sexta-feira, 29 de abril de 2016

AO VIVO AGORA: MANIFESTAÇÕES PÚBLICAS EM CURITIBA


29 de Abril - ASSISTA AO VIVO! A TV 15, desde Curitiba, transmite ao vivo para o Brasil e o mundo a marcha dos educadores em alusão ao primeiro ano do massacre de 213 pessoas no Centro Cívico. ENTENDA O QUE FOI ESSE 29 DE ABRIL DE 2015 PARA A EDUCAÇÃO DO PARANÁ MASSACRADA PELO PSDB

terça-feira, 26 de abril de 2016

GOLPE CONTRA A DEMOCRACIA NO BRASIL...

"O POVO BRASILEIRO VAI CHORAR LÁGRIMAS DE SANGUE PEDINDO PARA QUE O PT VOLTE A GOVERNAR..."

As palavras acima são de uma senador do PMDB a respeito do impeachment de Dilma. É triste saber que a maioria dos brasileiros fica alheia ao que esta acontecendo enquanto políticos corruptos tentam derrubar da presidência da República uma mulher honesta. Não é apenas isso! Quem será golpeado de fato será o povo trabalhador desse país que verá seus direitos sociais conquistados por meio de muita luta serem jogados no lixo. A ameaça real de privatizações da saúde, educação e empresas como Petrobrás. Os golpistas assaltarão os cofres públicos sem qualquer dó. O Brasil está de fato com sua democracia ameaçada e mais que isso, o povo trabalhador desse país será golpeado de morte...


quinta-feira, 21 de abril de 2016

ASSISTA ... O GOLPE QUE CHOCA O MUNDO ...

O MUNDO PERCEBE O GOLPE... Na CNN, jornalistas falam sobre a crise política no Brasil e o impeachment de Dilma Rousseff. A mídia estrangeira vem realizando uma ampla cobertura do caso e os correspondentes internacionais não escondem seu assombro. “É a coisa mais surreal que eu vi em meu tempo como jornalista em qualquer outro lugar, cobrindo política em vários países”




'Por que eles temem ser chamados de golpistas? Porque é o que são', diz Dilma em NY ‘Disseram que eu viria na ONU para falar mal do Brasil. Eu vim falar a verdade. Tivemos uma participação decisiva na COP21. Vocês têm que se orgulhar disso’, afirmou

“Eu lamento que nesse período, enquanto eu saía do Brasil [para vir para Nova York], tenha sido escrito um editorial a meu respeito, de forma precipitada. Isso mostra que eles temem ser taxados de golpistas. Sabem por quê? Porque é o que eles são”, foi o que afirmou a presidente Dilma Rousseff durante entrevista coletiva concedida à imprensa em Nova York na noite desta sexta-feira (22/04).

Apesar de não citar nominalmente, a mandatária se referia à opinião expressa pelo jornal Folha de S. Paulo nesta quinta-feira (21/04) em editorial intitulado “Golpe na ONU”.

LEIA MATÉRIA COMPLETA EM: http://operamundi.uol.com.br/

sábado, 16 de abril de 2016

GOLPISTAS VENCEM BATALHA DO IMPEACHMENT NA CÂMARA



Batalha vencida hoje pelos golpistas. A cada voto SIM pelo golpe um horror deprimente de deputados e deputadas sem compromissos com os trabalhadores. Um presidente da Câmara corrupto que se tornaria vice-presidente e mais de 50% de deputados e deputadas indiciados e réus na justiça. Uma vergonha. No campo ideológico, o ódio deles é contra uma presidenta honesta e seus vários programas sociais que beneficiam especialmente as populações mais humildes. A luta contra o golpe seguirá firme e forte. Amanhã será dia de estudar os próximos passos... A primeira batalha foi deles. A guerra será nossa. GOLPISTAS, NÃO PASSARÃO! ‪#‎NaoVaiTerGolpe‬

Qual o significado da vitória hoje dos golpistas na Câmara? A Câmara apenas aprovou a abertura do processo no Senado. Quem julga processo de impeachment é o Senado. Primeiro tem que ser formada uma comissão e se aprovado o relatório, vai então para o plenário que por maioria simples pode suspender a presidenta por 180 dias. É nesse momento que a presidenta Dilma é afastada. O processo até o afastamento ainda levará semanas. No julgamento final, se inocentada Dilma volta ao cargo.

