sábado, 25 de abril de 2020

Brasil, um país mergulhado no nonsense neofascista

Sérgio Moro caiu atirando 
contra o presidente 
Jair Bolsonaro, 
em uma grande ironia, 
pois o governo que gosta 
de dar tiros 
foi alvejado 
com 'fogo amigo'

"Um time de monstros"

OPINIÃO
Lucio Lopes

O Brasil vive um momento surreal, parece que Deus tirou férias e levou consigo a razão coletiva. Estamos entregues às trevas e ao horror cotidiano -  como bem retratou Jamil Chade em seu artigo de opinião: Irrompem os monstros do Brasil

Vivemos uma grande crise política como um ingrediente a mais em meio ao caos econômico e sanitário. 

De um lado, a pandemia atinge a parcela vital da economia que é a produção e o consumo e, assim, empregos desaparecem. Em decorrência disso a  pobreza e a miséria disparam, trazendo uma violência social que, se já era enorme antes da pandemia, tende a aumentar nos próximos meses. O governo plutocrata e neofascista não quer saber do povo. Aliás, o povo nunca está entre suas prioridades.

Sem governo federal ativo e eficiente, nem os números de infectados e mortos pelo Novo Coronavírus (Covid-19) são reais. Existe uma subnotificação  que expressa a cara do atual governo brasileiro, mergulhado em fake news. Brasil é um dos países que menos realiza testes para covid-19, mas um dos que mais enterra tendo como motivo dos óbitos, problemas respiratórios graves. 

Diz o ditado que desgraça pouca é bobagem. Depois da crise política na troca de ministros na pasta da saúde para satisfazer caprichos do homem que brinca de ser presidente em Brasília, no Distrito Federal, agora a situação apenas piorou um pouco mais. 

O Ministro da Saúde, Nelson Luiz Sperle Teich, ignora subnotificação ao dizer que Brasil tem 'melhor' desempenho contra o coronavírus e defende publicamente que a população seja infectada em sua maioria para ser imunizada, fazendo assim, apologia explícita ao fim das quarentenas mais rígidas que foram impostas em muitas cidades brasileiras para conter a disseminação do vírus e proteger o caótico sistema de saúde de uma falência geral.   

Ora, foi justamente para isso que Bolsonaro trocou Mandetta por Teich. O novo ministro da Saúde será apenas mais um serviçal bolsonarista trabalhando contra o Brasil e, que ajudará no projeto genocida, em curso  no país, por conta de uma pandemia que com certeza eliminará milhares de milhares de pobres - seja por conta de um sistema de saúde sucateado, especialmente entre 2016 a 2020; ou seja por conta da degradação social em decorrência das políticas de sucateamento dos serviços públicos e, ainda, veloz piora do cenário econômico, sem muitas perspectivas de melhora para o povo se considerarmos que a Cartilha Neoliberal está sendo seguida pelo governo atual. A pandemia deixa as desigualdades sociais ainda mais visíveis. 

Feitas essas considerações, agora me ocupo da queda do 'super' Ministro da Justiça, Sérgio Moro. 

O ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro deixou o Governo na sexta-feira 24/04. Moro comunicou sua demissão do Ministério da Justiça e Segurança Pública em um discurso duro, em que acusou o presidente Jair Bolsonaro de interferir politicamente no trabalho da Polícia Federal. A saída dele aconteceu após a exoneração do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, oficializada na manhã daquela sexta-feira. Moro afirmou que Bolsonaro, desde o ano de 2019, pede a troca do comando por alguém a quem “pudesse ligar para colher informações" sobre investigações.  

Não tenho dúvidas de que Moro fala a verdade ao acusar o presidente Jair Bolsonaro de interferir politicamente no trabalho da Polícia Federal. Bolsonaro e seu clã é alvo de investigações que explodiram às vésperas de sua posse. 

É fato notório que há interferência. Quando propaga-se a ideia que no governo Bolsonaro não há corrupção e/ou ela diminuiu; quando tínhamos um ministro da Justiça que se calava diante dos possíveis crimes da organização Bolsonaro; quando acompanhamos o  fim dos espetáculos circenses proporcionados pela mídia mediante operações da PF que diminuíram drasticamente; quando a justiça silenciou o Adélio Bispo e a verdade sobre a suposta facada que ninguém viu não aparece; quando as mortes de Marielle Franco, Gustavo Bebbiano, Adriano Nóbrega, seguem enigmáticas; quando Fabrício Queiroz segue protegido sem prestar constas à Justiça; quando Michel Temer e o mineirinho Aécio Neves seguem livres e soltos diante de 'provas' de crimes; quando  dentre outros muitos fatos  demonstrarm que a  'verdade' no Brasil tornou-se algo cada vez mais escasso.

