Filosofia Século XIX
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Economista, filósofo e socialista alemão, Karl Marx nasceu
em Trier em 5 de Maio de 1818 e morreu em Londres a 14 de Março de 1883.
Estudou na universidade de Berlim, principalmente a
filosofia hegeliana, e formou-se em Iena, em 1841, com a tese Sobre as
diferenças da filosofia da natureza de Demócrito e de Epicuro. Em 1842 assumiu
a chefia da redação do Jornal Renano em Colônia, onde seus artigos
radical-democratas irritaram as autoridades.
Em 1843, mudou-se para Paris, editando em 1844 o primeiro
volume dos Anais Germânico-Franceses, órgão principal dos hegelianos da
esquerda. Entretanto, rompeu logo com os líderes deste movimento, Bruno Bauer e
Ruge.
Em 1844, conheceu em Paris Friedrich Engels, começo de uma
amizade íntima durante a vida toda.
Foi, no ano seguinte, expulso da França, radicando-se em
Bruxelas e participando de organizações clandestinas de operários e exilados.
Ao mesmo tempo em que na França estourou a revolução, em 24
de fevereiro de 1848, Marx e Engels publicaram o folheto O Manifesto Comunista,
primeiro esboço da teoria revolucionária que, mais tarde, seria chamada marxista.
Voltou para Paris, mas assumiu logo a chefia do Novo Jornal
Renano em colônia, primeiro jornal diário francamente socialista.
Depois da derrota de todos os movimentos revolucionários na
Europa e o fechamento do jornal, cujos redatores foram denunciados e
processados, Marx foi para Paris e daí expulso, para Londres, onde fixou
residência.
Em Londres, dedicou-se a vastos estudos econômicos e
históricos, sendo frequentador assíduo da sala de leituras do British Museum.
Escrevia artigos para jornais norte-americanos, sobre política exterior, mas
sua situação material esteve sempre muito precária.
Foi generosamente ajudado por Engels, que vivia em
Manchester em boas condições financeiras.
Em 1864, Marx foi co-fundador da Associação Internacional
dos Operários, depois chamada 1ª Internacional, desempenhando dominante papel
de direção.
Em 1867 publicou o primeiro volume da sua obra principal, O
Capital. Dentro da I Internacional encontrou Marx a oposição tenaz dos
anarquistas, liderados por Bakunin, e em 1872, no Congresso de Haia, a
associação foi praticamente dissolvida. Em compensação, Marx podia patrocinar a
fundação, em 1875, do Partido Social-Democrático alemão, que foi, porém, logo
depois, proibido. Não viveu bastante para assistir às vitórias eleitorais deste
partido e de outros agrupamentos socialistas da Europa.
Primeiros trabalhos:
Entre os primeiros trabalhos de Marx, foi antigamente
considerado como o mais importante o artigo Sobre a crítica da Filosofia do
direito de Hegel, em 1844, primeiro esboço da interpretação materialista da
dialética hegeliana.
Só em 1932 foram descobertos e editados em Moscou os Manuscritos
Econômico-Filosóficos, redigidos em 1844 e deixa-os inacabados.
É o esboço de um socialismo humanista, que se preocupa
principalmente com a alienação do homem; sobre a compatibilidade ou não deste
humanismo com o marxismo posterior, a discussão não está encerrada.
Em 1888 publicou Engels as Teses sobre Feuerbach, redigidas
por Marx em 1845, rejeitando o materialismo teórico e reivindicando uma
filosofia que, em vez de só interpretar o mundo, também o modificaria.
Marx e Engels escreveram juntos em 1845 A Sagrada Família,
contra o hegeliano Bruno Bauer e seus irmãos.
Também foi obra comum A Ideologia alemã (1845-46), que por
motivo de censura não pôde ser publicada (edição completa só em 1932); é a
exposição da filosofia marxista. Marx sozinho escreveu A Miséria da Filosofia
(1847), a polêmica veemente contra o anarquista francês Proudhon.
A última obra comum de Marx e Engels foi em 1847 O Manifesto
Comunista, breve resumo do materialismo histórico e apelo à revolução.
O 18 Brumário de Luís Bonaparte foi publicado em 1852 em
jornais e em 1869 como livro. É a primeira interpretação de um acontecimento
histórico no caso o golpe de Estado de Napoleão III, pela teoria do
materialismo histórico.
Entre os escritos seguintes de Marx Sobre a crítica da
economia política em 1859 é, embora breve, também uma crítica da civilização
moderna, escrito de transição entre o manuscrito de 1844 e as obras
posteriores. A significação dessa posição só foi esclarecida pela publicação
(em Moscou, 1939-41, e em Berlim, 1953) de mais uma obra inédita: Esboço de
crítica da economia política, escritos em Londres entre 1851 e 1858 e depois
deixados sem acabamento final.
