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terça-feira, 7 de abril de 2020

EXISTENCIALISMO - ENTREVISTA HISTÓRICA COM O FILÓSOFO GERD BORNHEIM: "E o Existencialismo é a doutrina que coloca as categorias básicas para se repensar a realidade humana"

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Filósofos/Entrevistas




FILÓSOFO GERD BORNHEIM

Existencialismo: 
uma Presença Extraordinária em Nosso Tempo

Aqui, uma interessante entrevista feita em 2010 pelo presidente da SAEP "A Sociedade de Análise Existencial e Psicomaiêutica, é uma sociedade científica, sem fins lucrativos, integrada por psicólogos que tem o objetivo de divulgar a Psicoterapia Existencial e habilitar psicoterapeutas na Abordagem Existencial, psicólogo Jadir Lessa, com um dos mais respeitados representantes do Existencialismo no Brasil, o filósofo, professor e doutor Gerd Bornheim (Nascimento: 19 de novembro de 1929, Caxias do Sul, Rio Grande do Sul. Falecimento: 5 de setembro de 2002, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro), quando ainda em vida.

Bornheim, Intitulava-se um pesquisador. Ler e escrever eram as atividades que mais o agradava.

Possui vários livros publicados, quase todos esgotados, além de muitos artigos e capítulos editados em obras coletivas.

Lecionava regularmente filosofia na UERJ e era muito solicitado para ministrar palestras em congressos e outros eventos no Brasil e no exterior. Ao final da entrevista há um resumo de sua biografia.

Jadir Lessa: Como surgiu o seu interesse pelo Existencialismo?

Gerd Bornheim: Era a época! Uma época que veio da 2ª Guerra Mundial em que o indivíduo não existia. Conturbada depois por ditaduras de diversas ordens, um totalitarismo político que fez com que os valores do indivíduo fossem ressaltados. Então ele fica mais desperto. Não só o indivíduo em primeiríssimo lugar, mas a situação histórica fantástica que é o individualismo. E nós presenciamos hoje a crise do individualismo, a crise de nós mesmos, em última análise. Este indivíduo tem a presença muito forte, mas de certa maneira crítica, existencialmente crítica. E em segundo lugar exatamente este aspecto é que o indivíduo, por contingências históricas das mais diversas, a começar pela política, se tornou crítico. Ele quer questionar a realidade e não a aceita mais passivamente. Por exemplo: se fala hoje que há uma manipulação muito grande da realidade humana. Manipulação fantástica havia na Idade Média, quando foi disseminado, contra a conquista árabe, o culto à virgem Maria. Isso era feito em nome do absoluto, que na verdade não é absoluto. É autoritário, dogmático. Mas havia aí uma manipulação sobre o conceito mesmo da mulher que era fantástico, extraordinário. Hoje as coisas se tornaram críticas justamente porque a manipulação é questionada. Todo mundo fala que o homem é manipulado e por aí vai. Eu acho que esse pensamento existencial, essa postura mais crítica é que justifica a presença da própria psicologia e principalmente da filosofia nesse tipo de atividade. A consciência crítica leva a questionar o conceito de manipulação.

JL: Como o senhor vê a situação do Existencialismo hoje no Brasil e no mundo?

GB: O Existencialismo é um movimento que atingiu o seu apogeu na metade do século. Os grandes mestres praticamente desapareceram. O problema é que as questões colocadas pelo pensamento existencialista dizem respeito a própria realidade humana em toda a sua extensão. E a partir daí o Existencialismo continua tendo uma repercussão teórica e prática crescente. É impressionante como no campo da Psicologia e da Psicanálise, no Brasil e no mundo, se busca discutir as teses do Existencialismo clássico, que continuam tendo uma vitalidade muito grande, já que o pensamento subsequente se compraz muito em reduzir tudo à categoria do objeto, ao cientificismo, e tende a esquecer a realidade humana. Quando de fato essa realidade humana é que tem que ser pensada, meditada, questionada. E o Existencialismo é a doutrina que coloca as categorias básicas para se repensar a realidade humana. É como Freud, também do início do século. Mas afinal de contas, o Existencialismo continua tendo uma presença em nosso tempo de fato extraordinária.

JL: Dentre os temas existencialistas quais aqueles que mais o interessam?

