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terça-feira, 29 de dezembro de 2009
BIOGRAFIA: Quem foi Parmênides de Eleia?
BIOGRAFIA de Sócrates

PARA CONTEXTUALIZAR
A reflexão filosófica nasceu na Grécia no século VI a.C, com os filósofos que antecederam a Sócrates.
A passagem da consciência mítica e religiosa para a consciência racional e filosófica não foi feita de um salto. Esses dois tipos de consciência coexistiram na sociedade grega, assim como, dentro de certos limites, coexistem na nossa.
O processo de urbanização e a organização política da Grécia ao redor das cidades exigiram a regulamentação das atividades dos indivíduos, levando os homens à procura de uma maior racionalidade da ação e do pensamento.
A teogonia opôs-se à cosmologia, isto é, a crença na origem divina e mítica do mundo foi substituída pela busca da arché, do princípio não só material, mas também regulador da ordem do mundo. Esta busca da arché, do princípio ou fundamento das coisas, transformou-se na questão central para os pré-socráticos. As respostas foram múltiplas e divergentes: para alguns era a água, para outros, o ar, para outros, ainda, o fogo ou os quatro elementos. E, com esta diversidade de respostas, rompe-se a atitude mítica, monolítica e dogmática, embora o conteúdo da reflexão filosófica permaneça muito semelhante ao do mito, pois a estrutura de entendimento do mundo é semelhante.
Hesíodo, no século VIII a.C, faz o relato do mito da origem do mundo, segundo o qual Gaia (Terra) surge do Caos inicial e, depois, pelo processo de separação, gera Urano (Céu) e Pontos (Mar). Une-se, então, a Urano e dá início às gerações divinas. Como se vê, no mito esses seres primitivos não são apenas seres da natureza, mas divindades.
Alguns filósofos gregos, por sua vez, explicam que, a partir de um estado inicial de indefinição, ocorre a separação dos contrários (quente e frio, seco e úmido etc.), que vai gerar os seres naturais, como o céu de fogo, o ar frio, a terra seca e o mar úmido. Para eles, a ordem do mundo deriva de forças opostas que se equilibram reciprocamente, e a união desses opostos explica os fenômenos meteóricos, as estações do ano, o nascimento e morte de tudo o que vive.
Portanto, os conteúdos dos dois relatos, o mítico e o filosófico, apresentam semelhanças, embora a atitude filosófica rejeite as interferências de deuses; do sobrenatural, buscando coerência interna, definição dos conceitos, o debate e a discussão.
A primeira, chamada ironia, consiste em fazer perguntas ao interlocutor que o obriguem a justificar, sempre com maior profundidade, seu ponto de vista, até que ele perceba que seus argumentos não se sustentam. Esta é a fase destrutiva, pois leva as pessoas a admitir a própria ignorância a respeito do assunto. São destruídas as opiniões do senso comum e o conhecimento espontâneo, muitas vezes baseados em estereótipos e preconceitos. A segunda parte, chamada maiêutica (parto), é a construção de novos conceitos baseados em argumentação racional. Assim, Sócrates, com suas perguntas, demole o saber constituído para, depois, ainda através de perguntas e da contraposição de ideias, reconstruí-lo a partir de uma base mais sólida e de um raciocínio coerente e rigoroso.
Era Ateniense, filho de uma parteira chamada Fenarete e de um escultor, chamado Sofronisco. Recebeu uma educação tradicional, estudando a obra de Homero (A Ilíada e A Odisséia, que contam, como vocês sabem, a história da guerra de Tróia entre gregos contra os troianos, e o retorno do herói Ulisses para sua terra natal. São de caráter épico. Muitos chegaram a duvidar da existência de Homero, ou disseram que ele seria só um coletor de contos do folclore popular, e não o legítimo autor).
