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Concepção de Filosofia. Movida pela DÚVIDA a Filosofia se alimenta de problemas/perguntas infindáveis...
“A filosofia refere-se à actividade central dos seres humanos enquanto tal e, portanto, nenhuma educação pode evitá-la, nem sequer ensiná-la como uma tarefa empreendida por outros e que pode ser admirada sem a participação do educando.
(...) mas a filosofia não pode provir da mera história, tendo antes que converter-se em biografia de quem se aproxima dela., sob pena de se reduzir a um pedantismo ocioso e artificial. E exactamente esse pedantismo o culpado, em boa medida, da secundarização actual da disciplina de filosofia(...)
(...) Podemos avaliar se a vida vale ou não a pena ? Tem a vida - a tua, a minha - umi valor determinado ou todos os valores são determinados pela vida? Há formas de viver melhores e piores? Porquê? (...)
É à ânsia de perguntarmos coisas assim que chamanos filosofia - São perguntas enormes, radicais absolutas que fazem as crianças antes de serem domesticadas nos colégios(...). São perguntas impossíveis como as que fazemos num enterro de um ser querido ou as que sussuram os apaixonados, olhando-se nos olhos: «Amas-me?» As grandes perguntas da vida e da morte, as interrogações sobre a violência e o amor. Ao longo dos séculos, os filósofos colocaram-nos uma e outra vez oferecendo cada um as suas respostas peculiares e contradizendo-se uns aos outros. (..). Tira-se algo a limpo da filosofia? Pois tira, pelo menos algo muito importante: as próprias perguntas.
Mas para que serve fazermo-nos umas perguntas às quais, pelos vistos ninguém consegue dar uma resposta definitiva.? A esta pergunta que aliás também é filosófica podem dar-se como réplica novas perguntas: porque é que tudo tem de servir para alguma coisa, isto é, é obrigatório que sejamos servos ou criados de algo ou de alguém? Será que somos empregados de nós próprios? Se calhar fazermo-nos as grandes perguntas serve precisamente para isso: para demonstrar que nem sempre estamos de serviço que algumas vezes podemos pensar como se fôssemos amos e senhores. Suponho que era mais ou menos a isso que Sócrates se referia quando disse que « uma vida sem indagação não vale a pena ser vivida».(...)
Embora aquilo a que não se pode verdadeiramente renunciar sejam as perguntas, as respostas que os filósofos (ou qualquer um de nós quando faz de filósofo) propõem também não são de desdenhar. Essas respostas filosóficas distinguem-se porque não tapam completamente a pergunta que as suscita e deixa sempre um vazio por onde passam as novas interrogações para que o jogo — o humano jogo da vida — continue em aberto. As respostas filosóficas são, em geral, um cocktail racional com dois ingredientes básicos: cepticismo e imaginação . Primeiro cepticismo porque quem acredita em tudo nunca pensa nada. Para pensar há que perder a fé: a fé nas aparências, nas rotinas, nos dogmas, nos hábitos da tribo, na «normalidade » indiscutível do que nos rodeia. Pensar não é ver tudo claríssimo, mas sim começar a não ver nada claro o que antes considerávamos evidente. O cepticismo acompanha sempre a filosofia, flexibiliza-a dá-lhe sensatez (...). Mas a filosofia também é feita de imaginação. Atenção, não de fantasias ou delírios (...) quem tem imaginação procura o que é novo a partir da realidade tal como a conhecemos.(...)
No mundo estão sempre acontecer coisas, catástrofes, descobertas revolucionárias e perdas irreparáveis, todas as semanas têm lugar dois ou três acontecimentos (históricos» e não há um mês em que não se celebre o casamento «do século» (...). Está mais que visto que todos os dias tem de acontecer o nunca visto. Dizem-no as televisões, as rádios, as revistas e os jornais.., de modo que está bem. (...) Entre tantas vozes que proclamam as novidades, ninguém se lembrará, de vez em quando, do que é de sempre? Se não me engano esta poderia ser uma das tarefas da filosofia, isto é a vossa e a minha, quando nos dá para repetir as grandes perguntas, para tentarmos com imaginação e cepticismo dar-lhes as nossas pequenas respostas. Atitude aliás muito diferente dessa outra fórmula pedante da filosofia que em cada trimestre proclama « o tema do nosso tempo» (...) Não, o que conta filosoficamente é o mesmo de sempre, o que nunca passa de moda: a consciência humana de se saber vivo e mortal, aqui e agora. (...). A vida é sempre do presente uma das piores superstições é denegrir o instante eterno que habitamos como impossibilitador da vida. (...). A filosofia ajuda a viver humanamente porque não prega a boa nova nem o apocalipse, defendendo antes com cepticismo e imaginação o presente — o de sempre , o que nunca passa - contra modas e superstições".