O governo também pode acabar com o processo de impeachment no Supremo Tribunal Federal. No STF o processo pode acabar sendo arquivado por falta de elemento jurídico. Certeza que o governo fará isso.

Terceira opção, Dilma pode convocar eleições gerais por meio de medida provisória. Eleições gerais para todos os cargos.

Agora o que vai acontecer... só Deus sabe... o que sabemos agora é que a luta pela democracia só começou. Golpistas não podem ganhar a guerra pois caso isso ocorra nós trabalhadores temos muito a perder.

O QUE PODERIA SER O GOVERNO PROVISÓRIO DE TEMER EM 180 DIAS...???
Caso o Senado afaste a presidenta...

Provisório porque não será definitivo enquanto a presidenta não for condenada em definitivo e isso só lá para julho.

Mas 180 dias de governo nas mãos de Temer e Cunha será a festa dos ratos. Fim de investigações na Lava Jato, ou você acha que os votos pelo SIM foram votos inocentes? Mais de 50% dos deputados que votaram SIM estão indiciados ou réus na Justiça Federal.

O programa de governo da mudança é o governo dar mais dinheiro para agronegócio, empresas e indústrias, isso quer dizer um governo voltado para os mais ricos. O Brasil tem desde Lula um dos melhores superávits entre os países desenvolvidos. Esse dinheiro pode ser gasto à vontade num governo Temer levando-nos de novo ao FMI - Fundo Monetário Internacional (Superávit primário nada mais é do que o dinheiro que o governo consegue economizar. )

Fora a entrega de nosso petróleo do pré-sal para os gringos, perigo real.

Temer já anunciou que os brasileiro terão que fazer mais sacrifícios. Isso significa congelamento de salários, mais desemprego.

Já anunciou que aumentará a idade mínima de aposentadoria e ainda que prometa manter programas sociais sabemos que irá cortas as verbas para os mesmos.

O maior perigo para os trabalhadores seria a aprovação e sanção por Temer do fim da CLT - ou seja, terceirização dos empregos. Fim de direitos trabalhistas e fim de concursos públicos.

Sem contar que o projeto da redução da maioridade penal tem chances de avançar e se tornar realidade.
Enfim... As portas dos infernos estão abertas. Precisamos fechá-las antes que seja tarde... A Luta continua... 


O que os coxinhas golpistas estão esperando para essa segunda-feira? Bobinhos, hoje continua "tudo como dantes no quartel de Abrantes". Dilma continuará linda  e presidenta. Foi só uma batalha perdida para um bando de ratos golpistas. A guerra continua. Não podemos aceitar que nossa jovem Democracia seja ferida de morte . Boa semana para todos/as e ‪#‎NaoVaiTerGolpe‬ ‪#‎DilmaFica‬

ESTOU CONFIANTE NA VITÓRIA DA DEMOCRACIA #DilmaFica

MINHA OPINIÃO 


AMANHÃ É DIA DE DARMOS UM BASTA NESSA CRISE POLÍTICA CRIADA PELA DIREITA BRASILEIRA. CHEGA DESSES CORRUPTOS LIDERANDO UM PROCESSO DE IMPEACHMENT CONTRA UMA MULHER HONESTA E DEMOCRATA. CHEGA DESSA MÍDIA GOLPISTA QUE NÃO PARA DE CRIAR O CAOS TODOS OS DIAS. É HORA DE DILMA GOVERNAR E TIRAR O BRASIL DESSA CRISE ECONÔMICA E CONTINUAR MELHORANDO A VIDA DO POVO AINDA MAIS. AMANHÃ A VITÓRIA TEM QUE SER DA DEMOCRACIA !!! ‪ #‎DilmaFica‬ ‪#‎NaoVaiTerGolpe‬ ‪#‎VemPraDemocracia‬ 

Hoje, logo cedo, fui até uma loja comprar fogos de artifício e fui atendido pela proprietária que é uma típica coxinha com camiseta da seleção brasileira. Então ela perguntou se eu ia comemorar a vitória amanhã e eu disse que sim. Ela então disse:"Finalmente vamos tirar aquela mulher". Eu, então, respondi: "MAS EU VOU COMEMORAR É A VITÓRIA DELA NO TERCEIRO TURNO. A VITÓRIA DO AMOR, DA DEMOCRACIA, DO GOVERNO DO POVO!!!" Ao que a mulher calou-se!  De duas uma. Ou ela não entendeu, porque é muito para a cabeça de uma coxinha. Ou ela calou-se porque eu era um cliente.