GB: Os clássicos, são os temas que ficam. Aquilo que Heidegger falava de inquietação, de angústia, existência autêntica e inautêntica, o ser para a morte, bem entendida a coisa toda, evidentemente, a questão da liberdade, da responsabilidade sartreanamente colocadas. São questões que ainda não encontraram um equacionamento muito amplo, porque uma grande lacuna do nosso tempo, que justifica tudo que falamos aqui, é o fato de que ainda não existe uma ética, uma moral adequada a esse mesmo tempo. Então o homem fica um pouco à deriva, instável. Ele não tem normas e não se trata das normas. Ele tem que desenvolver o senso de responsabilidade, de liberdade para chegar de fato a equacionar essas coisas de modo adulto e maduro. E isso se faz em larga medida com a colaboração da psicoterapia.

JL: E por falar em psicoterapia, o que o senhor pensa sobre os currículos dos cursos de Psicologia das faculdades do Rio de Janeiro?

GB: Não sou psicólogo e não conheço esses currículos. Sei que há uma diversidade muito grande de cursos e consequentemente de orientações. Acho que uma coisa mais ou menos universal em toda essa atividade, que é extraordinária, é que há um interesse muito grande pelas discussões de ordem filosófica. As doutrinas filosóficas têm uma atualidade extraordinárias e me pergunto até se certas opiniões são esquecidas, como por exemplo Jaspers, que tem uma ligação com a Psiquiatria tão fundamental, ou Gabriel Marcel e tantos outros. Porque há uma abertura hoje, do ponto de vista psicológico, para a vida filosófica, para a atividade filosófica, de fato, excepcional.

JL: Quantos livros o senhor já publicou e quais são eles?

GB: Livros, eu tenho mais ou menos uma dúzia. Agora tenho muita coisa em obras coletivas, como por exemplo a série toda da Companhia das Letras, Ética, Tempo e História, Arte e Pensamento, O Olhar, O Desejo e o último chama-se A Crise da Razão. Os meus livros, eu tenho bastante mas está quase tudo esgotado. Porque eles se esgotam e os editores não se interessam em fazer novas edições, eu não entendo bem porquê. Agora estou preocupado em começar um processo de reeditar meus livros que, modéstia à parte, têm um sucesso interessante: oito, doze edições. Acho que esse ostracismo não se justifica.

JL: Gostaria que o senhor falasse sobre a tradução do “Ser e Nada” de Sartre para o português?

GB: Ela corre muito bem. A tradução é muito bem feita. Na primeira edição houve uma série de falhas técnicas apontadas pelo próprio tradutor. Falhas das origens das mais diversas que, segundo ele, nas edições subsequentes seriam sanadas. Mas eu fiquei espantado com o sucesso dessa tradução. Já são diversas edições que se acumulam. É um sucesso, um best-seller no mercado. Acho que o público leitor brasileiro está de parabéns por ter tanto interesse por obra difícil, pensada na base do Sartre. Agora nós temos dois livros fundamentais o “Ser e Tempo”, de Heidegger e o “Ser e Nada”, de Sartre, traduzidos para o português. Isso é um evento da maior significação.

JL: E a tradução de “Ser e Tempo”?
GB: Eu faço algumas reservas de ordem técnica, mas a tradução é muito boa. Com certas palavras e expressões eu não concordo, mas é uma questão técnica. No “Ser e Tempo” a tradução corre muito bem, se lê de fato com facilidade. Mas de repente traduzir ‘dasein’(ser aí) por ‘presença’, eu não concordo, isso para dar apenas um exemplo.

Fonte:
http://www.existencialismo.org.br

(Acesso: 17 Fev. 2010)


Quem é SARTRE (105-1980): "Se um certo Jean-Paul Sartre for lembrado, eu gostaria que as pessoas recordassem o meio e a situação histórica em que vivi, todas as aspirações que eu tentei atingir. É dessa maneira que eu gostaria de ser lembrado." Essa declaração foi feita por Sartre durante uma entrevista, cinco anos antes de morrer.

Na mesma ocasião, disse que gostaria que as pessoas se lembrassem dele por seu primeiro romance, "A Náusea", e duas de suas obras filosóficas, a "Crítica da Razão Dialética" e o ensaio sobre Jean Genet. Jean-Paul Sartre influenciou profundamente sua geração e a seguinte. Foi um mestre do pensamento e seu exemplo foi seguido por boa parte da juventude do pós-guerra, nas décadas de 1950 e 1960.


