MITO GREGO
A Ilíada (do grego Iλιάς, Ilias) é um poema épico grego e
narra uma série de acontecimentos ocorridos durante o décimo e último ano da
Guerra de Troia. O título da obra deriva do nome grego de Troia, Ílion.
Odisseia de Homero - A Odisseia narra a história de Ulisses,
que depois de passar 10 anos na Guerra de Troia, leva mais 17 anos para voltar
para casa, passando por muitas aventuras no caminho. Este é, depois da Ilíada,
o principal texto que foi reunido sob o nome de Homero na cultura grega. Vem do
nome do seu personagem principal, Odisseu – ou, como ficou conhecido pela
tradução latina, Ulisses. Diferentemente do primeiro livro, não narra feitos
bélicos nem se restringe a um local isolado, mas trata de viagens e aventuras
desse que foi um dos heróis da guerra de Troia.
A Ilíada e a Odisseia são comumente atribuídas a Homero, que
acredita-se ter vivido por volta do século VIII a.C. na Jônia ( lugar que hoje
é uma região da Turquia), e tratam-se dos mais antigos documentos literários
gregos a sobreviverem aos nossos dias. Porém, até hoje se debate a existência
desse poeta e se os dois poemas foram compostos pela mesma pessoa.
Visão geral
A Ilíada é composta de 15.693 versos em hexâmetro dactílico,
que é o formato tradicional da épica grega. Hexâmero é um verso composto de
seis sílabas poéticas e dactílico faz alusão ao ritmo do poema, composto de uma
sílaba longa e duas breves, já que o grego (e o Latim) não possuem sílabas
tônicas, e sim breves e longas.
A linguagem utilizada é o grego, num dialeto Jônico, e
acredita-se que a Ilíada venha da tradição oral, ou seja, era cantada pelo
rapsodo. Existem diversas seções que se repetem, como “ganchos” que
facilitariam a memorização pelos aedos, indicando sua natureza de obra
transmitida oralmente. Só muito mais tarde os versos foram compilados numa
versão escrita, no século VI a.C. em Atenas. O poema foi então posteriormente
dividido em 24 Cantos, divisão que persiste até hoje. A divisão é atribuída aos
estudiosos da Biblioteca de Alexandria, mas pode ser anterior.
Os gregos acreditavam que a guerra de Troia era um fato
histórico ocorrido durante o período micênico, durante as invasões dóricas, por
volta de 1200 a.C.. Entretanto há na Ilíada descrições de armas e técnicas de
diversos períodos, do micênico ao século VIII a.C., indicando ser este o século
de composição da epopeia.
A Ilíada influenciou fortemente a cultura clássica, sendo
estudada e discutida na Grécia (aonde era parte da educação básica) e,
posteriormente, no Império Romano. Sua influência pode ser sentida nos autores
clássicos, como na Eneida, de Virgílio.
Até hoje considerada uma das obras mais importantes da
literatura mundial.
Argumento
A Ilíada se passa durante o décimo e último ano da guerra de
Troia e trata da ira do herói e semideus Aquiles, filho de Peleu e Tétis. A ira
é causada por uma disputa entre Aquiles e Agamémnom, comandante dos aqueus e
consumada com a morte do herói troiano Heitor (ou Héctor, como também é
traduzido o nome, especialmente na versão de Haroldo de Campos, de 2002),
terminando com seu funeral.
Embora Homero se refira a uma grande diversidade de mitos e
acontecimentos prévios, que eram de amplo conhecimento dos gregos e, portanto
da sua platéia, a história da guerra de Troia não é contada em sua íntegra.
Dessa forma, o conhecimento prévio da mitologia grega acerca da guerra é
relevante para a compreensão da obra.
A guerra de Troia
Os gregos antigos acreditavam que a guerra de Troia era um
fato histórico, ocorrido por volta de 1200 a.C. no período micênico, mas
estudiosos atuais tem dúvidas se ela de fato ocorreu. Até a descoberta do sítio
arqueológico na Turquia, em Anatólia, se acreditava que Troia era uma cidade
mitológica.
A Guerra de Troia se deu quando os aqueus atacaram a cidade
de Troia, buscando vingar o rapto de Helena, esposa do rei de Esparta, Menelau,
irmão de Agamémnom. Os aqueus eram os povos que hoje conhecemos como gregos,
que compartilhavam uma cultura e língua comuns, mas na época se enxergavam como
vários reinos, e não como um povo só.