Vai Ter Impeachment. sQn 
A GLOBO E O PIG - PARTIDO DA IMPRENSA GOLPISTA, OS COXINHAS, OS GOLPISTAS DA DIREITA, OS CORRUPTOS TEMER E CUNHA, O AÉCIO BABÃO... COMEMORARAM ANTECIPADAMENTE A VITÓRIA... MAS...VAMOS VER O QUE ESCREVEU O EX-GOVERNADOR JACQUES WAGNER:  "Em política, não existe vitória antecipada. Na minha primeira eleição como Governador da Bahia, os adversários apostavam que venceriam no 1º turno até a véspera da eleição - ocorreu exatamente o contrário. Em 2014, na eleição de Rui Costa como Governador, a história se repetiu. E na eleição de Dillma, não foi diferente: entusiasmados, eles chegaram a comemorar vitória antes da hora. E agora, levando o terceiro turno às últimas consequências, eles querem fazer o mesmo para convencer os brasileiros de que a batalha estaria perdida e que o impeachment já estaria aprovado. Esse filme a gente já viu e, o final, conhecemos bem. ‪#‎NãoVaiTerGolpe‬ "


IMPEACHMENT: Dilma _ "conspiradores querem entregar o pré-sal e abolir direitos sociais"

Publicação original do: http://www.brasil247.com/


No mais duro pronunciamento já feito em seu governo, a presidente Dilma Rousseff bateu duro no golpe em curso no País e mandou recados tanto para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), como para o vice-presidente Michel Temer.

"Meu nome não está em nenhuma lista de propina", afirmou Dilma, que disse ser vítima da "maior fraude jurídica e política da história de nossa país".

Sobre Temer, ela fez um alerta. "Os golpistas já disseram que se conseguirem usurpar o poder será preciso pedir sacrifícios à população brasileira. Com que legitimidade?".

Ela denunciou ainda a tentativa de entregar a força o pré-sal às empresas estrangeiras e abolir programas sociais, como o Bolsa-Família e o Minha Casa, Minha Vida. "Fora do voto, qualquer governo será a tirania. Tirania dos mais fortes, dos mais espertos, dos mais ricos, dos mais corrutos".

Assista a íntegra:



quarta-feira, 6 de abril de 2016

O que é a ética?, por Fernando Savater

O que é a ética? "Esse saber-viver, ou arte de viver, se você preferir, é o que se chama de ética"

Há ciências que estudamos por simples interesse de saber coisas novas; outras, para adquirir uma habilidade que nos permita fazer ou utilizar alguma coisa; a maioria, para conseguir um trabalho e ganhar a vida com ele. Se não sentirmos curiosidade nem necessidade de realizar esses estudos, poderemos prescindir deles tranquilamente. Há uma infinidade de conhecimentos muito interessantes mas sem os quais podemos nos arranjar muito bem para viver. Eu, por exemplo, lamento muito não ter nem ideia de astrofísica ou de marcenaria, que dão tanta satisfação a outras pessoas, embora essa ignorância nunca me tenha impedido de ir sobrevivendo até hoje. E você, se não me engano, conhece as regras do futebol mas é bem fraco em beisebol. Não tem maior importância, você desfruta os campeonatos mundiais, dispensa olimpicamente a liga americana e todo o mundo sai satisfeito. 

O que eu quero dizer é que certas coisas a pessoa pode aprender ou não, conforme sua vontade. Como ninguém é capaz de saber tudo, o remédio é escolher e aceitar com humildade o muito que ignoramos. É possível viver sem saber astrofísica, marcenaria, futebol e até mesmo sem saber ler e escrever: vive-se pior, decerto, mas vive-se. 

