"Que chama do espírito se apagou, Que coração deixou de bater!"
N. Nekrássov Friedrich Engels faleceu em Londres a 5 de agosto (24 de julho) de 1895. A seguir ao seu amigo Karl Marx (que morreu em 1883), Engels foi o mais notável sábio e mestre do proletariado contemporâneo em todo o mundo civilizado. Desde o dia em que o destino juntou Karl Marx e Friedrich Engels, a obra a que os dois amigos consagraram toda a sua vida converteu-se numa obra comum. Assim, para compreender o que Friedrich Engels fez pelo proletariado, é necessário ter-se uma idéia precisa do papel desempenhado pela doutrina e atividade de Marx no desenvolvimento do movimento operário contemporâneo. Marx e Engels foram os primeiros a demonstrar que a classe operária e suas reivindicações são um produto necessário do regime econômico atual que, juntamente com a burguesia, , cria e organiza inevitavelmente o proletariado; demonstraram que não são as tentativas bem intencionadas dos homens de coração generoso que libertarão a humanidade dos males que hoje a esmagam, mas a luta de classe do proletariado organizado . Marx e Engels foram os primeiros a explicar, nas suas obras científicas, que o socialismo não é uma invenção de sonhadores, , mas o objetivo final e o resultado necessário do desenvolvimento das forças produtivas da sociedade atual. Toda a história escrita até nossos dias é a história da luta de classes, a sucessão no domínio e nas vitórias de umas classes sociais sobre as outras. E este estado de coisas continuará enquanto não tiverem desaparecido as bases da luta de classes e do domínio de classe: a propriedade privada e a produção social anárquica. Os interesses do proletariado exigem a destruição destas bases, contra as quais deve, pois, orientada a luta de classe consciente dos operários organizados. E toda a luta de classe é uma luta política . Todo o proletariado que luta pela sua emancipação tornou hoje suas estas concepções de Marx e Engels; mas nos anos 40, quando os dois amigos começaram a colaborar em publicações socialistas e a participar nos movimentos sociais da sua época, eram inteiramente novas. Então, eram numerosos os homens de talento e outros sem talento, honestos ou desonestos, que, no ardor da luta pela liberdade política, contra a arbitrariedade dos reis, da polícia e do clero, não viam a oposição dos interesses da burguesia e do proletariado. Não admitiam sequer a idéia de os operários poderem agir como força social independente. Por outro lado, um bom número de sonhadores, algumas vezes geniais, pensavam que seria suficiente convencer os governantes e as classes dominantes da iniquidade da ordem social existente para que se tornasse fácil fazer reinar sobre a terra a paz e a prosperidade universais. Sonhavam com um socialismo sem luta. Finalmente, a maior parte dos socialistas de então e, de um modo geral, os amigos da classe operária, não viam no proletariado senão uma chaga a cujo crescimento assistiam com horror à medida que a indústria se desenvolvia. Por isso todos procuravam o modo de parar o desenvolvimento da indústria e do proletariado, parar a "roda da história". Contrariamente ao temor geral ante o desenvolvimento do proletariado, Marx e Engels punham todas as suas esperanças no contínuo crescimento numérico deste. Quanto mais proletários houvesse, e maior fosse sua força como classe revolucionária, mais próximo e possível estaria o socialismo. Pode exprimir-se em poucas palavras os serviços prestados por Marx e Engels à classe operária dizendo que eles a ensinaram a conhecer-se e a tomar consciência de si mesma, e que substituíram os sonhos pela ciência. É por isso que o nome e a vida de Engels devem ser conhecidos por todos os operários; é por isso que, na nosso compilação, cujo fim, como o de todas as nossas publicações, é acordar a consciência de classe dos operários russos, devemos dar um apanhado da vida e da atividade de Friedrich Engels, um dos dois grandes mestres do proletariado contemporâneo. Engels nasceu em 1820 em Barmen, na província renana do reino da Prússia. O pai era um fabricante. Em 1838, Engels teve de abandonar por motivos familiares os estudos no Liceu e entrar como empregado numa casa de comércio de Bremen. Este trabalho não o impediu de completar a sua instrução científica e política. Foi desde o Liceu que ele ganhou ódio ao absolutismo e à arbitrariedade da burocracia. Os seus estudos de filosofia levaram-no ainda mais longe. Predominava então na filosofia alemã a doutrina de Hegel, e Engels tornou-se seu discípulo. Embora Hegel fosse, por seu lado, um admirador do Estado prussiano absolutista, ao serviço do qual se encontrava na qualidade de professor da Universidade de Berlim, a sua doutrina era revolucionária. A fé de Hegel na razão humana e nos seus direitos e o princípio fundamental da filosofia hegeliana segundo o qual o mundo é teatro de um processo permanente de mudança e desenvolvimento conduziram os discípulos do filósofo berlinense, que não queriam acomodar-se à realidade, à idéia de que a luta contra a realidade, a luta contra a iniqüidade existente e o mal reinante, também procede da lei universal do desenvolvimento perpétuo. Se tudo se desenvolve, se certas instituições são substituídas por outras, por que é que o absolutismo do rei da Prússia ou do tzar da Rússia, o enriquecimento de uma ínfima minoria à custa da imensa maioria, o domínio da burguesia sobre o povo, hão-de perdurar eternamente? A filosofia de Hegel tratava do desenvolvimento do espírito e das idéias; era idealista. Do desenvolvimento do espírito a filosofia de Hegel deduzia o desenvolvimento da natureza, do homem e das relações entre os homens no seio da sociedade. Retomando a idéia hegeliana de um processo perpétuo de desenvolvimento, Marx e Engels rejeitaram a sua