Extraído de SALVATER, Fernando.Livre Mente. Lisboa: Relógio d`água, 2000. pp.175-182
( Quem é Fernando Savater? Nasceu em San sebastián ( São Sebastião (em basco Donostia, em castelhano San Sebastián) é uma cidade localizada no País Basco espanhol, capital da província de Guipúscoa. Rodeada pela Baía da Concha, junto ao mar da Biscaia, a cidade tem cerca de 183 000 habitantes, enquanto sua periferia possui aproximadamente 400 mil residentes.), em 1947. Catedrático de ética na Universidade Complutense de Madrid, é autor de uma vasta obra que abarca o ensaio, a narrativa e o teatro. Entre outros galardões, recebeu o Prêmio Francisco Cerecedo da Associação de Jornalistas Europeus e o Prêmio Sakharov de Direitos Humanos. Fernando Savater é um dos pensadores mais destacados da Espanha e grande popularidade no mundo inteiro.)
Em analogia
ANTES:Pensamento Mítico
"Pois eu vou ver os limites da Terra fecunda, e o Oceano, origem dos deuses, e Tétis, sua Mãe". Homero, Ilíada.
"Primeiro que tudo houve o Caos, e depois a Terra de peito ingente, suporte inabalável de tudo quanto existe, e Eros, o mais belo entre os deuses imortais, que amolece os membros e, no peito de todos os homens e deus, domina o espírito e a vontade esclarecida.
Do Caos nasceram o Erebro e a negra Noite, e da Noite, por sua vez, o Éter e o Dia, a Terra gerou primeiro o Céu constelado, com o seu tamanho, para que a cobrissem por todo e fosse para sempre a mansão segura dos deuses bem-aventurados.
Gerou ainda as altas Montanhas, morada aprazível das deusas Ninfas, que habitam os montes cercados de vales.
E gerou também o abismo insondável do mar, com marés, embravecidas, o Mar, sem os doces ritos do amor". Hesíodo, Teogonia (Séc.VIII/VII a.C).
DEPOIS: Pensamento Racional-Filosófico
Tales (624-545 a.C.)
"Pensam eles que também Homero, tal como Tales, que aprendeu dos egípcios, fez da água o princípio e origem de todas as coisas". Frag.70
"É que ele (Tales) diz que o orbe das terras é sustido pela água e se desloca como um barco, e que, quando se diz "que ela treme", efectivamente balouça devido ao movimento da água". Frag.90
"Tales disse que o espírito do mundo é deus, e que a totalidade das coisas é dotada de alma cheia de daímones; é precisamente através da humidade elementar que nele penetra um poder divino que o move". Frag.95
Anaximandro (610-547 a.C.)
"Disse que o princípio e elemento das coisas que existem era o apeiron (indefinido ou indeterminado), tendo sido ele o primeiro a usar o nome de princípio material. (Além disto, disse que o movimento era eterno, do que resulta que se originem os céus)".Frag.103
"Ele diz que aquilo que produz, a partir do eterno, o calor e o frio, se separou aquando de geração deste mundo, e que a partir dele uma espécie de esfera de chamas se formou em volta do ar que circunda a Terra, como a casca em redor da árvore. Quando esta (a esfera) estalou e foi encerrada em determinados círculos, foi então que se formou o Sol e a Lua e os astros". Frag.123
"Ele diz que a Terra tem a forma cilíndrica, e que a sua profundidade é um terço da largura. A sua forma é curva, redonda, semelhante ao tronco de uma coluna, das duas superfícies planas, nós caminhamos sobre uma, e a outra está no lado oposto". Frag.124
"Anaximandro disse que os primeiros seres vivos nasceram na humidade, envoltos em cascas espinhosas; e que, quando a idade aumentou, se mudaram para a parte mais seca e, depois da casca ter estalado levaram, por curto espaço de tempo, um género de vida diferente". Frag.136
"Demais, ele diz que no começo o homem nasceu de seres de espécie diferente". Frag.137
Anaxímenes (560-500 a.C.)