A lenda conta que a deusa (ninfa) do mar Tétis era desejada
como esposa por Zeus e seu irmão Poseidon. Porém Prometeu fez uma profecia que
o filho da deusa seria maior que seu pai, então os deuses resolveram dá-la como
esposa a Peleu, um mortal já idoso, intencionando enfraquecer o filho, que
seria apenas um humano. O filho de ambos é o guerreiro Aquiles e sua mãe,
visando fortalecer sua natureza mortal, o mergulhou quando ainda bebê nas águas
do mitológico rio Estige. As águas tornaram o herói invulnerável, exceto no
calcanhar, por onde a mãe o segurou para mergulhá-lo no rio (daí a famosa
expressão “calcanhar de Aquiles”, significando ponto vulnerável). Aquiles se
torna o mais poderoso dos guerreiros, porém, ainda é mortal. Mais tarde, sua
mãe profetisa que ele poderá escolher entre dois destinos: lutar em Tróia e
alcançar a glória eterna, mas morrer jovem ou permanecer em sua terra natal e
ter uma longa vida, porém ser logo esquecido.
Para o casamento de Peleu e Tétis todos os deuses foram
convidados, menos Éris, ou Discórdia. Ofendida, a deusa compareceu invisível e
deixou à mesa um pomo de ouro com a inscrição “à mais bela”. As deusas Hera,
Atena e Afrodite disputaram o título de mais bela e o pomo. Zeus então ordenou
que o príncipe troiano Páris, à época sendo criado como um pastor ali perto,
resolvesse a disputa. Para ganhar o título de “mais bela”, Atena ofereceu a
Páris poder na batalha, Hera o poder e Afrodite o amor da mulher mais bela do
mundo. Páris deu o pomo à Afrodite, ganhando assim sua proteção, porém atraindo
o ódio das outras duas deusas contra si e contra Troia.
A mulher mais bela do mundo era Helena, filha de Zeus e
Leda. Leda era casada com Tíndaro, rei de Esparta. Helena possuía diversos
pretendentes, que incluíam muitos dos maiores heróis da Grécia, e o seu pai
adotivo, Tíndaro, hesitava tomar uma decisão em favor de um deles temendo
enfurecer os outros. Finalmente um dos pretendentes, Odisseu (cujo nome latino
era Ulisses), rei de Ítaca, resolveu o impasse propondo que todos os
pretendentes jurassem proteger Helena e sua escolha, qualquer que fosse. Helena
então se casou com Menelau, que se tornou o rei de Esparta.
Quando Páris foi a Esparta em missão diplomática, se
enamorou de Helena e ambos fugiram para Troia, enfurecendo Menelau. Este apelou
aos antigos pretendentes de Helena, lembrando o juramento que haviam feito.
Agamémnom então assumiu o comando de um exército de mil naus e atravessou o Mar
Egeu para atacar Troia. As naus gregas desembarcam na praia próxima a Troia e
iniciam um cerco que iria durar 10 anos e custaria a vida muitos heróis de
ambos os lados. Finalmente, seguindo um estratagema proposto por Odisseu, o
famoso Cavalo de Troia, os gregos conseguem invadir a cidade governada por
Príamo e terminam a guerra.
A Ilíada não conta o final da guerra, nem narra a morte de
Aquiles.
Personagens principais
A Ilíada é um poema extenso e possui uma grande quantidade
de personagens da mitologia grega e Homero assumia que seus ouvintes estavam
familiarizados com esses mitos, o que pode causar confusão no leitor moderno.
Segue um resumo dos personagens que tomam parte na Ilíada:
Os Aqueus
Os gregos antigos não se enxergavam como “gregos” ou
“Helênicos”, denominação posterior, mas como “aqueus”, compostos por diversos
povos de diversos reinos que tinham uma língua e cultura razoavelmente
compartilhada. Os aqueus também são chamados de “Dânaos” por Homero.
Aquiles: Herói e melhor de todos os guerreiros, filho da
deusa marinha Tétis e do mortal Peleu, rei dos Mirmidões. Sua ira é o tema
central da Ilíada.
Agamémnom: Rei de Micenas e comandante supremo dos aqueus,
sua atitude de tomar a escrava Briseida de Aquiles é o estopim do
desentendimento entre eles.