preconcebida concepção idealista; analisando a vida real, viram que não é o desenvolvimento do espírito que explica o da natureza, mas que, pelo contrário, é necessário explicar o espírito a partir da natureza, da matéria... Contrariamente a Hegel e outros hegelianos, Marx e Engels eram materialistas. Partindo de uma concepção materialista do mundo e da humanidade, verificaram que, tal como todos os fenômenos da natureza têm causas materiais, igualmente o desenvolvimento da sociedade humana é condicionado pelo desenvolvimento de forças materiais, as forças produtivas. . Do desenvolvimento das forças produtivas dependem as relações que se estabelecem entre os homens no processo de produção dos objetos necessários à satisfação das necessidades humanas. E são estas relações que explicam todos os fenômenos da vida social, as aspirações dos homens, as suas idéias e as suas leis. O desenvolvimento das forças produtivas cria relações sociais que se baseiam na propriedade privada; mas vemos hoje esse mesmo desenvolvimento das forças produtivas privar a maioria dos homens de toda a propriedade e concentrar esta nas mãos de uma ínfima minoria; ele destrói a propriedade, base da ordem social contemporânea, e tende ele próprio para o objetivo que se fixaram os socialistas. Estes últimos devem apenas compreender qual é a força social que, pela sua situação na sociedade atual, está interessada na realização do socialismo, e incutir nessa força a consciência dos seus interesses e da sua missão histórica. Esta força é o proletariado. Engels conheceu-o na Inglaterra, em Manchester, centro da indústria inglesa, onde se fixou em 1842 como empregado de uma firma comercial de que seu pai era um dos acionistas. Aí Engels não se limitou a permanecer no escritório da fábrica: percorreu os bairros sórdidos em que viviam os operários e viu com os seus próprios olhos os males que os afligiam. Não se limitando a sua observação pessoal, Engels leu tudo o que antes dele se tinha escrito sobre a situação da classe operária inglesa e estudou minuciosamente todos os documentos oficiais que pôde consultar. O resultado dos seus estudos e observações foi um livro que saiu em 1845: A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra. Já atrás assinalávamos o principal mérito de Engels como autor dessa obra. É certo que antes dele muitos tinham descrito os sofrimentos do proletariado e indicado a necessidade de lhe prestar ajuda. Engels foi o primeiro a declarar que o proletariado não é só uma classe que sofre, mas que a miserável situação em que se encontra, empurra -o irresistivelmente para frente e obriga-o a lutar pela sua emancipação definitiva. E o proletariado em luta ajudar-se-á a si mesmo. O movimento político da classe operária levará, inevitavelmente, os operários à consciência de que não há para eles outra saída senão o socialismo. Por seu lado, o socialismo só será uma força quando se tornar o objetivo da luta política da classe operária. Tais são as idéias fundamentais do livro de Engels sobre a situação da classe operária na Inglaterra, idéias hoje aceitas por todo o proletariado que pensa e luta, mas que eram então absolutamente novas. Estas idéias foram expostas numa obra escrita num estilo cativante onde abundam os quadros mais verídicos e impressionantes da miséria do proletariado inglês. Este livro era uma terrível acusação contra o capitalismo e a burguesia. Produziu uma impressão muito grande. Em breve, por toda a parte começaram a referir-se a ele como o quadro mais fiel da situação do proletariado contemporâneo. E, com efeito, nem antes nem depois de 1845 apareceu uma descrição tão brilhante e tão verdadeira dos males sofridos pela classe operária. Engels só se tornou socialista na Inglaterra. Em Manchester pôs-se em contato com os militantes do movimento operário inglês de então e começou a escrever para as publicações socialistas inglesas. Em 1844, ao passar por Paris de regresso à Alemanha, conheceu Marx, com quem se correspondia já há algum tempo, e que se tinha igualmente tornado socialista durante a sua estada em Paris, sob a influência dos socialistas franceses e da vida na França. Foi aí que os dois amigos escreveram em conjunto A Sagrada Família ou a Crítica da Crítica Crítica . Este livro, escrito na sua maior parte por Marx, e saído um ano antes de A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra , contém as bases do socialismo materialista revolucionári o de que atrás expusemos as idéias essenciais. A Sagrada Família é uma denominação jocosa dada a dois filósofos, os irmãos Bauer, e aos seus discípulos. Estes senhores pregavam uma crítica que se colocava acima de toda a realidade, acima dos partidos e da política, repudiava toda a atividade prática e limitava-se a contemplar "criticamente" o mundo circundante e os acontecimentos que nele se produziam. Os senhores Bauer qualificavam desdenhosamente o proletariado de massa desprovida de espírito crítico. Marx e Engels opuseram-se categoricamente a esta tendência absurda e nefasta. Em nome da verdadeira personalidade humana, do operário empezinhado pelas classes dominantes e pelo Estado, Marx e Engels exigiam não uma atitude contemplativa, mas a luta por uma melhor ordem social. Era, evidentemente, no proletariado que eles viam a força capaz de travar estas luta e diretamente interessada em fazê-la triunfar. Já antes do aparecimento de A Sagrada Família, Engels tinha publicado na revista Anais Franco-Alemães editada por Marx e Ruge o seu Estudo Crítico sobre a Economia Política em que analisava, de um ponto de vista socialista, os fenômenos essenciais do regime econômico contemporâneo como conseqüências inevitáveis da dominação da propriedade privada. As suas relações com Engels contribuíram incontestavelmente para que Marx