Por ironia, o ex-juiz Sérgio Moro deixou o governo fazendo uma acusação de 'interferência política' do presidente na Polícia Federal, semelhante em algum grau, à acusação que sobre ele mesmo recaiu após as explosivas revelações do Site The Intercept

Moro extrapolou o seu papel de juiz e manipulou processos de forma política e criminosa. Mas, como estamos no Brasil, ele foi premiado com o cargo de Ministro da Justiça, justamente por ter pavimentado o caminho para o neofascista Bolsonaro ser eleito em um pleito sem Lula, sem debate, com uma facada que ninguém viu e que serviu para sensibilizar parcela significativa da população e, uma eficiente fábrica de notícias falsas que ainda contínua em operação, segundo acusações,  dentro do Palácio do Planalto, denominada de "Gabinete do Ódio". No momento, uma comissão parlamentar mista de inquérito (CPI) das Fake News, tenta compreender essas operações criminosas.

O Deputado Federal Paulo Pimenta deixou Moro sem respostas

O colunista Jeferson Miola, no BRASIL 247, lembrou que:  "(...) No período bolsonarista, Moro atendeu servilmente a todos os interesses dos Bolsonaro.

A coleção de crimes de prevaricação, omissão, advocacia administrativa e outros crimes cometidos por Moro, o gângster que a partir de agora será adotado pela Rede Globo para representar os interesses eleitorais da oligarquia calhorda, preencheriam uma enciclopédia:

– Moro prevaricou no caso do laranjal do PSL;
– obstruiu a investigação e mentiu em relação às denúncias da Vaza Jato;
– prevaricou em relação às milícias bolsonaristas digitais;
– prevaricou em relação ao atentado terrorista do militante do PSL contra a sede do Porta dos Fundos e permitiu a fuga do criminoso do país;
– tentou destruir provas dos supostos hackers e vazou informações das investigações a autoridades implicadas;
– prevaricou em relação ao tráfico de 39 kg de cocaína no AeroCoca presidencial da FAB;
– prevaricou na investigação do tráfico internacional de armas por Ronnie Lessa, vizinho de Condomínio de Bolsonaro e acusado do assassinato de Marielle e Anderson;
– prevaricou ao não incluir o nome de Adriano da Nóbrega, o miliciano preferido dos Bolsonaro, da lista de bandidos mais procurados do país e etc, etc.


Por todos estes crimes – e também por outros a serem relembrados e que não foram arrolados neste rápido repertório feito de memória – é incontornável que juristas analisem os fatos e promovam no judiciário as ações que correspondem contra Moro".

Importante lembrar que o anunciar a demissão do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro denunciou reiteradas tentativas do presidente Jair Bolsonaro de interferir politicamente na Polícia Federal. O ministro chegou a pontuar, no discurso, que durante os governos petistas, de Lula e Dilma Rousseff, não houve interferências nos trabalhos na PF durante as investigações da Lava-jato, e que isso foi de extrema importância para os resultados.

Ora, isto não é novidade. Os governos Lula e Dilma criaram mecanismos e investimentos para o combate aos crimes de corrupção. É muito possível que nenhum outro governo em toda nossa história tenha combatido tanto a corrupção como fizeram os governos Lula e Dilma. A corrupção é uma praga necessária à sobrevivência do capitalismo. No Brasil ela tem proporções e ramificações gigantescas. 

É claro que é fácil disseminar que 'Lula é ladrão', que o 'PT roubou', como fazem as milícias digitais bolsonarianas. Quando há vontade de combater a corrupção ela certamente aparecerá, porém aquilo que aparece não é nada diante da realidade. Imagine então que quando não há essa vontade, como acontece no governo atual, a sensação da população ignorante é que não há corrupção. Acreditam que a corrupção não existe ou está sob controle. Pobres mortais!

