domingo, 2 de maio de 2010

GALILEU GALILEI o pai da Ciência Moderna

Galileu Galilei (1564-1642). Suas contribuições vão desde a criação do método científico até o desenvolvimento de instrumentação, passando por descobertas fantásticas e pela popularização do conhecimento. O gênio italiano foi o primeiro a identificar crateras e montanhas na Lua, descobriu as quatro maiores luas de Júpiter e constatou que a Via Láctea é composta de inúmeras estrelas, invisíveis a olho nu. De quebra, verificou que Vênus possuía fases, como as lunares. Tudo isso só entre 1609 e 1610, logo após ter desenvolvido seu próprio telescópio astronômico.


A Ciência que nasce com a Modernidade é totalmente nova em relação à Ciência existente desde os gregos antigos até a Renascença, tão importante quanto assentar as bases do conhecimento na experiência foi obter essa experiência de forma controlada e sistemática, por meio daquilo que se chamou experimentos. 

Para tomar um exemplo famoso daquela época, sabe-se que Galileu concebeu vários desses experimentos para observar como os corpos pesados caíam. Para ele, não bastava soltar uma pedra e olhar sua descida. Ele queria saber quantitativamente como ela o faz. 

Para tanto, concebeu o famoso experimento do plano inclinado, descrito em seu livro Discursos e Demonstrações Matemáticas sobre Duas Novas Ciências (1638). Com a inclinação, retarda-se a queda, facilitando a medição de tempos e distâncias. Esse experimento comprova a lei galileana da queda dos corpos, segundo a qual na queda o corpo percorre distâncias proporcionais ao quadrado dos tempos de queda.

Esse exemplo ajuda a ver vários outros pontos importantes na nova abordagem.

O primeiro é que um experimento só é concebido com vistas ao esclarecimento de um dado problema, previamente configurado na tradição de investigação. Nesse caso, o problema era dado pela suspeita de Galileu de que a tese aristotélica de que os corpos mais pesados caem mais rápido do que os mais leves estava errada. O experimento de Galileu permite resolver essa dúvida de forma objetiva.

Um segundo ponto é que os dados brutos de um experimento são pouco ou nada significativos se não forem refinados intelectualmente. No exemplo em análise, devesse, para chegar à lei de Galileu, “descontar” a interferência de causas espúrias, como o atrito e a imperfeição dos relógios da época (batimento do pulso e relógio d’água, inicialmente). Fazer isso sem mutilar fundamentalmente os resultados é algo que exige perícia e verdadeira genialidade.

Por fim, o exemplo destaca o segundo dos grandes traços da nova ciência, mencionados acima, a preocupação em obter uma descrição quantitativa dos fenômenos, por meio de sua matematização. Vale notar, como contraste, que na visão aristotélica, nem mesmo a física poderia ser matematizada. As leis físicas assumiam, segundo Aristóteles, um caráter puramente qualitativo.

Num ensaio publicado em 1623, intitulado Il Saggiatore (“O Ensaiador”), Galileu expressou, numa metáfora que se tornou famosa, sua nova proposta de estudo da natureza, que, como estamos vendo, se tornaria fundamental no desenvolvimento da ciência moderna:

“A filosofia está escrita neste grandíssimo livro, que continuamente está aberto diante de nossos olhos (eu quero dizer o universo), mas que não se pode entender se não se aprende a entender a língua, e a conhecer os caracteres nos quais está escrito. Ele está escrito em língua matemática, e os caracteres são os triângulos, círculos, e outras figuras geométricas, sem cujos meios é humanamente impossível entender uma só palavra; sem eles [a filosofia] é um vão caminhar por um obscuro labirinto.” (Tradução de Henrique Fleming, em http://www.hfleming.com/confgal2.html.)

