Teoria do CONHECIMENTO e/ou Epistemologia
organizado pelo professor Lucio LOPES
A epistemologia, como ramo distinto da filosofia, não esteve muito em evidência antes de John Locke (1632-1704). Assim, quando falamos da epistemologia em suas origens como em Aristóteles p.ex.; estamos descrevendo apenas os resultados obtidos por ele nesta área, uma vez que ele mesmo nunca usou o termo epistemologia. Isto é óbvio, pelo fato que tanto Aristóteles como os demais filósofos gregos concentraram seus pensamentos mais naquilo que se deve conhecer do que na teoria dos processos de conhecê-lo... Ainda que tenham se ocupado disto.
JHON LOCKE
(Filófo inglês, iniciador do iluminismo)
Nasceu em 29 de Agosto de 1632 em Wrington, Inglaterra ;
morreu em Oates em 28 de Outubro de 1704. A família de Locke era formada por burgueses, comerciantes. Com a revolução Inglesa de 1648, o pai de Locke alistou-se no exército. Locke estudou inicialmente na Westmuster School. Em 1652 foi para a Universidade de Oxford. Não gostou da filosofia ali ensinada. Manifestou, mais tarde, opiniões contrárias à filosofia de Aristóteles. Julgou o peripatetismo obscuro e cheio de pesquisas sem utilidade. Além de filosofia , estudou medicina e ciências naturais. Recebeu o título de Master of Arts em 1658. Nesse período , leu os autores que o influenciaram: John Owen (1616-1683) que pregava a tolerância religiosa, Descartes (1596-1650) que havia libertado a filosofia da escolástica e Bacon (1561- 1626), de quem aproveitou o método de correção da mente, e a investigação experimental. Interessou-se pelas experiências químicas do também físico Robert Boyle (1627-1691), que inovaram introduzindo o conceito de átomo e elementos químicos. Foi um avanço em relação à alquimia que dominou durante a Idade Média e a concepção de Aristóteles dos quatro elementos. Locke atuou nos campos de medicina, filosofia, política, teologia e anatomia. Não gostava de matemática. Redigiu em Latim, Ensaios sobre a lei da natureza. Já nessa época apresentava gosto pela regra experimental, de onde deriva sua filosofia empirista.
Todo conhecimento encontra suas fontes na FÉ – aqui entendida enquanto CRENÇA. A fonte primordial do conhecimento seria a sensação. É através dos sentidos que os homens primitivos ainda nas cavernas tinham a percepção diante do desconhecido e nela encontravam a motivação para conhecer. Este conhecimento fundado na crença ia se tornava cada vez mais complexo a medida que era relacionado a outros conhecimentos. Ora, essa crença-conhecimento constituiu os conteúdos de conjuntos de conhecimentos como religiosos, artísticos, mitológicos, senso-comum... ao longo da história humana. A Filosofia e a Ciência vieram justificar a CRENÇA dando a estes conhecimentos veracidade ou demonstrando suas contradições e não possibilidade de serem verdadeiros.
Aqui entra um componente muito importante: a REALIDADE. O que é a Realidade? Toda vez que nos deparamos com o desconhecido, ainda hoje em pleno século XXI é assim, a nossa primeira atitude é buscar uma explicação na crença. A REALIDADE é aquele fato ou momento histórico que faz parte de minha tomada de consciência. Ele pode ser concreto/físico ou abstrato. O concreto/físico é mais verdadeiro, atinge o todo: por exemplo_ Pierre é meu amigo. Ele é Francês, alto e branco de olhos negros. Um exemplo de abstrato: Os Franceses são de estatura média... Aqui me refiro não a um homem francês, mas faço um juízo universal. Meu objeto aqui é empobrecido. Por exemplo, o "céu" é um lugar que todos os homens desejam. Este conhecimento é abstrato. Primeiro que céu não é uma REALIDADE concreta. Faz parte da CRENÇA. Não é possível que consigamos algo mais sobre o céu que não conjeturações abstratas fundadas na crença. Foi justamente a tentativa de tornar a FÉ Cristã Crível que fez com que a Igreja domesticasse a Filosofia e a colocasse a serviço da Justificação Teológica – mo período que conhecemos por Idade Média.
Vamos analisar alguns casos:
Caso 1: No ponto de ônibus – ouvindo uma conversa entre duas mulheres: “Comadre minha neta anda descalça o dia todo, correndo de lá para cá, no chão nu, dizem que pega “bicho geográfico” e outras doenças”... Isso é mentira, deve ser lenda, porque minha netinha tem saúde de ferro”. Aqui um exemplo típico de alguém que não dominando conhecimentos científicos impõe à autoridade da crença o conteúdo de sua compreensão sobre um dado concreto de seu cotidiano. Aqui temos o Senso-Comum.
