Edmund Gustav Albrecht
Hurssel (8 de abril 1859- 26 de abril 1938).
Hurssel (8 de abril 1859- 26 de abril 1938).
O Filósofo Alemão fundador do movimento fenomenológico e discípulo de Franz Bretano e Carl Stumpf. O primeiro foi um filósofo, psicólogo e sacerdote católico alemão que definiu a tese da intencionalidade da conciência e da experiência geral e o segundo foi um de seus primeiros seguidores.
BIOGRAFIA
Fundador da Fenomenologia. Nasceu a 8 de abril de 1859 em Prossnitz, Moravia, no então Império Austríaco, hoje Prostejov, na República Checa, faleceu em 27 de abril de 1938, em Freiburg im Breisgau, na Alemanha. De origem judaica, completou os primeiros estudos em um ginásio público alemão, na cidade próxima Olmütz, em 1876. Em seguida estudou física, matemática, astronomia e filosofia nas universidades de Leipzig, Berlim, e Vienna. Nesta última passou sua tese de doutorado em filosofia em 1882, com o tema Beiträge zur Theorie der Variationsrechnung ("Contribuição para a Teoria do cálculo de variáveis").
A influência de HUSSERL opera em várias direções. Em primeiro lugar, as penetrantes análises de suas Investigações lógicas representam sério golpe no positivismo e no nominalismo, que imperavam no século XIX. Ao mesmo tempo, seu método, que sublinha o conteúdo e a essência do objeto, contribuiu poderosamente para a elaboração de um pensamento antikantiano. Sob este aspecto, é um dos grandes pioneiros da nova filosofia.
No outono de 1883, Husserl seguiu para Vienna para estudar com o filósofo e psicólogo Franz Brentano. Em Viena Husserl converteu-se à fé evangélica luterana e, um ano depois, em 1887, casou com Malvine Steinschneider, a filha de um professor do ensino secundário de Prossnitz. Esposa energética e competente, ela foi um indispensável apoio para Husserl até a morte dele.
Em 1886, Husserl, com uma recomendação de Brentano, procurou Carl Stumpf, o mais velho dos estudantes de Brentano do qual se tornaria amigo íntimo, e que era professor de filosofia e psicologia na universidade de Halle. Nesta universidade Husserl passou o concurso para professor conferencista em 1887.
O tema da tese de habilitação foi Über den Begriff der Zahl: Psychologische Analysen ("Sobre o conceito de número: análise psicológica"), o que mostra sua transição da pesquisa matemática para uma reflexão sobre as bases psicológicas dos conceitos básicos da matemática. A tese foi uma versão desenvolvida depois no seu Philosophie der Arithmetik: Psychologische und logische Untersuchungen , cujo primeiro volume apareceu em 1891.
O título de sua conferência inaugural em Hale, onde ensinou de 1887 a1901, foi Über die Ziele und Aufgaben der Metaphysik ("Sobre os objetivos e problemas da metafísica"). O objeto tradicional da metafísica é o estudo do Ser. O texto se perdeu, mas é provável que nele Husserl já apresentasse seu método de análise da consciência como o caminho para uma nova e universal filosofia e uma nova metafísica.
Para ele a base filosófica para a lógica e a matemática precisa começar com uma análise da experiência que está antes de todo pensamento formal, tais concepções são apresentadas em sua famosa obra Logische Untersuchungen (1900-01; "Investigações lógicas"), onde apresentou o método de análise que chamou "phenomenologico".
Após a publicação do Logische Untersuchungen , Husserl foi convidado a lecionar na Universidade de Göttingen, onde permaneceu de 1901 a 1916. Nos seus anos em Göttingen, Husserl desenvolveu as linhas gerais da Fenomenologia.
Husserl apresenta, em 1913, Ideen zu einer reinen Phänomenologie und phänomenologischen Philosophie (Idéias; Introdução geral à fenomenologia pura"), obra cuja segunda parte não pode completar devido a romper a Primeira Guerra Mundial.
Em 1916 foi convidado para atuar como catedrático na universidade de Freiburg. Sua aula inicial sobre Die reine Phänomenologie, ihr Forschungsgebiet und ihre Methode ("Fenomenologia pura, sua área de pesquisa e seu método") definia seu programa de trabalho.