Pátroclo: Amigo de Aquiles. Alguns argumentam que há
envolvimento homossexual entre Aquiles e Pátroclo.
Odisseu: Rei de Ítaca, considerado “astuto”, ou “ardiloso”.
Freqüentemente faz o papel de embaixador entre Aquiles e Agamémnom.
Calcas Testorídes: Poderoso vidente que guia os aqueus. Foi
ele que predisse que a guerra duraria 10 anos, que era preciso devolver
Criseida ao pai e muitas outras coisas.
Ajax, Nestor, Diomedes, Idomeneu: Reis e heróis gregos, que
comandavam exércitos de seus reinos sob a supervisão geral de Agamémnom.
Menelau: Rei de Esparta, marido de Helena.
Os Troianos e seus aliados
Heitor, ou Héctor: Príncipe de Troia, filho de Príamo e
irmão de Páris. É o melhor guerreiro Troiano, herói valoroso que combate para
defender sua cidade e sua família. Líder dos exércitos troianos.
Príamo: rei de Troia, já é idoso, portanto quem comanda de
fato a luta é seu filho, Heitor.
Páris: Príncipe de Troia, sua fuga com Helena é a causa da
guerra. É sua flecha que termina por matar Aquiles, embora isso não seja
retratado na Ilíada.
Enéias: Primo de Heitor e seu principal tenente. É o
personagem principal da Eneida, obra máxima do poeta latino Virgílio.
Helena: Esposa de Páris, antes casada com Menelau, e pivô da
guerra. Com a queda de Troia volta para Esparta e para Menelau.
Andrómaca: Esposa de Heitor, com quem tem um filho bebê,
Astíanax.
Os Deuses
Os deuses gregos tomam parte ativa na trama, se envolvendo
na batalha e ajudando ambos os lados. Notadamente temos Tétis (mãe de Aquiles)
Apolo, Hera, Atena, Poséidon, Afrodite, Ares.
Resumo da narração
No décimo ano do cerco a Troia, há um desentendimento entre
as forças dos aqueus, comandadas por Agamémnom. Ao dividirem os espólios de uma
conquista, o comandante aqueu fica, entre outros prêmios, com uma moça chamada
Criseida, enquanto que a Aquiles cabe outra bela jovem, Briseida. Criseida era
filha de Crises, sacerdote do deus Apolo, e este pede a Agamémnom lhe restitua
a filha em troca de um resgate. O chefe aqueu recusa a troca, e o pai ofendido
pede ajuda a seu deus. Apolo passa então a castigar os aqueus com a peste.
Quando forçado a devolver Criseida ao pai para aplacar o castigo divino,
Agamémnom toma a Aquiles sua Briseida, como forma de compensação e desagravo a
Aquiles. Este, ofendido, se retira da guerra junto com seus valentes Mirmidões.
Aquiles pede então a sua divina mãe que interceda junto a Zeus, rogando-lhe
para que favoreça aos troianos, como castigo pela ofensa de Aquiles. Tétis
consegue a promessa de Zeus de que ajudará aos troianos, a despeito da
preferência de sua esposa, Hera, pelo lado aqueu.
Então Zeus manda, através de Oneiros, a Agamémnom um sonho
incitando-o a atacar Tróia sem as forças de Aquiles. Agamémnom resolve testar a
disposição de seu exército. A tentativa por pouco não termina em revolta
generalizada, incitada pelo insolente Tersites. A rebelião só é evitada graças
à decisiva intervenção de Odisseu, que fustiga Tersites e lembra a profecia de
Calcas de que Ílion cairia no décimo ano do cerco.
Os dois exércitos se perfilam no campo de batalha, diante de
Troia. Páris, príncipe de Troia, se adianta, mas logo recua ao ver Menelau, de
quem roubara a esposa causando a guerra. Menelau o insulta e Páris responde
propondo um duelo entre ambos. Os aqueus respondem com agressões, porém seu
irmão Heitor, o maior herói troiano, reitera o desafio, propondo que o destino
da guerra seja decidido numa luta entre Menelau e Páris. Menelau aceita,
exigindo juramento de sangue sobre o pacto de respeitar o resultado do duelo.
