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sábado, 24 de novembro de 2018

JESUS CRISTO, UM DEUS INCONVENIENTE PARA OS CRISTÃOS? (Filosofia da Religião) _ Parte 1

JESUS CRISTO, UM DEUS INCONVENIENTE? 
Por Lucio L. Lopes


Eu poderia iniciar este texto explorando o que há de conveniente para que as pessoas adotem publicamente uma fé em Jesus Cristo, mas prefiro dar início à uma reflexão que nos lance a pensar justamente nas "inconveniências" que há em Jesus Cristo e que fazem as pessoas terem medo do Deus Humanado e Ressuscitado na dimensão daquilo que ensinou e daquilo que pediu para seus seguidores viverem como sinal de sua presença entre os homens e mulheres "deste mundo"!

Na forma dicionarizada eu utilizo aqui a palavra "inconveniente" como sinônimo de inadequado, inoportuno, dano, risco. 

Ora, mas Jesus Cristo pode representar um risco aos cristãos? Eu responderia à pergunta que sim e  que não. Depende! Se o cristão for autêntico, a resposta é não! Se o cristão for pseudo, a resposta é sim! 

Infelizmente, Jesus Cristo tornou-se, desde ainda em vida humana, inconveniente para muitos de seus seguidores. Jesus, o Deus Humanado, é inconveniente em toda a sua história de encarnação e humanização e essa inconveniência persiste. 

Tudo começa, quando Ele opta por encarnar-se entre os pobres. O problema não se esgota aí vez que Ele não apenas assume a "carne humana" entre os pobres, mas sua alma opta pela simplicidade dos pobres, e finca sua vivência entre os pobres e com os pobres, sendo um deles. Eis aqui a origem de sua inconveniência. 

Nunca foi diferente em toda a história da humanidade, em menor ou maior grau, as discriminações desferidas contra os pobres. Essas discriminações sempre tiveram e continuam a ter o objetivo de fazer com que o pobre sinta-se impotente em sua condição, lhe restando apenas ser um serviçal ou lacaio daqueles que se colocam acima dele na "pirâmide social". 

Jesus Cristo é inconveniente porque não apenas ensina, senão que ele vive aquilo que ensina. Jesus é a genuína "práxis" em movimento, ou seja, a teoria encarnada na prática e vive-versa. Seus ensinamentos não são palavras vazias ou mortas, ao contrário, as palavras de Jesus são vivas e perigosas porque provocam reações odiosas entre seus oponentes. E como o tempo todo a harmonia da pirâmide social é sustentada em processos alienatórios, não é de se estranhar que entre aqueles que buscam alento no Mestre, também não suportem suas palavras. 

Ou seja, Jesus bom é Jesus fazendo "milagres". É Jesus médico das almas. É Jesus preocupado em perdoar os purgamentos dos pecadinhos de seus fieis. É o Jesus feliz com as esmolas dadas hoje como desencargo de consciência diante de uma realidade que continuará a necessitar de esmolas. 

Jesus é direto, fala a linguagem do povo. Uma linguagem fácil de ser compreendida. Muito diferente da linguagem dos doutores daquele tempo que podiam encantar o ouvinte mais pela arte de falar do que por aquilo que o ouvinte era capaz de compreender, pois quase sempre o ouvinte não entendia nada.

Mas, esse Mestre galileu incomoda. Ele fala de coisas que fazem a pirâmide social estremecer. Ele é pura inconveniência! 

Não é de se estranhar que Paulo de tarso - da região romana da Cilícia, o também conhecido pelo nome de Saulo, foi um dos primeiros, que não tendo convivido com Jesus Cristo, deu início a uma descaracterização aos ensinamentos de Jesus, o espiritualizando, como alguém  que se encarregava de desumanizá-lo, desencarná-lo. Ou seja, estava encarregado de fazer um Jesus adaptado aos diversos gostos. Um Jesus conveniente. O importante era aumentar o número daqueles que passavam a ser denominados de Cristãos. 

Por isso mesmo, se objetivarmos compreender como se comportam as igrejas cristãs de nossos tempos, ou como se comportou a Igreja Católica, do tempo em que o Império Romano já dava sinais de decadência, quando a hora era de tornar-se refém ad aeternum nas mãos dos ricos e poderosos, que eram simbolizados no imperador de Roma Constantino I, necessitaremos especular filosoficamente como foi que Jesus passou de inconveniente para conveniente. 

