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FILOPARANAVAÍ

domingo, 17 de janeiro de 2010

Sinopse: OLGA, o filme

O FILME



Olga é um filme realizado em 2004 pelo diretor brasileiro Jayme Monjardim, inspirado na biografia de Olga Benário, escrita por Fernando Morais, sobre a alemã, judia e comunista que veio ao Brasil lutar por seus ideais. Este é o primeiro filme do diretor Jayme Monjardim, especialista em telenovelas. O roteiro foi realizado por Rita Buzzar, com quem o diretor já havia trabalhado anteriormente na novela A História de Ana Raio e Zé Trovão, de 1990. A produção também é de Rita Buzzar. Decididos a fazer uma reconstituição correta do contexto histórico, Monjardim e a a equipe de produção foram à Alemanha, onde conheceram os lugares freqüentados por Olga e os campos de concentração onde ela esteve prisioneira.

Os cenários foram reconstituídos em estúdio no Brasil. As cenas que se passavam no Rio de Janeiro foram realizadas em locações. O trabalho superou grandes desafios técnicos - por exemplo, foram filmadas seqüências na neve em pleno verão carioca. A fotografia foi dirigida por Ricardo Della Rosa, também estreante em longa-metragem. A trilha sonora esteve a cargo de Marcus Viana, compositor com quem o diretor também já havia trabalhado em diversas ocasiões na televisão.

A atriz Camila Morgado, que interpretou Olga Benário, precisou emagrecer muito para fazer as cenas no campo de concentração. Também precisou raspar a cabeça. Foi grande sucesso de bilheteria. 385 mil pessoas o assistiram apenas no fim de semana de estréia.


Sinopse

O filme conta a história de Olga Benário Prestes. Nascida em Munique, na Alemanha, em 1908, filha de pais judeus, Olga tornou-se uma ativista do comunismo. Após libertar seu namorado Otto Braun da cadeia, eles são forçados a fugir para a União Soviética, onde recebem treinamento de guerrilha. Olga logo se destaca no Partido Comunista, onde conhece Luís Carlos Prestes, que viria a se tornar um dos principais líderes comunistas do Brasil. Em 1934, quando Prestes volta ao Brasil, designado pela Internacional Comunista para liderar uma revolução armada, Olga é designada para escoltá-lo. Passam a viver na clandestinidade enquanto planejam a derrubada do governo de Getúlio Vargas. Durante este período, a relação amorosa entre Prestes e Olga amadurece e ela fica grávida em 1935.

Quando o movimento revolucionário é derrotado pelas forças de Vargas, Olga e Prestes são presos pelo duro chefe de polícia Filinto Müller. Diante de rumores de que seria deportada, Olga divulga sua gravidez e solicita asilo político por ser casada e estar grávida de Prestes. O governo Vargas, que neste momento simpatizava com a ditadura de Adolf Hitler, deporta Olga, mesmo grávida de sete meses. Na prisão alemã, dá à luz uma filha que batiza de Anita Leocádia, em homenagem a D. Leocádia, mãe de Prestes. Após o período de amamentação, a menina foi retirada de Olga e entregue à D. Leocádia. Após anos de prisão em campos de concentração, durante os quais a opinião pública internacional fez inúmeras tentativas de libertá-la, Olga é morta na câmara de gás. Somente anos depois, Prestes e sua filha leriam a última carta de Olga, onde faz uma comovente despedida.


ELENCO

Camila Morgado .... Olga Benário
Caco Ciocler .... Luís Carlos Prestes
Osmar Prado .... Getúlio Vargas
Floriano Peixoto ... Filinto Muller
Fernanda Montenegro .... Dona leocádia Prestes
Luís Melo .... Léo Benário
Anderson Müller .... Paul Gruber
Murilo Rosa .... Estevan
Werner Schünemann .... Arthur Ewert
Guilherme Weber .... Otto Braun
Mariana Lima .... Lígia Prestes
Eliane Giardini .... Eugénie Benário
Jandira Martini .... Sarah
Milena Toscano .... Hannah


Premiações

Graças à precisão de sua caracterização histórica,
Olga recebeu os seguintes prêmios no Grande
Prêmio BR de Cinema Brasileiro de 2005:
Melhor direção de arte - Tiza de Oliveira
Melhor figurino - Paulo Lóes
Melhor maquiagem - Marlene Moura


Recepção

Olga não teve boas resenhas de alguns críticos especializados, que consideraram, à época do lançamento, o filme excessivamente "televisivo". Contando uma história de amor típica das telenovelas, o filme usa muitos recursos desta linguagem, tais como close-ups extremos, plano e contraplano nos diálogos e música incidental em quase todas as cenas. A maior parte dos comentários de especialistas foram bastante negativos, e quase unânimes em sua rejeição ao trabalho de Monjardim. Nestas resenhas, destaca-se como objeção mais frequente a superficialidade do roteiro, que teria se fixado no aspecto romântico da história de Olga e Prestes sem retratar com muita precisão o período histórico, nem as motivações das personagens. Alguns críticos julgaram também os diálogos pobres e excessivamente didáticos, e tampouco as interpretações mereceram elogios, sendo usualmente consideradas artificiais e excessivamente teatrais.


Curiosidades

O diretor Luiz Fernando Carvalho e a atriz Patrícia Pillar estiveram cotados para trabalhar no filme, em 2001. - Inicialmente Antônio Calloni interpretaria Arthur Ewert, Dan Stulbach interpretaria Otto Braun, Thiago Lacerda interpretaria Estevan e Tuca Andrada interpretaria Filinto Müller.