"Anaxímenes ... dizia que o ar infinito era o princípio do qual provém todas as coisas que estão a gerar-se, e que existem, e que hão-de existir, e que os deuses e as coisas divinas, e o resto proveniente dos seres por ele produzidos. A forma do ar é a seguinte: quando ele é igual, é invisível à vista, mas é revelado pelo frio e pelo calor e pela humidade e pelo movimento". Frag.144
"E todas as coisas são produzidas por uma espécie de condensação, e depois rarefacção, dele (s.c. ar). O movimento existe, e de facto, desde todo o sempre; ele diz que, quando o ar se comprime, logo se gera a Terra, a primeira de as coisas completamente plana - por isso é consequentemente levada pelo ar; e o Sol e a Lua e os demais corpos celestes têm na Terra a origem do seu nascimento. Pelo menos, ele declara que o Sol é Terra, mas que, devido à rapidez do seu movimento, obtém calor bastante".Frag.151
"O mundo uno é considerado como gerado e destrutível, por todos aqueles que dizem que há sempre um mundo, embora não seja sempre o mesmo, mas se torne diferente em diferentes ocasiões de acordo com determinados períodos de tempo, como afirmaram Anaxímenes e Heraclito, e posteriormente os estóicos". Frag.150
Antes de aprofundarmos nossos estudos quanto ao contexto das primeiras produções filosóficas na Grécia Pré-Socrática, vamos primeiramente investigar alguns fatores que possibilitaram a Filosofia surgir na Grécia e não, em um outro lugar do globo. Que fatores, possibilitaram o surgimento da Filosofia na Grécia?
FILOSOFIA : Os gregos começaram a explicar o mundo de uma forma diferente da explicação mitológica. Em outros termos, o que tornou possível a passagem da cosmogonia à cosmologia? Há causas para a origem da Filosofia e, agora, vamos analisar algumas delas. Perceba como cada uma delas operou uma mudança significativa no modo de pensar do homem na Antigüidade grega, permitindo a formação de coisas novas como a Filosofia, segundo Jean-Pierre Vernant (As origens do pensamento grego, da editora Difel, Rio de Janeiro). Navegações: uma parte considerável da vida dos gregos relacionava-se com o mar, era de onde, por exemplo, conseguiam obter parte significativa de sua alimentação. Vivendo muito no mar, os gregos não encontraram muitos dos monstros marinhos narrados pela história oral e nem vivenciaram seres e histórias narradas por poetas. Assim, as navegações contribuíram para o que Max Weber chamou mais tarde de “desencantamento do mundo”. Fazia-se necessário um saber que explicasse os fatos ocorridos na natureza que não recorresse a histórias sobrenaturais.
a) Calendário e moeda. Viver podendo pensar o tempo abstratamente e quantificando valores para realizar trocas não é algo que sempre ocorreu na história da humanidade. Quando os gregos passaram a utilizar os calendário e a moeda, introduzida pelos fenícios, conseguiram abstrair valores como símbolo para as coisas, fazendo avançar a capacidade de matematizar e de representação. Tudo isso favoreceu um desenvolvimento mental muito significativo e com grande capacidade de abstração.
b) Escrita. Outro fator que potencializou em grande medida o poder de abstração do homem grego foi transcrever a palavra e o pensamento com símbolos: eis o alfabeto. A escrita permite o pensamento mais aguçado sobre algo quando ficamos lendo e analisando alguma coisa, como, por exemplo, uma lei. Ao ser fixada, a lei fica exposta como um bem comum de toda a cidade, um saber que não é secreto como um saber vinculado ao exercício de um sacerdote, mas propriamente público, além de estabelecer uma nova noção na atividade jurídica, a saber, uma verdade objetiva.