se dedicasse a ocupar-se do estudo da economia política, ciência em que os seus trabalhos iriam operar uma verdadeira revolução. De 1845 a 1847 Engels viveu em Bruxelas e em Paris, aliando os estudos científicos com uma atividade prática entre os operários alemães destas duas cidades. Foi aí que Marx e Engels entraram em contato com uma associação secreta alemã, "Liga dos Comunistas", que os encarregou de expor os princípios fundamentais do socialismo elaborado por eles. Assim nasceu o célebre Manifesto do Partido Comunista de Marx e Engels, publicado em 1848. Este pequeno livrinho vale por tomos inteiros: ele inspira e anima até hoje todo o proletariado organizado e combatente do mundo civilizado. A revolução de 1848, que rebentou primeiro na França e se propagou em seguida aos outros países da Europa ocidental, permitiu a Marx e Engels regressarem à sua pátria. Aí, na Prússia renana, tomaram a direção da Nova Gazeta Renana, jornal democrático que se publicava em Colônia. Os dois amigos eram a alma de todas as tendências democráticas revolucionárias da Prússia renana. Defenderam até o fim os interesses do povo e da liberdade contra as forças da reação. Estas últimas, com é sabido, acabaram por triunfar. A Nova Gazeta Renana foi proibida. Marx, que enquanto se encontrava na migração tinha sido privado da nacionalidade prussiana, foi expulso. Quanto a Engels, tomou parte na insurreição armada do povo e combateu em três batalhas pela liberdade, e, após a derrota dos insurretos, fugiu para Londres através da Suiça. Foi igualmente em Londres que Marx veio fixar-se. Engels em breve voltou a ser empregado, e mais tarde sócio, da mesma casa comercial de Manchester onde tinha trabalhado nos anos 40. Até 1870 Engels viveu em Manchester e Marx em Londres, o que não os impediu de estar em estreito contato espiritual; escreviam-se quase todos os dias. Nessa correspondência os dois amigos trocavam as suas idéias e os seus conhecimentos, e continuaram a elaborar em conjunto a doutrina do socialismo científico. Em 1870 Engels veio fixar-se em Londres, e a sua vida intelectual conjunta, cheia de uma atividade intensa, prosseguiu até 1883, data da morte de Marx. Esta colaboração foi extremamente fecunda: Marx escre veu O Capital , a mais grandiosa obra de economia política do nosso século, e Engels toda uma série de trabalhos, grandes e pequenos. Marx dedicou-se à análise dos fenômenos complexos da economia capitalista. Engels escreveu, num estilo simples, obras muitas vezes polêmicas em que esclarecia os problemas científicos mais gerais e os diversos fenômenos do passado e do presente, inspirando-se na concepção materialista da história e na teoria econômica de Marx. Dentre estes trabalhos de Engels citaremos: a sua obra polêmica contra Dühring (onde analisa as questões capitais da filosofia, assim como das ciências naturais e sociais), A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado, Ludwig Feuerbach, um artigo sobre a política externa do governo russo, notáveis artigos sobre o problema da habitação, e, finalmente, dois artigos curtos mas de grande interesse, sobre o desenvolvimento econômico da Rússia. Marx morreu sem ter conseguido completar sua obra monumental sobre o capital. Contudo esta obra já estava terminada em rascunho e Engels, após a morte do amigo, assumiu a pesada tarefa de redigir e publicar os tomos II e III de O Capital. Editou o tomo II em 1885 e o tomo III em 1894 (não teve tempo de redigir o tomo IV). Estes dois tomos exigiram um trabalho enorme de sua parte. O social-democrata austríaco Adler observou muito justamente que, editando os tomos II e III de O Capital, Engels ergueu ao seu genial amigo um grandioso monumento no qual, involuntariamente, tinha gravado o seu próprio nome em letras indeléveis. Estes dois tomos de O Capital são, com efeito, obra de ambos, de Marx e Engels. As lendas da antigüidade contam exemplos comoventes de amizade. O proletariado da Europa pode dizer que a sua ciência foi criada por dois sábios, dois lutadores, cuja amizade ultrapassa tudo o que de mais comovente ofereceram as lendas dos antigos. Engels, em geral com toda razão, sempre se apagou diante de Marx. "Ao lado de Marx, escreveu ele a um velho amigo, fui sempre o segundo violino". O seu carinho por Marx enquanto este viveu e a sua veneração à memória do amigo morto foram ilimitadas. Este militante austero e pensador rigoroso tinha uma alma profundamente efetuosa. Durante o seu exílio, depois do movimento de 1848-1849, Marx e Engels não se dedicaram unicamente ao trabalho científico. Marx fundou em 1864 a "Associação Internacional dos Trabalhadores", de que assegurou a direção durante dez anos. Engels desempenhou nela, igualmente, um papel considerável. A atividade da "Associação Internacional", que unia, de acordo com os ideais de Marx, os proletários de todos os países, teve uma enorme importância no desenvolvimento do movimento operário. . Mesmo após a sua dissolução , nos anos 70, continuou o papel de Engels e Marx como unificadores da classe operária. Melhor: pode-se dizer que a sua importância como dirigentes espirituais do movimento operário não cessou de crescer, pois o próprio movimento se desenvolvia sem parar. Após a morte de Marx, Engels, sozinho, continuou a ser o conselheiro e o dirigente dos socialistas da Europa. A ele vinham pedir conselhos e indicações tanto os socialistas alemães, cuja força crescia contínua e rapidamente apesar das perseguições governamentais, como os representantes dos países atrasados, por exemplo, os espanhóis, os romenos, russos, que meditavam e mediam então os seus primeiros passos. Todos eles corriam ao riquíssimo tesouro dos conhecimentos e experiência do velho Engels. Marx e Engels, que conheciam o russo e liam as obras publicadas nessa