Em 1867 publicou Marx o primeiro volume de sua obra mais
importante: O Capital. É um livro principalmente econômico, resultado dos
estudos no British Museum, tratando da teoria do valor, da mais-valia, da
acumulação do capital etc. Marx reuniu documentação imensa para continuar esse
volume, mas não chegou a publicá-lo. Os volumes II e III de O Capital foram
editados por Engels, em 1885 e em 1894. Outros textos foram publicados por Karl
Kautsky como volume IV (1904-10).
A FILOSOFIA DE MARX
MATERIALISMO DIALÉTICO
Baseado em Demócrito e Epicuro sobre o materialismo e em Heráclito sobre a dialética (do grego, dois logos, duas opiniões divergentes), Marx defende o materialismo dialético, tentando superar o pensamento de Hegel e Feuerbach.
A dialética hegeliana era a dialética do idealismo (doutrina filosófica que nega a realidade individual das coisas distintas do "eu" e só lhes admite a idéia), e a dialética do materialismo é posição filosófica que considera a matéria como a única realidade e que nega a existência da alma, de outra vida e de Deus. Ambas sustentam que realidade e pensamento são a mesma coisa: as leis do pensamento são as leis da realidade.
A realidade é contraditória, mas a contradição supera-se na síntese que é a "verdade" dos momentos superados. Hegel considerava ontologicamente (do grego onto + logos; parte da metafísica, que estuda o ser em geral e suas propriedades transcendentais ) a contradição (antítese) e a superação (síntese); Marx considerava historicamente como contradição de classes vinculada a certo tipo de organização social.
Hegel apresentava uma filosofia que procurava demonstrar a perfeição do que existia (divinização da estrutura vigente); Marx apresentava uma filosofia revolucionária que procurava demonstrar as contradições internas da sociedade de classes e as exigências de superação.
Ludwig Feuerbach procurou introduzir a dialética materialista, combatendo a doutrina hegeliana, que, a par de seu método revolucionário concluía por uma doutrina eminentemente conservadora. Da crítica à dialética idealista, partiu Feuerbach à crítica da Religião e da essência do cristianismo.
Feuerbach pretendia trazer a religião do céu para a Terra. Ao invés de haver Deus criado o homem à sua imagem e semelhança, foi o homem quem criou Deus à sua imagem. Seu objetivo era conservar intactos os valores morais em uma religião da humanidade, na qual o homem seria Deus para o homem.
Ludwig Feuerbach procurou introduzir a dialética materialista, combatendo a doutrina hegeliana, que, a par de seu método revolucionário concluía por uma doutrina eminentemente conservadora. Da crítica à dialética idealista, partiu Feuerbach à crítica da Religião e da essência do cristianismo.
Feuerbach pretendia trazer a religião do céu para a Terra. Ao invés de haver Deus criado o homem à sua imagem e semelhança, foi o homem quem criou Deus à sua imagem. Seu objetivo era conservar intactos os valores morais em uma religião da humanidade, na qual o homem seria Deus para o homem.
Adotando a dialética hegeliana, Marx, rejeita, como Feuerbach, o idealismo, mas, ao contrário, não procura preservar os valores do cristianismo. Se Hegel tinha identificado, no dizer de Radbruch, o ser e o dever-ser (o Sen e o Solene) encarando a realidade como um desenvolvimento da razão e vendo no dever-ser o aspecto determinante e no ser o aspecto determinado dessa unidade.
A dialética marxista postula que as leis do pensamento
correspondem às leis da realidade. A dialética não é só pensamento: é
pensamento e realidade a um só tempo. Mas, a matéria e seu conteúdo histórico
ditam a dialética do marxismo: a realidade é contraditória com o pensamento
dialético.
A contradição dialética não é apenas contradição externa,
mas unidade das contradições, identidade: "a dialética é ciência que
mostra como as contradições podem ser concretamente (isto é, vir-a-ser)
idênticas, como passam uma na outra, mostrando também porque a razão não deve
tomar essas contradições como coisas mortas, petrificadas, mas como coisas
vivas, móveis, lutando uma contra a outra em e através de sua luta."
(Henri Lefebvre, Lógica formal/ Lógica dialética, trad. Carlos N. Coutinho,
1979, p. 192).
Os momentos contraditórios são situados na história com sua
parcela de verdade, mas também de erro; não se misturam, mas o conteúdo,
considerado como unilateral é recaptado e elevado a nível superior.
Marx acusou Feuerbach, afirmando que seu humanismo e sua
dialética eram estáticas: o homem de Feuerbach não tem dimensões, está fora da
sociedade e da história, é pura abstração. É indispensável segundo Marx,
compreender a realidade histórica em suas contradições, para tentar superá-las
dialeticamente.