No entanto, há outras coisas que é preciso saber porque, por assim dizer, são fundamentais para nossa vida. É preciso saber, por exemplo, que saltar de um balcão do sexto andar não é bom para a saúde; ou que uma dieta de pregos (perdoem-me os faquires!) e ácido prússico não nos permitirá chegar à velhice. Também não é aconselhável ignorar que, se dermos um safanão no vizinho cada vez que cruzarmos com ele, mais cedo ou mais tarde haverá consequências muito desagradáveis. Pequenezas desse tipo são importantes. Podemos viver de muitos modos, mas há modos que não nos deixam viver.

Em resumo, entre todos os saberes possíveis existe pelo menos um imprescindível: o de que certas coisas nos convêm e outras não. Certos alimentos não nos convém, assim como certos comportamentos e certas atitudes. Quero dizer, é claro, que não nos convém se desejamos continuar vivendo. Se alguém quiser arrebentar-se o quanto antes, beber lixívia poderá ser muito adequado, ou também cercar-se do maior número possível de inimigos. Mas, de momento, vamos supor que preferimos viver, deixando de lado, por enquanto, os respeitáveis gostos do suicida. 

Assim, há coisas que nos convêm, e o que nos convém costumamos dizer que é "bom", pois nos cai bem; outras, em compensação, não nos convém, caem-nos muito mal, e o que não nos convém dizemos que é "mau". Saber o que nos convém, ou seja, distinguir entre o bom e o mau, é um conhecimento que todos nós tentamos adquirir - todos, sem exceção - pela compensação que nos traz. Como afirmei antes, há coisas boas e más para a saúde: é necessário saber o que devemos comer, ou que o fogo às vezes aquece e outras vezes queima, ou ainda que a água pode matar a sede e também nos afogar. 

No entanto, às vezes as coisas não são tão simples: certas drogas, por exemplo, aumentam nossa energia ou produzem sensações agradáveis, mas seu abuso contínuo pode ser nocivo. Em alguns aspectos são boas, mas em outros são más: elas nos convém e ao mesmo tempo não nos convém. 

No terreno das relações humanas, essas ambiguidades ocorrem com maior frequência ainda. 

A mentira é, em geral, algo mau, porque destrói a confiança na palavra - e todos nós precisamos falar para viver em sociedade - e provoca inimizade entre as pessoas; mas às vezes pode parecer útil ou benéfico mentir para obter alguma vantagem, ou até para fazer um favor a alguém. 

Por exemplo, é melhor dizer ao doente de câncer incurável a verdade sobre seu estado, ou deve-se enganá-lo para que ele viva suas últimas horas sem angústia? 

A mentira não nos convém, é má, mas às vezes parece acabar sendo boa. 

Procurar briga com os outros, como já dissemos, em geral é inconveniente, mas devemos consentir que violentem uma garota diante de nós sem interferir, sob pretexto de não nos metermos em confusão? 

Por outro lado, quem sempre diz a verdade - doa a quem doer - costuma colher a antipatia de todo o mundo; e quem interfere ao estilo Indiana Jones para salvar a garota agredida tem maior probabilidade de arrebentar a cabeça do que quem segue para casa assobiando. 

O que é mau às vezes parece ser mais ou menos bom e o que é bom tem, em certas ocasiões, aparência de mau. Haja confusão! 

Saber viver não é tão fácil, pois é preciso lidar com diversos critérios opostos. Em matemática ou geografia, há sábios e ignorantes, mas os sábios estão quase sempre de acordo quanto ao fundamental. 

No viver, por outro lado, as opiniões estão longe de ser unânimes. Se alguém prefere levar uma vida emocionante, pode dedicar-se aos carros de Fórmula l ou ao alpinismo; mas quem preferir uma vida segura e tranquila fará melhor em buscar as aventuras no videoclube da esquina. 

Alguns garantem que o mais nobre é viver para os outros, mas há pessoas que acham que o mais útil é conseguir que os outros vivam para elas. 

Segundo certas opiniões, o que conta é ganhar dinheiro e nada mais, ao passo que outros afirmam que o dinheiro sem saúde, tempo livre, afeto sincero ou serenidade nada vale. 

Médicos respeitáveis mostram que renunciar ao fumo e ao álcool é um meio seguro de prolongar a vida, e os fumantes e bêbados respondem que com essas privações sua vida logo se tornaria muito mais frouxa. E assim por diante. 

