Reproduzo aqui texto do Brasil247 no qual o sociólogo Florestan Fernandes Jr. escreve resumidamente uma conjuntura política e econômica extremamente desfavorável para a classe trabalhadora brasileira:
"Não é preciso ser sociólogo ou economista para perceber que mais de 90% dos brasileiros perderam muito com o golpe jurídico-midiático de 2018. E não falo apenas dos aumentos estratosféricos dos combustíveis, energia elétrica, planos de saúde, transportes e tudo mais que veio com as privatizações das nossas riquezas naturais. Falo do aprofundamento da injustiça em todas as esferas, inclusive a institucional, e das medidas tomadas por um governo ilegítimo que tirou direitos dos cidadãos que vivem, única e exclusivamente, dos seus salários.
Que país se apresenta para o presente e o futuro dos nossos filhos e netos? A reforma trabalhista, além de reduzir os salários, precariza as condições de trabalho e joga o cidadão das classes baixas e médias nas incertezas angustiantes de um desemprego ameaçador. Inclusive os funcionários públicos. Ou será que eles acreditam que esta conta não será dividida com eles?
Alguma dúvida de que governantes do "Novo" liberalismo não irão preferir mão de obra barata através da terceirização? Alguma dúvida que empresas terceirizadas em breve estarão abocanhando recursos públicos através de serviços terceirizados? Alguma dúvida, ainda, sobre o impacto deste desvio de rota nas relações do trabalho nos proventos dos aposentados e pensionistas? Eu não tripudio os trabalhadores das classes médias emergentes que bateram panelas apoiando insanamente o golpe contra a nossa democracia. Lamento. Muitos já estão pagando o alto preço de ter perdido seus empregos. Até profissionais liberais, como médicos, advogados e dentistas tiveram uma queda brutal nas consultas em seus consultórios. Uma amiga, otorrinolaringologista, calcula que perdeu mais de 40% de seus pacientes de 2016 pra cá. Os pequenos poupadores também estão vendo seu dinheirinho virar pó em aplicações que nada rendem perto dos lucros estratosféricos dos bancos que se transformaram em verdadeiros agiotas cobrando os mais altos juros bancários do planeta. E, ontem, encerramos mais uma fase na retomada e preservação do poder pelo grande capital financeiro. Tivemos a impugnação da candidatura do mais popular presidente da história do país. Já era sabido que o STF tomaria esta decisão. Não é preciso ser progressista para perceber que Lula foi condenado sem provas e que é, hoje, um preso político. Todos no mundo sabem disso, do Papa Francisco a ONU.
Aliás, esta eleição, com a candidatura de vários políticos flagrados com malas e mochilas de propinas, promete ainda muitas cenas de horror. É aguardar para ver os casuísmos jurídicos e midiáticos que irão ocorrer até o dia 3 de outubro. Eles não derrubaram uma presidenta eleita democraticamente e colocaram na cadeia "O Cara", segundo o Obama, o mais importante líder Latino-americano do século, para morrerem nas águas profundas do pré-Sal.
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