A dialética apregoa os seguintes princípios: tudo
relaciona-se (Lei da ação recíproca e da conexão universal); tudo se transforma
(lei da transformação universal e do desenvolvimento incessante); as mudanças
qualitativas são conseqüências de revoluções quantitativas; a contradição é
interna, mas os contrários se unem num momento posterior: a luta dos contrários
é o motor do pensamento e da realidade; a materialidade do mundo; a
anterioridade da matéria em relação à consciência; a vida espiritual da
sociedade como reflexo da vida material.
O materialismo dialético é uma constante no pensamento do
marxismo-leninismo (surgido como superação do capitalismo, socialismo,
ultrapassando os ensinamentos pioneiros de Feuerbach).
MATERIALISMO HISTÓRICO
Na teoria marxista, o materialismo histórico pretende a
explicação da história das sociedades humanas, em todas as épocas, através dos
fatos materiais, essencialmente econômicos e técnicos. A sociedade é comparada a
um edifício no qual as fundações, a infra-estrutura, seriam representadas pelas
forças econômicas, enquanto o edifício em si, a superestrutura, representaria
as idéias, costumes, instituições (políticas, religiosas, jurídicas, etc). A
propósito, Marx escreveu, na obra A Miséria da filosofia (1847) na qual
estabelece polêmica com Proudhon:
As relações sociais são inteiramente interligadas às forças
produtivas. Adquirindo novas forças produtivas, os homens modificam o seu modo
de produção, a maneira de ganhar a vida, modificam todas as relações sociais. O
moinho a braço vos dará a sociedade com o suserano; o moinho a vapor, a
sociedade com o capitalismo industrial.
Tal afirmação, defendendo rigoroso determinismo econômico em
todas as sociedades humanas, foi estabelecida por Marx e Engels dentro do
permanente clima de polêmica que mantiveram com seus opositores, e atenuada com
a afirmativa de que existe constante interação e interdependência entre os dois
níveis que compõe a estrutura social: da mesma maneira pela qual a
infra-estrutura atua sobre a superestrutura, sobre os reflexos desta, embora,
em última instância, sejam os fatores econômicos as condições finalmente
determinantes.
EXISTENCIALISMO
"O que Marx mais critica é a questão de como compreender
o que é o homem. Não é o ter consciência (ser racional), nem tampouco ser um
animal político, que confere ao homem sua singularidade, mas ser capaz de
produzir suas condições de existência, tanto material quanto ideal, que
diferencia o homem."
Numa leitura existencialista do marxismo, segundo Sartre a
essência do homem é não ter essência, a essência do homem é algo que ele
próprio constrói, ou seja, a História. "A existência precede a
essência"; nenhum ser humano nasce pronto, mas o homem é, em sua essência,
produto do meio em que vive, que é construído a partir de suas relações sociais
em que cada pessoa se encontra. Assim como o homem produz o seu próprio
ambiente, por outro lado, esta produção da condição de existência não é
livremente escolhida, mas sim, previamente determinada. O homem pode fazer a
sua História mas não pode fazer nas condições por ele escolhidas. O homem é
historicamente determinado pelas condições, logo é responsável por todos os
seus atos, pois ele é livre para escolher. Logo todas as teorias de Marx estão
fundamentadas naquilo que é o homem, ou seja, o que é a sua existência. O Homem
é condenado a ser livre.
As relações sociais do homem são tidas pelas relações que o
homem mantém com a natureza, onde desenvolve suas práticas, ou seja, o homem se
constitui a partir de seu próprio trabalho, e sua sociedade se constitui a
partir de suas condições materiais de produção, que dependem de fatores
naturais (clima, biologia, geografia...) ou seja, relação homem-Natureza, assim
como da divisão social do trabalho, sua cultura. Logo, também há a relação
homem-Natureza-Cultura.
POLÍTICA E ECONOMIA
Se analisarmos o contexto histórico do homem, nos
primórdios, perceberemos que havia um espírito de coletivismo: todos
compartilhavam da mesma terra, não havia propriedade privada; até a caça era
compartilhada por todos. As pessoas que estavam inseridas nesta comunidade
sempre se preocupavam umas com as outras, em prover as necessidades uns dos
outros. Mas com o passar do tempo, o homem, com suas descobertas territoriais,
acabou tornando inevitável as colonizações e, portanto, o escravismo, por causa
de sua ambição. O escravo servia exclusivamente ao seu senhor, produzia para
ele e o seu viver era em função dele.
