referem às aulas inaugurais do ano letivo 2010, possibilitando aos (as) alunos (as) disporem de noções básicas consistentes que serão de grande importância para enriquecer os temas filosóficos a serem abordados no decorrer do ano.

FILOSOFIA e MITO: Noções gerais dos vocábulos, partindo daquelas noções que já são tradicionais em meio ao Senso Comum/Conhecimento Popular.

Lembrando aos alunos as atividades domiciliares já encaminhadas: (1) pesquisa das origens e significados para os vocábulos Filosofia e Mito desde a língua grega e, em relação à portuguesa (pesquisa na internet e/ou na biblioteca, não se esquecer de anotar a (s) fonte (s) pesquisada (s), conforme orientação). (2) Leitura do Mito da Criação Judaico presente nos capítulos 1 e 2 de Gênesis, na Bíblia, parte do Velho Testamento. Ambas as atividades não serão entregues ao professor, apenas receberão vistos e devem de estar no caderno de anotações pessoais. Em tempo, esse material será utilizado para alimentar Painel Filosófico a ser organizado no decorrer do bimestre.

IMPORTANTE PESQUISAR: do aluno do Ensino Médio se espera que tenha o conhecimento que lhe possibilite uma contextualização dos Movimentos Renascimento Cultural e Iluminismo/Ilustração, respectivamente, para uma ampla compreensão não apenas das profundas transformações de caráter irruptivas que marcaram a passagem do período Medievo ao Moderno, mas também para uma compreensão das profundas transformações pelas quais passamos hoje em todos os âmbitos de nossa vida, da vida em sociedade, da vida Planetária. Em Filosofia, conhecer esses Movimentos é condição "sine qua non", "sem a qual" não podemos ir muito longe...

► Se pergunto a um garoto adolescente:
- Você trabalha?
Ele responde: - Não, professor, eu só estudo.

Como se estudar não fosse trabalhar. O estudo é um trabalho árduo e para pessoas corajosas, determinadas. A RAZÃO é própria do homem e da mulher. Nem mais em um, nem menos no outro. Todos possuem as mesmas condições de se aventurarem no mundo do conhecimento. Alguém poderia discordar e, dizer que o fulano Y é o mais inteligente de uma dada turma secundarista. Sim, mais inteligente quer dizer apenas que ele faz melhor uso das oportunidades que se lhe apresentam. Porém, essa capacidade de fazer melhor uso das oportunidades é uma possibilidade amplamente possível, pelo menos em tese, a todos os homens e mulheres.

Estudar é trabalhar e como já frisei, exige dedicação e muitas vezes renúncias. É um trabalho para quem tem a coragem de ser feliz, de ao menos se distanciar da mediocridade que aprisiona o homem na CAVERNA PLATÔNICA. O estudante secundarista (Ensino Médio) é um adolescente cheio de energias que não devem ser desperdiçadas com coisas banais, é um adolescente cheio de sonhos bonitos e nobres que não devem continuar apenas sendo sonhos, mas sim transformar-se em UTOPIA e/ou em outras palavras, ideal a ser realizado no futuro a partir daquilo que for traçado como projeto de vida hoje.

O menino sonha aos 4 anos de idade em ser Astronauta, ele chegará, possivelmente, a médico.
O menino sonha com a menina mais bonita como sua futura esposa, ele chegara a ter uma nem muito feia, nem muito bonita. Quanto mais distante o objetivo mais folêgo (ânimo) se terá para chegar àquilo que é possível...

As duas situações acima se referem a pessoas que são capazes de sonhar grande, com o melhor. Qualquer conquista próxima do ideal máximo, será vitória. O medíocre não sonha...

► No meu tempo de faculdade de filosofia, eu tinha um casal de amigos “metidos a ricos”, cheios de ataques histéricos (o que é próprio de pessoas dessa classe social). Um dia presenciei uma cena muito engraçada e filosófica. Estava eu lá, em um jantar, com mais outros dois casais amigos do casal anfitrião. Em um dado momento do pós jantar, já na sala (parlatório), o menino Ricardo, de 6 anos na época, filho do casal anfitrião, colocou os ricaços em profunda crise existencial. Indagado por um dos visitantes, o que ele (Ricardo) queria ser quando crescesse, recebeu de volta, em bom som, a seguinte resposta, com poder e sabor de torpedo, para a hoste de ricos ali presentes e defensores dos ideais da classe: “Quero ser lixeiro, acho massa ficar correndo atrás do caminhão para jogar o lixo”...