À primeira vista, a única coisa com que todos nós concordamos é que não concordamos com todos. Mas observe que também essas opiniões diferentes coincidem em outro ponto, ou seja, nossa vida é, pelo menos em parte, resultado daquilo que queremos. Se nossa vida fosse algo inteiramente determinado e fatal, irremediável, todas estas considerações não teriam o menor sentido. 

Ninguém discute sobre se as pedras devem cair para baixo ou para cima: elas caem para baixo e ponto final. Os castores fazem diques nos rios e as abelhas favos de alvéolos hexagonais: não há castores que tentem fazer alvéolos de favo nem abelhas que se dediquem à engenharia hidráulica. Em seu meio natural, cada animal parece saber perfeitamente o que é bom e o que é mau para ele, sem discussões ou dúvidas. 

Não há animais maus nem bons na natureza, embora talvez a mosca considere má a aranha que tece sua teia e a devora. Mas para a aranha isso é inevitável...

Vou lhe contar um caso dramático. Você conhece as térmitas, aquelas formigas brancas que, na África, constroem formigueiros impressionantes, de vários metros de altura e duros feito pedra?

Como o corpo das térmitas é mole, por não ter a couraça de quitina que protege outros insetos, o formigueiro tem a função de uma grande carapaça coletiva que as defende contra certas formigas inimigas mais bem armadas do que elas. Mas às vezes um desses formigueiros desmorona por causa de uma inundação ou de algum elefante (os elefantes gostam de se coçar esfregando os flancos contra os termiteiros - o que fazer?). Logo as térmitas-operárias põem-se a trabalhar para reconstruir depressa a fortaleza danificada. E as grandes formigas inimigas lançam-se ao ataque. As térmitas-soldados saem para defender sua tribo, tentando deter as inimigas. Como não podem competir com elas nem em tamanho nem em armamentos, dependuram-se nas atacantes tentando frear sua marcha, e vão sendo despedaçadas pelas mandíbulas das inimigas. As operárias trabalham celeremente para voltar a fechar o termiteiro ruído... mas fecham-no deixando fora as pobres e heroicas térmitas-soldados, que sacrificam suas vidas pela segurança das outras. 

Será que elas não merecem pelo menos uma medalha? Não é justo dizer que são valentes! 

Muda o cenário, mas não o tema. Na Ilíada, Homero conta a história de Heitor, o melhor guerreiro de Troia, que, fora das muralhas de sua cidade, espera obstinadamente por Aquiles, o enfurecido herói dos aqueus, mesmo sabendo que este é mais forte e provavelmente irá matá-lo. 

Heitor faz isso para cumprir seu dever, que consiste em defender sua família e seus concidadãos do terrível atacante. Ninguém duvida de que Heitor é um herói, um autêntico valente. Mas não será Heitor heroico e valente do mesmo modo que as térmitas-soldados, cuja gesta milhões de vezes repetida nenhum Homero preocupou-se em contar? Heitor, afinal, não faz a mesma coisa que qualquer uma das térmitas anônimas? Por que seu valor nos parece mais autêntico e mais difícil do que o dos insetos? Qual é a diferença entre um caso e outro? 

Simplesmente, a diferença está em que as térmitas-soldados lutam e morrem porque têm de fazê-lo, inevitavelmente (como a aranha que come a mosca). Heitor, por outro lado, sai para enfrentar Aquiles porque quer. As térmitas soldados não podem desertar, nem se rebelar, nem se esquivar para que outras tomem seu lugar: estão programadas necessariamente pela natureza para cumprirem sua missão heroica.   

O caso de Heitor é diferente. Poderia dizer que está doente ou que não tem vontade de enfrentar alguém mais forte do que ele. Talvez seus concidadãos o chamem de covarde e o considerem descarado, ou talvez lhe perguntem se tem outro plano para deter Aquiles, mas é indubitável que ele tem a possibilidade de negar-se a ser herói. 

Por maior que seja a pressão dos outros sobre ele, sempre poderá escapar do que se supõe que deva fazer: não está programado para ser herói, nenhum homem está. 

Daí o mérito de seu gesto e o fato de Homero contar sua história com épica emoção. Ao contrário das térmitas, dizemos que Heitor é livre, e por isso admiramos seu valor. Chegamos assim à palavra fundamental de toda essa confusão: liberdade. 

