Quando o chocolate for menos importante que o Ressuscitado, então celebraremos uma Santa Páscoa! Haverá um dia em que a VIDA valerá mais que a MORTE e a DIVERSIDADE será a causa da FESTA! O RESSUSCITADO
AINDA "MORRE" TODOS OS DIAS!!!
O Jesus Negro, Seminário Maior do Sagrado Coração. Durante o
2º dia dos distúrbios de 1967, um pintor de casa afro-americano pintou as mãos,
pés e rosto da estátua branca do Sagrado Coração de Jesus. Ao longo dos anos, o
significado do marco evoluiu para simbolizar quase por unanimidade o amor de
Jesus por todas as raças, e particularmente pela cidade de Detroit-EUA (a
cidade mais populosa e mais famosa do estado estadunidense Michigan) e seus
cidadãos negros. O seminário manteve firmemente as características do marco
pintadas de preto por quatro décadas e pretende fazê-lo para sempre.
A celebração da Páscoa é oportuna para uma reflexão sobre a vida. Vida entendida no seu sentido amplo, holístico mesmo (Holismo (do grego holos: "inteiro" ou
"todo"), também chamado Não Reducionismo), dentro de uma cosmovisão que abarque tudo o que há na Natureza e no Universo.
Infelizmente, a vida em sua perspectiva holística tem sido muito agredida e ceifada nesses tempos atuais. O cristão, que carrega a marca do Ressuscitado, é aquele que jamais acostuma-se a essa realidade de violência e morte. Ele é aquele que levanta-se, grita, denuncia e anuncia a urgência de uma nova sociedade fundamentada no amor, na paz, no respeito, na solidariedade, na tolerância, enfim, na promoção da vida.
Infelizmente, a vida em sua perspectiva holística tem sido muito agredida e ceifada nesses tempos atuais. O cristão, que carrega a marca do Ressuscitado, é aquele que jamais acostuma-se a essa realidade de violência e morte. Ele é aquele que levanta-se, grita, denuncia e anuncia a urgência de uma nova sociedade fundamentada no amor, na paz, no respeito, na solidariedade, na tolerância, enfim, na promoção da vida.
O cristão é aquele que vive, já no presente, como Ressuscitado! Como filho da Luz!
Para refletir sobre a Páscoa de Jesus Cristo e porque compartilhar deve ser uma das incansáveis ações daqueles que ousam seguir o Mestre que passou por Nazaré da Galileia, compartilho hoje um texto de minha autoria!
Para refletir sobre a Páscoa de Jesus Cristo e porque compartilhar deve ser uma das incansáveis ações daqueles que ousam seguir o Mestre que passou por Nazaré da Galileia, compartilho hoje um texto de minha autoria!
JESUS CRISTO RESSUSCITADO,
UM DEUS INCONVENIENTE?
UM DEUS INCONVENIENTE?
Por Lucio Lopes
Eu poderia iniciar este texto explorando o que há de conveniente para que as pessoas adotem publicamente uma fé em Jesus Cristo, mas prefiro dar início à uma reflexão que nos lance a pensar justamente nas "inconveniências" que há em Jesus Cristo e que fazem as pessoas terem medo do Deus, Humanado e Ressuscitado, na dimensão daquilo que ensinou e daquilo que pediu para seus seguidores viverem como sinal de sua presença entre os homens e mulheres "deste mundo"!
Na forma dicionarizada eu utilizo aqui a palavra "inconveniente" como sinônimo de inadequado, inoportuno, dano, risco.
Ora, mas Jesus Cristo pode representar um risco aos cristãos? Eu responderia à pergunta de forma assertiva e negativa. Depende! Se o cristão for autêntico, a resposta é não! Se o cristão for imaturo para não dizer um pseudo, a resposta é sim!
Infelizmente, Jesus Cristo tornou-se, desde ainda em vida humana, inconveniente para muitos de seus seguidores. Tanto que sua morte foi política no sentido de vingar os poderosos da Palestina serviçais do Império Romano. Jesus, o Deus Humanado, foi inconveniente em toda a sua história de encarnação e humanização e essa inconveniência persiste hoje.