Ao estudante impõe-se que seja capaz de organizar-se de tal forma que assuma seu processo ensino aprendizagem de forma autônoma. O professor é apenas um facilitador, o caminho quem faz é o estudante determinado.

Escola não é espaço de Lazer, é... também... mas, para isso, há o tempo delimitado e espaços adequados. Sala de aula é espaço de trabalho, para aquisição e produção de conhecimentos Artísticos, Científicos e Filosóficos.

► Senso Comum, não é um conhecimento desprezível e inferior ao científico. Não, não é isso, e seria muito pobre para quem é Filósofo se tivesse e/ou ensinasse essa crença deformada e capenga. Poderíamos parafrasear os Filósofos Platão e Aristóteles que afirmavam ser o Mito a matéria prima da Filosofia, invertendo e afirmando categoricamente que o Senso Comum é a matéria prima da Filosofia e da Ciência. A única coisa censurável que poderia persistir seria apenas se nos depararmos com alguém que tendo a possibilidade de superar o Senso Comum resolvesse nele permanecer. Esta pessoa não passaria de uma medíocre do conhecimento. Immanuel Kant, o filósofo da Filosofia Crítica moderna, diria que esta pessoa que assim decidiu-se não passaria de alguém que optou por permanecer na “menoridade da Razão”, ainda que tivesse a possibilidade de atingir a “Maioridade da Razão”.

Só para ilustrar, uma observação flagrada por mim nas ruas de minha cidade. Duas evangélicas conversavam sobre os acontecimentos que assolaram o Haiti recentemente. Em suma elas faziam as seguintes interpretações: o terremoto é um acontecimento dos sinais do tempo descritos na Bíblia Cristã; que os mais de 200 mil haitianos mortos foram atingidos pela ira de Deus por serem pecadores e não aceitarem “Jesus Cristo”; que Deus já enviou seus anjos da morte para arrebatar os bons e dar fim aos maus; que o mundo acabará em 2010... e outras besteiras que não valem a pena ocuparem linhas neste blog.

Primeiro, vamos respeitar as crenças delas. Se são felizes assim, parabéns! Mas vejamos apenas dois pontos desde a análise filosófica. Nem diria análise mais considerações: se perguntarmos a elas o que é um terremoto, com certeza elas não saberão dar uma resposta plausível. Se perguntarmos onde fica o Haiti, seria perguntar demais... Deixa quieto então, não vale a pena.

Porém, esta observação é um bom material para percebermos o quanto é recomendável rompermos os limites, as fronteiras, impostas pelo Senso Comum.

FILOSOFIA: QUAL FILOSOFIA?

Caracterização: UMA CONCEPÇÃO de FILOSOFIA ► Atividade humana que se utiliza da FACULDADE ANÍMICA DA RAZÃO ► Crítica e Racional ► tem por objetivo a construção do homem emancipado, construção esta que é resultado de um processo lento e gradual. Os filósofos, Renné Descartes e AntonioGramsci, apontam este processo como a passagem do Senso Comum ao Bom Senso até atingir o Senso Crítico.

Ferramentas da Filosofia: o silêncio, a leitura e a escrita e ainda, a oralidade.

Qual será o resultado da utilização destas ferramentas pelo estudante de Filosofia: O estudante de Filosofia será cada vez mais capaz de trabalhar com os problemas filosóficos, com as teorias filosóficas e com os argumentos filosóficos. Estas são as três dimensões fundamentais da atividade filosófica, ou seja, problemas, teorias, argumentos.

Para a Filosofia, a Faculdade Anímica da Razão NÃO É superior à Faculdade Anímica dos Sentimentos. “Cabeça” e “Coração”,no pensamento dos filósofos gregos, precisam encontrar o ponto de equilíbrio. Para se chegar a este equilíbrio a Racionalidade é uma ajuda imprescindível. Aristóteles retrata muito bem os passos para se conquistar este equilíbrio, em sua obra “Ética a Nicômacos”. Excelência Moral é essencial para a mediania entre Cabeça e Coração. A Felicidade, Supremo Bem, na concepção aristotélica, será a conseqüência deste equilíbrio.