Os animais (sem falar nos minerais ou nas plantas) não têm outro remédio senão ser como são e fazer o que estão naturalmente programados para fazer. Não se pode repreendê-los ou aplaudi-los pelo que fazem, pois não sabem comportar-se de outro modo. Essa disposição obrigatória poupa-lhes, sem dúvida, muita dor de cabeça. 

Em certa medida, decerto, nós, seres humanos, também somos programados pela natureza. Somos feitos para beber água, e não lixívia, e, apesar de todas as nossas precauções, mais cedo ou mais tarde devemos morrer. 

E, de maneira menos imperiosa mas bem parecida, nosso programa cultural é determinante: nosso pensamento é condicionado pela linguagem que lhe dá forma (uma linguagem que nos é imposta de fora e que não inventamos para nosso uso pessoal) e somos educados dentro de certas tradições, hábitos, formas de comportamento, lendas...; em resumo, desde o berço nos são inculcadas certas fidelidades e não outras. Tudo isso pesa muito e faz com que sejamos bastante previsíveis. 

Voltemos ao exemplo de Heitor, de quem acabamos de falar. Sua programação natural fazia com que Heitor sentisse necessidade de proteção, abrigo e colaboração, benefícios que, bem ou mal, encontrava em sua cidade de Troia. Também era muito natural que considerasse com afeto sua mulher Andrômaca - que lhe proporcionava companhia aprazível - e seu filhinho, por quem sentia laços de apego biológico. Culturalmente, sentia-se parte de Troia e compartilhava com os troianos a língua, os costumes e as tradições. 

Além disso, desde pequeno fora educado para ser um bom guerreiro a serviço de sua cidade, e lhe disseram que a covardia era algo aversivo, indigno de um homem. Se traísse os seus, Heitor sabia que seria desprezado e, de um modo ou de outro, castigado. De maneira que também estava bastante programado para agir como fez, não é mesmo? E no entanto... No entanto Heitor poderia ter dito: que vá tudo às favas! Poderia ter escapado de Troia no meio da noite disfarçado de mulher, ou ter-se fingido de doente ou louco para não combater, ou ter-se ajoelhado diante de Aquiles oferecendo-lhe seus serviços como guia para invadir Troia por seu lado mais vulnerável; também poderia ter-se entregado à bebida ou inventado uma nova religião que dissesse que não devemos lutar contra os inimigos mas oferecer a outra face quando nos esbofeteiam. 

Você me dirá que todos esses comportamentos teriam sido extraordinários, em vista de quem era Heitor e da educação que recebera. 

Mas é preciso reconhecer que não são hipóteses impossíveis, ao passo que um castor que fabrique favos ou uma térmita desertora não são algo extraordinário, mas estritamente impossível. Com os homens nunca é possível ter certeza absoluta, ao passo que com os animais ou com outros seres naturais sim. 

Por mais que sejamos programados biológica ou culturalmente, nós, seres humanos, sempre podemos, ao final, optar por algo que não esteja no programa (pelo menos que não esteja totalmente). Podemos dizer "sim" ou "não", quero ou não quero. 

Por mais que nos vejamos acuados pelas circunstâncias, nunca temos apenas um caminho a seguir, mas vários. Quando falo de liberdade, é a isso que estou me referindo: ao que nos diferencia das térmitas e das marés, de tudo o que se move de modo necessário e inevitável. É certo que não podemos fazer qualquer coisa que queiramos, mas também é certo que não somos obrigados a querer fazer uma única coisa. 

Aqui convém fazer dois esclarecimentos a respeito da liberdade: 

Primeiro: Não somos livres para escolher o que nos acontece (termos nascido num determinado dia, de determinados pais, num determinado país, termos um câncer ou sermos atropelados por um carro, sermos feios ou bonitos, os aqueus se empenharem em conquistar nossa cidade, etc.), mas livres para responder ao que nos acontece de um ou outro modo (obedecer ou nos rebelar, ser prudentes ou temerários, vingativos ou resignados, vestir-nos na moda ou nos fantasiar de urso das cavernas, defender Troia ou fugir, etc.). 