Desde a juventude Sócrates interessou-se pela filosofia, e conhecia o pensamento anterior e contemporâneo dos filósofos gregos. É lendário seu interesse pela conversa em locais públicos, fazia muitas andanças conversando nas praças, mercados e ginásios de sua cidade. Participou do movimento de renovação da cultura e foi um educador popular, já que não cobrava por suas preleções, como os sofistas. Nunca trabalhou e só pensava no presente. Muitas vezes, só comia quando seus discípulos o convidavam para suas mesas.
Sócrates é famoso por ter tido um soberbo auto-controle, não se deixando nem mesmo embriagar pelo vinho, como é contado no Banquete de Platão. Foi casado com Xantipa, de quem teve três filhos, mas na velhice não parava em casa. Quando jovem, participou, como soldado, de incursões militares como as de Potidéia, Delos e Anfipólis.
Recebeu reconhecimento por alguns feitos de bravura, como quando salvou Xenofonte (ou segundo outras fontes Alcíbiades), tombado, com seu próprio corpo.
De ínicio, interessava-se pelos ensinamentos dos filosófos da natureza, como Anaxágoras, mas depois revoltou-se contra eles, pois eles haviam sido filósofos físicos, que procuravam respostas nas causas exteriores e gerais da natureza.
Achava que existe algo mais digno para se estudar, a psyche, ou a mente do homem. Por isso sondou a alma humana, em questões como a da facilidade e da justiça dos atenienses. Esses lidavam com tanta facilidade com a vida e a morte, honra, patriotismo, moralidade. E em que se baseavam? E o que entendem de si próprios? Chegou assim numa reflexão sobre a alma, considerada superior ao corpo, imortal.
Embora alguns autores o tenham associado aos sofistas, a imagem tradicional é a de ter sido seu notório adversário, por achar que a verdade é apenas uma, e condenar o relativismo e parte da retórica.
Os sofistas foram mestres das artes da retórica e da oratória, que vendiam para os cidadãos suas habilidades com o discurso, fundamental para a política.
Assim, defendiam a opinião de quem lhes pagasse bem. Acreditavam que a verdade vêm do consenso entre os homens. Os principais foram Górgias, Protágoras e Hipías. Para eles a realidade sensível não é inteligível, a linguagem é arbitrária, as palavras traem os pensamentos. Como afirma a frase de Protágoras de Abdera, "o homem é a medida de todas as coisas, das que são, enquanto são, e das que não são, enquanto não são ". Por exemplo, o frio "real" não existe, o frio é frio apenas para quem o sente. E também não existiriam um sentimento natural de pudor. Os sofistas destruíram a fé que a juventude tinha nos deuses do Olimpo e no código moral que se baseava no medo da divindade.
JÁ PELA maiêutica, Sócrates forçava o interlocutor a desenvolver seu pensamento sobre uma questão que ele pensa conhecer, e e evidenciar a contradição.
A atividade maiêutica é comparada por Sócrates à profissão de sua mãe, mas ao invés de trazer à luz rebentos ele trazia à luz ideias que já existiam em seus interlocutores.
O personagem Sócrates de Platão faz uma brilhante defesa da filosofia no diálogo Górgias. A palavra filosofia significa amizade ao saber. As etapas do saber seriam: ignorar sua ignorância, conhecer sua ignorância, ignorar seu saber e conhecer seu saber. As opiniões (doxa) não são verdades pois não resistem ao diálogo crítico. Conversar com Sócrates podia levar alguém a expor-se ao ridículo, e ser apanhado numa complexa linha de pensamento exposta através de palavras, ficar totalmente envolvido ou perplexo. É no diálogo TEETETO de Platão que Sócrates compara sua atividade à de uma parteira (como sua mãe), que embora não desse a luz à um bebê, ajudava no parto. Ele diz que ajudava as pessoas a parirem suas próprias ideias. Diz que Atenas era uma égua preguiçosa, e ele um pequeno mosquito que lhe mordia os flancos para provar que estava viva. Achava que a principal tarefa da existência humana era aperfeiçoar seu espírito.