A filosofia deve partir da realidade que entende o homem como detentor de única Raça Hominídea, por processo de evolução. Portanto, não há lógica para que o homem permaneça ludibriado por defesa de bandeiras racistas que impõem superioridade de grupos sociais, culturais, com traços comuns, sobre os outros, só para citar um exemplo. A partir desta concepção filosófica, qualquer tipo de discriminação decorre de preconceitos e, ou seja, de ignorâncias que precisam ser sanadas (curadas) pela aquisição de conhecimento. Não tem lógica, é ilógica qualquer sustentação de preconceitos que promovam: Homofobia; xenofobia; machismo; desrespeito às pessoas com necessidades especiais, com os idosos e crianças, com os doentes; com as pessoas de outras regiões do país, etc...

► No Brasil estamos discutindo o PNDH-E (3) / Plano Nacional de Direitos Humanos / 60 anos após a Declaração Universal dos Direitos do Homem, ter sido promulgada: Igreja Católica, Ordem dos Advogados do Brasil, os poucos proprietários de concessões dos meios de comunicação, representantes do exército; têm orquestrado campanhas de ataques aos avanços no documento.

Um militar, recentemente e publicamente, soltou a seguinte frase infeliz: “homossexuais não podem assumir cargos de comando no exército porque não seriam respeitados pelos componentes das tropas”.

Afirmações como esta carregadas de um ranço preconceituoso não podem ser aceitas em uma Sociedade de Direito Democrático, como é a brasileira.

► Um deputado do Partido do Trabalhadores, na tribuna da Câmara dos Deputados, deu uma resposta contundente e sábia ao militar: “ esse militar está na contra-mão da história.”

Democracia exige Direitos Humanos. O Brasil é um Estado laico, portanto, as Igrejas cristãs não podem continuar impondo, de forma dogmática, ao conjunto da sociedade, suas posições morais.

► Podem e devem discutir os temas de interesse da Sociedade – com setores organizados e legítimos desta Sociedade - e que estejam no campo dos Direitos Humanos, o que não podem é continuar em uma atitude arrogante que não permita avanços no campo dos Direitos Humanos, que são inalienáveis.

► Em nome de Deus e de suas crenças, as bancadas, católica conservadora e evangélica, impuseram de forma autoritária uma deformação profunda no Projeto de Lei – que tramita no Senado – e que criminaliza a Homofobia no país. Espera-se que a Câmara dos Deputados que aprovou por unanimidade o Projeto que saiu daquela casa corrija essas distorções imprimidas pelos Senadores.

Que as igrejas cristãs imponham aos seus fiéis de forma dogmática leis morais que não permitam as práticas do aborto, da eutanásia e da homossexualidade, nem o uso da camisinha (e de nenhum outro tipo de contraceptivo); só para citar alguns pontos polêmicos, é um direito delas e que deve ser respeitado. Mas querer impor isto ao conjunto da sociedade, já é apelar para a insanidade.

Os ataques dos militares se devem ao fato da proposta do Tribunal da Verdade. O Brasil não será plenamente democrático enquanto não apresentar punição verdadeira aos assassinos sanguinários do Regime Ditatorial – 1964-1985.

► Os brasileiros mantêm os “assassinos do Regime Militar” na bonança que brota dos cofres públicos. Grande parte deles já aposentados e/ou mesmo, que mortos, continuam a sustentar seus familiares que ficaram com as pensões vitalícias que normalmente fazem parte da vida militar.

Os militares não estão acima do bem e do mal. Devem ser punidos porque eram governo e o Estado tem a obrigação de proteger a vida de seus cidadãos. Se tiver que punir um cidadão, precisa respeitar o Direito Universal acordado em nossas Leis.E não fazer a opção criminal que orientou mais de duas décadas com prisões, torturas, exílios, mortes. Os militares estão a serviço do povo e recebem soldos justos e condizente às funções que exercem e, assim como os funcionários públicos civis, recebem seus salários com ônus arcados por todo o conjunto da Sociedade.