O coletivismo dos índios acabou; e o escravismo se
transformou numa nova relação: agora o escravo trabalhava menos para seu
senhor, e por seu trabalho conquistava um pedaço de terra para sua
subsistência, ou seja, o servo trabalhava alguns dias da semana para seu senhor
e outros para si. O feudalismo, então, começava a ser implantado e difundido em
todo o território europeu. Esta relação servo-senhor feudal funcionou durante
um certo período na história da humanidade, mas, por causa de uma série de
fatores e acontecimentos, entre eles o aumento populacional, as condições de
comércio (surgia a chance do servo obter capital através de sua produção excessiva),
o capitalismo mercantilista, o feudalismo decaiu; e assim, deu espaço a um novo
sistema econômico: o capitalismo industrial (que teve seu desenvolvimento por
culminar durante a revolução industrial, com o surgimento da classe
proletária). Assim, deve-se citar a economia inglesa como ponto de partida para
as teorias marxistas.
Como todo sistema tem seu período de crise, ocasionando uma
necessidade de mudança, Adam Smith (o primeiro a incorporar ao trabalho a idéia
de riqueza) desenvolve o liberalismo econômico.
Do latim liberalis, que significa benfeitor, generoso, tem
seu sentido político em oposição ao absolutismo monárquico. Os seus principais
ideais eram: o Estado devia obedecer ao princípio da separação de poderes
(executivo, legislativo e judiciário); o regime seria representativo e
parlamentar; o Estado se submeteria ao direito, que garantiria ao indivíduo
direitos e liberdades inalienáveis, especialmente o direito de propriedades. E
foi isto que fez com que cada sistema fosse modificado.
Sobretudo também deve-se mencionar David Ricardo, que, mais
interessado no estudo da distribuição do que produção das riquezas,
estabeleceu, com base em Malthus, a lei da renda fundiária(agrária), segundo a
qual os produtos das terras férteis são produzidos a custo menor mas vendidos
ao mesmo preço dos demais, propiciando a seus proprietários uma renda fundiária
igual à diferença dos custos de produção. A partir da teoria da renda
fundiária, Ricardo elaborou a lei do preço natural dos salários, sempre regulada
pelo preço da alimentação, vestuário e outros itens indispensáveis à manutenção
do operário e seus dependentes.
Pois, como foi dito anteriormente, com a Revolução
Industrial surgiu a classe do proletariado.
A LUTA DE CLASSES
Pretendendo caracterizar não apenas uma visão econômica da
história, mas também uma visão histórica da economia, a teoria marxista também
procura explicar a evolução das relações econômicas nas sociedades humanas ao
longo do processo histórico. Haveria, segundo a concepção marxista, uma
permanente dialética das forças entre poderosos e fracos, opressores e
oprimidos, a história da humanidade seria constituída por uma permanente luta
de classes, como deixa bem claro a primeira frase do primeiro capítulo d’O
Manifesto Comunista:
A história de toda sociedade passado é a história da luta de
classes.
Classes essas que, para Engels são "os produtos das
relações econômicas de sua época". Assim apesar das diversidades
aparentes, escravidão, servidão e capitalismo seriam essencialmente etapas
sucessivas de um processo único. A base da sociedade é a produção econômica.
Sobre esta base econômica se ergue uma superestrutura, um estado e as idéias
econômicas, sociais, políticas, morais, filosóficas e artísticas. Marx queria a
inversão da pirâmide social, ou seja, pondo no poder a maioria, os proletários,
que seria a única força capaz de destruir a sociedade capitalista e construir
uma nova sociedade, socialista.
Para Marx os trabalhadores estariam dominados pela ideologia
da classe dominante, ou seja, as idéias que eles têm do mundo e da sociedade
seriam as mesmas idéias que a burguesia espalha. O capitalismo seria atingido
por crises econômicas porque ele se tornou o impedimento para o desenvolvimento
das forças produtivas. Seria um absurdo que a humanidade inteira se dedica-se a
trabalhar e a produzir subordinada a um punhado de grandes empresários. A
economia do futuro que associaria todos os homens e povos do planeta, só
poderia ser uma produção controlada por todos os homens e povos. Para Marx,
quanto mais o mundo se unifica economicamente mais ele necessita de socialismo.
Não basta existir uma crise econômica para que haja uma
revolução. O que é decisivo são as ações das classes sociais que, para Marx e
Engels, em todas as sociedades em que a propriedade é privada existem lutas de
classes (senhores x escravos, nobres feudais x servos, burgueses x
proletariados).
A luta do proletariado do capitalismo não deveria se limitar
à luta dos sindicatos por melhores salários e condições de vida. Ela deveria
também ser a luta ideológica para que o socialismo fosse conhecido pelos
trabalhadores e assumido como luta política pela tomada do poder.
Neste campo, o proletariado deveria contar com uma arma
fundamental, o partido político, o partido político revolucionário que tivesse
uma estrutura democrática e que buscasse educar os trabalhadores e levá-los a
se organizar para tomar o poder por meio de uma revolução socialista.
