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FILOPARANAVAÍ

sábado, 4 de abril de 2015

Celebrar a vida neste domingo de Páscoa não será - pelo menos no conceito evangélico - um ato para muitos!!!


 
Questões "filosóficas" 
que urgem em meio à FESTA DA VIDA!
por Lucio LOPES_2015 


Para grande parte dos chamados CRISTÃOS de nossa atualidade o que menos importa são os sonhos coletivos do Cristo fundados na práxis do AMOR ao próximo (incluindo aí os inimigos): por AMOR CRISTÃO denota-se compartilhar, acolher, ajudar gratuitamente sem nada em troca receber, solidarizar-se, lutar contra as forças do mal, promover a paz, a igualdade e a equidade material e moral,...

NEM TODOS QUE ESTÃO CONOSCO COMPACTUAM VERDADEIRAMENTE DOS MESMOS IDEAIS COLETIVOS

Podem comer do mesmo pão, porém seus interesses egocêntricos (individualistas) falam mais alto e, são capazes dos meios mais abomináveis para satisfazerem seus apetites viscerais.



IGUAIS E DIFERENTES, IGUAIS NAS DIFERENÇAS, SER DIFERENTE FAZ TODA A DIFERENÇA...

Acostumados à imagem EUROCÊNTRICA do Jesus loiro, que nos foi imposta por séculos, hoje AQUI é substituída pela liberdade de uma imagem diferente... Deixar O VENTO SOPRAR ONDE QUISER (FRASE REVOLUCIONÁRIA DE JESUS CRISTO: JO 3,8) é deixar Deus ser DEUS. Ele não é propriedade de nenhuma religião e se manifesta onde quiser - nas religiões que não passam de criações humanas e fora delas. Ele não só se manifesta onde quer, Ele salva onde quer... 

Aqui entre nós se manifesta em Jesus Cristo; no Islã como Allāh; no Hinduísmo como Krishna; Xintoísmo como Kami; em muitas religiões tradicionais africanas, em especial na Yorubá, Olódùmarè;... Não importa...

DEUS é o BEM SUPREMO do qual devemos nos aproximar se queremos realmente ser HUMANOS em verdade. Quanto mais HUMANOS formos mais de Deus seremos... Isso vale nas religiões e fora das religiões.

Saber conviver com as diferenças é uma arte para poucos uma vez que fomos educados em uma cultura eurocêntrica excludente e vivemos em um Sistema Econômico que aprofundou e malignizou ainda mais essas formas perversas de exclusão. 

Quem sabe, a Páscoa, não seja uma data importante para refletirmos sobre nossa capacidade de conviver e acolher os diferentes naquele 'chão' que realmente importa, o 'chão' de nossa vida do dia-a-dia...


Preâmbulo: (...) Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo... Disponível em[http://unicrio.org.br/]


Páscoa deveria ser a celebração da VIDA; afinal de contas esta festa rememora a Ressurreição de Jesus Cristo, daquEle que foi o propalador da Religião do amor, da solidariedade, da paz, da justiça e da equidade...

Mas como celebrar a VIDA em tempos que a MORTE é soberana?


Como celebrar a vida quando a Religião do amor foi engessada e transformada em instituições "escravocratas" que impedem a FÉ cristã cumprir seu papel? 

Como celebrar a vida se depois de 2000 anos de cristianismo o Ocidente continua a ceifar vidas pela Violência insana culturalmente disseminada em meio às desigualdades sociais gritantes desde os planos de poderes entre nações, entre continentes e intra nacionais? 

Como celebrar a vida quando a Religião que se arroga disseminadora do projeto de Cristo - está dividada em centenas, milhares, de comunidades que duelam entre si para se saber qual delas é a autêntica de Cristo? 

Como celebrar a vida se a Religião Cristã foi definitivamente cooptada pelo Sistema Econômico Capitalista, subvertendo a ordem dos valores da Cultura do SER pelos da Cultura do TER? 

Como celebrar a vida se estas comunidades religiosas - católicas, evangélicas e tantas outras denominações - vivem, apesar de negarem e dizerem ser para as obras de evangelização que pedem dinheiro, ouro, casas, e outros bens de seus fiéis? 

Como celebrar a vida quando os fiéis religiosos, em sua maioria, vão aos templos buscar apenas MILAGRES e se sentirem bem consigo mesmos em um autêntico culto egocêntrico; reunindo-se em grandes concentrações populares onde um líder os conduzem a seu bel prazer? 

Como celebrar a vida se causas centrais do Cristo - justiça e equidade - são apenas adornos românticos em momentos esporádicos no interior da religião cristã - fundamentalmente romantizadas por pseudas solidariedades, muitas das vezes "virtuais" para ajudar os de longe...??? Pois é mais fácil amar os ausentes do que os presentes...

Como celebrar a vida se a religião do amor converteu-se em religião do desamor; que romantiza dogmaticamente as causas do aborto e da homossexualidade; que impõe sua moral fechada no conjunto de nossas leis; que não deixa o Estado Laico florescer para todos? Que por outros meios que não os da Idade Média - onde matava sem qualquer constrangimento ou pudor em praças públicas - continua a impedir e caçar os que lutam por justiça e equidade? 

