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FILOPARANAVAÍ

terça-feira, 8 de outubro de 2013

PRÁTICA DE PRODUÇÃO DE TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO: Opinião, argumentação, proposta.





A distinção entre Público e Privado; Subjetividade e Objetividade; Senso Comum e Senso Religioso; Filosofia e Ciência; Razão e Crença; é fundamental para um processo que parta de nossas verdades subjetivas, perpasse nossas verdades intersubjetivas expressadas por nossas opiniões e pelo raciocínio lógico demonstrativo/argumentativo possamos chegar às verdades objetivas, reforçando nossa autonomia em relação à uma leitura mais objetiva das realidades que nos cercam, para além de nossas verdades absolutizadas no âmbito da subjetividade [crenças, sentimentos, gostos]. 

Só assim poderemos construir subjetividades autônomas e uma sociedade marcada por relações intersubjetivas que prezem pela tolerância às diversidades pautada pelo respeito mútuo. Antes de tudo, o texto seguinte pode nos auxiliar em uma compreensão mais extensa sobre o que é a opinião e a argumentação em contraponto ao pensamento crítico.

Opinião e Argumentação 
Filosofia e pensamento crítico. 

O pensamento crítico é de algum modo o oposto do sexo na época vitoriana. Na época vitoriana o sexo era uma coisa que toda a gente conhecia e no qual toda a gente pensava, mas de que quase ninguém falava. O pensamento crítico, em Portugal, é uma coisa de que toda a gente fala, mas quase ninguém realmente pensa criticamente nem sabe o que é tal coisa.

A ideia generalizada é que o pensamento crítico consiste em "dar a nossa opinião". Isto está tão próximo da verdade como dizer que uma bicicleta é uma coisa com rodas. Uma bicicleta é de fato uma coisa com rodas, mas não basta que algo tenha rodas para que seja uma bicicleta. Do mesmo modo, o pensamento crítico passa certamente por "dar a nossa opinião" — mas isso não é suficiente. Podemos perfeitamente dar a nossa opinião e não estarmos de modo algum a pensar de modo crítico — na verdade, basta ouvir os políticos e os nossos grandes "intelectuais" a falar na televisão para assistir a esse espetáculo degradante.

Pensar de forma crítica é saber defender as nossas opiniões com argumentos rigorosos, claros e sistemáticos. E é neste aspecto que a filosofia, encarada como uma forma de pensamento crítico, se aproxima da ciência. É que quer a ciência quer a filosofia, praticadas no seu melhor, são um apelo constante ao pensamento crítico, à argumentação — a diferença entre ambas repousa unicamente no tipo de argumentos exigidos. Não basta a um físico dizer que refutou a teoria de Einstein: ele terá de dizer rigorosamente que aspecto da teoria de Einstein ele afirma que refutou e terá de apresentar argumentos poderosos, alguns dos quais de caráter experimental, para sustentar a sua afirmação.

Do mesmo modo, em filosofia, não basta afirmar que "o homem é um ser situado"; é preciso começar por esclarecer o que quer tal coisa dizer realmente, e depois é preciso apresentar argumentos rigorosos, sistemáticos e claros que sustentem tal afirmação. Infelizmente, quem afirma este tipo de coisa em filosofia começa logo por nem esclarecer o que quer dizer a própria expressão de partida, pelo que nem vale a pena dar-lhes ouvidos.


O pensamento crítico é o pensamento que sabe usar os instrumentos argumentativos à nossa disposição, que são disponibilizados pela lógica formal e informal. Pensar criticamente é saber sustentar as nossas opiniões com argumentos sólidos e não cometer falácias nem basear as nossas opiniões em jogos de palavras e em maus argumentos de autoridade.

A filosofia e o pensamento crítico são a nossa melhor defesa contra a superstição. Perante as afirmações temerárias dos astrólogos, dos líderes religiosos e dos nossos políticos, a filosofia e o pensamento crítico dão-nos instrumentos para refletir sistemática, rigorosa e claramente, de modo a determinarmos se isso que eles dizem é ou não realmente sustentável.


Ora, a humanidade não irá sobreviver se for incapaz de encontrar soluções criativas e seguras para os problemas que enfrenta, e se substituir estas pelas soluções obscurantistas dos que defendem antes de mais a autoridade religiosa, a atitude acrítica perante a astrologia e outras pseudociências e a passividade perante as propostas tantas vezes absurdas dos nossos políticos. E os desafios que teremos de enfrentar a longo prazo, como espécie, são muito maiores do que a generalidade das pessoas pensa, pelo que a necessidade de um pensamento límpido e solidamente ancorado em bons argumentos é incontornável.

