quinta-feira, 28 de março de 2013

ÉTICA E DIREITOS HUMANOS: "crianças que crescem em famílias chefiadas por gays ou lésbicas não estão em desvantagem em qualquer aspecto significativo em relação aos filhos de pais heterossexuais"

DIREITOS HUMANOS
“Há um consenso cada vez maior, com base na extensa revisão da literatura científica sobre o tema, que mostra que crianças que crescem em famílias chefiadas por gays ou lésbicas não estão em desvantagem em qualquer aspecto significativo em relação aos filhos de pais heterossexuais”



Estados Unidos: Associação de pediatria apoia o casamento gay 

A Academia Americana de Pediatria se posicionou pela primeira vez a favor do casamento gay e afirmou que é do interesse dos filhos que a união entre pessoas do mesmo sexo seja legalizada. 

A nova política da associação diz que a aprovação ajuda a garantir direitos, benefícios e segurança a longo prazo para as crianças, apesar de reconhecer que não possibilita o acesso a benefícios federais. O apoio dos pediatras se soma agora ao já declarado pelos médicos de família, psiquiatras, psicólogos e enfermeiras.

A ideia é que a opinião da academia seja conhecida pela Justiça antes que dois casos sobre a legalidade do casamento gay sejam considerados pela Suprema Corte do país, disse o presidente da instituição, Thomas McInerney. 

A revisão da literatura científica da instituição começou há quatro anos. O resultado é um relatório de 10 páginas, com 60 citações – entre elas algumas pesquisas que mostram que o bem-estar de uma criança é muito mais afetado pela força das relações entre os membros da família e seus recursos sociais e econômicos do que pela orientação sexual dos pais. 

“Há um consenso cada vez maior, com base na extensa revisão da literatura científica sobre o tema, que mostra que crianças que crescem em famílias chefiadas por gays ou lésbicas não estão em desvantagem em qualquer aspecto significativo em relação aos filhos de pais heterossexuais”, disse a instituição em nota. “Se a criança tem dois pais ativos e capazes que escolheram criar um vínculo permanente com o casamento civil, é do melhor interesse da criança que as instituições legais e sociais os apoiem, independentemente de sua orientação sexual”. 

Para os pediatras americanos, o casamento oferece maior segurança à criança, que passa a ter seus pais cobertos por diversas leis de proteção social, que vão de descontos de impostos à autorização de viagens, e também por motivos de saúde, como o direito à acompanhante e a tomada de decisões médicas em casos de emergência. Quando o casamento não é uma opção, segundo a instituição, as crianças não devem ser privadas de acolhimento ou adoção por pais solteiros ou casais, qualquer que seja sua orientação sexual. 

Se os estudos são diferentes em forma e amostragem, mas os resultados continuam a ser parecidos, isso dá aos cientistas mais fé no resultado – disse Ellen Perrin, coautora da nova política e professora de pediatria na Universidade de Medicina de Tufts. Outros cientistas, no entanto, disseram que o endosso da academia é prematura. Loren Marks, professora de estudos da criança e família na Universidade da Louisiana. em Baton Rouge, disse que não havia dados suficientes para apoiar a posição da instituição em relação ao casamento homossexual. 

 - A associação deve ser baseada em dados nacionalmente representativos. Estamos caminhando nessa direção, mas o processo ainda é lento. 

Um estudo realizado no Reino Unido comparou 39 famílias chefiadas por mães lésbicas, com 74 formadas por pais heterossexuais e 60 de mulheres solteiras heterossexuais. Não foi encontrada nenhuma diferença entre os grupos em relação a envolvimento emocional, comportamentos anormais relatados por pais ou professores ou transtornos psiquiátricos em si. Mas mães e professores relataram mais problemas de comportamento entre as crianças em famílias monoparentais do que em famílias formadas por casais, qualquer que seja sua orientação sexual. 

- O casamento fortalece as famílias e gera mais benefícios ao desenvolvimento da criança. E a sensação de de competência e segurança dos pais também aumenta quando eles são capazes de criar os filhos sem estigmas – disse Nanette Gartrell, principal autor do estudo e pesquisador visitante na Faculdade de Direito da Universidade da Califórnia, em Los Angeles. 

A pesquisa tem limitações, segundo alguns especialistas, incluindo o tamanho das amostras, relativamente pequenas, de pais gays ou lésbicas, mesmo em estudos de longo prazo. Muitos contam com avaliações dos próprios pais, e há relativamente poucos dados sobre o bem-estar de crianças criadas por gays comparado aos dos filhos criados por lésbicas. 

Ryan Timm-Young, um pai gay de 48 anos de idade, casado e pai de Zélia, 6, encontrou apoio da academia no casamento entre pessoas do mesmo sexo.  

- Sempre que uma instituição formal confirma que uma família com pais gays é válida, e não há aspectos negativos que possam ser medidos ou discutidos, isso é um grande negócio, francamente – disse. 

Travis Kidner, um cirurgião de 36 anos de Los Angeles, e Hernan Lopez, um executivo de meia-idade, se casaram em 2008 e tiveram a adoção de Nicolau e Zoe aprovadas. 

- É importante para as crianças saberem que estão em um lar estável e que seus pais são casados – disse o médico. 

A associação de pediatras tem o histórico de se posicionar em assuntos polêmicos: desencorajou famílias com filhos a terem armas em casa e pediu aos pediatras que prescrevessem, com antecedência, pílulas do dia seguinte para adolescentes. 

fonte: por mark vynny - Extra

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