Simone de Beauvoir. Seu nome está associado à emancipação das mulheres, Jean-Paul Sartre e ao famoso segundo sexo.
Ninguém nasce mulher: torna-se mulher.
Mude sua vida hoje. Não deixe para depois, aja agora, sem
demora.
O opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices
entre os próprios oprimidos.
Que nada nos defina, que nada nos sujeite. Que a liberdade
seja a nossa própria substância, já que viver é ser livre.
É preciso erguer o povo à altura da cultura e não rebaixar a
cultura ao nível do povo.
Não são
as pessoas que são responsáveis pelo fracasso do casamento, é a própria
instituição que é pervertida desde a origem.
É na arte que o homem se ultrapassa definitivamente.
Seja qual for o país, capitalista ou socialista, o homem foi
em todo o lado arrasado pela tecnologia, alienado do seu próprio trabalho,
feito prisioneiro, forçado a um estado de estupidez.
Querer ser livre é também querer livres os outros.
É pelo trabalho que a mulher vem diminuindo a distância que
a separava do homem, somente o trabalho poderá garantir-lhe uma independência
concreta.
Era-me mais fácil imaginar um mundo sem criador do que um
criador carregado com todas as contradições do mundo.
Quando se respeita alguém não queremos forçar a sua alma sem
o seu consentimento.
O compromisso assumido pela mulher multiplica por dois as obrigações familiares e
todos os compromissos sociais.
A recusa da existência é ainda uma maneira de existir.
Ninguém conhece, enquanto vivo, a paz do túmulo.
Em todas as lágrimas há uma esperança.
O presente não é um passado em potência, ele é o momento da
escolha e da ação.
Praia. No Rio, Simone e Sartre foram fotografados passeando
na antiga calçada da orla da Praia de Copacabana (24/08/1960 / Agência O Globo). Sartre e Simone de Beauvoir visitam Brasil em 1960 e propagam suas ideias
Casal de filósofos franceses fez palestras em mais de dez cidades. Viagem resultou em livro da escritora e feminista sobre costumes e preconceitos contra a mulher no país.
BIOGRAFIA DE SIMONE DE BEAUVOIR - filósofa e escritora francesa,
Simone de Beauvoir marcou seu tempo com seu compromisso e independência. Figura
indispensável do feminismo, ela é a autora do livro "O Segundo sexo".
Simone de Beauvoir é reconhecida em todo o mundo graças ao seu ensaio
feminista intitulado "O Segundo Sexo". Seu relacionamento romântico,
particularmente marginal na época, com o filósofo e escritor Jean-Paul Sartre,
deu a ela um status especial de mulher independente e completamente liberal.
Apaixonada, ela tira de sua vida, com suas aventuras e seus relacionamentos
românticos, a inspiração necessária para escrever suas obras. Autora de
sucesso, ganhou o prestigioso Prêmio Goncourt de Les Mandarins. Comprometida,
ela fez de sua vida e de seus escritos um exemplo de emancipação feminina.
A juventude de Simone de Beauvoir Simone Ernestine Marie Bertrand de Beauvoir nasceu em 9 de
janeiro de 1908, em uma família católica relativamente rica. A mais velha de
uma família de dois filhos, ela recebeu uma educação materna severa e
tradicional. Quando criança, ela estudou no Instituto Désir, uma escola
católica. Ela muito cedo rejeitou esses ensinamentos, declarando-se totalmente
ateia. Ela então descobriu uma profunda paixão pela leitura e escrita. Em 1926,
ela se matriculou no curso de filosofia na Sorbonne. Em 1929, ela conheceu
Jean-Paul Sartre e foi recebida em segundo lugar na competição pela agremiação de filosofia, logo atrás dele. Ela então ensinou sua disciplina em Marselha,
depois em Rouen e Paris. No entanto, não preenchida por essa profissão, ela a
abandonou em 1943 para seguir uma carreira literária. Seu primeiro romance, "A Convidada", descreve relacionamentos românticos incendiados pelo sentimento de
ciúme, dentro de um relacionamento a três. Este romance é amplamente
inspirado na experiência amorosa de Simone de Beauvoir, em um trio com
Jean-Paul Sartre e Olga Kosakiewicz.
Discípulo e companheiro de Jean-Paul Sartre Em 1929, seu encontro com o existencialista Jean-Paul Sartre
marcou uma virada decisiva em sua existência e em sua concepção de vida. Ambos
têm uma relação intelectual e emocional muito forte, mas não se adaptam à vida
conjugal. Eles se recusam a compartilhar o mesmo teto. Até a morte do filósofo,
eles viverão no mais total anticonformismo. Os relacionamentos externos são
parte integrante do relacionamento, que às vezes chega a incluir uma terceira
pessoa em seu jogo romântico. A relação que Simone de Beauvoir mantém com seus
amantes (incluindo o escritor americano Nelson Algren, ou o jornalista francês
Claude Lanzmann) ilustra perfeitamente suas reflexões sobre a posição da mulher
na sociedade e o relacionamento com os outros.