A filosofia e o pensamento crítico permitirão conceber soluções criativas e sustentadas para os problemas que enfrentamos. Por exemplo, a tecnologia médica permite-nos hoje manter pessoas vivas, em estado vegetativo, durante anos. Isto representa um problema ético a que temos de dar uma resposta clara, baseada em argumentos claros e sólidos, em vez de darmos uma resposta baseada em pressupostos religiosos dúbios. A filosofia ajuda-nos a encontrar essas respostas, precisamente. Este é apenas um exemplo; há muitos mais, como os problemas relacionados com a pobreza no mundo, com os refugiados e com a ecologia.

A filosofia e o pensamento crítico implicam a tolerância e o respeito, que tanta falta fazem no mundo contemporâneo. A filosofia e o pensamento crítico exigem uma postura de cordialidade atenta, pois temos de escutar cuidadosamente os argumentos das outras pessoas para, juntos, encontrarmos argumentos melhores e soluções mais adequadas. O nosso futuro como espécie depende em grande parte da capacidade que tivermos para cultivar o pensamento crítico — essa atitude que a ciência descobriu nos séculos XVII e XVIII e que a filosofia aprofundou nos séculos XIX e XX. Compete a cada um de nós, profissionais da ciência e da filosofia, divulgar não apenas os conteúdos próprios de cada uma das nossas áreas do conhecimento, mas também essa atitude que constitui o maior monumento alguma vez erguido por mão humana: o pensamento crítico e a inteligência clara. [Texto de Desidério Orlando Figueiredo Murcho (18 de Maio de 1965) é um filósofo, professor e escritor português. Disponível em: criticanarede.com/‎]


Proposta de REDAÇÃO / Formato ENEM 

[Ninguém = Ninguém / Engenheiros do Hawaii / Composição: Humberto Gessinger] Há tantos quadros na parede / há tantas formas de se ver o mesmo quadro / há tanta gente pelas ruas / há tantas ruas e nenhuma é igual a outra / (ninguém = ninguém) / me espanta que tanta gente sinta / (se é que sente) a mesma indiferença / há tantos quadros na parede / há tantas formas de se ver o mesmo quadro / há palavras que nunca são ditas / há muitas vozes repetindo a mesma frase / (ninguém = ninguém) / me espanta que tanta gente minta / (descaradamente) a mesma mentira / todos iguais, todos iguais / mas uns mais iguais que os outros. 

[Uns Iguais Aos Outros – Titãs. Composição: Charles Gavin, Sérgio Britto] Os homens são todos iguais / (...) / Brancos, pretos e orientais / Todos são filhos de Deus / (...) / Kaiowas contra xavantes / Árabes, turcos e iraquianos / São iguais os seres humanos / São uns iguais aos outros, são uns iguais aos outros / Americanos contra latinos / Já nascem mortos os nordestinos / Os retirantes e os jagunços / O sertão é do tamanho do mundo / Dessa vida nada se leva / Nesse mundo se ajoelha e se reza / Não importa que língua se fala / Aquilo que une é o que separa / Não julgue pra não ser julgado / (...) / Tanto faz a cor que se herda / (...) / Todos os homens são iguais / São uns iguais aos outros, são uns iguais aos outros. 

A cultura adquire formas diversas através do tempo e do espaço. Essa diversidade se manifesta na originalidade e na pluralidade de identidades que caracterizam os grupos e as sociedades que compõem a humanidade. Fonte de intercâmbios, de inovação e de criatividade, a diversidade cultural é, para o gênero humano, tão necessária como a diversidade biológica para a natureza. Nesse sentido, constitui o patrimônio comum da humanidade e deve ser reconhecida e consolidada em benefício das gerações presentes e futuras. [UNESCO. Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural. Disponível em: http://unesdoc.unesco.org/

Todos reconhecem a riqueza da diversidade no planeta. Mil aromas, cores, sabores, texturas, sons encantam as pessoas no mundo todo; nem todas, entretanto, conseguem conviver com as diferenças individuais e culturais. Nesse sentido, ser diferente já não parece tão encantador. Considerando a figura e os textos acima como motivadores, redija um texto dissertativo-argumentativo a respeito do seguinte tema. 

O desafio de se conviver com a diferença Ao desenvolver o tema proposto, procure utilizar os conhecimentos adquiridos e as reflexões feitas ao longo de sua formação. Selecione, organize e relacione argumentos, fatos e opiniões para defender seu ponto de vista e suas propostas, sem ferir os direitos humanos.

Observações: 
1. Seu texto deve ser escrito na modalidade padrão da língua portuguesa. 
2. O texto não deve ser escrito em forma de poema (versos) ou narração. 
3. O texto deverá ter entre 15 (mín.) e 20 (máx.) linhas. 
4. Escreva primeiro um rascunho e depois passe a limpo. 
5. A redação deve ser escrita à caneta azul ou preta.



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