Caso 2: Um bispo em sua homilia se dirigindo aos fiéis: “Deus criou o homem e a mulher para procriarem. Portanto, os casais precisam fugir de todas as formas de pornografia. O sexo é para procriar e o homem que precisa ver a imagem de outras mulheres nuas que não a sua é um fracassado”... Aqui temos um juízo moral fundado no conhecimento religioso cristão.
Caso 3: Um senhora falando sobre a situação de sua mãe: “ Minha mãe com câncer de mama buscou a cura na igreja e Jesus a livrou do câncer, ela estava feliz e digo que: uma verdadeira fanática. Agora o câncer “explodiu” na cabeça e ela encontra-se vegetativa”. Aqui outra vez o conhecimento religioso fundado na crença.
Caso 4: “Meu amigo morreu muito novo, não consigo entender porque Deus o tirou tão novo de nosso meio”. Mais adiante ele lembrava: “Meu amigo fumou a vida inteira...” Aqui a busca de novo de explicações na crença, esqueceu ou tem poucas informações científicas de que todo fumante está fadado a abraçar a morte prematuramente...
Caso 5: Dois jovens eleitores de candidatos diferentes e que estão em primeiro e segundo lugar nas pesquisas. O eleitor do candidato que está em segundo argumenta: “Estas pesquisas estão erradas, quando abrirem as urnas você vai ver... os dois estarão ali empatados “embolados” e a eleição vai pro segundo turno”. E continuaram a discussão, ambos estavam em uma discussão fundada na CRENÇA e possivelmente não possuem a informação de que uma cidade – que é o caso da cidade deles - com pouco mais de 50 mil eleitores, não tem segundo turno.
Na Filosofia, conhecimento fundado na RAZÃO que é comum a todos os homens, Platão em seus diálogos também ocupou-se com o tema Conhecimento. Para ele o primeiro ato do Conhecer tem origem nas Sensações. Ele entendia que a maioria dos mortais ficam neste estágio e que poucos são os que se libertam indo de encontro ao verdadeiro conhecimento. No Teeteto ele esclarece que o conhecimento passa pela sensação, crença-opinião, no entanto o que caracteriza o verdadeiro conhecimento é a razão sobreposta às sensações, crença-opinião. Já Aristóteles desenvolveria suas teorias mais tarde de que o conhecimento verdadeiro é produzido pela capacidade de domínio das causalidades dos eventos e coisas. Em outro ensaio em breve, retomaremos estes conteúdos. Agora, veremos algumas noções sobre este ramo da Filosofia que se ocupa exclusivamente da Teoria do Conhecimento.
Nasceu em 29 de Agosto de 1632 em Wrington, Inglaterra ;
morreu em Oates em 28 de Outubro de 1704. A família de Locke era formada por burgueses, comerciantes. Com a revolução Inglesa de 1648, o pai de Locke alistou-se no exército. Locke estudou inicialmente na Westmuster School. Em 1652 foi para a Universidade de Oxford. Não gostou da filosofia ali ensinada. Manifestou, mais tarde, opiniões contrárias à filosofia de Aristóteles. Julgou o peripatetismo obscuro e cheio de pesquisas sem utilidade. Além de filosofia , estudou medicina e ciências naturais. Recebeu o título de Master of Arts em 1658. Nesse período , leu os autores que o influenciaram: John Owen (1616-1683) que pregava a tolerância religiosa, Descartes (1596-1650) que havia libertado a filosofia da escolástica e Bacon (1561- 1626), de quem aproveitou o método de correção da mente, e a investigação experimental. Interessou-se pelas experiências químicas do também físico Robert Boyle (1627-1691), que inovaram introduzindo o conceito de átomo e elementos químicos. Foi um avanço em relação à alquimia que dominou durante a Idade Média e a concepção de Aristóteles dos quatro elementos. Locke atuou nos campos de medicina, filosofia, política, teologia e anatomia. Não gostava de matemática. Redigiu em Latim, Ensaios sobre a lei da natureza. Já nessa época apresentava gosto pela regra experimental, de onde deriva sua filosofia empirista.
Todo conhecimento encontra suas fontes na FÉ – aqui entendida enquanto CRENÇA. A fonte primordial do conhecimento seria a sensação. É através dos sentidos que os homens primitivos ainda nas cavernas tinham a percepção diante do desconhecido e nela encontravam a motivação para conhecer. Este conhecimento fundado na crença ia se tornava cada vez mais complexo a medida que era relacionado a outros conhecimentos. Ora, essa crença-conhecimento constituiu os conteúdos de conjuntos de conhecimentos como religiosos, artísticos, mitológicos, senso-comum... ao longo da história humana. A Filosofia e a Ciência vieram justificar a CRENÇA dando a estes conhecimentos veracidade ou demonstrando suas contradições e não possibilidade de serem verdadeiros.