Para entender o que é o existencialismo: "O Existencialismo é um humanismo" (Nesta obra, Sartre o mais expressivo filosofo existencialista abrange de maneira mais clara, os fundamentos do seu pensamento sobre o existencialismo. 

O autor debate temáticas como a liberdade do indivíduo, a existência de Deus, a má-fé, entre outros, que foram objetivos de sua vida enquanto filósofo. Sartre nega a existência de Deus - motivo que o fez optar pelo ateísmo,e, segundo ele, se Deus nos fez livres, logo somos livres para acreditar ou não em sua existência.

Essa obra se fez como uma tentativa de facilitar a compreensão dos ideais existencialistas sartreanos, pois sua obra O Ser e o Nada, é considerada por muitos incompreensível e muito densa para o senso comum.), foi escrito por Jean-Paul Sartre (21/06/1905, Paris, França 15/04/1980, Paris, França), justamente para explicar o existencialismo e defender-se de críticas feitas por leigos.

Nele, Sartre afirma que a existência precede a essência.

Isto significa que não há uma receita para se fazer um ser humano, que Deus não é um artífice superior que antes de criar o homem já tinha seu rascunho em mente. Ou seja, temos que partir da subjetividade. Não há uma essência igual em todas as pessoas, explica Sartre, uma natureza humana, portanto não há uma lista de regras estabelecidas antes de o ser humano existir; então, ele as tem que criar por si mesmo.

Não pode existir nada a priori, para Sartre, já que ele não acredita em Deus, em uma consciência perfeita que pudesse conceituar as coisas. O homem, portanto, não é mais do que o que ele faz, do que o que Sartre chama de seu projeto.

O projeto de cada um (suas escolhas) tem um valor universal, apesar de ser individual, e pode ser compreendido por todo homem. Assim, pode-se dizer que existe uma universalidade do homem, mas ela é construída por ele próprio, através de suas escolhas. As escolhas são inevitáveis.

Para Sartre, o fato de não haver uma essência anterior à existência força os homens a serem livres: temos que inventar regras, valores, improvisar.

Portanto, só o fato de alguém existir traz, obrigatoriamente, o fato de ele ser livre. A existência nos condena à liberdade.

Devido à falta de valores predeterminados, estamos sós e sem desculpas. Por isso, ninguém pode se eximir da responsabilidade por seus atos e suas consequências. Cada um escolhe por si mesmo, através de seu próprio julgamento, baseando sua decisão no que achar melhor.

Segundo Sartre, o homem é responsável por escolher para si e, com isso, para toda a humanidade, o que causa muita angústia. É desse compromisso de escolher que ele não pode escapar (se ele não escolhe nada, escolhe não escolher). O ser humano tem compromisso com seu futuro, com as outras pessoas, consigo mesmo.


Sartre, que defendia que o existencialismo é uma doutrina da ação, dizia que ninguém deve se esquivar de nenhum compromisso, utilizando-se de desculpas, pois cabe a cada um fazer seu próprio destino. Quem tentar escapar à responsabilidade ou ao compromisso estava, na opinião de Sartre, agindo de má-fé.

O Drama Burguês:


Nos discursos alternados, entre Marilena Chaui e Gerd Bornheim, alguns dos temas analisados são: a invenção da política; o poder; vontade do governante; guerra e paz; justiça; as leis; autoridade, autoridade coletiva; espaço coletivo, espaço privado; poder Cristão; república; a questão  Burguesa; individualismo; teocentrismo, antropocentrismo; autonomia; biografia burguesa; paradigmas e modelos; lógica de forças; instituições; itinerário do novo homem; capitalismo; moeda.




Biografia 
Gerd Albert Bornheim (Caxias do Sul RS 1929 - Rio de Janeiro RJ 2002: O filósofo Gerd Bornheim, 72, morreu no dia 06/09/2002, em sua casa no Rio, vítima de um tumor cerebral.Especialista em filosofia alemã, existencialismo e filosofia da arte, além de crítico teatral, Bornheim era professor da Uerj (Universidade do Estado do Rio). Filósofo, professor e ensaísta. Realiza importantes trabalhos sobre teatro e reflexão estética, que se tornam referência fundamental para a apreensão e compreensão de diversos aspectos da área teatral, entre eles, o sentido do trágico, a estética brechtiana e o teatro contemporâneo. Como escritor, destaca-se pela densidade e clareza de sua análise crítica e, como conferencista, atrai plateias numerosas por sua competência filosófica e capacidade de comunicação.