Segundo: Sermos livres para tentar algo não significa consegui-lo infalivelmente. A liberdade (que consiste em escolher dentro do possível) não é o mesmo que a onipotência (que seria conseguir sempre o que se quer, mesmo parecendo impossível). Por isso, quanto maior for nossa capacidade de ação, melhores resultados poderemos obter de nossa liberdade. Sou livre para querer subir o monte Everest, mas, em vista do meu estado físico miserável e de meu preparo nulo para o alpinismo, é praticamente impossível que eu consiga meu objetivo. Em compensação, sou livre para ler ou não ler, mas, como aprendi a ler quando pequeno, não será muito difícil fazê-lo se assim eu decidir. 

Há coisas que dependem da minha vontade (e isso é ser livre), mas nem tudo depende de minha vontade (senão eu seria onipotente), pois no mundo há muitas outras vontades e muitas outras necessidades que não controlo conforme meu gosto. Se eu não conhecer a mim mesmo e ao mundo em que vivo, minha liberdade às vezes irá esbarrar com o necessário. Mas - isso é importante - nem por isso deixarei de ser livre... mesmo que me queime. 

Na realidade, existem muitas forças que limitam nossa liberdade, desde terremotos e doenças até tiranos. Mas nossa liberdade também é uma força no mundo, nossa força. 

No entanto, se você conversar com as pessoas, verá que a maioria tem muito mais consciência do que limita sua liberdade do que da própria liberdade. Muita gente lhe dirá: "Liberdade? Mas de que liberdade você está falando? Como podemos ser livres se nos fazem a cabeça através da televisão, se os governantes nos enganam e nos manipulam, se os terroristas nos ameaçam, se as drogas nos escravizam e se, além de tudo, não tenho dinheiro para comprar uma moto, que é o que eu desejaria?" 

Se você prestar um pouco de atenção, verá que aqueles que falam assim parecem estar se queixando mas, na verdade, estão muito satisfeitos por saber que não são livres. No fundo, eles pensam: "Ufa! Que peso tiramos de cima de nós! Como não somos livres, não podemos ter a culpa de nada que nos aconteça..." 

Mas tenho certeza de que ninguém - ninguém - acredita de verdade que não é livre, ninguém aceita tranquilamente que funciona como um mecanismo inexorável de relógio ou como uma térmita. 

Podemos achar que optar livremente por certas coisas em certas circunstâncias é muito difícil (entrar numa casa em chamas para salvar uma criança, por exemplo, ou enfrentar um tirano com firmeza) e que é melhor dizer que não há liberdade para não reconhecermos que preferimos livremente o mais fácil, ou seja, esperar os bombeiros ou lamber as botas de quem está pisando em nosso pescoço. 

Mas em nossas entranhas alguma coisa insiste em dizer: "Se você quisesse..." Quando alguém insistir em negar que nós, seres humanos, somos livres, aconselho-o a aplicar a essa pessoa a prova do filósofo romano. 

Na Antiguidade, um filósofo romano discutia com um amigo que negava a liberdade humana e afirmava que todos os homens não têm outro remédio senão fazer o que fazem. 

O filósofo pegou sua bengala e começou a golpear o amigo com toda a força. "Pare, chega, não me bata mais!", dizia o outro. 

E o filósofo, sem parar de espancá-lo, continuou argumentando: "Você não está dizendo que não sou livre e que não posso evitar fazer o que faço? Pois então não gaste saliva pedindo-me para parar: sou automático." 

Enquanto o amigo não reconheceu que o filósofo podia livremente deixar de golpeá-lo, o filósofo não suspendeu as bengaladas. 

A prova é boa, mas você só deve utilizá-la em caso extremo e sempre com amigos que não pratiquem artes marciais... 

Resumindo: ao contrário de outros seres, animados ou inanimados, nós homens podemos inventar e escolher, em parte, nossa forma de vida. Podemos optar pelo que nos parece bom, ou seja, conveniente para nós, em oposição ao que nos parece mau e inconveniente. Como podemos inventar e escolher, podemos nos enganar, o que não acontece com os castores, as abelhas e as térmitas. De modo que parece prudente atentarmos bem para o que fazemos, procurando adquirir um certo saber-viver que nos permita acertar. Esse saber-viver, ou arte de viver, se você preferir, é o que se chama de ética. 