língua, interessaram-se vivamente pela Rússia, seguiam com simpatia o movimento revolucionário do nosso país e mantinham relações com os revolucionários russos. Ambos eram já democratas antes de se tornarem socialistas e tinham profundamente arraigado o sentimento democrático de ódio à arbitrariedade política. Este sentimento político nato, aliado a uma profunda compreensão teórica da relação existente entre a arbitrariedade política e a opressão econômica, assim como a sua riquíssima experiência da vida, tinham tornado Marx e Engels extraordinariamente sensíveis precisamente no sentido político. Por isso a luta heróica de um pequeno punhado de revolucionários russos contra o poderoso governo tzarista encontrou a mais viva simpatia no coração dos dois experimentados revolucionários . Inversamente, toda veleidade de voltar as costas, em nome de pretensas vantagens econômicas, à tarefa mais importante e mais imediata dos socialistas russos - a conquista da liberdade política - parecia-lhes naturalmente suspeita, vendo mesmo nisso uma traição à grande causa da revolução social. "A emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores", eis o que ensinavam constantemente Marx e Engels. E para lutar pela sua emancipação econômica, o proletariado deve conquistar certos direitos políticos. Além disso, Marx e Engels viram com toda a clareza que uma revolução política na Rússia teria também uma enorme importância para o movimento operário da Europa ocidental. A Rússia autocrática foi sempre o baluarte de toda a reação européia. A situação excepcionalmente favorável em que a Rússia se encontrou depois da guerra de 1870, que semeou durante muito tempo a discórdia entre a França e a Alemanha, não podia evidentemente deixar se fazer aumentar a importância da Rússia autocrática como força reacionária. Só uma Rússia livre, que não tivesse necessidade de oprimir so Polacos, os Finlandeses, os Alemães, os Armênios e outros pequenos povos, nem de lançar, incessantemente, , a França e a Alemanha uma contra a outra, permitiria a Europa contemporânea respirar aliviada do peso das guerras, enfraqueceria todos os elementos reacionários da Europa e aumentaria as forças da classe operária européia. Por isso mesmo Engels advogou calorosamente a instauração da liberdade política na Rússia no próprio interesse do movimento operário do Ocidente. Os revolucionários russos perderam nele o seu melhor amigo. À memória de Friedrich Engels, grande combatente e mestre do proletariado, viverá eternamente!
V. I. LENIN - outono de 1895 (Obras Completas, tomo 2)
N. Nekrássov Friedrich Engels faleceu em Londres a 5 de agosto (24 de julho) de 1895. A seguir ao seu amigo Karl Marx (que morreu em 1883), Engels foi o mais notável sábio e mestre do proletariado contemporâneo em todo o mundo civilizado. Desde o dia em que o destino juntou Karl Marx e Friedrich Engels, a obra a que os dois amigos consagraram toda a sua vida converteu-se numa obra comum. Assim, para compreender o que Friedrich Engels fez pelo proletariado, é necessário ter-se uma idéia precisa do papel desempenhado pela doutrina e atividade de Marx no desenvolvimento do movimento operário contemporâneo. Marx e Engels foram os primeiros a demonstrar que a classe operária e suas reivindicações são um produto necessário do regime econômico atual que, juntamente com a burguesia, , cria e organiza inevitavelmente o proletariado; demonstraram que não são as tentativas bem intencionadas dos homens de coração generoso que libertarão a humanidade dos males que hoje a esmagam, mas a luta de classe do proletariado organizado . Marx e Engels foram os primeiros a explicar, nas suas obras científicas, que o socialismo não é uma invenção de sonhadores, , mas o objetivo final e o resultado necessário do desenvolvimento das forças produtivas da sociedade atual. Toda a história escrita até nossos dias é a história da luta de classes, a sucessão no domínio e nas vitórias de umas classes sociais sobre as outras. E este estado de coisas continuará enquanto não tiverem desaparecido as bases da luta de classes e do domínio de classe: a propriedade privada e a produção social anárquica. Os interesses do proletariado exigem a destruição destas bases, contra as quais deve, pois, orientada a luta de classe consciente dos operários organizados. E toda a luta de classe é uma luta política . Todo o proletariado que luta pela sua emancipação tornou hoje suas estas concepções de Marx e Engels; mas nos anos 40, quando os dois amigos começaram a colaborar em publicações socialistas e a participar nos movimentos sociais da sua época, eram inteiramente novas. Então, eram numerosos os homens de talento e outros sem talento, honestos ou desonestos, que, no ardor da luta pela liberdade política, contra a arbitrariedade dos reis, da polícia e do clero, não viam a oposição dos interesses da burguesia e do proletariado. Não admitiam sequer a idéia de os operários poderem agir como força social independente. Por outro lado, um bom número de sonhadores, algumas vezes geniais, pensavam que seria suficiente convencer os governantes e as classes dominantes da iniquidade da ordem social existente para que se tornasse fácil fazer reinar sobre a terra a paz e a prosperidade universais. Sonhavam com um socialismo sem luta. Finalmente, a maior parte dos socialistas de então e, de um modo geral, os amigos da classe operária, não viam no proletariado senão uma chaga a cujo crescimento assistiam com horror à medida que a indústria se desenvolvia. Por isso todos procuravam o modo de parar o desenvolvimento da indústria e do proletariado, parar a "roda da história". Contrariamente ao temor geral ante o desenvolvimento do proletariado, Marx e Engels punham todas as suas esperanças no contínuo crescimento numérico