Marx tentou demonstrar que no capitalismo sempre haveria
injustiça social, e que o único jeito de uma pessoa ficar rica e ampliar sua
fortuna seria explorando os trabalhadores, ou seja, o capitalismo, de acordo
com Marx é selvagem, pois o operário produz mais para o seu patrão do que o seu
próprio custo para a sociedade, e o capitalismo se apresenta necessariamente
como um regime econômico de exploração, sendo a mais-valia a lei fundamental do
sistema.
A força vendida pelo operário ao patrão vai ser utilizada
não durante 6 horas, mas durante 8, 10, 12 ou mais horas.
A mais-valia é constituída pela diferença entre o preço pelo
qual o empresário compra a força de trabalho (6 horas) e o preço pelo qual ele
vende o resultado (10 horas por exemplo). Desse modo, quanto menor o preço pago
ao operário e quanto maior a duração da jornada de trabalho, tanto maior o
lucro empresarial.
No capitalismo moderno, com a redução progressiva da jornada
de trabalho, o lucro empresarial seria sustentado através do que se denomina
mais-valia relativa (em oposição à primeira forma, chamada mais-valia
absoluta), que consiste em aumentar a produtividade do trabalho, através da
racionalização e aperfeiçoamento tecnológico, mas ainda assim não deixa de ser
o sistema semi-escravista, pois "o operário cada vez se empobrece mais
quando produz mais riquezas", o que faz com que ele "se torne uma
mercadoria mais vil do que as mercadorias por ele criadas".
Assim, quanto mais o mundo das coisas aumenta de valor, mais
o mundo dos homens se desvaloriza. Ocorre então a alienação, já que todo
trabalho é alienado, na medida em que se manifesta como produção de um objeto
que é alheio ao sujeito criador.
O raciocínio de Marx é muito simples: ao criar algo fora de
si, o operário se nega no objeto criado. É o processo de objetificação. Por
isso, o trabalho que é alienado (porque cria algo alheio ao sujeito criador)
permanece alienado até que o valor nele incorporado pela força de trabalho seja
apropriado integralmente pelo trabalhador.
Em outras palavras, a produção representa uma negação, já
que o objeto se opõe ao sujeito e o nega na medida em que o pressupõe e até o
define. A apropriação do valor incorporado ao objeto graças à força de trabalho
do sujeito-produtor, promove a negação da negação.
Ora, se a negação é alienação, a negação da negação é a
desalienação. Ou seja, a partir do momento que o sujeito-produtor dá valor ao
que produziu, ele já não está mais alienado.
CONCEITOS:
CAPITALISMO, SOCIALISMO, COMUNISMO E ANARQUISMO
O CAPITALISMO tem seu início na Europa. Suas características
aparecem desde a baixa idade média (do século XI ao XV) com a transferência do
centro da vida econômica social e política dos feudos para a cidade. O
feudalismo passava por uma grave crise decorrente da catástrofe demográfica
causada pela Peste Negra que dizimou 40% da população européia e pela fome que
assolava o povo. Já com o comércio reativado pelas Cruzadas(do século XI ao
XII), a Europa passou por um intenso desenvolvimento urbano e comercial e,
conseqüentemente, as relações de produção capitalistas se multiplicaram,
minando as bases do feudalismo.
Na Idade Moderna, os reis expandem seu poderio econômico e
político através do mercantilismo e do absolutismo. Dentre os defensores deste
temos os filósofos Jean Bodin("os reis tinham o direito de impor leis aos
súditos sem o consentimento deles"), Jacques Bossuet ("o rei está no
trono por vontade de Deus") e Niccòlo Machiavelli("a unidade política
é fundamental para a grandeza de uma nação").
Com o absolutismo e com o mercantilismo o Estado passava a
controlar a economia e a buscar colônias para adquirir metais(metalismo)
através da exploração. Isso para garantir o enriquecimento da metrópole. Esse
enriquecimento favorece a burguesia - classe que detém os meios de produção -
que passa a contestar o poder do rei, resultando na crise do sistema
absolutista. E com as revoluções burguesas, como a Revolução Francesa e a
Revolução Inglesa, estava garantido o triunfo do capitalismo.
A partir da segunda metade do século XVIII, com a Revolução
Industrial, inicia-se um processo ininterrupto de produção coletiva em massa,
geração de lucro e acúmulo de capital. Na Europa Ocidental, a burguesia assume
o controle econômico e político. As sociedades vão superando os tradicionais
critérios da aristocracia (principalmente a do privilégio de nascimento) e a
força do capital se impõe. Surgem as primeiras teorias econômicas: a
fisiocracia e o liberalismo.
Na Inglaterra, o escocês Adam Smith (1723-1790), percursor
do liberalismo econômico, publica Uma Investigação sobre Naturezas e Causas da
Riqueza das Nações, em que defende a livre-iniciativa e a não-interferência do
Estado na economia.
