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FILOPARANAVAÍ

terça-feira, 16 de outubro de 2018

CIVILIZAÇÃO E BARBÁRIE: A Democracia e a racionalidade estão perdendo para as narrativas que disseminam o ódio, a rejeição aos adversários, a partir das chamadas fake news (notícias falsas) ou simplesmente, mentiras que visam desconstruir a honra do opositor.

As fake news correm soltas nos "porões" das redes sociais e o nazifascismo ameaça avançar nas ruas e no poder, no Brasil e no mundo. Entenda melhor o que são as fake news dando clique aqui e leia também: TSE reconhece que não consegue combater fake news.

São oportunos os argumentos de Platão à Democracia de sua época, que guardadas as devidas proporções pode nos servir e muito para nossa reflexão: "A massa popular é assimilável por natureza a um animal escravo de suas paixões e de seus interesses passageiros, sensível à lisonja, inconstante em seus amores e seus ódios; confiar-lhe o poder é aceitar a tirania de um ser incapaz da menor reflexão e do menor rigor. Quanto às pretensas discussões na Assembleia, são apenas disputas contrapondo opiniões subjetivas, inconsistentes, cujas contradições e lacunas traduzem bastante bem o seu caráter insuficiente". (Citado por: CHATELET, F. História das Ideias Políticas. Rio de Janeiro: Zahar, 1997, p. 17).


Infelizmente a disputa política que ora se trava no Brasil está carente de racionalidade. Aliás, a racionalidade perde para o afeto cooptado pelas forças econômicas dominantes e do discurso moralista barato que resiste às mudanças do tempo. De um lado estão as forças democráticas convidando-os para o debate, do outro as forças nazifascistas fugindo do debate, haja visto carecerem de argumentos racionais para sustentarem suas verdades falaciosas, fundadas em fake news, que apelam à acriticidade e ao sentimentalismo nacionalista. 

O jogo é desigual, uma vez que o fato de alguém ser letrado, mesmo tendo curso superior, não pode ser enquadrado automaticamente na ideia de que seja crítico, ao contrário, pode estar imerso na mais profunda acriticidade. 

Ser crítico exige além da capacidade de sintetizar informações e conhecimento, a sabedoria do exercício lógico e dialético. Ora, isso é apenas o iceberg de um problema cultural enorme no qual estamos imersos: a despolitização. 

O filósofo e matemático René Descartes dizia que “[...] Nunca nos tornaremos matemáticos, por exemplo, embora nossa memória possua todas as demonstrações feitas por outros, se nosso espírito não for capaz de resolver toda espécie de problemas; não nos tornaríamos filósofos, por ter lido todos os raciocínios de Platão e Aristóteles, sem poder formular um juízo sólido sobre o que nos é proposto. Assim, de fato, pareceríamos ter aprendido, não ciências, mas histórias”.  (DESCARTES. R. Regras para a orientação do espírito. São Paulo: Martins Fontes, 1999). Ele falava do exercício crítico, que depende da resolução objetiva de problemas, por meio de uma necessária autonomia do sujeito pensante. 


Conhecimento é para ser usado a fim de resolvermos nossos conflitos pessoais e sociais. Quando ele falta, criamos mais conflitos onde já existem inúmeros. Um dos ganhos que tivemos com a Filosofia e as Ciências, além das artes contemporâneas - especialmente aquelas ligadas à contestação social e política -  é o nosso grau de previsibilidade aumentado. 

Não é que o Filósofo ou o Cientista sejam mágicos, ou videntes. É que a própria Filosofia e a Ciência carregam em seus cernes o poder da previsibilidade uma vez que essas áreas de saberes atuam em um enfoque crítico relacionado ao tempo presente, passado e futuro. Isto concede aos filósofos, cientistas e artistas o poder de serem vanguardistas. 

A história política preocupante que se escreve neste momento no Brasil, e muitas vezes com sangue, é eco de uma história eugênica e genocida experimentada pelo mundo europeu não há muito tempo. 