Simone de Beauvoir, autora feminista comprometida As ideias que florescem na mente de Simone de Beauvoir foram
marcadas desde cedo por um forte compromisso político. Desde 1926, ela se
juntou a um movimento socialista. Em 1945, Jean-Paul Sartre criou "Les
Temps Modernes" (Os Tempos Modernos), uma revista de esquerda na qual escreveu vários artigos.
Após a Segunda Guerra Mundial, seus compromissos políticos se intensificaram.
Ela também tem um compromisso muito forte com o status das mulheres. Em 1949,
ela publicou um ensaio intitulado O Segundo Sexo. Em considerações sempre
próximas ao existencialismo, ela defende a libertação e a emancipação da mulher
na sociedade. Através de um estudo histórico, científico, sociológico e
literário, ela tenta demonstrar até que ponto as mulheres são alienadas pelos
homens. A única maneira de escapar disso seria adquirir independência total.
Este trabalho escandalizou a alta sociedade, mas foi apoiado por Claude
Lévi-Strauss e se tornou a base dos primeiros movimentos feministas.
Os livros de Simone de Beauvoir, inspirados em suas viagens Em 1947, Simone de Beauvoir partiu para explorar o mundo.
Ela vai primeiro para os Estados Unidos, onde encontra seu amante Nelson
Algren, depois viaja pela África e Europa. Em 1955, ela desembarcou na China.
Ela descobriu Cuba e o Brasil no início dos anos 1960 e depois ficou na URSS.
Suas várias viagens ao exterior lhe permitem enriquecer seus trabalhos, que ela
nunca negligencia. Em 1954, seu romance Les Mandarins (Os mandarins) ganhou o Prêmio Goncourt.
No entanto, ela abandonou o gênero romântico para se dedicar a ensaios e
trabalhos autobiográficos. Em 1958, Memórias de uma jovem turbulenta apareceu,
remontando sua vida desde a infância até seu sucesso na associação de filosofia,
seguida por The Force of Age (A Força da Idade) - (1960) e The Force of Things (A Força das Coisas) - (1963). Através deste
afresco autobiográfico, ela oferece um exemplo de emancipação feminina e
continua seu estudo sobre o comportamento e a responsabilidade dos homens na
sociedade. Foi em 1964 que ela conheceu Sylvie Le Bon, uma estudante de
filosofia, com quem teve um forte relacionamento. Simone de Beauvoir fez de
Sylvie sua filha adotiva e herdeira de sua obra literária e seus bens. Sylvie
Le Bon, agora Sylvie Le Bon de Beauvoir, é a autora do álbum La Pléiade 2018 ,
dedicado a Simone de Beauvoir.
Enlutada, Simone de Beauvoir morre lentamente Em 1980, Jean-Paul Sartre morreu. Simone de Beauvoir é
particularmente afetada por essa perda, que ela considera fatalista. Cercada
por sua filha adotiva Sylvie e seu ex-amante Claude Lanzmann, Simone de
Beauvoir morreu em 14 de abril de 1986, aos 78 anos de idade. Ela repousa no
cemitério de Montparnasse, em Paris, ao lado de Jean-Paul Sartre. Ela está
enterrada com o anel de Nelson Algren, seu amante de longa data, no dedo.
Escritora e ensaísta, discípula do movimento existencialista, Simone de
Beauvoir é considerada a precursora do movimento feminista francês. Seu
trabalho foi grandemente influenciado e ilustrado por seu relacionamento
não-conformista com o filósofo Jean-Paul Sartre.
O SEGUNDO SEXO é um ensaio escrito por Simone de
Beauvoir, uma escritora francesa que era ao mesmo tempo ensaísta, filósofa,
romancista e memorialista, além de romancista.
Publicado em 1949, trata-se de um ensaio dividido em dois
volumes, cada um precedido por duas epígrafes e composto por uma introdução e
três partes, sem esquecer a conclusão ao final do trabalho. Baseando-se em uma
infinidade de referências, e não apenas declarando os fatos ou fazendo uma
observação, o autor lida com um assunto que afeta de perto as mulheres: sua
existência como tal.
O título é, portanto, bastante eloquente, enfatizando que as
mulheres buscam aquelas que são consideradas do primeiro sexo: os homens. Mas
quais são as razões e as causas? Já se deve salientar que não se trata de
responsabilizar os homens apenas por todos os problemas existenciais
enfrentados pelas mulheres.
