O que significa a palavra filosofia?
FILOSOFIA → do GREGO → FILO (PHILIA) = Amizade, Amor Fraterno / SOFIA (SOPHIA) = Sabedoria'. Philia (em grego: φιλíα; transl.: philia, filia) retirado do tratado de Ética a Nicômaco de Aristóteles, o termo é traduzido geralmente como "amizade", e às vezes também como "amor". Sophia: Significa “sabedoria” e 'sabedoria divina'. Sophia tem origem no grego sophia, que quer dizer literalmente “sabedoria”
Podemos criativamente compreender FILOSOFIA como amor e/ou amizade pela sabedoria/conhecimento. Donde, FILÓSOFO é aquele que tem amor e/ou amizade pela sabedoria/conhecimento. Aquele que busca a sabedoria/conhecimento. Ainda que sabedoria e conhecimento sejam coisas distintas, o filósofo deve ter como objetivo a conquista de ambas pois o conhecimento é que permitirá a sabedoria.
Entre os
antigos, a filosofia é uma ciência, a do conhecimento racional, tornou-se entre
os modernos sinônimo de questionamento sobre a natureza do homem e seu
significado.
Definições de filosofia segundo os Antigos:
- Aristóteles: "A filosofia é justamente chamada de
ciência da verdade" (Metafísica).
- Epicuro: “A filosofia não é uma ciência pura e teórica, é
uma regra prática de ação; muito mais é em si uma ação, uma energia que traz
vida abençoada através de discursos e raciocínios ”(Maximes).
- Marco Aurélio: “A filosofia é manter seus demônios internos
a salvo da indignação, inocentes, superiores ao prazer e à dor, sem deixar nada
ao acaso e, especialmente, esperando uma morte propícia ao pensamento”
(Pensamentos por mim próprio - Baixe aqui o livro Meditações de M.A.).
Definições de filosofia segundo os Modernos:
- Pascal: "Tirar sarro da filosofia é realmente
filosofar" (Pensamentos).
- Descartes: “Essa palavra de filosofia significa o estudo
da sabedoria e, por sabedoria, entendemos um conhecimento perfeito de todas as
coisas que o homem pode saber, tanto pela conduta de sua vida quanto pela
preservação de sua saúde e bem-estar. a invenção de todas as artes” (Discurso
sobre o Método).
- Descartes: “Toda filosofia é como uma árvore, cujas raízes
são metafísicas, o tronco é a física e os ramos que dela saem são todas as
outras ciências, medicina, mecânica e moral” (Discurso sobre método).
- Kant: “A filosofia é um sistema de conhecimento racional
baseado em conceitos” (Metafísica das maneiras).
- Hegel: "A filosofia é o fundamento do racional, é a
inteligência do presente e do real, e não a construção de um além do qual seria
Deus sabe onde" (Princípios da filosofia do Direito)
- Schopenhauer: “A filosofia nasce do nosso espanto em
relação ao mundo e à nossa existência” (O mundo como vontade e como
representação).
Definições de filosofia segundo os contemporâneos
Definições de filosofia segundo os contemporâneos
- Husserl: “Quem quiser se tornar um filósofo terá que se
entregar uma vez na vida” (Meditações Cartesianas).
- Wittgenstein: "A filosofia não é uma das ciências
naturais".
ATITUDE FILOSÓFICA
Quero lembrar que o filósofo Immanuel Kant (1724–1804) - que foi um filósofo alemão representante do Iluminismo
no final do século XVIII, sendo que seu trabalho mais conhecido é a Crítica da razão
pura - nos alertava que "não se aprende filosofia, aprendemos a filosofar". A
filosofia não poderia, portanto, ser aprendida, ao contrário de outras
disciplinas. Transpostos ao ensino, geralmente entendemos que isso
significa que a filosofia é uma prática, não um conhecimento teórico, e que, ao
ensinar e aprender filosofia, não ensinamos nem aprendemos filosofia, mas como filosofar. E filosofar é um exercício que apenas o sujeito pode acionar. Filosofar é em primeiro lugar um exercício solitário que obviamente pode e deve ser posto nas relações intersubjetivas no sentido de colocar os pensamentos gerados no crivo da criticidade para explorar a real consistência dos mesmos.