Reconhecimento vindo de outros países não lhe faltaram. Em 1919 a Universidade de Bonn conferiu-lhe o título de Doutor honoris causa . Foi convidado e realizou diversas palestras como na Universidade de Londres, na Universidade de Amsterdã e na Sorbonne. Deixou de aceitar um convite da prestigiosa universidade de Berlim a fim de poder dedicar todas as suas energias à Fenomenologia. Estas palestras foram aproveitadas em uma nova apresentação da Fenomenologia, que então apareceu com tradução francesa sob o título Méditations cartésiennes (1931).
Quando se aposentou, em 1928, Martin Heidegger, que haveria de tornar-se um expoente do existencialismo e um dos mais importantes filósofos alemães, foi seu sucessor. Husserl o havia considerado seu herdeiro legítimo. Somente mais tarde viu que a principal obra de Heidegger, Sein und Zei t ("O ser e o tempo"), de 1927, havia dado à Fenomenologia uma reviravolta que a levaria para um caminho totalmente diferente. Seu desapontamento fez que seu relacionamento com Heidegger esfriasse depois de 1930.
Com a chegada ao poder de Adolf Hitler na Alemanha, em 1933, Husserl foi excluído da universidade. Porém, recebia a visita de filósofos e intelectuais estrangeiros regularmente. Condenado ao silêncio na Alemanha, ele recebe, na primavera de 1935, um convite para falar para a Sociedade Cultural em Viena, onde discursou por duas horas e meia sobre Die Philosophie in der Krisis der europäischen Menschheit ("A filosofia na crise da humanidade européia").
Desta conferência e de outras que fez em Praga surgiu seu último trabalho Die Krisis der europäischen Wissenschaften und die transzendentale Phänomenologie: Eine Einleitung in die phänomenologische Philosophie ("A crise da ciência européia e a fenomenologia transcendental: uma abordagem da filosofia fenomenológica"), de 1936, da qual somente a primeira parte veio a público.
O método fenomenológico de Husserl propõe-se estabelecer uma base segura, liberta de pressuposições, para todas as ciências e, de modo especial, para a filosofia. A suprema fonte legítima de todas as afirmações racionais é a visão, ou também, como ele se exprime, a consciência doadora originária ( das origindr gebende Bewusstsein ). Devemos avançar para as próprias coisas. Esta é a regra primeira e fundamental do método fenomenológico. Por "coisas" entenda-se simplesmente o dado, aquilo que vemos ante nossa consciência. Este dado chama-se fenômeno , no sentido de que phainetai , de que aparece diante da consciência: haja o que houver, a coisa está aí, é dada.
O método fenomenológico não explica mediante leis nem deduz a partir de princípios, mas considera imediatamente o que está perante a consciência, aquilo que é sabido, posto em dúvida, amado, odiado, etc.
Os positivistas cometem, segundo ele, erros grosseiros, dos quais importa que nos desembaracemos, se quisermos chegar à realidade. Eles confundem o ver em geral com o ver meramente sensível e experimental. Não compreendem que cada objeto sensível e individual possui uma essência , ou, como diz Husserl, um eidos que precisa ser captado diretamente.
A filosofia fenomenológica tem seu objeto constituído não por fatos contingentes, mas por conexões essenciais. É puramente descritiva, e seu método consiste, antes de mais nada, em descrever a essência.
Husselr desenvolve a “redução”, ou um “colocar entre parêntesis”. Para alcançar seu objeto próprio, o eidos, a fenomenologia deve praticar não a dúvida cartesiana, mas a denominada epoché . Quer isto dizer que a fenomenologia "coloca entre parêntesis" buscando libertar-se de preconceitos, dos saberes elaborados pelas doutrinas filosóficas; das teorias das ciências da natureza e do espírito; das opiniões alheias. Para a fenomenologia não interessa senão a essência, colocando de lado todas as outras fontes de informação.
Após esta eliminação preparatória, temos a redução eidética ou transcendental . Esta consiste em por entre parêntesis tudo o que não é correlato da consciência pura. Como resultado desta última redução, nada mais resta do objeto além do que é dado ao sujeito. A redução transcendental é a aplicação do método fenomenológico ao próprio sujeito e a seus atos.