Deste ponto, para a atual realidade econômica, pequenas
mudanças estruturais ocorreram em nosso fúnebre sistema capitalista
SOCIALISMO
- A História das Idéias Socialistas possui alguns cortes de
importância. O primeiro deles é entre os socialistas Utópicos e os socialistas
Científicos, marcado pela introdução das idéias de Marx e Engels no universo
das propostas de construção da nova sociedade. O avanço das idéias marxistas
consegue dar maior homogeneidade ao movimento socialista internacional.
Pela primeira vez, trabalhadores de países diferentes,
quando pensavam em socialismo, estavam pensando numa mesma sociedade - aquela
preconizada por Marx - e numa mesma maneira de chegar ao poder.
COMUNISMO
- As idéias básicas de Karl Marx estão expressas
principalmente no livro O Capital e n'O Manifesto Comunista, obra que escreveu
com Friedrich Engels, economista alemão. Marx acreditava que a única forma de
alcançar uma sociedade feliz e harmoniosa seria com os trabalhadores no poder.
Em parte, suas idéias eram uma reação às duras condições de
vida dos trabalhadores no século XIX, na França, na Inglaterra e na Alemanha.
Os trabalhadores das fábricas e das minas eram mal pagos e tinham de trabalhar
muitas horas sob condições desumanas.
Marx estava convencido que a vitória do comunismo era
inevitável. Afirmava que a história segue certas leis imutáveis, à medida que
avança de um estágio a outro. Cada estágio caracteriza-se por lutas que
conduzem a um estágio superior de desenvolvimento. O comunismo, segundo Marx, é
o último e mais alto estágio de desenvolvimento.
Para Marx, a chave para a compreensão dos estágios do
desenvolvimento é a relação entre as diferentes classes de indivíduos na
produção de bens. Afirmava que o dono da riqueza é a classe dirigente porque
usa o poder econômico e político para impor sua vontade ao povo.
Para ele, a luta de classes é o meio pelo qual a história
progride. Marx achava que a classe dirigente jamais iria abrir mão do poder por
livre e espontânea vontade e que, assim, a luta e a violência eram inevitáveis.
O anarquismo foi a proposta revolucionária internacional
mais importante do mundo durante a segunda metade do século XIX e início do
século XX, quando foi substituído pelo marxismo (comunismo). Em suma, o
anarquismo prega o fim do Estado e de toda e qualquer forma de governo, que
seriam as causas da existência dos males sociais, que devem ser substituídos
por uma sociedade em que os homens são livres, sem leis, polícia, tribunais ou
forças armadas.
A sociedade anarquista seria organizada de acordo com a
necessidade das comunidades, cujas relações seriam voltadas ao
auto-abastecimento sem fins lucrativos e à base de trocas. A doutrina, que teve
em Bakunin seu grande expoente teórico, organizou-se primeiramente na Rússia,
expandindo-se depois para o resto da Europa e também para os Estados Unidos.
O auge de sua propagação deu-se no final do século XIX,
quando agregou-se ao movimento sindical, dando origem ao anarco-sindicalismo,
que pregava que os sindicatos eram os verdadeiros agentes das transformações
sociais.
Com o surgimento do marxismo, entretanto, uma proposta
revolucionária mais adequada ao quadro social vigente no século XX, o
anarquismo entrou em decadência. Sem, contudo, deixar de ter tido sua
importância histórica, como no episódio em que os anarquistas italianos Nicola
Sacco e Bartolomeo Vanzetti foram executados por assassinato em 1921, nos EUA,
mesmo com as inúmeras evidências e testemunhos que provavam sua inocência.
REVISIONISMO
Depois da morte de Marx e Engels, a rápida industrialização
da Alemanha e o fortalecimento do partido social-democrata e dos sindicatos
melhoraram muito as condições de vida dos trabalhadores alemães, ao mesmo tempo
em que ser tornou cada vez mais improvável a esperada crise fatal do regime
capitalista. Eduard Bernstein em seu livro Os pressupostos do socialismo e as
tarefas da social-democracia, recomendou abandonar utópicas esperanças
revolucionárias e contentar-se, realisticamente com o fortalecimento do poder
político e econômico das organizações do proletariado, considerando-se que as
previsões marxistas de depauperamento progressivo(esgotar as forças de forma a
tornar-se muito pobre) das massas não se tinham verificado.
Esse "revisionismo" de Bernstein foi combatido
pela ortodoxia marxista, representada por Karl Kautsky. Mas praticamente o
revisionismo venceu de tal maneira, que a social-democracia alemã abandonou,
enfim, o marxismo.
Ficou isolada a marxista Rosa Luxemburg, que em uma de suas
obras adaptou a teoria de Marx às novas condições do imperialismo econômico e
político do séc. XX.