Para estudar Filosofia e/ou filosofar, temos que que ser capazes de interrogar a
vida cotidiana em sua totalidade - isto
é, a nossa vida e a vida toda que nos cerca no sentido de uma cosmovisão
totalizante; interrogar a si, desejando conhecer por que cremos, no que cremos,
por que sentimos o que sentimos e o que são nossas crenças e nossos
sentimentos.
Estar abertos à abandonar o VELHO e assumir o NOVO. Saber lidar
com a crise existencial, sabedores de que da CRISE nascerão coisas novas e melhores.
Estar dispostos a perseguir as verdades em todos os âmbitos da vida: Mundo,
Sociedade e de si mesmo. Pensar por si mesmo, ser dono de seus próprios
pensamentos, porém, sem arrogância, sempre abertos a revê-los, confrontá-los, e
quando necessário modificá-los.
Diante de todas as verdades apresentadas como
absolutas, colocar a DÚVIDA. Decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as
coisas, as ideias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de
nossa existência cotidiana; jamais aceitá-los sem antes havê-los investigado e
compreendido.
Dizer não ao senso comum, aos pré-conceitos, aos pré-juízos, aos
fatos e às ideias da experiência cotidiana, ao que “todo mundo diz”, ao
estabelecido. Interrogar sobre o que são as coisas, as ideias, os fatos, as
situações, os comportamentos, os valores, nós mesmos. Questionar sobre o porquê
disso tudo e sobre como tudo isso é
assim e não de outra maneira. O que é? Por que é? Como é? Essas são as
indagações fundamentais da atitude filosófica.
ATIVIDADE FILOSÓFICA
Na simplicidade e humildade Socrática: SÓCRATES (470-399),
SÉCULO III, “SÓ SEI QUE NADA SEI”. Ainda que um único homem pudesse ler todos
os livros que estão em todas as bibliotecas do mundo, ainda assim este homem
continuaria sendo ignorante diante do conhecimento a ser conquistado...
Portanto, o estudante de Filosofia / que deve ser Filósofo ao mesmo tempo, tem
que ser capaz de exercer a ATIVIDADE FILOSÓFICA EM TODOS OS MOMENTOS DE SUA
VIDA, NÃO PARA SER MELHOR QUE OS OUTROS, MAS PARA SER MAIS HUMANIZADO E AJUDAR NA
HUMANIZAÇÃO DOS HOMENS EM GERAL: • REFLEXÃO CRÍTICA • RACIONAL• RADICAL• PROFUNDA •
SISTEMÁTICA.
Importante aqui lembrar Tales de Mileto, que segundo Aristóteles e uma tradição grega antiga, fora o primeiro
filósofo, reconhecido também como cientista e matemático. Ele também é
visto como político, se levarmos em conta sua participação no grupo dos
"Sete Reis Magos".
GRÉCIA – VII ou VI a.C. → Primeiro filósofo a desenvolver um
problema filosófico TALES de MILETO.
A referência a TALES é importante para compreendermos o que é filosofar, pois enquanto identificado
como o primeiro filósofo é de uma valor simbólico muito importante para a
Filosofia. O fato não se deve às respostas dadas por ele em relação aos
problemas filosóficos dos quais tratou como pré-socrático em sua busca pelo "princípio" (arché) da origem e composição do
Universo, recorrendo para isso à natureza (physis), mas sim à forma substancial do método
que utilizou para buscar essas respostas, ou seja, inaugurou a atividade
filosófica.
Em suma, o contexto de Tales era este: O que marca o
surgimento da Filosofia é seu caráter racional. Os filósofos passam de uma
explicação mitológica do mundo para uma explicação racional. Ao perceberem as
contradições e limitações dos mitos, eles reformulam e racionalizam as
narrativas míticas, transformando-as em uma explicação inteiramente nova e
diferente. A Filosofia – Cosmologia / PROBLEMAS que os primeiros filósofos
trataram. Conhecimento racional da ordem do mundo ou da Natureza. O mito
falava em deuses, como Zeus, Perséfone e Gaia. Narrava a origem dos seres
celestes e terrestres como derivados das relações com os deuses - O sobrenatural-sagrado misturava-se ao natural-profano, praticamente sendo a mesma coisa. Todos os fenômenos da natureza, no mito, encontram uma explicação a partir das forças sobrenaturais/divinas.