Na época em que o ensaio foi publicado, o mundo mal emergia
da Segunda Guerra Mundial. Na França, a era da ideologia “Trabalho, Família,
Pátria” não está muito atrás e a primeira participação das mulheres nas
eleições, nesse caso municipal, data apenas de 29 e 13 de abril Maio de 1945.
Dito isso, as demandas feministas pareciam respirar após o
direito de voto às mulheres. Mas isso não representou um obstáculo em si para a
publicação do ensaio "O Segundo Sexo", de Simone de Beauvoir ...
A seguir, a histórica entrevista dada por Simone de Beauvoir a um canal de televisão francês, em 1975, ao jornalista Jean-Louis Servan-Schreiber que tratou do
tema: "Por Que Sou Feminista?". Simone de Beauvoir que tem um papel
histórico na evolução das ideias reflete sobre suas teses 25 anos após o
lançamento da sua obra "O segundo sexo". Na entrevista, ela explicou sua célebre frase: "Ser mulher não é um dado natural, mas o resultado de
uma história. Foi uma história que a fez."
Simone de Beauvoir visitou o Brasil em 1960 O Casal de filósofos franceses fez palestras em mais de dez
cidades. A viagem resultou em livro da escritora e feminista sobre costumes e
preconceitos contra a mulher no país
Ao lado da mulher, ícone do movimento feminista Simone de
Beauvoir, o filósofo Jean-Paul Sartre passou dois meses e meio no país, e
percorreu mais de dez cidades, incluindo Recife, Salvador, Rio, São Paulo e
Ouro Preto. A maior parte da programação foi organizada pelo casal Jorge Amado
e Zélia Gattai, que conheceram Sartre e Simone na França, em encontros do
Partido Comunista.
Ao visitar o Brasil, Sartre encontrava-se no auge de sua
atuação como crítico da sociedade capitalista e era um influente ativista
político. No cenário mundial destacava-se a Guerra Fria, com ameaças de um
conflito devastador pelo uso de armas atômicas. O Brasil e os demais países
sul-americanos estavam na rota de interesse das disputas expansionistas, do
comunismo da União Soviética de um lado, e do capitalismo defendido pelos americanos. (...).
A viagem foi um estrondoso sucesso de mídia. Sartre deu
entrevistas na televisão, apareceu em colunas sociais, participou de inúmeras
conferências e se encontrou com comunistas históricos, como Luís Carlos Prestes
e Oscar Niemeyer.
De acordo com Antonio Olinto, em sua coluna “Porta de
Livraria”, publicada no GLOBO em 31 de agosto de 1960, “As conferências que os
dois pronunciaram no Rio obtiveram grande êxito. A presença de jovens –
principalmente de alunos de Faculdades de Filosofia – foi a marca dessas
conferências. Sartre e Simone visitarão ainda Porto Alegre, São Paulo Belo
Horizonte, Ouro Preto, Congonhas, Brasília, Fortaleza, Belém e Manaus.”
Publicado na coluna “Porta de Livraria”, em 31 de agosto de 1960.
Destaca-se como uma das mais importantes a visita que
fizeram à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara, onde ele
proferiu uma conferência dedicada à filosofia. Esse acontecimento resultou numa
data memorável para a instituição, para a cidade paulista e um dos eventos mais
importantes da vinda do casal para o Brasil.
No Rio, Simone e Sartre chegaram a ser fotografados andando
na antiga calçada da orla da Praia de Copacabana. Já na passagem por Brasília,
o casal manteve encontro com o presidente Juscelino Kubitschek, em 22 de
setembro de 1960. Na capital, que acabara de se transferir do Rio, Simone e
Sartre conversaram sobre o futuro e o desenvolvimento do Brasil.
Simone de Beauvoir representou a mais importante
personalidade do movimento feminista em sua passagem pelo país. Seu pensamento
a respeito de gênero desenvolve-se a partir da condição da mulher, e suas
ideias têm influência do existencialismo de Sartre. Sua presença em diversas
regiões no Brasil resultou num diário em que a escritora registrou suas
impressões sobre as cidades brasileiras, os costumes, as misérias e os preconceitos
contra a mulher. Esses relatos foram publicados no livro “Sob o signo da
história”, lançado originalmente em português em 1965.
Ao longo da visita, Sartre fez grandes elogios ao Brasil e
anunciou que voltaria posteriormente como turista, o que nunca aconteceu. Em
1964, as ideias revolucionárias que defendeu seriam sufocadas por um golpe
militar.
Sartre disse também que não sabia se sua filosofia
sobreviveria a ele. Mas, tal como em todo o resto do mundo, ela influenciou,
também no Brasil, gerações futuras de intelectuais, servindo como guia de
grande parte do pensamento filosófico brasileiro.
Referências
Filoparanavaí 2020
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