deste. Quanto mais proletários houvesse, e maior fosse sua força como classe revolucionária, mais próximo e possível estaria o socialismo. Pode exprimir-se em poucas palavras os serviços prestados por Marx e Engels à classe operária dizendo que eles a ensinaram a conhecer-se e a tomar consciência de si mesma, e que substituíram os sonhos pela ciência. É por isso que o nome e a vida de Engels devem ser conhecidos por todos os operários; é por isso que, na nosso compilação, cujo fim, como o de todas as nossas publicações, é acordar a consciência de classe dos operários russos, devemos dar um apanhado da vida e da atividade de Friedrich Engels, um dos dois grandes mestres do proletariado contemporâneo. Engels nasceu em 1820 em Barmen, na província renana do reino da Prússia. O pai era um fabricante. Em 1838, Engels teve de abandonar por motivos familiares os estudos no Liceu e entrar como empregado numa casa de comércio de Bremen. Este trabalho não o impediu de completar a sua instrução científica e política. Foi desde o Liceu que ele ganhou ódio ao absolutismo e à arbitrariedade da burocracia. Os seus estudos de filosofia levaram-no ainda mais longe. Predominava então na filosofia alemã a doutrina de Hegel, e Engels tornou-se seu discípulo. Embora Hegel fosse, por seu lado, um admirador do Estado prussiano absolutista, ao serviço do qual se encontrava na qualidade de professor da Universidade de Berlim, a sua doutrina era revolucionária. A fé de Hegel na razão humana e nos seus direitos e o princípio fundamental da filosofia hegeliana segundo o qual o mundo é teatro de um processo permanente de mudança e desenvolvimento conduziram os discípulos do filósofo berlinense, que não queriam acomodar-se à realidade, à idéia de que a luta contra a realidade, a luta contra a iniqüidade existente e o mal reinante, também procede da lei universal do desenvolvimento perpétuo. Se tudo se desenvolve, se certas instituições são substituídas por outras, por que é que o absolutismo do rei da Prússia ou do tzar da Rússia, o enriquecimento de uma ínfima minoria à custa da imensa maioria, o domínio da burguesia sobre o povo, hão-de perdurar eternamente? A filosofia de Hegel tratava do desenvolvimento do espírito e das idéias; era idealista. Do desenvolvimento do espírito a filosofia de Hegel deduzia o desenvolvimento da natureza, do homem e das relações entre os homens no seio da sociedade. Retomando a idéia hegeliana de um processo perpétuo de desenvolvimento, Marx e Engels rejeitaram a sua preconcebida concepção idealista; analisando a vida real, viram que não é o desenvolvimento do espírito que explica o da natureza, mas que, pelo contrário, é necessário explicar o espírito a partir da natureza, da matéria... Contrariamente a Hegel e outros hegelianos, Marx e Engels eram materialistas. Partindo de uma concepção materialista do mundo e da humanidade, verificaram que, tal como todos os fenômenos da natureza têm causas materiais, igualmente o desenvolvimento da sociedade humana é condicionado pelo desenvolvimento de forças materiais, as forças produtivas. . Do desenvolvimento das forças produtivas dependem as relações que se estabelecem entre os homens no processo de produção dos objetos necessários à satisfação das necessidades humanas. E são estas relações que explicam todos os fenômenos da vida social, as aspirações dos homens, as suas idéias e as suas leis. O desenvolvimento das forças produtivas cria relações sociais que se baseiam na propriedade privada; mas vemos hoje esse mesmo desenvolvimento das forças produtivas privar a maioria dos homens de toda a propriedade e concentrar esta nas mãos de uma ínfima minoria; ele destrói a propriedade, base da ordem social contemporânea, e tende ele próprio para o objetivo que se fixaram os socialistas. Estes últimos devem apenas compreender qual é a força social que, pela sua situação na sociedade atual, está interessada na realização do socialismo, e incutir nessa força a consciência dos seus interesses e da sua missão histórica. Esta força é o proletariado. Engels conheceu-o na Inglaterra, em Manchester, centro da indústria inglesa, onde se fixou em 1842 como empregado de uma firma comercial de que seu pai era um dos acionistas. Aí Engels não se limitou a permanecer no escritório da fábrica: percorreu os bairros sórdidos em que viviam os operários e viu com os seus próprios olhos os males que os afligiam. Não se limitando a sua observação pessoal, Engels leu tudo o que antes dele se tinha escrito sobre a situação da classe operária inglesa e estudou minuciosamente todos os documentos oficiais que pôde consultar. O resultado dos seus estudos e observações foi um livro que saiu em 1845: A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra. Já atrás assinalávamos o principal mérito de Engels como autor dessa obra. É certo que antes dele muitos tinham descrito os sofrimentos do proletariado e indicado a necessidade de lhe prestar ajuda. Engels foi o primeiro a declarar que o proletariado não é só uma classe que sofre, mas que a miserável situação em que se encontra, empurra -o irresistivelmente para frente e obriga-o a lutar pela sua emancipação definitiva. E o proletariado em luta ajudar-se-á a si mesmo. O movimento político da classe operária levará, inevitavelmente, os operários à consciência de que não há para eles outra saída senão o socialismo. Por seu lado, o socialismo só será uma força quando se tornar o objetivo da luta política da classe operária. Tais são as idéias fundamentais do livro de Engels sobre a situação da classe operária na Inglaterra, idéias hoje aceitas por todo o proletariado que pensa e luta, mas que eram então absolutamente novas. Estas idéias foram expostas numa obra escrita num estilo cativante onde abundam os quadros mais verídicos