Acreditava ouvir uma voz interior, de natureza divina (um daimon), que lhe apontava a verdade e como agir. Sócrates foi convidado para o Senado dos quinhentos, e manifestou sua convicção de liberdade combatendo as medidas que considerava injustas.
A democracia estava se implantando em Atenas, e Sócrates respondia qual era o melhor Estado, como poderia se salvá-lo. Os homens mais sábios deviam governá-lo (isso nos lembra a Teoria Política de Platão do Rei_Filósofo - porque este, tendo contemplado a verdade (ἀλήθεια – alétheia, no grego), possuiria, por isso, a capacidade de melhor conduzir a cidade), pois eles podem controlar melhor seus impulsos violentos e anti-sociais.
Assim, nos afastaríamos do comportamento de um animal.
O Estado não confiava na habilidade e reverenciava mais o número do que o conhecimento. Portanto, Sócrates era aristocrático, pois há inteligência que baste para se resolver os assuntos do Estado.
A reação do partido democrático de Atenas não poderia ser outra. Em um juri de cinquenta pessoas, foi acusado, condenado por negar os deuses do Estado e por “perverter a juventude de Atenas”. Muitos jovens seguiam Sócrates, e tornavam-se seus discípulos. Anito, um líder democrático, tinha um filho que se tornou discípulo de Sócrates, ria dos deuses do pai, voltava-se contra eles. Sócrates foi considerado, aos setenta anos, líder espiritual do partido revoltoso.
A verdadeira causa da morte de Sócrates é política, ele ameaçava o partido democrático dominante. Foi condenado à morte, e teve de ingerir cicuta (uma planta venenosa).
Podia ter fugido da prisão, ou pedido clemência, ou ter saído de Atenas, mas não quis. Quis cumprir as leis da cidade. Assim, se tornou o primeiro mártir da filosofia. Não deixou nenhuma obra escrita. Sua morte nos é contada por Platão, que foi um de seus discípulos, eis aqui um resumo: “(…) Ele se levantou e se dirigiu ao banheiro com Críton, que nos pediu que esperássemos, e esperamos, conversando e pensando (…) na grandeza de nossa dor. Ele era como um pai do qual estávamos sendo privados, e estamos prestes a passar o resto da vida orfãos. (…) A hora do pôr do sol estava próxima, pois ele tinha passado um longo tempo no banheiro .(…) Pouco depois, o carcereiro entrou e se postou perto dele, dizendo: -A ti, Sócrates, que reconheço ser o mais nobre, o mais delicado e o melhor de todos os que já vieram para cá, não irei atribuir sentimentos de raiva de outros homens(…) de fato, estou certo de que não ficarás zangado comigo, porque como sabes, são os outros , e não eu o culpado disso. E assim, eu te saúdo, e peço que suportes sem amargura aquilo que precisa ser feito, sabes qual é a minha missão - e caindo em prantos, voltou-se e retirou-se. Sócrates olhou para ele e disse: - Retribuo tua saudação, e farei como pedes.- E então, voltando-se para nós disse:- Como é fascinante esse homem; desde que fui preso, ele tem vindo sempre me ver,e agora vede a generosidade com que lamenta a minha sorte. Mas devemos fazer o que ele diz; Críton, que tragam a taça, se o veneno estiver preparado.(…) Críton, ao ouvir isso fez um sinal para o criado, o criado foi até lá dentro, onde se demorou algum tempo; depois voltou com o carceireiro trazendo a taça de veneno. Sócrates disse: -Tu, meu bom amigo, que tem expêriencias nesses assuntos, irá me dizer como devo fazer. O homem repondeu: - Basta caminhar de um lado para outro, até que tuas pernas fiquem pesadas., depois deita-te e o veneno agirá.-Ao mesmo tempo estendeu a taça a Sócrates, (..) que segurou-a (…) E então levando a taça aos lábios, bebeu rápida e decididamente o veneno. Até aquele instante a maioria de nós conseguira segurar a dor; mas agora, vendo-o beber e vendo, também que ele tomara toda a bebida, não pudemos mais nos conter; apesar de meus esforços, lágrimas corriam aos borbotões. (…) Apolodoro, que estivera soluçando o tempo todo, irorrompeu num choro alto que transformou-nos a todos em covardes. (…) E então, o próprio Sócrates apalpou as pernas e disse: -Quando chegar ao coração, será o fim.- (…) e disse aquelas que seriam as suas últimas palavras: - Críton, eu devo um galo a Esculápio, vais lembrar de pagar a dívida? -A dívida será paga - disse Críton. (…) Foi esse o fim de nosso amigo, a quem posso chamar sinceramente de o mais sábio, mais justo e melhor de todos que conheci. ”
Fonte:
domingo, 27 de dezembro de 2009
Filosofia e Literatura: 4 dicas de Leituras para você!!!