Tudo começa, quando Ele opta por encarnar-se entre os pobres. O problema não se esgota aí vez que Ele não apenas assume a "carne humana" entre os pobres, mas sua alma opta pela simplicidade dos pobres, e finca sua vivência entre os pobres e com os pobres, sendo um deles. Eis aqui a origem de sua inconveniência. Jesus não adaptou-se à cultura dominante de seu tempo, Jesus não levou uma vida alienada. Ao contrário, levou uma vida de militância, de conflitos.
Nunca foi diferente em toda a história da humanidade, em menor ou maior grau, as discriminações desferidas contra os pobres. Essas discriminações sempre tiveram e continuam a ter o objetivo de fazer com que o pobre sinta-se impotente em sua condição, lhe restando apenas ser um serviçal ou lacaio daqueles que se colocam acima dele na "pirâmide social".
Ele tinha uma OPÇÃO, um amor explícito pelos pobres, e não escondia sua utopia de ver os pobres revestidos da Dignidade que lhes era negada.
Jesus Cristo é inconveniente porque não apenas ensinava, senão que ele vivenciava concretamente aquilo que ensinava. Jesus é a genuína "práxis" em movimento, ou seja, a teoria encarnada na prática e vive-versa. Seus ensinamentos não são palavras vazias ou mortas, ao contrário, as palavras de Jesus são vivas e perigosas porque provocam reações odiosas entre seus oponentes. E como a harmonia da pirâmide social é sustentada em processos alienatórios, não é de se estranhar que entre aqueles que buscam alento no Mestre, também não suportem suas palavras, por estarem imersos em processos alienatórios muito bem construídos.
Jesus Cristo é inconveniente porque não apenas ensinava, senão que ele vivenciava concretamente aquilo que ensinava. Jesus é a genuína "práxis" em movimento, ou seja, a teoria encarnada na prática e vive-versa. Seus ensinamentos não são palavras vazias ou mortas, ao contrário, as palavras de Jesus são vivas e perigosas porque provocam reações odiosas entre seus oponentes. E como a harmonia da pirâmide social é sustentada em processos alienatórios, não é de se estranhar que entre aqueles que buscam alento no Mestre, também não suportem suas palavras, por estarem imersos em processos alienatórios muito bem construídos.
Ou seja, Jesus bom é Jesus fazendo "milagres". É Jesus médico das almas. É Jesus preocupado em perdoar os purgamentos dos pecadinhos de seus fieis. É o Jesus feliz com as esmolas dadas hoje como desencargo de consciência diante de uma realidade que continuará a necessitar de esmolas.
Jesus é direto, fala a linguagem do povo. Uma linguagem fácil de ser compreendida. Muito diferente da linguagem dos doutores daquele tempo que podiam encantar o ouvinte mais pela arte de falar do que por aquilo que o ouvinte era capaz de compreender, pois quase sempre o ouvinte não entendia nada.
Mas, esse Mestre galileu incomoda. Ele fala de coisas que fazem a pirâmide social estremecer. Ele é pura inconveniência!
Não é de se estranhar que Paulo de tarso - da região romana da Cilícia, o também conhecido pelo nome de Saulo, foi um dos primeiros, que não tendo convivido com Jesus Cristo, deu início a uma descaracterização aos ensinamentos de Jesus, o espiritualizando, maximizando essa imagem alienada, como alguém que se encarregava de desumanizá-lo, desencarná-lo. Ou seja, estava encarregado de fazer um Jesus adaptado aos diversos gostos. Um Jesus conveniente. O importante era aumentar o número daqueles que passavam a ser denominados de Cristãos.
Por isso mesmo, se objetivarmos compreender como se comportam as igrejas cristãs de nossos tempos, ou como se comportou a Igreja Católica, do tempo em que o Império Romano já dava sinais de decadência, quando a hora era de tornar-se refém ad infinitum nas mãos dos ricos e poderosos, que eram simbolizados no imperador de Roma Constantino I, necessitaremos especular filosoficamente como foi que Jesus passou de inconveniente para conveniente.
O Jesus inconveniente é a causa das muitas conveniências que dividem os cristãos em tantas associações/comunidades fragmentadas marcadas pelo espírito de competição (a fé ofertada como mercadoria), doutrinas moralizantes - resgatando-se valores da antiguidade judaica - e justificadoras das cruéis desigualdades sociais e culturais, centrando as vidas dos cristãos na busca de "bençãos" ou para ter vida "boa" aqui nesse mundo natural, como prega o capitalismo em oposição à perspectiva de vida boa que se tinha no período medievo.