Enquanto os preparativos são feitos, Helena se junta a Príamo, rei de Troia, no
alto de uma torre para observar a contenda. Ela apresenta os maiores
comandantes gregos, apontando-os para Príamo.
O duelo tem início e Menelau leva vantagem. Quando está para
derrotar Páris, Afrodite intervém e o retira da batalha envolto em névoa,
levando-o ao encontro de Helena. Agamémnom declara então que Menelau venceu a
disputa e exige a entrega de Helena e pagamento do resgate. Porém Hera e Atena
protestam junto a Zeus, pedindo a continuidade da guerra até a destruição de
Troia. Zeus cede em troca da não intervenção de Hera caso deseje destruir uma
cidade protegida por ela. Atena então desce entre as tropas troianas e convence
Pândaro, arqueiro troiano, a disparar contra Menelau, ferindo-o e rompendo o
pacto com os gregos. O exército troiano avança, e Agamémnom incita os aqueus ao
combate. Tem lugar então uma luta violenta, na qual os gregos começam a levar
vantagem. Porém Apolo incita aos troianos, lembrando-os que Aquiles não
participa da peleja.
Os troianos então avançam, retomando a vantagem sobre os
gregos, a despeito dos grandiosos esforços de Diomedes, que insuflado pela
deusa Palas Atena, chega a ferir os deuses Afrodite e Ares, que defendem os
troianos. Os gregos por sua vez parecem retomar a vantagem, o que faz com que Heitor
então retorne à cidade para pedir a sua mãe tente acalmar à Palas com
oferendas. Após falar com a mãe, se encontra com sua esposa e filho em uma
torre. O encontro é bastante triste, onde Heitor fala com a esposa e o filho
sobre o seus futuros, pois pressente que Troia cairá. A seguir, convoca Páris e
com ele volta à batalha.
Aquiles cura Pátroclo
Detalhe de vaso em técnica de cerâmica vermelha 500 a.C.
Apolo combina com Atena uma trégua na batalha e para
consegui-la incitam Heitor a desafiar um herói grego ao duelo. Ajax é os
escolhido num sorteio e avança para o combate. O duelo é renhido e prossegue
até a noite, quando é interrompido. Os aqueus então aproveitam para recolher
seus mortos e preparar um baluarte.
Com a manhã, o combate recomeça, porém Zeus proíbe os outros
deuses de interferir, enquanto que ele dispara raios dos céus, prejudicando aos
aqueus. O combate prossegue desastroso para os gregos, que acabam por se
recolher ao baluarte ao final do dia. Os troianos acampam por perto,
ameaçadores.
Durante a noite Agamémnom se desespera, percebendo que havia
sido enganado por Zeus. Porém Diomedes garante que os aqueus tem fibra e
ficarão para lutar. Agamémnom acaba por ouvir os conselhos de Nestor, e envia a
Aquiles uma embaixada composta por Odisseu, Ajax, dois arautos e o veterano
Fênix presidindo, para oferecer presentes e pedir ao herói que retorne à
batalha. Aquiles, porém, ainda irado, não cede.
Agamémnom então envia Odisseu e Diomedes ao acampamento
troiano numa missão de espionagem. Heitor, por sua vez, envia Dólon espionar
acampamento aqueu. Dólon é capturado por Odisseu e Diomedes, que extraem
informações e o matam. A seguir invadem o acampamento troiano e massacram o rei
Reso e doze guerreiros que dormiam, se retirando de volta para o lado aqueu,
onde são recebidos com festa.
Durante o dia o combate retoma, e os troianos novamente são
superiores, empurrados por Zeus. Heitor manda uma grande pedra de encontro a um
dos portões e invade o baluarte grego, expulsando-os e empurrando-os até as
naus, de onde não haveria mais para onde recuar a não ser para o oceano. Há
amargo combate, com os aqueus recebendo apoio agora de Poséidon enquanto Zeus
favorece os troianos, com heróis realizando grandes feitos de ambos os lados.
Hera, então, consegue convencer Hipnos a adormecer Zeus. Os
gregos, acuados terrivelmente, se aproveitam desse momento para recuperar
alguma vantagem, e Ajax fere a Heitor. Porém Zeus acorda e, vendo os troianos
dispersos e a momentânea vitória grega, reconhece a obra de Hera e a repreende.