Aqui entra um componente muito importante: a REALIDADE. O que é a Realidade? Toda vez que nos deparamos com o desconhecido, ainda hoje em pleno século XXI é assim, a nossa primeira atitude é buscar uma explicação na crença. A REALIDADE é aquele fato ou momento histórico que faz parte de minha tomada de consciência. Ele pode ser concreto/físico ou abstrato. O concreto/físico é mais verdadeiro, atinge o todo: por exemplo_ Pierre é meu amigo. Ele é Francês, alto e branco de olhos negros. Um exemplo de abstrato: Os Franceses são de estatura média... Aqui me refiro não a um homem francês, mas faço um juízo universal. Meu objeto aqui é empobrecido. Por exemplo, o "céu" é um lugar que todos os homens desejam. Este conhecimento é abstrato. Primeiro que céu não é uma REALIDADE concreta. Faz parte da CRENÇA. Não é possível que consigamos algo mais sobre o céu que não conjeturações abstratas fundadas na crença. Foi justamente a tentativa de tornar a FÉ Cristã Crível que fez com que a Igreja domesticasse a Filosofia e a colocasse a serviço da Justificação Teológica – mo período que conhecemos por Idade Média.
Vamos analisar alguns casos:
Caso 1: No ponto de ônibus – ouvindo uma conversa entre duas mulheres: “Comadre minha neta anda descalça o dia todo, correndo de lá para cá, no chão nu, dizem que pega “bicho geográfico” e outras doenças”... Isso é mentira, deve ser lenda, porque minha netinha tem saúde de ferro”. Aqui um exemplo típico de alguém que não dominando conhecimentos científicos impõe à autoridade da crença o conteúdo de sua compreensão sobre um dado concreto de seu cotidiano. Aqui temos o Senso-Comum.
Caso 2: Um bispo em sua homilia se dirigindo aos fiéis: “Deus criou o homem e a mulher para procriarem. Portanto, os casais precisam fugir de todas as formas de pornografia. O sexo é para procriar e o homem que precisa ver a imagem de outras mulheres nuas que não a sua é um fracassado”... Aqui temos um juízo moral fundado no conhecimento religioso cristão.
Caso 3: Um senhora falando sobre a situação de sua mãe: “ Minha mãe com câncer de mama buscou a cura na igreja e Jesus a livrou do câncer, ela estava feliz e digo que: uma verdadeira fanática. Agora o câncer “explodiu” na cabeça e ela encontra-se vegetativa”. Aqui outra vez o conhecimento religioso fundado na crença.
Caso 4: “Meu amigo morreu muito novo, não consigo entender porque Deus o tirou tão novo de nosso meio”. Mais adiante ele lembrava: “Meu amigo fumou a vida inteira...” Aqui a busca de novo de explicações na crença, esqueceu ou tem poucas informações científicas de que todo fumante está fadado a abraçar a morte prematuramente...
Caso 5: Dois jovens eleitores de candidatos diferentes e que estão em primeiro e segundo lugar nas pesquisas. O eleitor do candidato que está em segundo argumenta: “Estas pesquisas estão erradas, quando abrirem as urnas você vai ver... os dois estarão ali empatados “embolados” e a eleição vai pro segundo turno”. E continuaram a discussão, ambos estavam em uma discussão fundada na CRENÇA e possivelmente não possuem a informação de que uma cidade – que é o caso da cidade deles - com pouco mais de 50 mil eleitores, não tem segundo turno.
Na Filosofia, conhecimento fundado na RAZÃO que é comum a todos os homens, Platão em seus diálogos também ocupou-se com o tema Conhecimento. Para ele o primeiro ato do Conhecer tem origem nas Sensações. Ele entendia que a maioria dos mortais ficam neste estágio e que poucos são os que se libertam indo de encontro ao verdadeiro conhecimento. No Teeteto ele esclarece que o conhecimento passa pela sensação, crença-opinião, no entanto o que caracteriza o verdadeiro conhecimento é a razão sobreposta às sensações, crença-opinião. Já Aristóteles desenvolveria suas teorias mais tarde de que o conhecimento verdadeiro é produzido pela capacidade de domínio das causalidades dos eventos e coisas. Em outro ensaio em breve, retomaremos estes conteúdos. Agora, veremos algumas noções sobre este ramo da Filosofia que se ocupa exclusivamente da Teoria do Conhecimento.
O conhecimento é a apreensão de qualquer "coisa" por meio do pensamento e a capacidade de tornar presente ao pensamento "aquilo" que se apreendeu.
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