quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

BRASIL: Balanço aids 2009

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AIDS e os números até 2009

Os grandes centros urbanos do país registraram queda de 15% na taxa de incidência da aids entre 1997 e 2007, mas a incidência nos municípios com menos de 50 mil habitantes dobrou, anunciou o Boletim Epidemiológico Aids/DST 2009 (http://www.aids.gov.br/). As grandes cidades concentram 283.191 casos, ou 52% do total. Em 1997, a taxa nas cidades pequenas era oito vezes menor que a das cidades com mais de 500 mil habitantes. Em 2007, a relação caiu para três vezes.

A exceção é Norte e Nordeste, que tiveram aumento da taxa de incidência entre 1997 e 2007 em municípios grandes e pequenos. O perfil da epidemia se baseou nos dados de 4.867 municípios brasileiros em que houve pelo menos uma notificação da doença. Em municípios com mais de 500 mil habitantes, houve decréscimo da taxa de incidência de 32,3 para 27,4 notificações por 100 mil habitantes.

Dos 100 municípios com mais de 50 mil habitantes que apresentam maior taxa de incidência de aids, os 20 primeiros da lista estão no Sul. Porto Alegre (RS) encabeça, com taxa de incidência de 111,5 por 100 mil habitantes, seguida de Camboriú (SC), com 91,3. “Os dados justificam a necessidade de contínuo investimento em ações descentralizadas, respeitando as especificidades de cada local sem perder o foco de que a epidemia no Brasil é concentrada”, disse Mariângela Simão, diretora do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde.

De 1980 a junho de 2009 foram registrados 544.846 casos de aids no Brasil, com 217.091 mortes; há de 33 mil a 35 mil novos casos notificados anualmente, e a estimativa é de que haja 630 mil pessoas infectadas pelo HIV.

A razão de sexo (número de casos em homens dividido por número de casos em mulheres) se estabilizou a partir de 2003: para cada 15 casos em homens há 10 em mulheres. Mas entre jovens de 13 a 19 anos é o contrário: nessa faixa etária, o número de casos de aids é maior entre as meninas, tendência que se verifica desde 1998, com 8 casos em meninos para cada 10 casos em meninas.

Na transmissão vertical, boa notícia: o Brasil reduziu em 41,7% a incidência de casos de aids em crianças menores de 5 anos. O coeficiente de mortalidade também caiu 70,0% (em 1997, era de 2,0 por 100 mil habitantes, caindo para 0,6 em 2007).

De 1998 a junho de 2009, foram notificados 55.124 casos de sífilis congênita (transmitida da mãe ao bebê) em menores de 1 ano. São registrados, em média, 5 mil casos da doença a cada ano. A estimativa é que haja, contudo, 12 mil notificações anuais. Dos casos registrados em 2008, 39% (2.150) foram no Sudeste, 33,9% (1.872) no Nordeste, 13,4% (739) no Norte, 7,3% (403) no Sul e 6,3% (342) no Centro-Oeste. Em 10 anos o país registrou 976 óbitos.

O SUS oferece exames de sífilis e HIV. Do ponto de vista da saúde pública, o principal desafio no combate à sífilis é a transmissão vertical. Na gravidez, pode provocar aborto e morte do feto. A manifestação congênita acarreta malformações ósseas, surdez, cegueira e problemas neurológicos, entre outros, para a criança. A transmissão vertical do HIV pode ocorrer na gravidez, no parto e na amamentação.



Leia o relatório na íntegra
http://www4.ensp.fiocruz.br/radis/89/pdf/Briefing_boletim_2009_verso%20imprensa_25.11.09.pdf



O peso da depressão

Pessoas infectadas com HIV no Brasil sofrem mais com problemas sociais e psicológicos do que com a ação do vírus no organismo, informa a pesquisa Percepção da Qualidade de Vida e do Desempenho do Sistema de Saúde entre Pacientes em Terapia Antirretroviral no Brasil, divulgada (dez.2009) pelo Ministério da Saúde. A Fiocruz entrevistou 1.260 pacientes, entre os 200 mil em tratamento, e descobriu que, dos 65% de entrevistados que responderam ter bom estado de saúde, boa parte não superou os traumas psicológicos provocados pelo diagnóstico da doença: 33% das mulheres e 23% dos homens afirmaram sofrer de depressão; e 34% e 47% têm grau intenso ou muito intenso de preocupação ou ansiedade.

Segundo o ministro Temporão, ainda há pessoas que acreditam que soropositivos deveriam ficar isolados por representar perigo. “O Brasil é o primeiro país em desenvolvimento a oferecer tratamento de forma universal, mas precisamos amadurecer como sociedade”, disse.


África do Sul rompe com o passado


O presidente Jacob Zuma, da África do Sul, anunciou novas políticas antiaids, a começar pelo tratamento de grávidas, bebês de até 1 ano e soropositivos com tuberculose em 2010. O país é um dos quatro do mundo em que a mortalidade infantil cresce desde 1990 (New York Times, 12/2009). Com as medidas, Zuma rompeu com os métodos do antecessor, Thabo Mbeki, que em 9 anos de poder abandonou os soropositivos à própria sorte: “Não conheço ninguém que tenha morrido de aids”, dizia. Sua insensatez matou 35 mil bebês e 330 mil adultos, segundo estudo de Harvard. Apesar do clamor popular — por exemplo, a Liga de Jovens Comunistas reivindica julgamento por genocídio —, Zuma não levará Mbeki aos tribunais para responder por seus crimes. Afinal, ele foi seu vice até 2005.

A África do Sul reúne mais soropositivos do que qualquer outra nação — com 50 milhões de habitantes, tem 5,7 milhões de infectados pelo HIV e 1.000 mortes diárias. Zuma conclamou a população “a lutar contra a aids como combateu o apartheid”. Entre as medidas está o tratamento precoce da tuberculose segundo as novas recomendações da OMS. A tuberculose é a principal causa de morte entre os sul-africanos infectados pelo HIV, e o número de óbitos pela doença mais do que triplicou no país desde 1997.

Quando respondeu a processo há três anos por estuprar mulher com HIV sem proteção, Zuma declarou no tribunal que tomou banho de chuveiro para minimizar o risco de infecção — demonstração de ignorância que lhe rendeu cartuns e críticas na mídia, lembrou o NYT. “Usem camisinha”, exortou ele em um discurso de 12/2009, “consistentemente e corretamente em cada encontro sexual”.


Brasil tem 24,6 milhões de fumantes

A Pesquisa Especial do Tabagismo, divulgada pelo IBGE ao final de 2009, estimou em 24,6 milhões o número de brasileiros fumantes com mais de 15 anos. A maioria é de homens entre 25 e 44 anos, de cor negra (19%) ou parda (15,3%), sem nenhuma ou com um ano de escolarização (25,7%), e 70% viviam com até um salário mínimo; vive em áreas rurais, predominantemente na Região Sul (19%), e não pretende parar de fumar em curto prazo.

Segundo a Agência Brasil, o IBGE usou metodologia internacional nesse estudo inédito, com base em dados do Ministério da Saúde e da Pnad, em auxílio a políticas de combate ao fumo. Os fumantes gastam, em média, R$ 78 por mês: 87% fumam regularmente, de 15 a 24 cigarros por dia e acendem o primeiro entre seis e 30 minutos depois de acordar.

A maioria começou a fumar entre 17 e 19 anos; em 2008, o número de homens fumantes (14,8 milhões, ou 21,6% da população masculina) era o dobro do de mulheres (9,8 milhões, ou 13,1% da população feminina).

fonte: http://www4.ensp.fiocruz.br/

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