Uma das consequências desse novo enfoque de pesquisa foi a necessidade de um uso cada vez mais extenso de aparelhos de observação. Por exemplo, Galileu, ele próprio, pôs a óptica a serviço das observações astronômicas, construindo sua famosa luneta; construiu também o primeiro relógio de pêndulo. Essas observações instrumentais tiveram um papel crucial na implantação da nova ciência. (Adaptado de Introdução à filosofia da ciência (Prof. Dr. Silvio Seno Chibeni - https://www.unicamp.br/)

Nasce uma nova concepção do mundo
As Ciências - Particular: um objeto específico - Geral: fenômenos se repetem na natureza
Galileu Galilei (1564 – 1642)
Influência: Nicolau Copérnico (1473 – 1543)
Heliocentrismo
Invenção do Telescópio
Aprofundamento dos estudos de Copérnico
Julgado pela Inquisição (1533)
Pena: Desmentir sua teoria


Galileu Galilei nasceu em Pisa em 1564. Seu pai, um teórico da música, queria ardentemente que ele se tornasse médico, uma profissão bem remunerada. Assim, aos dezessete anos de idade, o jovem Galileu começou a estudar medicina, que ele abandonou imediatamente: Ostillo Ricci, seu professor de desenho, conseguiu fasciná-lo pela matemática, termo pelo qual agrupamos várias de nossas disciplinas atuais , incluindo astronomia e física.

Excessivamente talentoso, seus biógrafos dizem que em 1583, portanto, aos dezenove anos, Galileu teria descoberto o isocronismo dos pêndulos simplesmente observando as oscilações do lustre de uma catedral. Ele também teria entendido todo o objetivo desta lei para medir o tempo.

Em 1587, ele conheceu o famoso professor do Roman College, o estabelecimento educacional de maior prestígio da época, o pai jesuíta Christopher Clavius. Nomeado "Arquimedes do século XVI", este último está no auge de sua glória: cinco anos antes, ele havia de fato reformado o calendário juliano, criando o calendário gregoriano, ainda em uso. Galileu, que cobiça uma posição matemática em Bolonha, impressionou o Pai favoravelmente, mas sua tentativa falhou. No entanto, em 1589, ele obteve a cadeira de matemática em Pisa do Grão-Duque da Toscana. Dois anos depois, Galileu descobre que suas economias são insuficientes: a morte de seu pai o deixa encarregado de sua mãe e de duas irmãs muito exigentes.


Esta pintura que devemos a Tito Lessi representa Galileu instruindo Vincenzo Viviani. Aproveitando a ocasião, podemos imaginar qual seria a resposta de Galileu se lhe perguntássemos se ele não violava os preceitos de Roma estudando o universo: "Certamente não meu amigo. Deus teria criado o Céu e a Terra, mas que Ele não diz ter gerado o Universo, ação que Ele reservou para Cristo, o Universo pode, portanto, ser objeto de experiências, uma vez que o Criador nos deu significado e Aqueles que adquirem esse conhecimento atraem a amizade de Deus ".



Em 1592, tornou-se professor de matemática em Pádua e complementou seu salário fabricando instrumentos de navegação, bússolas e sextantes. Lá ele conhece uma mulher, Marina Gamba, com quem ele se recusa a casar, mas que lhe dará três filhos em seis anos, o primeiro em 1600.

A partir de 1597, pelo menos, Galileu ficou interessado na queda de corpos. Segundo a lenda, ele desacreditou Aristóteles largando objetos de tamanhos diferentes do topo da Torre de Pisa, provando assim que todos caíam na mesma velocidade, enquanto o filósofo grego afirmava o contrário. Às vezes, acrescentamos que Galileu teria reunido para esta ocasião todos os professores da universidade. Se é verdade que Galileu realizou experimentos na Torre de Pisa, é impensável que eles tivessem tanta solenidade. Em uma universidade tão hierárquica, é difícil entender por que seus colegas aceitariam o convite de um dos professores mais mal pagos para participar de uma experiência desinteressante: faz muito tempo que sabíamos que Aristóteles estava errado!

Em 1602, Galileu retomou seu trabalho sobre a queda de corpos usando um plano inclinado. Após experiências brilhantes, é ele quem tem a honra de ter formulado a lei matemática que descreve esta queda.