Para bem compreender a teoria da redução é imprescindível entender o fundamento da Intencionalidade , pois somente através deste se tem acesso à consciência, ou seja, entre as vivências sobressaem algumas que possuem a propriedade essencial de ser vivências de um objeto. Estas vivências recebem o nome de "vivências intencionais" ( intentionale Erlebnisse ), e na medida em que são consciências (amor, apreciação, etc.) de alguma coisa , diz-se que tem uma "relação intencional" com esta coisa. Aplicando agora a redução fenomenológica a estas vivências intencionais, chegamos, por um lado, a captar a consciência como um puro centro de referência da intencionalidade, ao qual o objeto intencional é dado, e, por outro lado, chegamos a um objeto que, depois da redução, não tem outra existência senão a de ser dado intencionalmente a este sujeito. Na própria vivência, considera-se o ato puro, que parece ser, simplesmente, a referência intencional da consciência pura ao objeto intencional. Deste modo a fenomenologia se converte na ciência da essência das vivências puras.
Enfermo a partir de 1937, acaba por falecer em abril de 1938 e suas cinzas foram enterradas no cemitério em Günterstal, perto de Freiburg.
conteúdos disponíveis em:
www.cobra.pages.nom.br/
www.odialetico.hpg.ig.com.br/
www.ufscar.br
Segundo a etimologia, a fenomenologia é o estudo ou a ciência do fenômeno. Como tudo o que aparece é fenômeno, o domínio da fenomenologia é praticamente ilimitado e não poderÃíamos, pois, confiná-la numa ciência particular. A história do termo pode ser mais esclarecedora do que sua mera etimologia, se admitimos que a fenomenologia representa um momento da história da filosofia.
O primeiro texto em que figura esse termo, de Lambert, entende por fenomenologia a teoria da ilusão sob suas diferentes formas. Kant retoma o termo e o designa como a disciplina propedêutica que deve, segundo ele, preceder a metafísica. Mas é com a Fenomenologia do EspÃírito de Hegel que o termo entra definitivamente na tradição filosófica para em seguida vir a ser de uso corrente. Não é, contudo, a fenomenologia hegeliana que iria se perpetuar no século XX sob a forma do movimento de pensamento que traz o nome de fenomenologia. O verdadeiro iniciador desse movimento devia ser Husserl, que deu um conteúdo novo a uma palavra já antiga. Husserl procura substituir uma fenomenologia limitada por uma ontologia impossível e outra que absorve e ultrapassa a fenomenologia por uma fenomenologia que dispensa a ontologia como disciplina distinta, que seja, pois, à sua maneira, ontologia é ciência do ser.
Leia parte do artigo de Coelho:
O QUE É A FENOMENOLOGIA?
Um bom começo no estudo da Fenomenologia é a definição da palavra fenômeno. Do grego phainomenon particípio presente de phainesthai parecer. Fenomenologia é, de fato, uma investigação que busca a essência inerente da aparência. Vale ressaltar que o termo aparência assume duas concepções simetricamente opostas. 1o. Ato de ocultar a realidade. 2o. manifestação ou revelação da mesma realidade. Pelo 2o. significado, a aparência é o que manifesta ou revela a própria realidade, de modo que esta encontra na realidade a sua verdade, a sua revelação. Aparência é qualquer coisa de que se tem consciência. Qualquer coisa que apareça à consciência é uma área legítima da investigação filosófica.Além do mais, aparência é uma manifestação da essência daquilo de que é a aparência.
“...aprende-se o que é fenomenologia passo a passo, através da leitura, discussão, e reflexão... O que é necessário é mais simples: aprender o que se deve através de atitudes naturais, tentar descrever as apresentações sem pré-julgar os resultados tomando por garantia a história, a causalidade, intersubjetividade , e valor que ordinariamente associamos com nossa experiência, e examinar com absoluto cuidado a estrutura do mundo da vida diária para que possamos entender sua origem e sua direção... Há um senso legítimo no qual é necessário dizer que se deve ser um fenomenologista para poder compreender a fenomenologia.” (NATASON, 1998).
(...) A Fenomenologia nasceu, grosso modo, como um questionamento no modo científico de pensar: uma crítica à metafísica (postura epistemológica que fundamenta a técnica moderna de conhecimento).
Ao fazer este questionamento, ela nos faz reformular o entendimento a respeito das coisas mais básicas, tais como nossa compreensão de homem e de mundo. Essa discussão chega ao ponto máximo com a obra Ser e Tempo do filósofo alemão Martin Heidegger.