No Evangelho de João encontramos a seguinte passagem que muito elucida esse problema: "Eu lhes tenho transmitido a tua Palavra, e o mundo os odiou, porque eles não pertencem ao mundo, como Eu não sou do mundo". [João 17§14]
É preciso compreender que na passagem textual Jesus está falando de mundo no sentido metafórico para rechaçar o "espírito do mundo" de seu tempo. Hoje podemos claramente chamar de "espírito capitalista". Este "espírito" é anticristão porque alimenta-se da exploração, da desigualdade, da concentração de riquezas, do egoísmo, do individualismo. Não pertencer a esse "mundo" é boicotar esse "espírito" do mal que cega, que "entorpece". Em outros textos retomarei este problema ao refletir como é que as igrejas de hoje distantes dos ensinamentos de Jesus fundam suas existências no culto ao "espírito do mundo".
Mas, Jesus segue seu diálogo com o Pai: "Não oro para que os tires do mundo, mas sim, para que os protejas do príncipe deste mundo". [João 17§15]
Talvez este seja de fato um milagre a ser esperado, livrar-se desse príncipe do mal. O "príncipe do mundo" parece reinar nas vidas de muitos cristãos que esvaziados dos ensinamentos de Jesus, vivem errantes orientados por "falsos pastores" que constroem discursos alienantes e ilusórios mantendo os cristãos impotentes, como massa social adestrada ao silenciamento e serviçais dos interesses políticos e econômicos dominantes. Ora, não foi justamente contra isto que escreveram os grandes pensadores do início da Modernidade e da era das Luzes? Não foi justamente a reivindicação da autonomia da razão que perseguiam? Escreverei outros textos na tentativa de pensar, para compreender como o "príncipe deste mundo" esvazia os ensinamentos de Jesus inflando a importância dos escritos de Paulo de Tarso e outros do Novo Testamento e de personagens bíblicas do Velho Testamento, em um resgate explícito de uma "teologia da retribuição" contra a qual tanto Jesus pregou ao irar-se contra os hipócritas de seu tempo que buscavam também construir uma "pirâmide da santidade" semelhante à cópia da "pirâmide social".
Continuou Jesus: "Eles não são do mundo, como também Eu não sou. Santifica-os pela tua verdade; a tua Palavra é a verdade". [João 17§16-17]
Ora, como alguém pode entender que as desigualdades sociais nas quais está mergulhado o povo pode ter sua "harmonia" sustentada na verdade? O Capitalismo é claramente um sistema econômico sustentado na mentira, na manipulação, na corrupção, na pobreza, na miséria, na venda de ilusões. Quando as igrejas encontram-se nesta dinâmica elas passam ao culto da "mentira" e não da Verdade, que é Jesus Cristo.
A mentira perde o foco da totalidade, faz com que as pessoas fragmentem a realidade e vivam em função de um eu, substancialmente egocêntrico. A religião neste contexto transforma-se em um conjunto de "empresas" que oferecem "produtos" para seus fieis (que se assemelham a clientes).
Desumanizados, os cristãos então deixam seu potencial de transformar as estruturas sociais, tornando-se completamente anêmicos ao ponto de não fazerem qualquer diferença na sociedade das massas. Vez em quando um ou outro cristão aparece entre eles tão inconveniente como o Jesus Cristo, no qual os alienados afirmam acreditar. Logo, viram alvo do ódio alheio.
A mentira perde o foco da totalidade, faz com que as pessoas fragmentem a realidade e vivam em função de um eu, substancialmente egocêntrico. A religião neste contexto transforma-se em um conjunto de "empresas" que oferecem "produtos" para seus fieis (que se assemelham a clientes).
Desumanizados, os cristãos então deixam seu potencial de transformar as estruturas sociais, tornando-se completamente anêmicos ao ponto de não fazerem qualquer diferença na sociedade das massas. Vez em quando um ou outro cristão aparece entre eles tão inconveniente como o Jesus Cristo, no qual os alienados afirmam acreditar. Logo, viram alvo do ódio alheio.