A vida de Galileu conheceu um momento decisivo em 1609, quando soube da existência do telescópio, um objeto inventado por um holandês que serviu mais como brinquedo do que como instrumento de observação. Galileu imediatamente faz uma cópia para comercializá-lo. Sua inteligência e o profissionalismo de seu ajudante permitem aperfeiçoar rapidamente o instrumento: em pouco tempo, ele terá um telescópio ampliando 30 vezes. Ele também tem a ideia de virá-los para o céu. Ele descobrirá lá que a Via Láctea consiste de fato de muitas estrelas invisíveis a olho nu, que a Lua apresenta irregularidades e, principalmente, ele vê quatro pequenos corpos girando em torno de Júpiter, como a Lua ao redor da Terra, reproduzindo um sistema solar em miniatura: ele os chama de "planetas medicinais" para fazer lealdade ao seu novo protetor, o Grão-Duque da Toscana, Como II de Médici, no Siderius Nuncius (Mensageiro Celestial, 1610). No auge da alegria, o Grão-Duque nomeia Galileu seu filósofo e matemático pessoal. Logo depois, o cientista descobriu manchas solares, provando assim que o Sol, como a Terra, tem imperfeições. Verdadeiras bombas no jardim do aristotelismo, essas declarações sucessivas irritam a Igreja Católica, que fez do filósofo grego seu estudioso oficial.

Além disso, Galileu, que agora se declara abertamente copernicano, participa ativamente de discussões científicas e interfere imprudentemente em questões religiosas. Irritado, o cardeal Robert Bellarmino (de fato, "São Roberto Bellarmino" porque ele será canonizado no século 20), proibi Galileu em 1616 de pregar o copernicanismo e, ao mesmo tempo, condena explicitamente o heliocentrismo e o movimento de Terra. Esta é uma ameaça séria: o cardeal Bellarmino não é apenas o cardeal inquisidor, mas também um dos maiores responsáveis ​​pelo julgamento que levou o infeliz filósofo Giordano Bruno a ser queimado vivo em 1600. A ata da reunião entre Galileu e o cardeal traz essa menção "docere quovis modo". Em outras palavras, Bellarmino, em nome da Igreja, proibiu Galileu de "ensinar (copernicanismo) por qualquer meio que seja". Para muitos historiadores, essa menção é uma falsificação acrescentada à ata (do cardeal Bellarmino ou de outra pessoa) para confundir Galileu mais tarde.

A situação na Igreja mudou no entanto em 1623: um amigo de Galileu se tornou papa sob o nome de Urbano VIII. O pontífice soberano, sem suspender a proibição de Galileu, o autoriza oficialmente a evocar o heliocentrismo. Mas sob duas condições: primeiro, ele deve falar do movimento da Terra como uma hipótese simples; depois, também deve dar a palavra aos defensores do geocentrismo.

É quando o Diálogo entre os dois maiores sistemas do mundo (1632) aparece, onde Galileu apresenta três personagens: Salviati, que representa sua própria pessoa, Simplicius, que defende as antigas concepções de imobilidade da Terra e Sagredo, que é deveria ser neutro. De fato, Simplicius, ridicularizado do começo ao fim do livro, sofre o fogo cruzado dos outros dois personagens. Galileu, para defender o duplo movimento da Terra, expõe neste livro uma física baseada no princípio da inércia, que ele, no entanto, não consegue afirmar corretamente. De fato, a afirmação deste princípio virá um pouco mais tarde, na caneta de Descartes.


Galileu comete dois grandes erros: primeiro, ele apresenta uma "prova" do movimento da Terra, o que é contrário aos acordos com o papa. O último quer que evoquemos esse movimento apenas na forma de hipótese, o que exclui, portanto, o uso de "evidência". Ainda mais dramático: as evidências de Galileu, baseadas nas marés, são falsas. O segundo constrangimento de Galileu é colocar na boca de Simplicius um argumento que o papa gostava de usar. Os oponentes do cientista podem facilmente explorar esse ponto para dizer que Galileu é um traidor que compara o papa a um personagem ridículo. O pontífice furioso queria o julgamento de Galileu.