e impressionantes da miséria do proletariado inglês. Este livro era uma terrível acusação contra o capitalismo e a burguesia. Produziu uma impressão muito grande. Em breve, por toda a parte começaram a referir-se a ele como o quadro mais fiel da situação do proletariado contemporâneo. E, com efeito, nem antes nem depois de 1845 apareceu uma descrição tão brilhante e tão verdadeira dos males sofridos pela classe operária. Engels só se tornou socialista na Inglaterra. Em Manchester pôs-se em contato com os militantes do movimento operário inglês de então e começou a escrever para as publicações socialistas inglesas. Em 1844, ao passar por Paris de regresso à Alemanha, conheceu Marx, com quem se correspondia já há algum tempo, e que se tinha igualmente tornado socialista durante a sua estada em Paris, sob a influência dos socialistas franceses e da vida na França. Foi aí que os dois amigos escreveram em conjunto A Sagrada Família ou a Crítica da Crítica Crítica . Este livro, escrito na sua maior parte por Marx, e saído um ano antes de A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra , contém as bases do socialismo materialista revolucionári o de que atrás expusemos as idéias essenciais. A Sagrada Família é uma denominação jocosa dada a dois filósofos, os irmãos Bauer, e aos seus discípulos. Estes senhores pregavam uma crítica que se colocava acima de toda a realidade, acima dos partidos e da política, repudiava toda a atividade prática e limitava-se a contemplar "criticamente" o mundo circundante e os acontecimentos que nele se produziam. Os senhores Bauer qualificavam desdenhosamente o proletariado de massa desprovida de espírito crítico. Marx e Engels opuseram-se categoricamente a esta tendência absurda e nefasta. Em nome da verdadeira personalidade humana, do operário empezinhado pelas classes dominantes e pelo Estado, Marx e Engels exigiam não uma atitude contemplativa, mas a luta por uma melhor ordem social. Era, evidentemente, no proletariado que eles viam a força capaz de travar estas luta e diretamente interessada em fazê-la triunfar. Já antes do aparecimento de A Sagrada Família, Engels tinha publicado na revista Anais Franco-Alemães editada por Marx e Ruge o seu Estudo Crítico sobre a Economia Política em que analisava, de um ponto de vista socialista, os fenômenos essenciais do regime econômico contemporâneo como conseqüências inevitáveis da dominação da propriedade privada. As suas relações com Engels contribuíram incontestavelmente para que Marx se dedicasse a ocupar-se do estudo da economia política, ciência em que os seus trabalhos iriam operar uma verdadeira revolução. De 1845 a 1847 Engels viveu em Bruxelas e em Paris, aliando os estudos científicos com uma atividade prática entre os operários alemães destas duas cidades. Foi aí que Marx e Engels entraram em contato com uma associação secreta alemã, "Liga dos Comunistas", que os encarregou de expor os princípios fundamentais do socialismo elaborado por eles. Assim nasceu o célebre Manifesto do Partido Comunista de Marx e Engels, publicado em 1848. Este pequeno livrinho vale por tomos inteiros: ele inspira e anima até hoje todo o proletariado organizado e combatente do mundo civilizado. A revolução de 1848, que rebentou primeiro na França e se propagou em seguida aos outros países da Europa ocidental, permitiu a Marx e Engels regressarem à sua pátria. Aí, na Prússia renana, tomaram a direção da Nova Gazeta Renana, jornal democrático que se publicava em Colônia. Os dois amigos eram a alma de todas as tendências democráticas revolucionárias da Prússia renana. Defenderam até o fim os interesses do povo e da liberdade contra as forças da reação. Estas últimas, com é sabido, acabaram por triunfar. A Nova Gazeta Renana foi proibida. Marx, que enquanto se encontrava na migração tinha sido privado da nacionalidade prussiana, foi expulso. Quanto a Engels, tomou parte na insurreição armada do povo e combateu em três batalhas pela liberdade, e, após a derrota dos insurretos, fugiu para Londres através da Suiça. Foi igualmente em Londres que Marx veio fixar-se. Engels em breve voltou a ser empregado, e mais tarde sócio, da mesma casa comercial de Manchester onde tinha trabalhado nos anos 40. Até 1870 Engels viveu em Manchester e Marx em Londres, o que não os impediu de estar em estreito contato espiritual; escreviam-se quase todos os dias. Nessa correspondência os dois amigos trocavam as suas idéias e os seus conhecimentos, e continuaram a elaborar em conjunto a doutrina do socialismo científico. Em 1870 Engels veio fixar-se em Londres, e a sua vida intelectual conjunta, cheia de uma atividade intensa, prosseguiu até 1883, data da morte de Marx. Esta colaboração foi extremamente fecunda: Marx escre veu O Capital , a mais grandiosa obra de economia política do nosso século, e Engels toda uma série de trabalhos, grandes e pequenos. Marx dedicou-se à análise dos fenômenos complexos da economia capitalista. Engels escreveu, num estilo simples, obras muitas vezes polêmicas em que esclarecia os problemas científicos mais gerais e os diversos fenômenos do passado e do presente, inspirando-se na concepção materialista da história e na teoria econômica de Marx. Dentre estes trabalhos de Engels citaremos: a sua obra polêmica contra Dühring (onde analisa as questões capitais da filosofia, assim como das ciências naturais e sociais), A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado, Ludwig Feuerbach, um artigo sobre a política externa do governo russo, notáveis artigos sobre o problema da habitação, e, finalmente, dois artigos curtos mas de grande interesse, sobre o desenvolvimento econômico da Rússia. Marx morreu sem ter conseguido completar sua obra monumental sobre o capital. Contudo esta obra já estava terminada em rascunho