Como celebrar a vida se o rosto autêntico do Deus da Vida continua sendo o do Cristo na Cruz, um rosto desfigurado e perpetuado desde que o Imperador Constantino tornou o cristianismo aceito em Roma? 

Como celebrar a vida em meio a um Sistema Econômico - denominado CAPITALISTA - a serviço do DIABO - aquele que divide? Sistema para o qual o que menos vale é o Homem em sua Humanidade, o Homem em sua coletividade, o Homem em sua autonomia cidadã? 

Como celebrar a vida em meio à violência gerada por este sistema que destrói desde o Planeta, perpassando este processo destrutivo pela sociedade e chegando aos índivíduos? 

Como celebrar a vida em uma sociedade PRECONCEITUOSA e discriminatória como a nossa Brasileira? Sociedade que pouco cultua os conhecimentos filosóficos e científicos e vive imersa em dogmas moralistas cristãos julgando e condenado as minorias como homossexuais e grupos sociais históricamente relegados à marginalidade - como os povos nativos, por ex., nossos indígenas?

Como celebrar a vida em uma sociedade que cultua o lixo televisivo global e de outras emissoras - "BBB"- em uma afronta direta a direitos construídos e adquiridos historicamente como o da não invasão arbitrária da intimidade alheia? Como celebrar a vida se as pessoas perderam o bom senso que pauta os limites de nossos direitos e deveres? 

Como celebrar a vida em uma sociedade marcada pela violência cotidiana e que em vez de enfrentá-la inventa neuroses coletivas como "pedofilia" e agora mais recentemente - por incapacidade criacional importam a neura e de quebra o termo "bullying"? Para esvaziar o debate sobre o enfrentamento do preconceito e combate às discriminações...

Como celebrar a vida quando as pessoas não percebem que o Sistema dita a pauta de nossas discussões e ficamos dele refém perpetuando a violência e não o contrário, que seria seu enfrentamento? Reforçando os interesses do OPRESSOR contra os oprimidos...

Como celebrar a vida quando as pessoas não percebem que o problema das drogas não encontra-se nas esquinas em meio aos juvenis que "fumam" ou "cheiram", que a polícia insiste em incomodar com suas arrogantes batidas e revistas? Se quem  mata de imediato é o tráfico e não as drogas...

Como celebrar a vida se a sociedade não percebe ou não quer enfrentar aqueles que promovem o submundo das drogas e se escondem atrás de status quo - engravatados, em mansões altamente protegidas por todas as tecnologias disponibilizadas no mercado, apoiados pela banda podre dos governos, das polícias, da judiciário, benesses adquiridas com o dinheiro oriundo do tráfico e das vidas juvenis ceifadas todos os dias? 

Como celebrar a vida com um sistema judiciário que é extremamente lento e beneficia quem tem dinheiro no bolso - bastando para constatar isso obeservar as origens e condições sociais dos sujeitos predominantes em nossos presídios- porque será? 

Como celebrar a vida com um sistema carcerário que joga no mesmo espaço criminosos de práticas díspares e ainda querem alegar que o sistema recupera o indivíduo para reinseri-lo novavemente no convívio social? 

Como celebrar a vida em um país onde a corrupção é tida como normal; onde os maus políticos são eleitos e se reelegem sempre; onde os eleitores se esquecem no dia seguinte de um pleito em quem votou - impossibilitando qualquer controle dos atos de seus políticos; onde os eleitores não sabem a diferença entre um projeto político neoliberal de um social? Onde os eleitores pobres - em sua maioria - votam em candidatos ricos e não percebem que os eleitores ricos jamais votarão em candidatos pobres? 

Como celebrar a vida em meio a um Sistema Econômico tão desgraçado como este o Capitalista? Que faz dos ricos cada vez mais ricos e dos pobres cada vez mais pobres...

Celebrar a vida é acreditar nos movimentos sociais, nas ONGs, no CONHECIMENTO a serviço do Homem e da Vida; acreditar na cidadania Plena, na autonomia do Homem Cidadão;acreditar que o Estado Laico vai imperar na disseminação dos direitos para todo o conjunto da sociedade... 

Celebrar a Páscoa - definitivamente não pode continuar no romantismo com o qual tudo dita o Sistema

Celebrar a VIDA nessa Páscoa é para quem consegue se solidarizar com seu irmão... Tenho comida e luto com aqueles que não têm para que conquistem esse direito; tenho casa e luto com os sem tetos para que possam adquirir esse direito; tenho renda mensal para ter uma vida tranquila e luto com milhões de famílias que dependem do Bolsa Família para que um dia também possam ter vida tranquila; sou heterossexual e luto com a comunidade LGBT para que esses sujeitos excluídos de nossa sociedade possam um dia ter direitos equiparados; não sou mulher mas luto pelo fim da violência contra elas e pela equiparação de direitos de gêneros; não sou indígena mas luto para que os povos indígenas tenham seus direitos garantidos; não sou negro mais luto para que a população negra seja respeitada e goze de todos os direitos que lhes são de direito como a qualquer branco; não sou de Candomblé mas luto para que todas as religiões sejam tratadas igualitariamente e respeitadas, etc...

Celebrar a vida neste domingo de Páscoa não será - pelo menos no conceito evangélico - um ato
para muitos!!!

Filoparanavai 2015

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