c) Política. Esta é a principal causa para a origem da Filosofia, já que, até agora, vimos somente a contribuição das técnicas para isso; porém, havia mais recursos técnicos no Oriente que na Grécia, e a Filosofia é uma invenção genuinamente grega, além do Oriente não ter se libertado dos mitos. Note que a palavra política é formada pelo termo grego polis (), cujo significado é cidade, cidade-estado, conjunto de cidadãos que vivem em um mesmo lugar e uma mesma lei. E o mais importante: são os cidadãos que faziam suas próprias leis mediante uma assembléia. Esta prática teve início com os guerreiros que, juntos, discutiam o melhor modo de vencer ao inimigo, cada um dos guerreiros tinha o direito de falar, bastando para isso ir ao centro do círculo formado na assembléia; ao final da guerra, outras assembléias eram feitas para dividir o que foi ganho. Isto é, ocorre a prática do diálogo para a decisão, dando a todos o direito de falar e a condição de serem iguais uns aos outros e à lei partilhada entre eles. Aquele que conseguir convencer a maioria de que sua proposta é a que aproxima-se mais da verdade de como vencer aos inimigos, receberá maior número de votos. Ora, é esta a prática que o filósofo adotou mais tarde: escrevendo ou discursando, tornava pública suas idéias por considerá-las verdadeiras, por pretender encontrar a harmonia perdida do debate entre opiniões divergentes. Debater, trocar opiniões, argumentar, eis a prática democrática, eis a prática filosófica. A Filosofia nasce como uma filha da polis, como uma filha da democracia.Eis o que Jean Pierre Vernant chamou de um “universo espiritual da polis”: trata-se de um lugar com proeminência da palavra - a palavra aberta a todos e com igualdade no seu uso era o modo de fazer política; com publicidade - separação entre questões privadas e questões públicas, estabelecendo práticas abertas e democráticas em oposição aos processos secretos; com isonomia – todos eram iguais no exercício do poder e diante das leis que criaram. Além disso, este novo universo espiritual esteve acompanhado e propiciou uma “mutação mental” nos homens: agora era possível explicar o mundo abstratamente excluindo o sobrenatural.Este novo “universo espiritual da polis” foi determinante para a origem da Filosofia. O que falta sabermos, agora, é porque só algumas pessoas tornaram-se filósofos, e não todas.
A filosofia possui um lugar mítico de origem- Mileto. Trata-se de uma antiga colônia grega situada na Jônia, metade sul da costa ocidental da Ásia Menor.
A Jônia foi segundo Jean Bernardt, a primeira região a libertar-se claramente do imobilismo e das pesadas tradições que definem "a organização dos modos de vida predominantemente camposes, em que reinam aristocracias agrárias". Nesta região da Grande -Grécia, uma crescente civilização urbana crescera em vários locais, ligada ao artesanato e a trocas comerciais a longa distância, por via marítima. É nesta região, verdadeira encruzilhada de culturas, que uma velha colônia cretense - Mileto - atingirá nos séculos VII e VI a.C., uma enorme opulência. Aqui surgirão os "três primeiros" filosófos: Tales, Anaximandro e Anaxímenes.
A Nova Atitude: Vamos considerar três pontos cruciais para a reflexão filosófica poder acontecer:
1. Embora a capacidade de refletir seja inerente a todos os homens, a maioria não a exercita, uma vez que há forças reais, porém, ocultas que dificultam esse livre exercício e inclusive buscam esvaziá-lo de sentido - chamamos esse processo de ALIENAÇÃO que brota de uma dada ideologia dominante . Por hábito uns fazem-no mais do que outros.Viver e refletir não são necessariamente sinônimos, exige uma decisão do sujeito e um esforço constante para superar os limites impostos a este processo.
2. Designa-se por atitude natural, a nossa atitude mais comum que temos perante as coisas, em que nos limitamos a aceitar passivamente aquilo que nos é dado através dos sentidos. Nesse sentido a atitude natural é também designada por Senso Comum, o primeiro nível de conhecimento e este saber é cooptado a fim de manter as pessoas sob domínio, sem o exercício pleno da Faculdade Anímica da Razão. As instituições tradicionais e conservadoras Igreja e Forças Armadas; bem como alguns governos totalitários, ditadores, não gostam nada da idéia de que os cidadãos e/ou fiéis sob seu domínio usem a Razão. Pois não adimitem que suas "verdades" sejam contestadas. Assim também agem a pequena porcentagem dos mais ricos - que se utilizam de todos os meios possíveis, principalmente da mídia, para manipular e manter sob domínio constante as mentes e decisões da grande massa populacional.
3. O pensamento reflexivo surge, quando o homem toma uma atitude problematizadora da realidade; Aquilo que era natural, surge de repente como algo estranho, carecendo de ser compreendido e explicitado. Refletir implica um distanciamento das coisas, para as poder voltar a olhar de outra forma. Designa-se esta última atitude por reflexiva. Este distanciamento não é fácil de ser feito, uma vez que exigiria que a pessoa colocasse em suspensão suas crenças e opiniões pessoais, para poder deitar-se sobre o pensamento e no retorno ver o que sobra daquilo que possuía antes e aquilo de novo que poderá construir rumo a uma vida mais livre e feliz. Aqui está a autonomia do pensar por si mesmo...