e Engels, após a morte do amigo, assumiu a pesada tarefa de redigir e publicar os tomos II e III de O Capital. Editou o tomo II em 1885 e o tomo III em 1894 (não teve tempo de redigir o tomo IV). Estes dois tomos exigiram um trabalho enorme de sua parte. O social-democrata austríaco Adler observou muito justamente que, editando os tomos II e III de O Capital, Engels ergueu ao seu genial amigo um grandioso monumento no qual, involuntariamente, tinha gravado o seu próprio nome em letras indeléveis. Estes dois tomos de O Capital são, com efeito, obra de ambos, de Marx e Engels. As lendas da antigüidade contam exemplos comoventes de amizade. O proletariado da Europa pode dizer que a sua ciência foi criada por dois sábios, dois lutadores, cuja amizade ultrapassa tudo o que de mais comovente ofereceram as lendas dos antigos. Engels, em geral com toda razão, sempre se apagou diante de Marx. "Ao lado de Marx, escreveu ele a um velho amigo, fui sempre o segundo violino". O seu carinho por Marx enquanto este viveu e a sua veneração à memória do amigo morto foram ilimitadas. Este militante austero e pensador rigoroso tinha uma alma profundamente efetuosa. Durante o seu exílio, depois do movimento de 1848-1849, Marx e Engels não se dedicaram unicamente ao trabalho científico. Marx fundou em 1864 a "Associação Internacional dos Trabalhadores", de que assegurou a direção durante dez anos. Engels desempenhou nela, igualmente, um papel considerável. A atividade da "Associação Internacional", que unia, de acordo com os ideais de Marx, os proletários de todos os países, teve uma enorme importância no desenvolvimento do movimento operário. . Mesmo após a sua dissolução , nos anos 70, continuou o papel de Engels e Marx como unificadores da classe operária. Melhor: pode-se dizer que a sua importância como dirigentes espirituais do movimento operário não cessou de crescer, pois o próprio movimento se desenvolvia sem parar. Após a morte de Marx, Engels, sozinho, continuou a ser o conselheiro e o dirigente dos socialistas da Europa. A ele vinham pedir conselhos e indicações tanto os socialistas alemães, cuja força crescia contínua e rapidamente apesar das perseguições governamentais, como os representantes dos países atrasados, por exemplo, os espanhóis, os romenos, russos, que meditavam e mediam então os seus primeiros passos. Todos eles corriam ao riquíssimo tesouro dos conhecimentos e experiência do velho Engels. Marx e Engels, que conheciam o russo e liam as obras publicadas nessa língua, interessaram-se vivamente pela Rússia, seguiam com simpatia o movimento revolucionário do nosso país e mantinham relações com os revolucionários russos. Ambos eram já democratas antes de se tornarem socialistas e tinham profundamente arraigado o sentimento democrático de ódio à arbitrariedade política. Este sentimento político nato, aliado a uma profunda compreensão teórica da relação existente entre a arbitrariedade política e a opressão econômica, assim como a sua riquíssima experiência da vida, tinham tornado Marx e Engels extraordinariamente sensíveis precisamente no sentido político. Por isso a luta heróica de um pequeno punhado de revolucionários russos contra o poderoso governo tzarista encontrou a mais viva simpatia no coração dos dois experimentados revolucionários . Inversamente, toda veleidade de voltar as costas, em nome de pretensas vantagens econômicas, à tarefa mais importante e mais imediata dos socialistas russos - a conquista da liberdade política - parecia-lhes naturalmente suspeita, vendo mesmo nisso uma traição à grande causa da revolução social. "A emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores", eis o que ensinavam constantemente Marx e Engels. E para lutar pela sua emancipação econômica, o proletariado deve conquistar certos direitos políticos. Além disso, Marx e Engels viram com toda a clareza que uma revolução política na Rússia teria também uma enorme importância para o movimento operário da Europa ocidental. A Rússia autocrática foi sempre o baluarte de toda a reação européia. A situação excepcionalmente favorável em que a Rússia se encontrou depois da guerra de 1870, que semeou durante muito tempo a discórdia entre a França e a Alemanha, não podia evidentemente deixar se fazer aumentar a importância da Rússia autocrática como força reacionária. Só uma Rússia livre, que não tivesse necessidade de oprimir so Polacos, os Finlandeses, os Alemães, os Armênios e outros pequenos povos, nem de lançar, incessantemente, , a França e a Alemanha uma contra a outra, permitiria a Europa contemporânea respirar aliviada do peso das guerras, enfraqueceria todos os elementos reacionários da Europa e aumentaria as forças da classe operária européia. Por isso mesmo Engels advogou calorosamente a instauração da liberdade política na Rússia no próprio interesse do movimento operário do Ocidente. Os revolucionários russos perderam nele o seu melhor amigo. À memória de Friedrich Engels, grande combatente e mestre do proletariado, viverá eternamente!
V. I. LENIN - outono de 1895 (Obras Completas, tomo 2)
QUEM FOI Friedrich Engels?
Um dos criadores do socialismo científico.
Biografia e pensamentos
Friedrich Engels foi um importante filósofo alemão. Nasceu em 28 de novembro de 1820, na cidade alemã de Wuppertal. Morreu em Londres, no dia 5 de agosto de 1895. Junto com o filósofo alemão Karl Marx, criou o marxismo (socialismo científico).
Engels era integrante de uma rica família. Em 1842, foi morar na Inglaterra para trabalhar na indústria de tecidos do pai, situada na cidade de Manchester. Ao observar às péssimas condições dos trabalhadores na Inglaterra do século XIX, passou a ter uma visão crítica sobre o capitalismo. Teve contato e identificação com as idéias do socialismo, aproximando-se de Marx.