- Filme de estréia de Jayme Monjardim como diretor.


- Para interpretar Olga Benário a atriz Camila Morgado teve um personal trainer que a acompanhou para que ganhasse definição muscular de forma a ter um corpo de militante. Como parte de sua preparação para a personagem, a atriz treinou ainda defesa pessoal.


- Camila Morgado teve as madeixas naturalmente escurecidas por uma espécie de henna, feita exclusivamente para ela.


- Para realizar as cenas em que Olga Benário é presa no campo de concentração Camila Morgado perdeu 7 quilos.


- O diretor Jayme Monjardim realizou mais de 40 testes para a escolha do intérprete ideal de Luís Carlos Prestes, devido à dificuldade em encontrar alguém que, além de ser um bom ator, tivesse também os traços físicos do personagem.


- Em 20 de outubro de 2003 a produção de Olga recriou a Alemanha com neve artificial em Bangu, o bairro mais quente da cidade do Rio de Janeiro. A antiga fábrica de tecidos de Bangu virou o campo de concentração de Havensbruck, para onde Olga Benário foi levada.


- Para a realização da cena em Bangu foram usadas máquinas de neve sobre os telhados e sal grosso no chão, de forma a imitar neve, pastores alemães, oficiais nazistas com pesadas roupas de lã e prisioneiras esqueléticas com a cabeça totalmente raspada. Foram usados nesta cena 178 figurantes, entre crianças, homens e mulheres.


- Teve a 3ª melhor abertura de um filme brasileiro desde a Retomada, levando 385 mil espectadores em seu fim de semana de estréia. Apenas Carandiru (2003) e Os Normais (2003) tiveram melhor desempenho.

CRÍTICA DE SADER

" Olga incomoda? Sim! Ninguém sai do cinema alheio ao belo filme, que desagradou a alguns "formadores de opinião". "Olga incomoda porque conta a história pessoal de dois revolucionários. Incomoda saber que militantes comunistas são gente, que amam, sofrem, e são felizes, identificando-se profundamente com as causas pelas quais lutam, que não buscam vantagens pessoais, mas a justiça e a solidariedade.

Olga incomoda porque recorda as brutalidades repressivas que se cometeram contra os comunistas e judeus, aqui e na Alemanha. O carrasco brasileiro Filinto Müller († 1972), por suas atrocidades, foi alvo de um livro de David Nasser, escrito em 1950, sob o título "Falta alguém em Nürenberg". Ele entrega Olga, grávida de sete meses - a mando de Vargas - à Gestapo. Ela seria executada em 1942, numa câmara de gás em Bernbug...

O filme recorda a omissão de tantos, inclusive o papa Pio XII, diante do nazismo. Olga incomoda sobretudo os que vivem de interesses, de lucros, do latifúndio, de prestígio, de ganhos imediatos, de poder-saber que outro tipo de vida e de valores é possível. Olga incomoda talvez por mostrar Fernanda Montenegro, nossa principal atriz, dando vida a Leocádia, mãe de Luís Carlos Prestes. Talvez incomode ouvir o hino da Internacional, em variados arranjos, inclusive como fundo das cenas de amor dos revolucionários.

É possível que Olga incomode também porque é uma produção de ótima qualidade, apesar de procurar fugir dos cacoetes de estilo norte-americano a que tanto nos acostumaram nos cinemas. Mas, sobretudo, Olga incomoda porque é um filme que toma posição: é de esquerda - como o são "Diários de Motocicleta" e as fitas de Michael Moore - quando nos querem convencer de que isso não existe mais, e que os valores hoje são outros.

E Olga além do mais é um filme humanista, que não poupa os carrascos, que diz as coisas pelos nomes que as coisas têm. Vejam Olga, no cinema ou em DVD, apesar dos conservadores. Que os jovens saibam, os adultos se recordem, e todos vejam e julguem, com os seus olhos, e seus sentimentos, sua razão e os seus valores".


Quem é Emir SADER?


Emir Sader nasceu em São Paulo, no ano de 1943. Formou-se em Filosofia na Universidade de São Paulo. Fez Mestrado em Filosofia Política e Doutorado em Ciência Política, ambos na Universidade de São Paulo. Na mesma universidade, trabalhou como professor, primeiro de filosofia, depois de ciência política. Foi, ainda, pesquisador do Centro de Estudos Sócio Econômicos da Universidade do Chile, professor de Política na UNICAMP e coordenador do Curso de Especialização em Políticas Sociais na Faculdade de Serviço Social da UERJ. Atualmente dirige o Laboratório de Políticas Públicas na UERJ, onde é professor de sociologia.

Livros de SADERSéculo XX - Uma biografia não-autorizada. Ed. Fundação Perseu Abramo, 2000.
O Anjo Torto (Esquerda e Direita no Brasil). Ed. Brasiliense, 1995
Estado e Política em Marx (Ed. Cortez)
A transição no Brasil: da ditadura à democracia? (Ed. Atual)
Cuba, Chile e Nicarágua: o socialismo na América Latina (Ed. Atual)
Que Brasil é este? (Ed. Atual)
O poder, cadê o poder? (Ed. Boitempo)
A Revolução Cubana (Ed. Scritta)
Democracia e Ditadura no Chile (Ed. Brasiliense)
Governar para todos (Ed. Scritta)
Da independência à redemocratização (Ed. Brasiliense)


Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Olga_(filme)
http://adorocinema.cidadeinternet.com.br


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