A Filosofia por sua vez, fala em céu, mar e terra também. Mas ela explica o surgimento desses seres por composição,
combinação e separação dos quatro elementos – úmido, seco, quente e frio, ou
água, terra, fogo e ar.
O mito narrava a origem através de genealogias
derivadas de forças divinas sobrenaturais e personalizadas.
A Filosofia, ao
contrário, explica a produção natural das coisas por elementos e causas
naturais e impessoais.
O mito pretendia narrar como as coisas eram ou tinham
sido no passado imemorial, longínquo e fabuloso, voltando-se para o que era
antes que tudo existisse tal como existe no presente.
A Filosofia, ao
contrário, se preocupa em explicar como e por que, no passado, no presente e no
futuro (isto é, na totalidade do tempo), as coisas são como são; O mito não se
importava com contradições, com o fabuloso e o incompreensível, não só porque
esses eram traços próprios da narrativa mítica, como também porque a confiança
e a crença no mito vinham da autoridade religiosa do narrador e a autoridade
residia nos DEUSES.
A Filosofia, ao contrário, não admite contradições,
fabulação e coisas incompreensíveis, mas exige que a explicação seja coerente,
lógica e racional; Além disso, a autoridade da explicação não vem da pessoa do
filósofo, mas da RAZÃO, que é a mesma em todos os seres humanos.
Filósofo é o amigo da sabedoria, do conhecimento. Aquele que
ama, busca e respeita o saber, o conhecimento.
A Filosofia é uma ATIVIDADE REFLEXIVA RACIONAL
SISTEMATIZADA. Em suas origens a Filosofia era exercida pelos cidadãos, ou
seja, homens livres da Grécia.
Na Grécia Antiga só os gregos nascidos em
território grego eram cidadãos. Escravos, mulheres, crianças e estrangeiros não
eram contados como cidadãos e nem possuíam esse título.
A Democracia vivenciada
por cidades como ATENAS possibilitava a participação dos cidadãos nas
discussões políticas em praça pública, sobre os problemas e destinos da cidade,
exigindo opiniões fundamentadas em argumentos válidos e que deviam ser
colocados à prova filosófica no embate com as opiniões alheias. Essas opiniões
deviam ser demonstradas de forma clara, objetiva, lógica. O recurso
demonstrativo era a RETÓRICA, a arte de Falar Bem em Público.
Pitágoras = filósofo grego (séc.V a.C.) responsável pela invenção da palavra “Filosofia”. Sabedoria plena e completa pertence aos deuses. Homens podem desejá-la ou amá-la, tornando-se filósofos.
A IMAGEM QUE SE TINHA DO FILÓSOFO
NEGATIVA
POSITIVA
No geral, a Filosofia tem aversão às verdades caracterizadas
e fundamentadas em dogmas (verdades absolutas que não possibilitam a
contestação). A Filosofia existe pela DÚVIDA. A Dúvida é a alma da Filosofia. É
a Dúvida o elemento mais essencial da Filosofia; é o elemento deflagrador da
atividade filosófica e esse elemento brota da capacidade de espantar-se, de admirar-se diante do desconhecido.
A Filosofia não pode em hipótese alguma ser identifica
com crença religiosa. A Filosofia não tem respostas prontas, é um exercício
racional sistematizado infindável na busca pela VERDADE. Ela se faz pela DÚVIDA
que leva à → PROBLEMAS → que por sua vez, levam à respostas → que caem em novos
problemas deflagrados pela DÚVIDA suscitando um movimento sempre latente e cíclico. A Filosofia é um bem da humanidade e deve ser
colocado à serviço da VIDA e da LIBERDADE, sempre.
A VERDADE desde a concepção da Filosofia Antiga:
Para chegar à verdade o HOMEM precisa abandonar
preconceitos, crenças, fechadas em si mesmas, abrir-se ao diálogo com o
diferente, visitar a história humana em todas as suas etapas, conhecer as bases
das diversas formas, e/ou, conjuntos, e/ou, modalidades de saberes, e/ou,
conhecimentos, a saber: ARTÍSTICO, RELIGIOSO, MITO, SENSO COMUM E CIÊNCIA. O
Homem que não aprendeu a dialogar com os conteúdos destas modalidades em uma
saudável interação, terá maiores dificuldade de aproximar-se da verdade plena.