Em 1951, gradua-se em filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUC/RS, em Porto Alegre, cidade na qual reside desde os 16 anos. Sua formação tomista proporciona-lhe familiaridade com os clássicos e o aprendizado de latim e grego. Como bolsista do governo francês, chega a Paris, em 1953, para estudar na universidade Sorbonne e entra em contato com o pensamento filosófico contemporâneo. Nos cursos de Jean Hyppolite e Jean Wahl, conhece a obra de Martin Heidegger. Convive com intelectuais consagrados como Merleau-Ponty, Piaget e Bachelard. No ano seguinte, transfere-se para Oxford para cursar filosofia política e literatura inglesa contemporânea e em 1955, frequenta aulas de arte e cultura gótica na Universidade de Freiburg im Breisgaus, na Alemanha.

Retorna ao Brasil, em 1955, para lecionar filosofia na Universidade do Rio Grande do Sul - URGS e um ano depois integra o corpo docente da PUC/RS. Começa a publicar artigos em suplementos literários de periódicos da imprensa, produção que, por vezes, serve de matéria-prima para seus futuros ensaios.

O Curso de Estudos Teatrais da Faculdade de Filosofia da URGS, criado em dezembro de 1957, é efetivado pelo reitor Elyseu Paglioli, que convida o diretor e teórico italiano Ruggero Jacobbi para assumir a direção e ministrar as disciplinas de teoria e história do teatro e direção teatral. Jacobbi desdobra o Curso de Estudos Teatrais em dois setores: o Curso de Cultura Teatral, destinado a professores, intelectuais, estudantes e pessoas interessadas em conhecer e analisar os problemas do teatro, e o Curso de Arte Dramática - CAD, destinado exclusivamente à formação de atores.1

Bornheim relata como começa o seu interesse por teatro e o contato com Ruggero Jacobbi: "[...] foi um acidente, sempre gostei muito de teatro e de música. [...] Nós ficamos muito amigos. Ruggero, na parte prática, não era tão bom, mas era um teórico maravilhoso. Comecei a assistir umas aulas suas à noite e depois saíamos para tomar uma cervejinha, comer uma macarronada, e fui gostando daquilo. Ele montou o Egmont de Goethe e Cacilda Becker levou Maria Stuart. Tudo foi feito concomitantemente: a escola e as montagens. Ruggero obrigou-me a fazer uma série de conferências sobre Goethe e Schiller, e, com isso, fiquei ligado também ao teatro. Logo comecei a escrever uns ensaios menores sobre teatro. Aí aconteceu uma fatalidade: Ruggero simplesmente desapareceu do Brasil sem se despedir de ninguém, sumiu. Então a coisa sobrou para mim, porque ele dava teoria do teatro. Fui obrigado a dar teoria do teatro e acabei diretor da escola. Isso foi um desvio muito interessante para mim".2

Ruggero Jacobbi regressa a Roma, em 1960, e Gerd Bornheim assume a direção da escola até 1969, sendo responsável inicialmente pelas "aulas de teorias do ator: estética e poética da encenação"3 e, mais tarde, por "história e estética do teatro".4 O filósofo inaugura um promissor percurso ensaístico ao escrever seu primeiro livro Aspectos Filosóficos do Romantismo, em 1959, acerca do romantismo alemão e do teatro ocidental do século XX. Em 1961, publica a tese apresentada no concurso para livre-docência de filosofia na faculdade da UFRGS, com o título Motivação Básica e Atitude Originante do Filosofar, texto cuja nova edição, em 1970, sai com o título Introdução ao Filosofar.

Em 1965, lança O Sentido e a Máscara, reunindo artigos escritos na década de 1960 sobre o teatro contemporâneo, o teatro de vanguarda, Ionesco, o expressionismo, o trágico, Kleist, Goethe e Brecht. Segundo o filósofo João Vicente Ganzarolli de Oliveira: "À guisa de síntese, podemos dizer que o nosso autor é movido por uma mesma pergunta em todos os nove artigos independentes que compõem O Sentido e a Máscara: 'Qual a situação do teatro hoje?' É uma pergunta geradora, espontaneamente desdobrável em novas interrogações concernentes ao mesmo assunto focalizado. [...] O intuito de Gerd concentra-se na busca de um denominador comum para a arte teatral do século XX, ao menos no tocante às próprias idiossincrasias que tornam difícil a sua compreensão".5

É cassado em novembro de 1969, não porque tenha algum envolvimento com organizações políticas clandestinas, mas por influenciar com suas ideias os jovens universitários que participam da resistência à ditadura militar. Na onda de repressão que se segue ao golpe de 1964 e se agrava no fim de 1968, com o AI-5, acaba impedido de trabalhar como professor. Passa dois anos dando aulas em um curso pré-vestibular e todos os meses é chamado para depor na Polícia Federal.