Jesus não convida seus seguidores a serem 'papagaios' do "príncipe do mundo", mas para viverem como ele viveu: "Da mesma maneira como me enviaste ao mundo, Eu os enviei ao mundo. Em benefício deles Eu me consagro, para que igualmente eles sejam consagrados pela verdade. Não oro somente por estes discípulos, mas igualmente por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da mensagem deles, para que todos sejam um, Pai, como Tu estás em mim e Eu em Ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que Tu me enviaste". [João 17§18-21]
Jesus nunca se cansa de ser inconveniente e agora diz explicitamente que a unidade daqueles que são verdadeiramente seus será o maior testemunho de que Deus é com eles. Mas unidade aqui entendida de forma holística, que fique claro!
Deus é a "comunidade perfeita" na qual devem se espelhar os verdadeiros cristãos. Cristão entendido aqui não como aquele que está associado a uma igreja, que paga dízimo, que frequenta cerimônias, nada disso! Aliás, para ser cristão não há necessidade disso. Muitas vezes, igrejas até mais atrapalham que ajudam.
"Jesus Sem-Teto"Estátua de Jesus, em tamanho natural, representado como um
sem-teto deitado num banco, envolto em um leve cobertor do qual despontam somente os pés
marcados pelos pregos da crucifixão. Nos pobres e nos últimos está o rosto da
presença de Cristo. Super realista, a obra é de autoria do escultor canadense Timothy
Schmalz (escultor canadense baseado em St. Jacobs, Ontário, Canadá. Ele se
concentra em figuras religiosas e também tem muitas peças públicas).
O verdadeiro cristão ama, o verdadeiro cristão aprende a viver na diversidade humana, o verdadeiro cristão é feliz, é luz, é paz. É um militante da vida contra as forças do mal, contra a alienação, contra os opressores!
Esse é o verdadeiro sentido de celebrar com a própria vida o Ressuscitado, não apenas em um dia do ano-calendário, mas em todos os dias em um infindável culto à vida e vida em seu sentido pleno!
Mulher e Homem precisam reaprender a ser cristão. Mas reaprender longe dos líderes religiosos de nossos tempos! Reaprender com o próprio Jesus Cristo! Mulher e Homem têm a difícil tarefa de negar e renegar quantas vezes for possível a Cultura Capitalista em sua essência que é o consumo e o individualismo, a alienação. Mulher e Homem hoje precisam reencontrar-se com os humanos para os quais a dignidade foi negada, precisam reencontrar-se com a Natureza que entregue à própria sorte pela irracionalidade capitalista, corre riscos existenciais reais.
O Homem tem todas as condições para ser melhor e tornar o mundo melhor. Mas não é isso que temos observado, no geral. Isto me faz lembrar uma passagem da entrevista do filósofo romeno Emile Michel Cioran ao dizer que "(...) aos dez anos de idade, quando tive que abandonar meu povoado e mudar-me para Hermannstadt, para estudar na escola média. Jamais esqueci essa catástrofe, essa tragédia, meu desespero naquele dia. Parecia o meu fim. Na época não havia carros, de modo que um camponês levou meu pai e eu a cavalo. O primitivo, que vivi ali, parecia-me a única vida possível. O que conta é a pré-história, isto é, o tempo anterior à entrada na consciência, na história, a vida inconsciente. A Humanidade deve seguir sendo o que é (risos), porque a História é apenas um equívoco; a consciência, um pecado; e o ser humano, uma aventura sem igual".
Talvez reaprender a ser cristão seja isso. Retornar à fonte da qual nos distanciamos, ou seja, do próprio Jesus Cristo e de seu projeto de vida plena.
Eu acredito em Jesus Cristo por seus aspectos de humanismo. O humanismo deve nos mover sempre, com todos os seus valores: Vida, Diversidade, Respeito, Conhecimento, Justiça, Equidade, Liberdade, Igualdade, Partilha! Aos que acreditam na teimosia da vida sobre a morte e militam por ela, uma Feliz e Santa Páscoa!
"Jesus mendigo". Super realista, a obra é de
autoria do escultor canadense Timothy Schmalz (escultor canadense baseado em
St. Jacobs, Ontário, Canadá. Ele se concentra em figuras religiosas e também
tem muitas peças públicas).
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