sábado, 2 de janeiro de 2010

A Grécia dos primeiros filósofos. Características gerais geográficas e históricas da Grécia Antiga



Características gerais geográficas e históricas da Grécia Antiga



φιλοσοφία
"Se você olhar para o mapa da Europa, irá observar que a Grécia é uma mão semelhante à de um esqueleto, estendendo seus dedos curvos pelo Mar Mediterrâneo, Ao sul, fica a ilha de Creta, da qual esses dedos gananciosos capturaram, no segundo milênio antes de Cristo, os primórdios da civilização e da cultura. Para o leste, do outro lado do mar Egeu, fica a Ásia Menor, tranquila e apática agora, mas vibrando, na era pré-platônica, com a indústria, o comércio e a especulação. A oeste, do outro lado do Jônico, fica a Itália, como uma torre inclinada fincada no mar, e a Sicília e a Espanha, cada qual, naquela época, com prósperas colônia gregas; e no final, os "Pilares de Hércules" (que chamamos de Gibraltar), aquele sombrio portal através do qual não eram muitos os marinheiros veteranos que ousavam passar. E ao norte, aquelas regiões ainda inconquistadas e semibárbaras, então chamadas de Tessália, Epiro e Macedônia, das quais, ou através das quais, vieram as poderosas hordas que geraram os gênios da Grécia homérica e periclesiana.

Torne a olhar para o mapa, e verá inúmeras reentrâncias na costa e elevações de terreno; por toda a parte, golfos e baías, e o mar intrometido; toda a terra demolida e atirada para formar montanhas e morros. A Grécia foi dividida em fragmentos isolados por essas barreiras naturais de mar e solo; as viagens e comunicações eram muitos mais difíceis e perigosas, naquela época, do que são agora; por isso, cada vale desenvolveu sua vida econômica auto-suficiente, seu governo soberano, suas instituições, seu dialeto, sua religião e sua cultura. Em cada caso, uma o duas cidades e, em torno delas estendendo-se pelas encostas das montanhas, uma região agrícola: eram assim as "cidades-estados" de Eusébia, Lócrida, Etólia, Fócida, Beócia, Acaia, Argólida, Élida, Arcádia, Messênia e Lacônia - com a sua Esparta - e Ática - com a sua Atenas.

Consulte o mapa uma última vez e observe a posição de Atenas: das maiores cidades da Grécia, ela é a mais oriental. estava favoravelmente localizada para ser a porta através da qual os gregos saíam em direção às movimentadas cidades da Ásia Menor e através da qual essas cidades mais antigas enviavam seus artigos de luxo e sua cultura para a Grécia adolescente. Possuía um porto admirável, Pireu, onde inúmeros navios podiam encontrar um abrigo das águas encapeladas do mar. E contava com uma grande frota marítima.

De 490 a 470a.C., Esparta e Atenas, esquecendo os ciúmes e unindo forças, combateram e derrotaram os esforços dos persas, sob Dario e Xerxes, de transformar a Grécia numa colônia do império asiático. Nessa luta da jovem Europa contra o senil Ocidente, esparta forneceu o exército, e Atenas, a marinha. Terminada a guerra, Esparta desmobilizou suas tropas e sofreu as perturbações econômicas típicas desse processo; enquanto que Atenas transformou sua marinha de guerra numa frota mercante e se tornou numa das maiores cidades comerciais do mundo antigo. Esparta voltou a cair no isolamento agrícola e na estagnação, enquanto Atenas se tornava um movimentado mercado e porto, o local de encontro de muitas raças de homens e de diversos cultos e costumes, cujo contato e cuja rivalidade geraram comparações, análise e reflexão.(...)"

"(...) Homens se tornaram suficientemente audazes para tentar explicações naturais para processos e acontecimentos até então atribuídos a agentes e poderes sobrenaturais; a magia e o ritual foram lentamente cedendo lugar à ciência e ao controle; e nasceu a filosofia.

A princípio, essa filosofia era física; olhava para o mundo material e perguntava qual era o final e irredutível componente das coisas. (...) Mas os mais característicos e férteis desenvolvimentos da filosofia grega tomaram forma com os sofistas, professores ambulantes de sabedoria, que olhavam para seu próprio pensamento e sua própria natureza, em vez de para o mundo das coisas. (...) praticamente não existe problema ou solução em nossa atual filosofia da mente e da conduta que eles não percebessem e não discutissem. Faziam perguntas sobre tudo; ficavam à vontade, sem medo, na presença de tabus religiosos ou políticos; e ousadamente intimavam todos os credos e instituições a comparecerem perante o julgamento da razão."



"(...) dos quatrocentos mil habitantes de Atenas 250 mil eram escravos, sem direitos políticos de qualquer espécie, e dos 150 mil homens livres ou cidadãos, só um pequeno número aparecia à Eclésia, ou assembléia geral, onde eram discutidas e determinadas as diretrizes do Estado. No entanto, a democracia que tinham era tão completa como nenhuma outra desde então. A Assembleia geral era o poder supremo; e o mais alto órgão oficial, o Discatério, ou suprema corte, consistia de mais de mil membros ( a fim de tornar caro o suborno), selecionados maquinalmente, em ordem alfabética, da lista de todos os cidadãos. Nenhum instituição poderia ter sido mais democrática nem, diziam seus oponentes, mais absurda.(...)"

Fonte: DURANT, Will. De sua obra "A história da filosofia" da Ed. record.











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