► O PNDH-E é apenas um exemplo. Toda a Sociedade pode e dele deve participar com suas contribuições para uma sociedade mais justa. Você pode acompanhar as polêmicas em torno do mesmo ou até mesmo acessar o documento na íntegra para conhecê-lo:
Aqui no Blog também há comentários sobre esta polêmica em torno do PNDH, basta você ir ao arquivo: A Filosofia enquanto atividade Crítica e Racional pretende possibilitar a realidade de um Homem autônomo: ideologias, morais engessadas pelas crenças religiosas, precisam entrar na Ordem do Dia, nos estudos de filosofia, para que o Homem se torne pouco a pouco, de forma gradual, mais dono de si mesmo, de seus pensamentos e de seus atos, para que este mesmo homem possa ajudar o conjunto da humanidade a produzir um Homem mais humanizado e em maior harmonia com sua casa, o Planeta.


► A Filosofia trabalha com a DÚVIDA. Duvida, até mesmo, de si mesma. Esta característica central é que fez com que a Filosofia passasse pelos calabouços medievos, seqüestrada e prisioneira ao serviço dos interesses da Igreja Católica e dos nobres; até sua libertação forjada pelos amigos da racionalidade nos movimentos históricos do Renascimento Cultural e da Ilustração. A Filosofia também sobreviveu aos ditadores militares que lhe impuseram um silêncio velado e vigiado. A Filosofia também sobreviveu aos neoliberais defensores de concepções unilaterais e nada democráticas.

► Portanto, nossa concepção de Filosofia é aquela mesma que brota da Filosofia irrompida desde Tales de Mileto, na Grécia. Apesar de respeitar, nossa concepção se distancia em grau e qualidade daquilo que chamam de filosofia ao modo originário de concepções oriundas do Oriente. Filosofia não é religião e se o fosse, não creio que seria Filosofia e duvido muito se faria alguma diferença em meio a diversidade das formas de conhecimentos produzidos e transmitidos pelos homens.


Desde esta concepção e de acordo com Antonio Gramsci, todos, eu e você, ele... Todos somos em maior ou menor grau Filósofos. Somos Ocidentais, herdeiros desta riqueza Grega. Que a Filosofia nos ajude a sermos mais humanos, nem melhores, nem piores, apenas MAIS HUMANOS, mais humanizados.

Qual é nossa concepção de filosofia?


A existência de qualquer ser vivo decorre sempre no contexto de um aqui e de um agora, pois viver significa sempre, para começar, sobreviver. Porém, se partilhamos com os outros seres vivos esta preocupação com a sobrevivência na casa comum que é o nosso planeta, o modo como fazemos isso não é o mesmo.

Com efeito, nós procuramos que as nossas vidas não sejam apenas um esforço de sobrevivência, procuramos dar-lhes uma orientação, um SENTIDO. Para isso, pensamos e procuramos, através desse PENSAR, criar explicações que nos ajudem a compreender e a resolver os problemas com que nos confrontamos ao longo da nossa existência.

A Filosofia, como qualquer outra forma de conhecimento, é uma tentativa de encontrar respostas para as perguntas que a situação existencial em que vivemos nos coloca. É, portanto, uma maneira de responder aos problemas do nosso presente. Mas, é necessário ter bem claro nossa concepção de Filosofia e, em especial, de sua função exclusiva, ou seja, aquilo que faz da Filosofia, Filosofia e não outra coisa.

Todo trabalho filosófico é movido pela busca da verdade e/ou seja, isto é dizer: o objetivo central da Filosofia será sempre a aproximação mais possível à verdade. Isto está imbricado no debate metafilosófico acerca do conceito de Filosofia, derivando na perspectiva do trabalho filosófico esboçado anteriormente, daquela concepção de uma Filosofia crítica e racional, com método e conteúdo próprios. A atividade filosófica e/ou seu ensino, devem obedecer a parâmetros rigorosos sejam quais forem os autores, os temas ou os textos escolhidos.

Donde, podemos afirmar que, o objetivo central que caracteriza o ensino e o estudo da Filosofia, é provocar o pensar autônomo. E por quê? Alguém poderia indagar. Basicamente porque o nosso presente nos confronta com problemas, que nunca existiram antes, e que exigem de nós respostas criativas.