NEOMARXISTAS:
Fora da Rússia, houve e há várias tentativas de dar ao
marxismo outra base filosófica que o materialismo científico do séc. XIX, que
já não se afigura bastante sólido a muitos marxistas modernos. Georges Sorel
apoiando-se na filosofia do élan vital de Henri Bergson, postulou um movimento
antiparlamentar, de violência revolucionária, inspirado pelo "mito"
de uma irresistível greve geral.
O Manifesto Comunista
O Manifesto Comunista fez a humanidade caminhar. Não em
direção ao paraíso, mas na busca (raramente bem sucedida, até agora) da solução
de problemas como a miséria e a exploração do trabalho. Rumo à concretização do
princípio, teoricamente aceito há 200 anos, diz que "todos os homens são
iguais". E sublinhando a novidade que afirmava que os pobres, os pequenos,
os explorados também podem ser sujeitos de suas vidas.
Por isso é um documento histórico, testemunho da rebeldia do
seres humanos. Seu texto, racional, aqui e ali bombástico e, em diversas
passagens irônico, mal esconde essa origem comum com homens e mulheres de
outros tempos: o fogo que acendeu a paixão da Liga dos Comunistas, reunida em
Londres no ano de 1847, não foi diferente do que incendiou corações e mentes na
luta contra a escravidão clássica, contra a servidão medieval, contra o
obscurantismo religioso e contra todas as formas de opressão.
A Liga dos Comunistas encomendou a Marx e a Engels a
elaboração de um texto que tornasse claros os objetivos dela e sua maneira de
ver o mundo. E isto foi feito pelos dois jovens, um de 30 e o outro de 28 anos.
Portanto, o Manifesto Comunista é um conjunto afirmativo de idéias, de
"verdades" em que os revolucionários da época acreditavam, por
conterem, segundo eles, elementos científicos – um tanto economicistas – para a
compreensão das transformações sociais. Nesse sentido, o Manifesto é mais um
monumento do que um documento... Pétreo, determinante, forte: letras, palavras,
e frases que queriam Ter o poder de uma arma para mudar o mundo, colocando no
lugar "da velha sociedade burguesa uma associação na qual o livre
desenvolvimento de cada membro é a condição para o desenvolvimento de
todos."
O Manifesto tem uma estrutura simples: uma breve introdução,
três capítulos e uma rápida conclusão.
A introdução fala com um certo orgulho, do medo que o
comunismo causa nos conservadores. O "fantasma" do comunismo assusta
os poderosos e une, em uma "santa aliança", todas as potências da
época. É a velha "satanização" do adversário, que está "fora da
ordem", do "desobediente". Mas o texto mostra o lado positivo
disso: o reconhecimento da força do comunismo. Se assusta tanto, é porque tem
alguma presença. Daí a necessidade de expor o modo comunista de ver o mundo e
explicar suas finalidades, tão deturpadas por aqueles que o
"demonizam".
A parte I, denominada "Burgueses e Proletários",
faz um resumo da história da humanidade até os dias de então, quando duas
classes sociais antagônicas (as que titulam o capítulo) dominam o cenário.
A grande contribuição deste capítulo talvez seja a descrição
das enormes transformações que a burguesia industrial provocava no mundo, representando
"na história um papel essencialmente revolucionário".
Com a argúcia de quem manejava com destreza instrumentos de
análise socioeconômica muito originais na época, Marx e Engels relatam (com
sincera admiração !) o fenômeno da globalização que a burguesia implementava,
mundializando o comércio, a navegação, os meios de comunicação.
O Manifesto fala de ontem mas parece dizer de hoje. O
desenvolvimento capitalista libera forças produtivas nunca vistas, "mais
colossais e variadas que todas as gerações passadas em seu conjunto". O
poderio do capital que submete o trabalho é anunciado e nos faz pensar no agora
do revigoramento neoliberal: nos últimos 40 anos deste século XX, foram
produzidos mais objetos do que em toda a produção econômica anterior, desde os
primórdios da humanidade.
A revolução tecnológica e científica a que assistimos, cujos
ícones são os computadores e satélites e cujo poder hegemônico é a burguesia,
não passa de continuação daquela descrita no Manifesto , que "criou
maravilhas maiores que as pirâmides do Egito, que os aquedutos romanos e as
catedrais góticas; conduziu expedições maiores que as antigas migrações de
povos e cruzadas". Um elogio ao dinamismo da burguesia ?
Impiedoso com os setores médios da sociedade – já minoritários
nas formações sociais mais conhecidas da Europa - , o Manifesto chega a ser
cruel com os desempregados, os mendigos, os marginalizados, "essa escória
das camadas mais baixas da sociedade", que pode ser arrastada por uma
revolução proletária mas, por suas condições de vida, está predisposta a
"vender-se à reação". Dá a entender que só os operários fabris serão
capazes de fazer a revolução.
A relativização do papel dos comunistas junto ao
proletariado é o aspecto mais interessante da parte II, intitulada
"Proletários e Comunistas".