Hera diz que Poséidon é o único culpado, e Zeus a manda falar com Apolo e Íris
para que estes instiguem os troianos novamente à luta. Então Zeus impede
Poséidon de continuar interferindo, e os troianos retomam a vantagem. Os
maiores heróis aqueus estão feridos.
Pátroclo, vendo o desastre dos aqueus, vai implorar a
Aquiles que o deixe comandar os Mirmidões e se juntar à batalha. Aquiles lhe
empresta as armas e consente que lidere os Mirmidões, mas recomenda que apenas
expulse os troianos da frente das naus, e não os persiga. Pátroclo então sai
com as armas (incluindo a armadura) de Aquiles e combate os troianos junto às
naus. Ao ver fugindo os troianos, Pátroclo desobedece a recomendação de Aquiles
e os persegue até junto da cidade. Lá, Heitor o confronta em duelo e acaba por
matá-lo.
Há uma disputa pelas armas de Aquiles, e Heitor as ganha,
porém Ajax fica com o corpo de Pátroclo. Os troianos então repelem os gregos,
que fogem, acossados. Aquiles, ao saber da morte do companheiro, fica
terrivelmente abalado, e relata o acontecido a Tétis. Sua mãe promete novas
armas para o dia seguinte e vai ao Olimpo encomendá-las a Hefestos. Enquanto
isso o Aquiles vai de encontro aos troianos que perseguem os aqueus e os detém
com seus gritos, permitindo que os gregos cheguem a salvo com o cadáver. A
noite interrompe o combate.
Na manhã seguinte Aquiles, de posse das novas armas e
reconciliado com Agamémnom, que lhe restituíra Briseida, acossa ferozmente os
troianos numa batalha em que Zeus permite que tomem parte todos os deuses.
Trucidando diversos heróis, Aquiles termina por empurrar o combate até os
portões de Troia. Lá Heitor, aterrorizado, tenta fugir de Aquiles, que o
persegue ao redor da cidade. Por fim Heitor é enganado por Atena, que o
convence a se deter e enfrentar o maior herói aqueu. Ele pede a Aquiles que
seja feito um trato, com o vencedor respeitando o cadáver do vencido,
permitindo seu enterro digno e funerais adequados. Aquiles, enlouquecido de
raiva, grita que não há pacto possível entre presa e predador. O terrível duelo
acontece e Aquiles fere mortalmente Heitor na garganta, única parte
desprotegida pela armadura. Morrendo diante de seus entes queridos, que
assistiam de dentro das muralhas, Heitor volta a implorar a Aquiles que permita
que seu corpo seja devolvido a Troia para ser devidamente velado. Aquiles,
implacável, nega e diz que o corpo de Heitor será pasto de abutres enquanto o
de Pátroclo será honrado.
Aquiles amarra o corpo de Heitor pelos pés à sua biga e o
arrasta diante da família e depois o traz até o acampamento grego. São feitos
os jogos funerais de Pátroclo. Durante a noite, o idoso Príamo vem escondido ao
acampamento grego pedir a Aquiles pelo corpo do filho. O seu apelo é tão
comovente que Aquiles cede, chorando, com a ira arrefecida. Aquiles promete
trégua pelo tempo necessário para o adequado funeral de Heitor. Príamo leva o
cadáver de seu filho de volta para a cidade, onde são prestadas as honras
fúnebres ao príncipe e maior herói de Troia.
Resumo dos Cantos
Canto I: É o décimo ano da guerra de Tróia. Aquiles e
Agamémnom se desentendem devido a disputa sobre uma jovem cativa
Canto II: Odisseu impede uma revolta e os gregos se preparam
para um ataque a Troia.
Canto III: Páris desafia Menelau para um duelo, propondo
decidir o destino da guerra. Menelau vence, mas Páris sobrevive, salvo por
Afrodite.
Canto IV: O pacto é quebrado pelos troianos e a guerra
recomeça.
Canto V: Diomedes realiza grandes prodígios, ferindo
Afrodite e Ares.
Canto VI: Heitor retorna à Troia para pedir que se tente
apaziguar Afrodite. Encontra-se com esposa e filho e retorna à batalha junto de
seu irmão Páris.
Canto VII: Heitor duela com Ajax. A luta empata,
interrompida pela noite.
Canto VIII: Os deuses se retiram da batalha.
Canto IX: Agamémnom tenta se reconciliar com Aquiles, mas
este recusa.