Preste atenção a este dado: As especulações de Tales, Anaxímenes e Anaximandro (filósofos que voltaremos a estudar mais detalhadamente nas próximas semanas) pouco se afastam do pensamento mítico quanto aos temas que abordam. A sua grande inovação está na atitude e no modo como o fazem. Eles começam por transpor para uma forma des-sacralizada, material ou abstrata, as ideias sobre o cosmos e a sua origem criadas pela religião, separando desta forma o mundo físico do seu fundo mítico. O mundo de Homéro, por exemplo, ordenava-se por uma partilha entre os deuses, dos domínios e das honras: Zeus, era identificado com o céu "étereo (aither, o fogo); Hades, a sombra "novoenta" (aer, o ar); a Poseidon, o mar, etc.O que eles fizeram foi despojarem os deuses dos seus atributos, ficando apenas com os elementos materiais, a água, o ar, o fogo, etc. A partir destes elementos primordiais, portadores de uma energia própria, imaginaram a criação de todas as coisas.
É por esta razão que durante muito tempo, as suas preocupações foram essencialmente cosmológicas: como emergiu do caos um mundo ordenado? qual o princípio constitutivo de de todas as coisas? A Cosmologia em analogia com a teogonia/cosmogonia, esse será o conteúdo de nosssas próximas aulas para compreendermos o processo que possibilitou a Filosofia...
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As Origens do Pensamento Grego, de VERNANT.
O surgimento da razão nas estruturas sociais e mentais da cultura grega.Esse ensaio clássico de Jean-Pierre Vernant é leitura fundamental para todos os que se interessam por filosofia e pela história da cultura. Escrita em linguagem clara e sem apresentar dificuldades técnicas, "As Origens do Pensamento Grego" é uma obra que pode ser lida tanto por especialistas quanto pelo público leigo.
O trabalho de Jean-Pierre Vernant tem como fio condutor mostrar como a razão grega era política, isto é, como a reflexão ligava-se ao exercício da cidadania. Para tal, Vernant traz à cena as estruturas comuns que engendraram a cidade e o pensamento racional, reconstituindo a organização social e política do mundo micênico, que antecedeu a democracia grega do século 5a.C.
Trata-se de mostrar, nas palavras de Vernant, como "a viragem do séc. 8a.C. ao séc. 7a.C. assegura, pela laicização do pensamento político, o advento da filosofia".
O aparecimento da polis (a cidade, no sentido grego) constitui, no mundo grego, um acontecimento decisivo. O livro de Vernant trata da preeminência que a palavra adquire sobre os demais instrumentos de poder e do caráter público das manifestações da vida social. Nesse contexto, os saberes e os valores vão se tornando acessíveis a uma esfera cada vez mais ampla da população.
Jean-Pierre Vernant nasceu na França e tornou-se um dos maiores especialistas do mundo em Grécia Clássica. Foi professor do Collège de France e autor de dezenas de obras reconhecidas, como "Mito e Tragédia na Grécia Antiga" e "O Universo, os Deuses e os Homens". Vernant morreu em 2007, aos 93 anos.
fonte: resenha UOL educação
Para professores de história, filosofia e das demais áreas de ciências humanas, é leitura altamente recomendada. A obra também pode ser lida por alunos do Ensino Médio, uma vez que o estilo literário de Vernant é bastante acessível.
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Nome: Arte Poética - Aristóteles
Autor:Aristóteles
Gênero: Filosofia
Editora: Martin Claret
"Aristóteles é um dos maiores filósofos da Grécia antiga. Do século IV a.C. até os dias de hoje, seu pensamento não cessou de exercer influência sobre diversos ramos do conhecimento humano. Para Hegel, Aristóteles foi o primeiro a fazer história da filosofia. O texto da Arte Poética não chegou até nós em bom estado. Há neles certas lacunas que os filósofos tentaram restabelecer. É sabido que a Arte Poética é o resultado das lições professadas por Aristóteles. No parecer do professor W. D. Ross, "A Poética está longe de ser uma teoria da poesia em geral, menos ainda das belas artes. No entanto contém talvez o maior número de idéias fecundas sobre a arte que qualquer outro livro".