No entanto, este julgamento não deve ser reduzido a um desacordo entre dois homens. Isso também é explicado pela situação política dentro da Igreja e pela Guerra dos Trinta Anos que assola a Europa Central: o Papa é realmente violentamente atacado por sua imobilidade. Ele é acusado de pertencer à "Parti de la France", uma nação envolvida em guerra ao lado dos protestantes, embora a França fosse uma nação católica. Com este julgamento, o soberano pontífice pretende usar uma questão que possa ser aceita por unanimidade por cristãos, católicos e reformados.

Em 1633, Galileu compareceu perante o Tribunal da Inquisição, onde a menção "docere quovis modo" estava no centro das acusações, enquanto São Bellarmino já havia falecido. Galileu está com medo. Com exceção do corajoso Giordano Bruno, que enfrentara esse mesmo tribunal, quantos não teriam tremido em seu lugar? Ele é realmente velho, deprimido, abandonado por todos os seus amigos e sofre de visão a ponto de logo se tornar cego. Eis por que Galileu concorda em se retratar. Segundo uma lenda tenaz, ele teria dito sobre o movimento da Terra: "Eppur si muove" ("E, no entanto, ele gira"). Dificilmente se pode imaginar tanta audácia: isso lhe custaria a vida!
Galileu está, portanto, em prisão domiciliar em Arcetri (perto de Florença) ao lado de sua filha, a quem ele forçou a usar o véu e que tinha o nome de irmã Marie Céleste. Mas ela morreu um pouco depois. Na prisão, ele escreveu seu trabalho principal Discours sobre duas novas ciências que apareceram na Holanda (1638).

Mesmo a morte de Galileu em 1642 não apaga o rancor: as autoridades eclesiásticas proíbem seus amigos de erguer o menor monumento funerário. Este nascerá cerca de um século após sua morte, com um epitáfio devidamente controlado pela Igreja. Em 1744, Bento XIV autorizou a publicação dos Diálogos, porém afixando "suposto" antes do "movimento da Terra" e alertando que deve ser considerado como uma mera hipótese. Mas o pontífice não volta ao decreto que proíbe o heliocentrismo, que só será cancelado em 1822. Em 1992, o Papa João Paulo II "reabilita" Galileu, reduzindo seu julgamento a um "mal-entendido trágico e recíproco" entre ele e São Bellarmino. Ao fazer isso, não é Galileu que ele reabilita, é São Bellarmino!

Referência


CURIOSIDADE



Nova descoberta mostra que Galileu atuou ativamente na tentativa de controle de danos de suas ideias. A Igreja Católica condenou Galileu Galilei por heresia em 1633, após uma batalha de quase 20 anos entre o astrônomo italiano e o Vaticano. Mas a descoberta de um documento mostra como o famoso astrônomo, matemático e físico modificou um texto que ele mesmo tinha escrito para tentar evitar um confronto com a Igreja. Isto é confirmado por uma carta assinada por "G.G.", segundo o pesquisador Salvatore Ricciardo, da Universidade de Bérgamo, na Itália, que encontrou o documento nos arquivos da Royal Society of London - sociedade científica fundada no século 17 e sediada na capital inglesa - em agosto. A carta, que contém rasuras e correções, foi escrita e alterada pelo próprio Galilei entre 1613 e 1615, assegura Ricciardo. Em uma primeira versão dos escritos, o físico combate a doutrina geocêntrica. Ditada pela Igreja Católica, ela pregava que o Sol girava em torno da Terra, e não o contrário, como se confirmou posteriormente. Em uma versão posterior, Galilei suaviza suas afirmações. Os historiadores acreditavam que a carta havia desaparecido, mas para Ricciardo, ela esteve o tempo todo no catálogo da Royal Society - arquivada, porém, em um lugar errado. [Leia mais aqui https://www.bbc.com/]

Galileu Galilei desenho animado (FILME)

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