Nesta obra é colocado em questão um conceito fundamental em ciência: o sentido do ser (conceito no qual todas as teorias se baseiam).
Ao discutir a questão do sentido do ser, Heidegger demonstra que a Fenomenologia compreende a verdade com um caráter de provisoriedade, mutabilidade e relatividade, radicalmente diferente do entendimento da metafísica que pressupõe a verdade una, estável e absoluta. Essa é uma das razões por que dizemos que a Fenomenologia é uma postura ou atitude (um modo de compreender o mundo) e não uma teoria (modo de explicar).
A Fenomenologia orienta o seu olhar para o fenômeno, ou seja, na relação sujeito-objeto (ser-no-mundo). Isso, em última análise, representa o rompimento do clássico conceito sujeito/objeto.
Assim, Heidegger começa a nos apresentar um novo modo de conhecer as coisas do mundo, diferente do modo metafísico. Na verdade, estamos "treinados" a conhecer o mundo de uma única forma (modo metafísico), por esta razão, compreender o mundo fenomenologicamente torna-se uma tarefa complexa.
Por seu próprio modo de ser, não existe um caminho sistemático de aprendizagem da postura fenomenológica, a não ser pela exaustiva leitura das obras de seus diversos autores.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
CRITELLI, D. M. Analítica do sentido: uma aproximação e interpretação do real de orientação fenomenológica. São Paulo: EDUC Brasiliense, 1996.
NATANSON, Maurice. Phenomenology and the Social Science. Volume 1.São Paulo: Natanson, p. 8: Phenomenology and the Social Sciences.
Artigo de
Emanuelle Coelho
manupsi@yahoo.com.br
“...aprende-se o que é fenomenologia passo a passo, através da leitura, discussão, e reflexão... O que é necessário é mais simples: aprender o que se deve através de atitudes naturais, tentar descrever as apresentações sem pré-julgar os resultados tomando por garantia a história, a causalidade, intersubjetividade , e valor que ordinariamente associamos com nossa experiência, e examinar com absoluto cuidado a estrutura do mundo da vida diária para que possamos entender sua origem e sua direção... Há um senso legítimo no qual é necessário dizer que se deve ser um fenomenologista para poder compreender a fenomenologia.” (NATASON, 1998).
(...) A Fenomenologia nasceu, grosso modo, como um questionamento no modo científico de pensar: uma crítica à metafísica (postura epistemológica que fundamenta a técnica moderna de conhecimento).
Ao fazer este questionamento, ela nos faz reformular o entendimento a respeito das coisas mais básicas, tais como nossa compreensão de homem e de mundo. Essa discussão chega ao ponto máximo com a obra Ser e Tempo do filósofo alemão Martin Heidegger.
Nesta obra é colocado em questão um conceito fundamental em ciência: o sentido do ser (conceito no qual todas as teorias se baseiam).
Ao discutir a questão do sentido do ser, Heidegger demonstra que a Fenomenologia compreende a verdade com um caráter de provisoriedade, mutabilidade e relatividade, radicalmente diferente do entendimento da metafísica que pressupõe a verdade una, estável e absoluta. Essa é uma das razões por que dizemos que a Fenomenologia é uma postura ou atitude (um modo de compreender o mundo) e não uma teoria (modo de explicar).
A Fenomenologia orienta o seu olhar para o fenômeno, ou seja, na relação sujeito-objeto (ser-no-mundo). Isso, em última análise, representa o rompimento do clássico conceito sujeito/objeto.
Assim, Heidegger começa a nos apresentar um novo modo de conhecer as coisas do mundo, diferente do modo metafísico. Na verdade, estamos "treinados" a conhecer o mundo de uma única forma (modo metafísico), por esta razão, compreender o mundo fenomenologicamente torna-se uma tarefa complexa.
Por seu próprio modo de ser, não existe um caminho sistemático de aprendizagem da postura fenomenológica, a não ser pela exaustiva leitura das obras de seus diversos autores.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
CRITELLI, D. M. Analítica do sentido: uma aproximação e interpretação do real de orientação fenomenológica. São Paulo: EDUC Brasiliense, 1996.
NATANSON, Maurice. Phenomenology and the Social Science. Volume 1.São Paulo: Natanson, p. 8: Phenomenology and the Social Sciences.
Artigo de
Emanuelle Coelho
manupsi@yahoo.com.br
filoparanavaí 2013
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