No ano de 1844, Engels escreveu a obra “A situação da classe trabalhadora na Inglaterra” (publicado em 1845). Nesta obra, Engels analisou o capitalismo, apontando as injustiças sociais às quais eram submetidos os trabalhadores. Em 1844, também escreveu “As Origens da Família, da Propriedade Privada e do Estado”.
No ano de 1848, junto com Marx, publicou a obra “O Manifesto Comunista”, onde foi estabelecida as bases da doutrina comunista. Neste mesmo ano, Engels participou das Revoluções de 1848, na Alemanha, Bélgica e França. Em 1850, retornou para a Inglaterra.
Na década de 1850, Engels forneceu apoio financeiro para Marx escrever o primeiro volume da principal obra socialista “O Capital”. Após a morte de Marx (1883), Engels foi o responsável por escrever a continuação do segundo volume desta obra e redigir por completo o terceiro.
Em 1878, Engels escreveu o livro "Anti Dühring", em que aponta para a necessidade da criação e implantação do socialismo científico em oposição ao socialismo utópico.
Obras de Engels:
- A Situação das Classes Trabalhadoras na Inglaterra - 1845;
- O Manifesto Comunista –1848 ; (em parceria com Karl Marx)
- Anti-Düring –1878 ;
- A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado –1884;
- Ludwig Feuerbach e o Fim da Filosofia Alemã -1888;
- Do Socialismo utópico ao científico –1890.
fonte: http://www.suapesquisa.com/biografias/engels.htm
QUEM FOI Lênin?
Revolucionário e estadista russo
Vladimir Ilyich Ulyanov foi um importante revolucionário, líder da Revolução Russa de 1917, e estadista russo. Nasceu em 22 de abril de 1870 na cidade russa de Simbirsk (atual Ulyanovsk) e morreu em 21 de janeiro de 1924 em Gorki (próximo a Moscou).
Biografia e vida política
Lênin, aos 19 anos de idade, sofreu um grande trauma familiar. Seu irmão mais velho, Alexandre Uliánov, foi executado pelas forças czaristas, por ter sido acusado de participar de um golpe contra o czar Alexandre III.
Em 1887 foi estudar direito em Kasan (cidade no Tartaristão – Rússia).
Em 1895, Lênin foi preso por participar de um movimento que propagava idéias marxistas entre trabalhadores de fábricas de São Petersburgo. Na ocasião foi enviado para cumprir pena na Sibéria (extremo norte da Rússia).
Em 1900, já libertado, Lênin foi viver exilado na Suíça como líder do Partido Bolchevique. Foi de fundamental importância na organização partidária e na propagação das idéias marxistas que faziam oposição ao sistema czarista na Rússia.
Com o início do processo revolucionário, Lênin retornou para a Rússia para liderar a revolução bolchevique. Em outubro de 1917, assumiu o governo da Rússia e implantou o socialismo. Uma das primeiras medidas tomadas por Lênin foi retirar a Rússia da Primeira Guerra Mundial.
Lênin resistiu com força ao movimento contra-revolucionário (1918-21). Nacionalizou indústrias e bancos, controlou as terras agrícolas e estabeleceu um forte controle político e econômico.
Em 1921, implantou a NEP (Nova Política Econômica) na Rússia. O objetivo era dar um pouco mais de liberdade para o comércio e agricultura para que a economia russa pudesse crescer.
Em 1922, criou, em conjunto com os sovietes, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
FONTE: http://www.suapesquisa.com/biografias/lenin.htm
Revolucionário e estadista russo
Vladimir Ilyich Ulyanov foi um importante revolucionário, líder da Revolução Russa de 1917, e estadista russo. Nasceu em 22 de abril de 1870 na cidade russa de Simbirsk (atual Ulyanovsk) e morreu em 21 de janeiro de 1924 em Gorki (próximo a Moscou).
Biografia e vida política
Lênin, aos 19 anos de idade, sofreu um grande trauma familiar. Seu irmão mais velho, Alexandre Uliánov, foi executado pelas forças czaristas, por ter sido acusado de participar de um golpe contra o czar Alexandre III.
Em 1887 foi estudar direito em Kasan (cidade no Tartaristão – Rússia).
Em 1895, Lênin foi preso por participar de um movimento que propagava idéias marxistas entre trabalhadores de fábricas de São Petersburgo. Na ocasião foi enviado para cumprir pena na Sibéria (extremo norte da Rússia).
Em 1900, já libertado, Lênin foi viver exilado na Suíça como líder do Partido Bolchevique. Foi de fundamental importância na organização partidária e na propagação das idéias marxistas que faziam oposição ao sistema czarista na Rússia.
Com o início do processo revolucionário, Lênin retornou para a Rússia para liderar a revolução bolchevique. Em outubro de 1917, assumiu o governo da Rússia e implantou o socialismo. Uma das primeiras medidas tomadas por Lênin foi retirar a Rússia da Primeira Guerra Mundial.
Lênin resistiu com força ao movimento contra-revolucionário (1918-21). Nacionalizou indústrias e bancos, controlou as terras agrícolas e estabeleceu um forte controle político e econômico.
Em 1921, implantou a NEP (Nova Política Econômica) na Rússia. O objetivo era dar um pouco mais de liberdade para o comércio e agricultura para que a economia russa pudesse crescer.
Em 1922, criou, em conjunto com os sovietes, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
FONTE: http://www.suapesquisa.com/biografias/lenin.htm
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