Foi no mesmo contexto de medo e "fake news" (como as notícias falsas dos bolsonarianos e que apelam para o moralismo como dizer que Haddad apoia a pedofilia, Haddad criou o "Kit Gay", o PT vai "venezuelar" o Brasil, e outras aberrações) que Hitler chegou ao poder como "salvador da pátria"e ganhou no voto o direito de fazer as atrocidades que fez contra os inimigos que elegeu: judeus, homossexuais..., e pasme, mera coincidência com o que acontece na ascensão do nazifascismo no Brasil? 


Façamos  um breve paralelo com nossa realidade desde o contexto do Nazismo Europeu: Entre as principais características do Nazismo, destacou-se a sua concepção de uma “raça superior”, rótulo que pertencia à raça ariana, isto é, a raça branca e perfeita que teria se perpetuado na linhagem sanguínea dos povos germânicos que deram origem ao Estado alemão. 

Pois bem, associada a essa concepção racista, que ocasionou o genocídio dos judeus, há uma ideia que também era fundamental para os nazistas: a eugenia, isto é, o projeto de eliminar da sociedade qualquer tipo de pessoa que apresentasse alguma deficiência mental ou física, bem como aperfeiçoar, geneticamente, uma geração perfeita de homens e mulheres, adequados à raça ariana. 

Aqui no Brasil, a "eugênia" visaria as mentes pensantes, tidos como de esquerda. A ideia é construir a Verdade dogmática, ou seja, apenas a verdade única prevaleceria. A acriticidade é essencial neste processo. Para saber do que estou falando, basta analisar a entrevista de um futuro virtual ministro da educação de um possível governo nazifascista (https://www.brasil247.com/). 

Mas o "genocídio" não tem que ser necessariamente aos moldes do nazismo europeu, via Estado. Pode também ser por meio de "milicias" espontâneas formadas na sociedade e com ódio o suficiente para sair torturando psico e fisicamente, matando, todos e todas que se apresentam contrários a nova ordem imposta: gays, negros, mulheres, militantes de esquerda, intelectuais, até padres e pastores tidos como comunistas, indígenas... entram nesta conta sinistra. O Estado faz meia culpa e não assume responsabilidade alguma. A mídia sonega a informação e "maquia" a realidade. 


A maioria absoluta que votou em Hitler foi de homens, outra coincidência com a nossa experiência latente no Brasil? Adolf Hitler foi nomeado chanceler da Alemanha em 30 de janeiro de 1933, colocando um fim na democracia alemã. Guiados por ideias racistas e autoritárias, os nazistas aboliram direitos básicos e inventaram uma comunidade populacional de origem alemã. 

“Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”, é uma frase célebre de Paul Joseph Goebbels que foi o ministro da Propaganda de Adolf Hitler na Alemanha Nazista, exercendo severo controle sobre as instituições educacionais e os meios de comunicação, assim chegou ao poder e assim se sustentou no poder - a mentira como arma contra o inimigo. A nossa história presente ainda se confunde com o saudosismo das décadas de trevas experimentadas pelos brasileiros na recente ditadura militar que se iniciou em 1964 -  querem a proteção do militares tidos por essa gente como benfeitores. 

A omissão de igrejas, incluindo aí a toda poderosa Igreja Católica, e a mídia serviçal às narrativas nazifascistas, não nos causam estranheza. Tanto a Igreja como a Mídia fazem parte do sucesso desse processo. O que agora vislumbramos não é exagero nenhum. Os fatos históricos demonstrarão que nunca estivemos errados em nossa previsibilidade.

O que esperar de um possível governo que constrói toda sua campanha eleitoral em  fake news (falsas notícias) e no discurso de ódio? Que foge de debates e nos porões das redes sociais trava uma guerra desigual fundada na mentira? 

A esperança na Democracia não morre nunca!
A esperança de que a Verdade vença não morre nunca!

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