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FILOPARANAVAÍ

quarta-feira, 20 de março de 2013

MORAL CRISTÃ E MORAL LAICA [FÉ E RAZÃO]

 Moral Cristã e Moral Laica

Uma definição simples e direta de moral é de um conjunto de ações socialmente aceitáveis e que podem ser observadas nas minhas ações, no meu grupo e no mundo. No entanto, existem algumas formas diferentes de analisar e pensar a moral, pois assim como a ética pode mudar de acordo com seu tempo, a moral também se adapta ao pensamento corrente, ao pensamento contemporâneo. Mas vai depender da moral, se cristã ou laica; uma vez que a cristã é marcada pelo dogmatismo e sofre poucas mudanças ou quase nenhuma ao longo do tempo, apenas de concreto há um conflito em relação aos preceitos morais e às práticas dos sujeitos diretamente ligados a esses preceitos. 

 A moral cristã está fundada em objetivos transcendentes, tendo em vista o pós vida. Sustenta-se de forma engessada em passagens Bíblicas e é de certa forma ainda fundamentalista. Recebe uma acentuação heterossexista exacerbada ao ponto de reduzir a esse ponto de partida toda a observância moral. A moral cristã por ser sexista faz uma enorme confusão em relação ao conceito de homem e confunde as dimensões de RaçaEspécie; identidade sexual e orientação sexual; gerando uma série de preconceitos que muitas vezes acaba em práticas discriminativas concretas. A moral cristã tem uma grande dificuldade em conviver com as diferenças naturais que marcam os humanos. A moral laica defende uma ruptura com a moral cristã, onde um ser não é moral apenas no momento em que contempla Deus, e procura seguir seus preceitos, mas a partir do momento em que demonstra o bem nas suas ações, independente se crê em Deus ou não. 

A moral se encontra no homem, e não naquilo que o homem acredita, mas no que ele faz, na sua ação no mundo, portanto o homem pode ser ateu e ter a sua moral. A moral laica , portanto, está mais fundamentada na objetividade que nasce da Filosofia e da Ciência. Porém atrelado à ética e a moral, o pensamento filosófico fala sobre a busca do homem pela felicidade, que deveria condizer com a moral de cada um, mas sobretudo, a ética investigará o comportamento humano em relação à vida em sociedade em meio à pluralidade. 

A filosofia helenista investigava os problemas levantados por Sócrates, Platão e Aristóteles, e um ponto comum entre eles, era a preocupação em responder às perguntas sobre como seria a melhor forma do homem viver e morrer, então a ética foi colocada como ponto mais importante a ser considerado e a questão era saber em que consistia a verdadeira felicidade e como ela podia ser alcançada. A partir do pensamento de Sócrates, de que não se precisava de muita coisa para ser feliz, surgiu com Antístenes por volta de 400 a.c, a filosofia cínica, e os cínicos diziam que a verdadeira felicidade não depende de fatores externos como o luxo, o poder político e a boa saúde. Para eles, a verdadeira felicidade consistia em se libertar de coisas casuais e efêmeras. E justamente porque a felicidade não estava nessas coisas ela podia ser alcançada por qualquer por todos. E, uma vez alcançada, não podia mais ser perdida. 

 Os cínicos exerceram grande influência em outro tipo de pensamento acerca do alcance da felicidade, que era filosofia estoica, fundada por Zenão por volta de 300 a.c, os estoicos tinham um pensamento de direito natural e universalmente válido, pois todos faziam parte de uma mesma razão universal. Os estoicos também eram mais abertos para a cultura contemporânea, e chamavam a atenção para a convivência entre as pessoas, além disso, diziam que todos os processos naturais, como a doença e a morte, eram regidas pelas constantes leis da natureza. Por esta razão o homem deveria aprender a aceitar o seu destino. Tudo acontece porque tem que acontecer e de nada adianta lamentar a sorte quando o destino bate à sua porta. Também as coisas felizes da vida devem ser aceitas pelo homem com grande tranquilidade. Mas Sócrates queria descobrir como o homem podia levar uma boa vida, e essa pergunta foi respondida na interpretação dos cínicos e dos estoicos pela necessidade do homem se libertar de todo luxo material. Porém, Sócrates tinha um aluno, Aristipo que dizia que o prazer era obter dos sentidos o máximo possível de satisfação, dizia ainda que o prazer era o bem supremo e a dor o mal supremo. 

Então em 300 a.c, Epicuro fundou a escola epicurista. Ele ensinava que o resultado prazeroso de uma ação sempre deve ser ponderado em relação a seus eventuais efeitos colaterais. Epicuro também achava que o resultado prazeroso de curto prazo devia ser ponderado em relação a um prazer maior, mais duradouro e mais intenso, a ser obtido a longo prazo. Epicuro fazia questão de enfatizar, porém, que prazer não significa necessariamente a satisfação dos sentidos. A amizade ou as sensações vivenciadas ao se admirar uma obra de arte também podem ser muito prazerosas. Além disso, outros pressupostos para o prazer da vida são os velhos ideais gregos de autocontrole, da temperança e da serenidade. Isto porque o desejo precisa ser controlado. Assim, a serenidade também nos ajudar a suportar a dor. Porém Epicuro falava da ponderação, de harmonia para de ter a felicidade. Mas nessa busca de prazer, o pensamento hedonista parecia estar mais baseado na ética do prazer de Aristipo, e pregava a busca pelo prazer e somente o prazer importava, sendo este o bem supremo. Atualmente, não é comum a discussão de temas como a moral e a ética, mas pode se considerar a moral laica como a moral vigente na sociedade contemporânea, visto que cada vez mais a liberdade religiosa, secciona a instituição igreja e consequentemente há um aumento dos questionamentos e dúvidas com relação a “Deus”, o que acaba fazendo com que um bom número de pessoas acabe decidindo por não seguir nenhuma doutrina religiosa, ou mesmo se abster da crença em um Deus. Porém, pode um ser ateu ser uma pessoa moral? Certamente que sim, pois nesse caso a moral não está na crença do indivíduo, não é acreditar em algo divino que o torna um ser moral, mas as suas próprias ações, a moral está no próprio homem e nas ações dele no mundo. 

 Mas na moral laica existe um problema de outra ordem que se traduz em duas correntes éticas sobre os valores: uma moral deontológica e outra utilitarista. A moral utilitarista pode ser classificada na mesma linha da hedonista. As pessoas baseiam a sua moral de acordo com as suas escolhas, a moral delas não é pensada em relação ao outro, mas com relação apenas a si mesmo, com seu próprio bem estar e prazer, diria que esse seria um dos motivos do aumento de uma sociedade egoísta, onde mesmo as relações interpessoais são baseadas no que se pode ganhar em troca, e o sentido de moral acaba se perdendo. Por isso, a ética em busca de valores a partir de uma moral deontológica tem mais a possibilidade de resgatar a verdadeira dinâmica humanizadora do homem.O filósofo alemão, Immanuel Kant, é o responsável por essa teoria ética, e não é por menos que ela fundamenta a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. 

Referências [CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. 6 ed. São Paulo: Ática, 1997.] [NICOLA, Ubaldo. Antologia ilustrada de Filosofia: Das origens à idade moderna. São Paulo: Globo, 2005.][ REZENDE, Antonio e outros. Curso de Filosofia. 13. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.]

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