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Nome: Fédon (Fedão) - Platão
Autor:Platão
Gênero: Filosofia
Sinopse: Fédon (ou Fedão) o título de uma obra filosófica escrita por Platão que, através de diálogos, relata os últimos ensinamentos do filósofo Sócrates, antes de tomar a cicuta (pois fora condenado à morte pelo Estado). Na obra, Equécrates ao encontrar Fédon pergunta a este quais foram as últimas palavras e ensinamentos do mestre Sócrates antes de morrer e pede que os relate, com a maior exatidão possível. Sócrates fala sobre a morte, a idéia, o destino da alma, dentre outros assuntos. Na ocasião de sua morte, segundo Fédon, estavam Apolodoro, Critobulo e seu pai, Hermógenes, Epígenes, Ésquines, Antístenes, Ctesipo de Peânia, Menexeno, Símias o Tebano, Cebes, Fedondes, Euclides e Terpsião, além de outros. Segundo Fédon, Platão se encontrava doente. O mais importante a se lembrar, antes de iniciar a leitura do diálogo, é que este é um diálogo que não pertence à "fase socrática" de Platão, (divisão utilizada por alguns Filósofos). Sendo assim, ele estaria apenas usando a imagem do mestre para "divulgar" seu próprio projeto filosófico. Isto pode ser confirmado em determinadas passagens, como por exemplo, naquela onde Cebes comenta: "(...) Como o que costumas dizer amiúde: lembrar nada mais é que recordar." Este trecho mostra claramente a idéia de Platão acerca do mundo das idéias, sua máxima teoria. Platão recebeu uma influência muito forte da religião Órfica, que cria na alma e reencarnação. O diálogo Fédon é uma máxima desta influência, onde Platão faz o primeiro postulado acerca da alma.
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título: Filebo - Platão
autor: Platão
gênero: Filosofia. Sinopse: Este livro é parte do resultado do VIII Colóquio Internacional do Centro do Pensamento Antigo, realizado na Unicamp em 2005. Este evento teve como tema central “Prazer, felicidade e justa medida no mundo antigo”, reunindo filósofos, filólogos e historiadores. Desde os poemas homéricos aos últimos dias da Antigüidade, gregos e romanos investigaram e vivenciaram as difíceis relações entre prazer, felicidade e medida. Poderia a vida humana escapar dos males da existência através de um saber ético fundado em regras precisas? A virtude traz a felicidade ou apenas uma vida cinzenta? A vida feliz seria aquela repleta de prazeres ou, ao contrário, aquela que sabe escapar das dores mais terríveis que assolam os mortais? Existiria uma justa medida, saber quase divino, que pode articular com rigor prazer e felicidade? Neste volume apresentam-se as contribuições que foram voltadas exclusivamente para o diálogo Filebo, de Platão. Especialistas neste autor, filiados à Sociedade Brasileira de Platonistas e à International Plato Society, refletem aqui sobre este diálogo que medita, particularmente, sobre o prazer e a felicidade na vida dos homens. O estudo do diálogo Filebo mostra as múltiplas possibilidades rigorosas e métodos diversos de interpretar Platão, mas também, o interesse que causa a obra deste filósofo antigo, mesmo para não-especialistas em Filosofia. No diálogo se investiga qual seria a melhor de todas as vidas, aquela que levaria realmente à eudaimonia, palavra grega que, de forma aproximada, pode-se traduzir por “felicidade”.
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sinopse
Górgias é um diálogo de Platão, filósofo grego do século V a.C., e que fala, inicialmente, do papel da Retórica, qual a sua função e como esta deve ser usada, contrapondo o seu uso habitual - o dos sofistas (representados por Górgias, Polo e Cálicles) - com uma nova visão - a do filósofo Sócrates - que conclui que esta é não só inútil, mas mesmo imoral. Iniciando um debate com Górgias, Sócrates induz o seu oponente em contradição, levando-o a dizer que a Retórica, a arte dos discursos políticos que tem como objecto a justiça, pode ser usada de forma errada e, ao mesmo tempo, que todos aqueles que a aprendem são incapazes de cometer qualquer acto injusto. Perante esta contradição, surge Polo, discípulo de Górgias, que defende o seu mestre e a sua Arte, afirmando que esta é a mais bela das artes. Sócrates apresenta, então, a sua Teoria da Adulação. Polo inicia um discurso argumentando que a Retórica dá poder àqueles que a dominam, ao que Sócrates contrapõe com o aparente paradoxo de que os que têm mais poder não são os mais poderosos. Após uma longa discussão, Sócrates obriga Polo a admitir que cometer uma injustiça é mau, e, caso a tenha cometido, o sujeito deve preferir ser castigado a fugir ileso. Cálicles. o anfitrião, toma então a palavra, afirmando que Sócrates está errado e critica sua forma de debater. Afirma que não existem semelhanças entre as Leis da Natureza e as Leis da Convenção.
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