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O Menino do Dedo Verde
Maurice Druon
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Literatura para todas as idades, de pura ficção,
transbordante de humor e gratuidade lírica, de poesia.
A simbologia quase evangélica deste pequeno livro
faz dele realmente um acontecimento.
É para ser relido ao longo dos anos, se se tiver
a sorte de descobri-lo na idade cronológica certa.
Livro para meditar em toda a sua riqueza,
se já o conhecemos adultos, pois pode ser comparado,
sem exageros, com o Pequeno Príncipe, de Saint-Exupéry.
Enquanto o Pequeno Príncipe pertence a uma mitologia,
Tistu, o menino do dedo verde, está, ao contrário,
preso às contingências sociológicas
do mundo em que existimos.
O primeiro é intemporal;
o segundo é filho da era da poluição,
da agressividade e do desentendimento.
Sobre um mundo cinza e enlutado,
Tistu deixa impressões digitais misteriosas que suscitam
o reverdescimento e a alegria.
Sua missão é justamente despoluir, humanizar,
reintroduzir a poesia num universo
do qual ela se encontra exilada.
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O MENINO NO ESPELHO
Fernando Sabino
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Nas palavras do autor: "Quando eu era menino,
os mais velhos perguntavam:
-Que é que você quer ser quando crescer?
Hoje não perguntam mais. Se perguntassem,
eu diria que quero ser menino."
Fernando Sabino relata sua infancia no livro
"O menino no espelho". Um livro que retrata além
das peripécias da infância do autor,
também os elementos da cultura mineira em seu cotidiano
- de uma forma poética, engraçada, entusiasta, bela...
Nesta obra, o menino Fernando,
que vem a ser o próprio autor,
vive todas as fantasias de sua infância,
através de aventuras mirabolantes.
Ensina uma galinha a conversar,
aprende a voar com os pássaros,
fica invisível, encontra-se com Tarzan e Mandrake,
visita o sítio do Pica Pau Amarelo,
torna-se agente secreto e campeão de futebol,
vive aventuras na selva, enfrenta o valentão da sua escola.
E, no menino que vê refletido no espelho,
descobre o melhor de si mesmo,
a projeção do ideal de pureza
que só uma criança pode alcançar
simbolizada na libertação dos passarinhos.
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Memórias
de um
Redivivo
MEMÓRIAS DE UM REDIVIVO.
Ed. Lake
"Vou-te contar o tal segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração.
Le Petit Prince
Antoine de Saint-Exupéry
O Pequeno Príncipe foi escrito em 1943
por Antoine de Saint-Exupéry.
Essa é a sua obra mais conhecida,
e a única que ele escreveu para crianças.
Ele fez também as ilustrações, e o resultado
é bonito e gostoso de ler.
O livro conta a história de um piloto de avião
que sofre um acidente e cai no deserto do Saara.
O aviador fazia a viagem sozinho,
e precisava consertar a sua máquina em poucos dias,
antes que seu estoque de água acabasse.
Perdido no meio de um deserto enorme,
o piloto se surpreende ao encontrar um garoto
- o Pequeno Príncipe. Aos poucos,
ele descobre a fabulosa história do menino.