Ora, esses problemas, parece-nos, podem enunciar-se, genericamente, do seguinte modo: o aumento da população mundial e a exiguidade dos recursos disponíveis; o surgimento de novas e terríveis doenças, como a AIDS, a hepatite B, e outras;

O desenvolvimento de novas tecnologias, por exemplo, a biotecnologia e as tecnologias de informação, com toda a ambiguidade que acarretam; o desequilíbrio dos ecossistemas que põem em perigo toda a vida na Terra; os desafios que se colocam às religiões no seu confronto com as ciências em um processo de desmitificação de pseudas verdades dogmatizadas e engessadas de forma autoritária no âmbito da crença; a procura de um novo tipo de relações entre espiritualidade e conhecimento em que o homem possa ser humanizado;

O aparecimento de novas formas de intolerância, como o fundamentalismo religioso; o aparente desnorte das pessoas e o declínio dos valores morais em uma aparente crise de identidade; a tensão entre Religião e Estado Laico na qual a primeira continua querendo ditar regras unilaterais na elaboração de Leis para proteger e promover a cidadania para pessoas que se encontram em grupos de minorias, como o de homossexuais, impondo suas concepções morais religiosas dogmatizadoras não permitindo o reconhecimento destes grupos e ainda barrando qualquer avanço em temas de interesse da sociedade como um todo: descriminalização do aborto, legalização da eutanásia, utilização de preservativos no combate às “DSTs” e outros temas polêmicos; as graves tensões sociais e conflitos regionais; a corrupção que atinge os cofres públicos; as tensões entre as políticas econômicas com viés antagônicos ora neoliberais, ora mais identificados com as utopias socialistas; etc.

Se novos perigos existem, novos meios de lhes responder também foram criados, Hoje em dia, aquilo a que chamamos o nosso presente já não é só aquilo que ocorre em nosso bairro, porque o nosso bairro é agora o planeta inteiro. Em um simples CLIQUE de nosso rato podemos viajar o mundo e investigar os acontecimentos que implicam ora em avanços ora em retrocessos para toda a humanidade. Com efeito, as tecnologias de informação possibilitam-nos uma consciência dos problemas como até há pouco tempo era impensável.

Parece que chegamos a um ponto em que o espírito tacanho e egoísta, o nacionalismo bairrista, e o desprezo pelo conhecimento já não são apenas sinais de falta de grandeza de alma, mas constituem um perigo objetivo para a preservação da vida na Terra. Por isso, porque é urgente a construção de um futuro mais belo, mais justo, mais livre e mais harmonioso, parece também ser urgente a transformação de nós próprios com vista à resolução da crise atual mediante a criação de pessoas diferentes. Daí a importância de um pensar autônomo.

A Filosofia é, portanto, um sistema de investigação do conhecimento para o qual o uso da nossa faculdade Racional é essencial para a elaboração de um “bom senso” e/ou seja, do senso crítico. Usar a Razão não é para qualquer um. Exige esforço e dedicação. Exige a capacidade de distanciamento de forças que nos anestesiam e dominam como o senso comum e nossa crença religiosa, em suma, nossos preconceitos.

A Filosofia pode nos ajudar a ser melhores. A ser mais humanos. A desenvolver espírito coletivo. Até mesmo, purificar nossa crença religiosa possibilitando uma relação muito mais gratuita com o Criador. A nossa vida biológica não é longa, ao contrário, passa rapidamente como um piscar de olhos. Não há tempo para ficarmos paralisados e presos a preconceitos, ao contrário, cada momento deve ser aproveitado para que possamos nos tornar cada vez mais livres e felizes. Para esta tarefa a Filosofia pode e muito, nos ajudar. O equilíbrio entre “Razão” e “Coração” (Conhecimento e Sentimentos-afetividade), tal qual elaborado pela teoria Aristotélica em “Ética a Nicômacos”, deve ser respeitado se queremos atingir a verdadeira felicidade.

Você já imaginou como a vida seria aborrecida se apenas a lógica dos ricos e “espertalhões” prevalecesse? Não haveria espaço para a Liberdade acontecer. A delícia da vida é seu mistério encerrado nesta faculdade anímica do homem, que apronta uma surpresa à lógica todos os dias, que destrói as previsões dos analistas mais competentes. Nesta expectativa, julgo legítimo esperar que os estudantes de Filosofia ponham no seu pensar a pujança, a criatividade e a alegria próprias do viver, e façam da Filosofia uma verdadeira CHAVE DO AGIR.
Texto Adaptado pelo Professor Lucio Lopes, para atividade avaliativa do conteúdo estruturante Mito e Filosofia, no corrente ano letivo de 2010, da obra “A Chave do Agir – Introdução à Filosofia (Ensino Médio)”, de autoria de ALVES, Fátima; AREDES, José;CARVALHO, José. Lisboa, Texto Editora Ltda, 1998.
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