Vá dando uma lida. 
"E se agora, deixando no chão o abaulado escudo e o forte capacete, e apoiada a lança contra o muro, saísse ao encontro do inexorável Aquiles, dizendo a ele que permitiria que os atridas levassem Helena e as riquezas que Alexandre trouxe a Ilio nas côncavas naves, que foi o que deu origem à guerra, e lhe oferecesse para repartir com os aqueus a metade do que a cidade contém e mais tarde tomasse o juramento dos troianos de que, sem nada ocultar, formariam dois lotes com todos os bens existentes dentro da formosa cidade?... Mas por que em tais coisas me faz pensar o coração?" (Homero, Ilíada) ' 

''A liberdade não é uma filosofia e nem sequer uma ideia: é um movimento da consciência que nos leva, em certos momentos, a pronunciar dois monossílabos: Sim ou Não. Em sua brevidade instantânea, como à luz do relâmpago, desenha-se o signo contraditório da natureza humana." (Octavio Paz, A outra voz) 

"A vida do homem não pode 'ser vivida' repetindo os padrões de sua espécie; é ele mesmo - cada um - quem deve viver. O homem é o único animal que pode se enfastiar, que pode se desgostar, que pode sentir-se expulso do paraíso." (Erich Fromm, Ética e psicanálise)

CAPÍTULO I – O que é a ética?  - Ética para meu filho / Fernando Savater , tradução Momca Stahel - 3a ed - São Paulo Martins Fontes, 2004. Título original Ética para Amador. Disponível em PDF aqui: savater-etica-para-meu-filho.pdf


Fernando Savater (Filósofo da ética e da educação) nasceu em San Sebastián em 1947. Catedrático de ética na Universidade Complutense de Madrid, é autor de uma vasta obra que abarca o ensaio, a narrativa e o teatro. Entre outros galardões, recebeu o Prêmio Francisco Cerecedo da Associação de Jornalistas Europeus e o Prêmio Sakharov de Direitos Humanos. Fernando Savater é um dos pensadores mais destacados de Espanha e tem vindo a ganhar grande popularidade no mundo inteiro.

Savater é reconhecido por seu ativismo nas áreas da ética, da religião e da luta contra o terrorismo. Formado em Letras e Filosofia, é autor de mais de 50 obras entre ensaios, narrativas e teatro, além de inúmeros artigos jornalísticos. Considera a filosofia como uma atividade de crítica permanente para expressar a subjetividade e provocar. Destacado por sua especialização em ética, defende uma ética do “querer" em contraposição com uma ética do “dever".

É um importante teórico na área da educação. Em Desperta e lê, O valor de educar e Ética para meu filho, seu livro mais conhecido, o filósofo se dirige aos protagonistas da educação, compartilhando perplexidades e esperanças. Iniciou a carreira como professor na Universidade Autônoma de Madri, função da qual foi afastado em 1971, pelo regime franquista. Nos anos seguintes, viveu exilado por vontade própria na França. De volta à Espanha, concluiu, em 1975, o mestrado com uma tese sobre Nietzsche e voltou a lecionar na cátedra de Ética na Universidade do País Basco.

Desde 1995, é professor de filosofia na Universidade Complutense de Madri e, atualmente, também é diretor da revista cultural Claves de Razón Prática. Envolvido em polêmicas culturais, estéticas e políticas na Espanha, foi um dos fundadores do partido liberal Unión Progreso y Democracia em 2007. Em sua mais recente obra, ¡No te prives! Defensa de la ciudadania, questiona os direitos e deveres da cidadania democrática em um contexto de desconfiança política.

Fernando Savater possui influências confessas de Nietzsche, Cioran e Spinoza, e sua linha de pensamento foi categorizada como antiautoritarismo radical. Em 1982, recebeu na Espanha o Prêmio Nacional de Ensaio com La tarea del héroe, no qual defende que a ética seja liberada dos vínculos da moral, estabelecendo-se como um evento aberto com autonomia própria.

segunda-feira, 4 de abril de 2016

COLOQUE EM SEUS FAVORITOS... JORNALISMO SÉRIO !!!


Sugestões...
 
JORNALISMO INDEPENDENTE, SÉRIO, CRÍTICO,,, 
 
PARA VC' FUGIR DA MÍDIA TRADICIONAL GOLPISTA...


BRASIL247 -  





O CAFEZINHO - 



#NaoVaiTerGolpe