Ele morava em um asteróide, chamado de B-612.
Ali, a maior preocupação do
Pequeno Príncipe eram os baobás
grandes árvores que poderiam destruir o asteróide.
O garoto precisava arrancar as mudas dos baobás
antes que eles crescessem.
Ele decide então vir para a Terra à procura de um carneiro,
que poderia comer as mudas dos baobás,
poupando-o desse trabalho.
Durante a viagem, ele encontra várias pessoas e animais.
O livro foi escrito para crianças,
mas muitos adultos, como eu, também adoram lê-lo.
O Pequeno Príncipe representa a criança
que todo adulto já foi um dia.
Narrando o encontro do piloto com o garoto no deserto,
Saint-Exupéry nos conta a história de alguém
que redescobre a sensibilidade artística
que tinha quando era criança
e que foi reprimida pelos adultos.
"O Pequeno Príncipe",
do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry,
é um dos mais conhecidos títulos
da literatura infanto-juvenil mundial.
O livro já rendeu várias adaptações para o cinema e a tv.
Resumindo, um livro infantil ,
mas que todas as pessoas deveriam ler.
O livro contém passagens que nos fazem pensar ,
e lições de vida. Ideal para crianças e adultos .
O livro tem um profundo sentido poético
trabalhando o tema amizade como ninguém
jamais trabalhou ou poderia vir a fazê-lo...
Através de uma narrativa poética,
o livro apresenta uma visão de mundo e
mergulha no próprio inconsciente,
reencontrando a criança de cada um de nós.
Ao explicar como adaptou o clássico para o teatro
Luana Piovani foi feliz ao dizer que...
"(..)O livro fala de criar laços, de se envolver,
não só com as pessoas que te cercam,
mas com as coisas que você faz, você se doar.
A raposa diz isso.
A raposa também diz que o essencial à vida
é invisível aos olhos e ela tem muita razão.
Alegria, amor, carinho, compreensão,
tolerância, todas essas coisas são sentimentos.
Não se pega, são invisíveis".
Pra finalizar, uma das passagens
que mais me impressionou no livro é a dedicatória
que o autor faz de sua obra,
as palavras dele nos faz entender melhor o "terreno fértil"
donde brotou tão singular e incomparável obra:
(...)Peço perdão às crianças por dedicar
este livro a uma pessoa grande.
Tenho uma desculpa séria:
essa pessoa grande é o melhor amigo que possuo no mundo.
Tenho um outra desculpa:
essa pessoa grande é capaz de compreender todas as coisas,
até mesmo os livros de criança.
Tenho ainda uma terceira:
essa pessoa grande mora na França, e ela tem fome e frio.
Ela precisa de consolo.
Se todas essas desculpas não bastam,
eu dedico então esse livro à criança que essa pessoa grande já foi.
Todas as pessoas grandes foram um dia crianças.
(Mas poucas se lembram disso.) (...)
"Os verdadeiros milagres fazem pouco barulho." ho."
A ALEGORIA ou Mito DA CAVERNA do Filósofo Platão
SÓCRATES - Pois agora, meu caro GLAUCO, é só aplicar com toda a exatidão esta imagem da caverna a tudo o que antes havíamos dito. O antro subterrâneo é o mundo visível. O fogo que o ilumina é a luz do sol. O cativo que sobe à região superior e a contempla é a alma que se eleva ao mundo inteligível. Ou, antes, já que o queres saber, é este, pelo menos, o meu modo de pensar, que só Deus sabe se é verdadeiro. Quanto à mim, a coisa é como passo a dizer-te. Nos extremos limites do mundo inteligível está a idéia do bem, a qual só com muito esforço se pode conhecer, mas que, conhecida, se impõe à razão como causa universal de tudo o que é belo e bom, criadora da luz e do sol, no mundo visível, autora da inteligência e da verdade no mundo invisível, e sobre a qual, por isso mesmo, cumpre ter os olhos fixos para agir com sabedoria nos negócios particulares e públicos.