Depois de quase um século de dogmatismos, partidos únicos e
"de vanguarda" portadores de verdade inteira, é saudável ler que
"os comunistas não formam um partido à parte, oposto a outros partidos
operários, e não têm interesses que os separem do proletariado em geral".
Embora, sem qualquer humildade, o Manifesto atribua aos
comunistas mais decisão, avanço, lucidez e liderança do que às outras frações
que buscam representar o proletariado, seus objetivos são tidos como comuns: a
organização dos proletários para a conquista do poder político e a destruição
de supremacia burguesa.
O "fantasma" do comunismo assombrava a Europa e o
livro procura contestar, nessa parte, todos os estigmas que as classes
poderosas e influentes jogavam sobre ele. Vejamos alguns desses estigmas,
bastante atuais, e a resposta do Manifesto:
Os comunistas querem acabar com toda a propriedade,
inclusive a pessoal !
Você já deve ter ouvido isso... Em 1989, no Brasil, quando
Lula quase chegou lá, seus adversários espalharam o boato de que as famílias de
classe média teriam que dividir suas casas com os sem-teto... A bobagem é
velha, de 150 anos. Marx e Engels responderam que queriam abolir a propriedade
burguesa, capitalista. Para os socialistas, a apropriação pessoal dos frutos do
trabalho e aqueles bens indispensáveis à vida humana eram intocáveis. Ao que se
sabe, roupas, calçados, moradia não são geradores de lucros para quem os
possui... O Manifesto a esse respeito, foi definitivo, apesar de a propaganda
anticomunista e burra não ter lhe dado ouvidos: "O comunismo não retira a
ninguém o poder de apropriar-se de sua parte dos produtos sociais, tira apenas
o poder de escravizar o trabalho de outrem por meio dessa apropriação."
Os comunistas querem acabar com a família e com a educação !
Sempre há alguém pronto para falar do comunista
"comedor de criancinha". Ao ouvir isso, não deixe de indagar se uma
família pode viver com o salário mínimo, o pai e mão desempregados e uma
moradia sem fornecimento de água e sem luz. E se uma criança pode ser educada
para a vida numa escola pública abandonada pelo governo, que finge que paga aos
professores e funcionários. Na sociedade capitalista a educação é, ela própria,
um comércio, uma atividade lucrativa...
Os comunistas querem socializar as mulheres !
Essa fazia parte do catecismo de "satanização" das
idéias socialistas. "Para o burguês, sua mulher nada mais é que um
instrumento de produção. Ouvindo dizer que os instrumento de produção serão
postos em comum, ele conclui naturalmente que haverá comunidade de mulheres. O
burguês não desconfia que se trata precisamente de dar à mulher outro papel que
o de simples instrumento de produção." É bom lembrar que alguns
socialistas, até hoje, não conseguiram aceitar essa nova compreensão da mulher.
O machismo nega o marxismo...
A parte III, denominada "Literatura Socialista e
Comunista" faz fortes críticas às diferentes correntes socialistas da
época.
O Manifesto corta com a afiada faca da ironia três tipos de
socialismo da época: o "socialismo reacionário" (subdividido em
socialismo feudal, socialismo pequeno-burguês e socialismo alemão, o
"socialismo conservador e burguês" e o "socialismo e comunismo
crítico-utópico".
Nesse capítulo a obra mostra seu caráter temporal, quase
local. Revela sua profunda imersão na efervescência das idéias e combates
daquela época, quando a aristocracia, para salvar os dedos já sem seus ricos
anéis, condena a burguesia e, numa súbita generosidade, tece loas a um vago
socialismo.
A conclusão, "Posição dos Comunistas Diante dos
Diferentes Partidos de Oposição" é um relato das táticas adotadas naquele
momento pelos comunistas, na França, na Suíça, na Polônia e na Alemanha.
Estados Unidos e Rússia, que viviam momentos de alta tensão social e política,
não são mencionados, como reconheceu Engels em maio de 1890, ao destacar com
sinceridade "o quanto era estreito o terreno de ação do movimento proletário
no momento da primeira publicação do Manifesto em fevereiro de 1848".
O Manifesto Comunista como não poderia deixar de ser,
termina triunfalista e animando. Não quer espiritualizar e sim emocionar para a
luta. Curiosamente, retoma a idéia do "fantasma", ao desejar que
"as classes dominantes tremam diante da idéia de uma revolução
comunista". Os proletários, que têm um mundo a ganhar com a revolução,
também são, afinal, conclamados, na célebre frase, que tantos sonhos, projetos
de vida e revoluções sociais já inspirou:
"PROLETÁRIOS DE TODOS OS PAÍSES, UNI-VOS !"
Fonte:
http://www.culturabrasil.pro.br/sartre.htm
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