Canto X: Diomedes e Odisseu saem em missão de espionagem e
atacam o acampamento troiano.
Canto XI: Páris fere Diomedes, e Pátroclo fica sabendo da
desastrosa situação grega.
Canto XII: Retirada grega até as naus.
Canto XIII: Poséidon se apieda dos gregos e os motiva.
Canto XIV: Hera adormece a Zeus, permitindo a reação grega.
Canto XV: Zeus acorda e impede que Poséidon continue
interferindo. Os troianos retomam a vantagem no combate.
Canto XVI: Pátroclo pede a armadura a Aquiles e permissão
para entrar na luta. Aquiles concede, porém Pátroclo é morto por Heitor.
Canto XVII: Há uma disputa pelo corpo e armadura de
Pátroclo. Heitor fica com a armadura e Ajax com o corpo.
Canto XVIII: Aquiles fica sabendo da morte de Pátroclo, e
sua mãe lhe providencia uma nova armadura.
Canto XIX: Aquiles, de armadura nova e reconciliado com
Agamémnom, se junta à guerra.
Canto XX: Batalha furiosa, da qual participam livremente os
deuses.
Canto XXI: Aquiles chega aos portões de Troia
Canto XXII: Aquiles duela com Heitor e o mata. A seguir,
desonra seu cadáver, arrastando-o ao acampamento grego.
Canto XXIII: Pátroclo é velado adequadamente
Canto XXIV: Príamo pede o cadáver do filho e Aquiles,
comovido, cede. Heitor é devidamente velado em Tróia.
Traduções
Existem muitas traduções para a Ilíada em português, tanto
em verso como adaptações em prosa. A qualidade e fidelidade das traduções variam
bastante, mas destacam-se três, todas em verso. A mais antiga das três é a de
Odorico Mendes, feita no século XIX (1874), que possui a peculiaridade de
trocar os nomes dos deuses gregos pelos seus arquétipos equivalentes latinos.
Ou seja, em vez de Zeus, Júpiter, de Poséidon, Netuno, etc. A outra tradução é
a de Carlos Alberto Nunes, feita em 1962. Por fim, há a tradução de Haroldo de
Campos, em uma edição bilíngue em dois volumes de 2002 (editora Arx), em versos
que buscam resgatar a sonoridade do original grego, inclusive com diversos
neologismos. Todas as três são consideradas de grande qualidade, e tem
características próprias.
Temas na Ilíada
Embora a Ilíada narre uma série de acontecimentos da guerra
de Tróia e se refira a uma série de outros, seu tema principal é o ciclo da ira
de Aquiles, da sua causa ao seu arrefecimento. Isto fica claro logo na primeira
linha do poema. A palavra grega mēnin, ira, é a primeira do poema, cuja famosa
primeira linha é “Menin aeide, Thea, Peleiadeo Aquileos“. Em português seria
“Ira canta, Deusa, Peléio Aquiles” ou, adaptando, “Cante, Deusa, a ira do filho
de Peleu, Aquiles”. Através da consumação dessa ira, é tratada a humanização do
herói e semideus Aquiles, sempre conflitado por sua dupla natureza, filho de
deusa e homem, portanto mortal.
A questão da escolha entre valores materiais, como a
segurança e a vida longa e valores morais, mais elevados, como a glória e o
reconhecimento eterno é tratada na escolha com que Aquiles se defronta: lutar e
morrer jovem, e ser lembrado para sempre, ou permanecer seguro e ser esquecido.
A soberba de Aquiles contrasta grandemente com a sobriedade
de Heitor, também grande herói, que não busca a glória como Aquiles, mas luta
pela segurança de sua família e de sua cidade, e a preservação de suas raízes
troianas.
A guerra e suas conseqüências também é tema central na
Ilíada, sendo ricamente retratada.
A condição humana é magistralmente trabalhada por Homero,
mostrando os dilemas mortais, as interferências de instâncias superiores e suas
conseqüências, personificadas nos deuses que tomam partido.
Amizade, honra e muitos outros temas abstratos também fazem
parte da obra, compondo um belo painel da alma humana o que é, sem dúvida, uma
das qualidades que tem determinado a longevidade da narrativa homérica na
cultura universal.
A Ilíada – por Daniel Duclós
http://www.consciencia.org/
.: gostei do resumo....melhor q ler no site da wik!!! =D
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