Lula e Dilma são 'caçados' pela elite corrupta desse país justamente porque ousaram incomodar os grandes corruptos e corruptores. Mas antes de chegar a eles manipularam perfeitamente os instrumentos de combate à corrupção colocando-os justamente contra os governos petistas. O Mensalão do PT e a Lava Jato fazem parte desse jogo de esvaziamento do poder do PT. Mesmo assim, foi fato notório que Lula e Dilma jamais interferiram. 

Fato  este confirmado na sexta (24) mas também confirmado em 2017 pelo próprio Sérgio Moro: Ele citou os investimentos feitos por Lula na Polícia Federal em seu primeiro mandato, a criação da Controladoria-Geral da União (CGU), em 2003, e a "preservação da independência" do Ministério Público Federal (MPF) por meio da escolha de um procurador-geral indicado por seus pares."É forçoso reconhecer o mérito do Governo do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva no fortalecimento dos mecanismos de controle, abrangendo a prevenção e repressão, do crime de corrupção", escreveu o juiz.

Em relação a acusação levantada por Moro contra Bolsonaro, ninguém melhor do que Luis Inácio Lula da Silva, expressou a dicotomia insanável de Moro ao acusar alguém de um 'crime'semelhante praticado por ele mesmo frente à Lava Jato: "(...) Nessa disputa toda, os dois são bandidos, mas é o Bolsonaro que é a cria e não o contrário. E os dois são filhos das mentiras inventadas pela Globo".
De fato, o Jornal Nacional da Globo, no dia 24/04 deu uma aula de como se faz o jornalismo de esgoto. A Globo desde a ditadura militar de 64 especializou-se em manipular as informações a serviço dos interesses dos donos do capital financeiro nacional e estrangeiro. Isto não é novidade para ninguém que tem o mínimo de formação política. Obviamente ela iria fazer uma defesa endeusadora de Moro e cuidadosa com Bolsonaro. Os dois servem aos interesses de seu scripting jornalístico. 

A manipulação é tão escancarada que o seu péssimo e parcial jornalismo não foi capaz de lembrar que Moro foi recentemente desmoralizado internacionalmente, ao ser apresentado com fartas provas, como um contumaz manipulador político da força tarefa Lava Jato.  Era o momento de dar voz a Lula ou Dilma, mas não ocorreu isso. A Globo lambuzou seus beiços com o prato do dia oferecido pela dupla Bolsonaro e Moro. Este segundo é o candidato da Globo, da Direita brasileira, para 2022.  

Neste sentido, as reflexões do ex-presidente são muito pertinentes:

Por sua vez, a ex-presidenta Dilma Rousseff também foi enfática ao expôr o cinismo do ex-juiz Sérgio Moro: 
O ex-candidato do PT à presidência, Fernando Haddad, fez uma série de tweets bastante didáticos para compreendermos o drama brasileiro.

Em suma, o Brasil segue sangrando! Parece ser um castigo aos "três pecados capitais" cometidos nos últimos anos: O GOLPE CONTRA DILMA, a prisão de Lula sem provas e, portanto, sem crime; e a eleição de um neofascista que tem 30 anos de uma imprestável carreira política. O problema disso tudo é que os mais pobres pagam a conta em primeiro lugar!

Para finalizar ainda abordando o 'espetáculo deprimente da sexta 24', disponibilizo dois vídeos - abaixo - que tratam a política com 'humor' porém, com muita responsabilidade e seriedade. 

Moro pede demissão e detona Jair, Carluxo e Dudu Bolsonaro | Galãs Feios


   Moro, Bozo e Zambelli: a sexta mais bizarra da história | Galãs Feios
 


Em tempo, é bom lembrar que a fome está de volta à América Latina. O agravamento da pobreza já era um problema antes da pandemia, agora tende a ser aprofundado. 
A fala do ex-presidente, na entrevista, expressa um velho drama vivenciado em nossa região continental. 



A Fome, especialmente no Brasil, é um escândalo injustificável. Pois somos o maior produtor de alimentos da região e o quarto maior produtor mundial. A onda neoliberal que tomou conta da América Latina casada com o neofascismo como por exemplo no Brasil, relegou o povo ao segundo plano. Para o neoliberalismo, primeiro vem o Capital, se sobrar alguma coisa então vai para o povo. Para o neofascismo em primeiro lugar vem a 'moralidade'. Por exemplo, impedir o casamento gay vem antes da preocupação em criar projetos de governo para combater a fome. 


FILOPARANAVAÍ © ²º20 

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