Nenhuma modalidade de conhecimento é superior às
outras, são apenas formas, e/ou, possibilidades de conhecimentos construídas
pelo Homem desde o início de seu processo evolutivo. Até mesmo o Senso Comum, o
conhecimento atual e básico que todos nós recebemos espontaneamente desde nosso
nascimento, é de extrema importância. O FEIO é ficar sequestrado dentro dos
limites de suas fronteiras quando podemos decidir ultrapassá-las, como dizia IMMANUEL KANT, o Filósofo da Filosofia
Crítica Moderna, é necessário rompermos essas fronteiras do Senso Comum e nos
aventurarmos no mundo do Saber até conquistarmos a Consciência Crítica, a
MAIORIDADE DA RAZÃO (No texto 'O que é Esclarecimento', Kant nos explica que Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual
ele próprio é culpado se podendo não desejar abandoná-la. A menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu
entendimento sem a direção de outro indivíduo).
O DESPERTAR FILOSÓFICO GREGO ANTIGO
O NASCIMENTO DA FILOSOFIA
As questões existenciais, ou seja, OS PROBLEMAS do cotidiano
grego, para os primeiros filósofos, já não podiam mais ser respondidos apenas
pelo MITO, pelo RELIGIOSO e pelo ARTÍSTICO.
A sociedades grega já possuía uma
organização mais complexa e exigia respostas diferentes a estes problemas,
diferentes daquelas possíveis pelas modalidades de conhecimentos utilizadas
naquele momento histórico. Estes problemas brotavam de três dimensões da vida
humana: MUNDO (COSMO, NATUREZA, UNIVERSO); SOCIEDADE (POLÍTICA); SER HUMANO (ANTROPOLOGIA): os filósofos
defendiam que estes problemas podiam ser conhecidos pela razão humana.
PARA OS FILÓSOFOS:
ATIVIDADE FILOSÓFICA, por eles proposta, tinha estas características gerais:
RESULTADO QUE FOI LEGADO (HERANÇA), DEIXADO PARA TODOS NÓS:
Seres humanos naturalmente aspiram:
ANTES DE TERMINAR, aquela pergunta que fazem os atuais 'prisioneiros da caverna platônica': AFINAL DE CONTAS PARA QUE SERVE A FILOSOFIA???
A filósofa Marilena CHAUI, responde, na introdução de sua
obra “Convite à Filosofia”:
[1] Se abandonarmos a ingenuidade e os preconceitos do senso
comum for útil;
[2] Se não nos deixarmos guiar pela submissão às idéias
dominantes e aos poderes estabelecidos for útil;
[3] Se buscarmos compreender a significação do mundo, da
cultura, da história for útil;
[4] Se conhecermos o sentido das criações humanas nas artes,
nas ciências, na ética e na política for útil;
[5] Se dar a cada um de nós e à nossa sociedade os meios
para serem conscientes de si e de suas ações numa prática que deseja a
liberdade e a felicidade para todos for útil;
Então podemos dizer que a Filosofia é o mais útil de todos
os saberes de que os seres humanos são capazes.
Fontes consultadas:
ARANHA Maria Lúcia de Arruda, MARTINS, Maria Helena Pires.
Temas de Filosofia. 2.ed. São Paulo: Moderna, s.d.
CARDOSO, Osvaldo e outros. Filosofia: Ensino Médio (Livro
Didático da S.E.ED./PR). 2 ed. Curitiba: SEED, 2006.
CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. 6.ed. São Paulo,
Ática,1997.
CHAUI, Marilena, OLIVEIRA, Pérsio S. Filosofia e Sociologia.
São Paulo: Ática, 2007.
DELEUZE, Gille, GUATARI, Felix. O que é a Filosofia? Rio de
Janeiro: Ed. 34, 1992.
DURANT, Will. A história da Filosofia. 3. ed. Rio de
Janeiro: Record, 2000.
REZENDE, Antonio e outros. Curso de Filosofia. 13. ed. Rio
de Janeiro: Zahar, 2005.
filoparanavaí
Nenhum comentário:
Postar um comentário