Aceita o convite para dar aulas no Instituto de Filosofia da Universidade de Frankfurt onde leciona durante um semestre letivo, em 1972. Vai para Paris, lá mora por quatro anos, e para sobreviver dá aulas de alemão e cuida da organização de uma galeria de arte no Boulevard Saint-Germain. Retorna ao Brasil em 1976 e, após três anos, a anistia lhe permite retomar as atividades no magistério superior. Em 1979, é convidado a lecionar de filosofia na Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, na qual permanece de 1979 a 1991, depois se aposenta por tempo de serviço e começa a lecionar na Universidade do Rio de Janeiro - UERJ.

Publica, em 1983, Teatro: A Cena Dividida, em que reúne três ensaios, dirigidos aos estudantes e público não especializado. O primeiro fala sobre o caráter popular inerente às manifestações da teatralidade; o segundo discute as relações entre o teatro e a literatura, com questões em torno do teatro de texto e do teatro de espetáculo; e o terceiro apresenta um amplo painel sobre os aspectos fundamentais do teatro contemporâneo.

Gerd Bornheim dedica especial atenção a Bertolt Brecht e seu impacto no teatro do século XX no livro Brecht: A Estética do Teatro, publicado em 1992: "Quero transmitir ao leitor uma visão ampla das ideias estéticas de Brecht, respeitando sempre a prática e os confrontos que estão na origem e na maturidade daquelas ideias". Nesse livro o autor analisa o estético, o social e o especificamente teatral na obra de Brecht, em uma inédita perspectiva de abordagem.

Um de seus últimos livros, Páginas de Filosofia da Arte, publicado em 1998, reúne ensaios - que de acordo com a nota introdutória "nasceram de certa dispersão, ou da diversidade de interesses do autor"6 - escritos a partir de 1986 para jornais, revistas e obras coletivas. Os relacionados ao teatro discorrem sobre variados temas: Shakespeare, teatro besteirol, teatro experimental, Gerald Thomas e Brecht.

O teatro tem lugar de destaque na obra de Gerd Bornheim, como observa o teórico e diretor Luiz Carlos Maciel: "Depois da Filosofia, o que Gerd mais gostava era o Teatro. Quando era seu aluno, precisava de um local de ensaios para o espetáculo de Esperando Godot, de Beckett, que eu dirigia. Gerd emprestou logo o apartamento dele. Quando o Teatro Universal foi a um festival, no Recife, apresentando a peça A Cantora Careca, de Ionesco Abujamra, que era o diretor, convidou Gerd para fazer o papel de bombeiro, e ele aceitou; o filósofo tinha apreciável domínio de cena. [...] Hoje, no Brasil, qualquer discussão sobre teoria do teatro (e também outras questões estéticas) passam obrigatoriamente pelos escritos de Gerd".7 


Notas
1. RAULINO, Berenice.Ruggero Jacobbi: presença italiana no teatro brasileiro. São Paulo: Perspectiva: Fapesp, 2002. p. 177-187.
2. NOBRE, Marcos; REGO, José Marcio (Org.). Conversas com filósofos brasileiros. São Paulo: Editora 34, 2000. p.49.
3. CALAGE, Eloi. O sentido e a máscara. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 30 jul. 1966.
4. BORNHEIM, Gerd. Páginas de filosofia da arte. Rio de Janeiro: Uapê, 1998. p. 255.
5. OLIVEIRA, João Vicente Ganzarolli de Oliveira. Arte e beleza em Gerd Bornheim. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2003. p.114-115.
6. BORNHEIM, Gerd. Páginas de filosofia da arte. Rio de Janeiro: Uapê, 1998. p. 9.
7. MACIEL, Luiz Carlos. A afirmação do efêmero. Gazeta Mercantil, São Paulo, 28 fev., 1 e 2 mar. 2003. 


Fonte: http://www.itaucultural.org.br/


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