Teremos a oportunidade de muitos outros textos nos quais pretendo tratar desse aspecto em particular. Mas hoje, pretendo finalizar este texto centrando a reflexão no aspecto da inconveniência de Jesus Cristo que mais testemunha contra os cristãos das mais diferentes matizes. 

Ou seja, o Jesus inconveniente é a causa das muitas conveniências que dividem os cristãos em tantas associações marcadas pelo espírito de competição, doutrinas moralizantes e justificadoras das cruéis desigualdades sociais e culturais, centrando as vidas dos cristãos na busca de "bençãos" ou para ter vida "boa" aqui nesse mundo natural, ou pelo menos uma vida "boa" lá na outra dimensão "platônica". 

No Evangelho de João encontramos a seguinte passagem que muito elucida esse problema: "Eu lhes tenho transmitido a tua Palavra, e o mundo os odiou, porque eles não pertencem ao mundo, como Eu não sou do mundo". 

É preciso compreender aqui que Jesus está falando de mundo no sentido metafórico para rechaçar o "espírito do mundo". Hoje podemos claramente chamar de "espírito capitalista". Este "espírito" é anticristão porque alimenta-se da exploração, da desigualdade, da concentração de riquezas, do egoísmo, do individualismo. Não pertencer a esse "mundo" é boicotar esse "espírito" do mal que cega, que "entorpece". Em outros textos retomarei este problema ao refletir como é que as igrejas de hoje distantes dos ensinamentos de Jesus fundam suas existências no culto ao "espírito do mundo". 

Mas, Jesus segue seu diálogo com o Pai: "Não oro para que os tires do mundo, mas sim, para que os protejas do príncipe deste mundo". 

Talvez este seja de fato um milagre a ser esperado. O "príncipe do mundo" parece reinar nas vidas de muitos cristãos que esvaziados dos ensinamentos de Jesus, vivem errantes orientados por "falsos pastores" que constroem discursos alienantes e ilusórios mantendo os cristãos impotentes, como massa social adestrada ao silenciamento e serviçais dos interesses políticos e econômicos dominantes. Ora, não foi justamente contra isto que escreveram os grandes pensadores do início da Modernidade e da era das Luzes? Não foi justamente a reivindicação da autonomia da razão que perseguiam? Escreverei outros textos na tentativa de pensar, para compreender como o "príncipe deste mundo" esvazia os ensinamentos de Jesus inflando a importância dos escritos de Paulo de Tarso e outros do Novo Testamento e de personagens bíblicas do Velho Testamento, em um resgate explícito de uma "teologia da retribuição" contra a qual tanto Jesus pregou ao irar-se contra os hipócritas de seu tempo que buscavam também construir uma "pirâmide da santidade" semelhante à cópia da "pirâmide social". 

Continuou Jesus: "Eles não são do mundo, como também Eu não sou. Santifica-os pela tua verdade; a tua Palavra é a verdade". 

Ora, como alguém pode entender que as desigualdades sociais nas quais está mergulhado o povo pode ter sua "harmonia" sustentada na verdade? O Capitalismo é claramente um sistema econômico sustentado na mentira, na manipulação, na venda de ilusões. Quando as igrejas encontram-se  nesta dinâmica elas passam ao culto da "mentira" e não da Verdade, que é Jesus Cristo. 

A mentira perde o foco da totalidade, faz com que as pessoas fragmentem a realidade e vivam em função de um eu, substancialmente egocêntrico. A religião neste contexto transforma-se em um conjunto de "empresas" que oferecem "produtos" para seus fieis (que se assemelham a clientes). 

Desumanizados, os cristãos então deixam seu potencial de transformar as estruturas sociais, tornando-se completamente anêmicos ao ponto de não fazerem qualquer diferença na sociedade das massas. Vez em quando um ou outro cristão aparece entre eles tão inconveniente como o Jesus Cristo, no qual os alienados afirmam acreditar.

Jesus não convida seus seguidores a serem 'papagaios' do "príncipe do mundo", mas para viverem como ele viveu: "Da mesma maneira como me enviaste ao mundo, Eu os enviei ao mundo. Em benefício deles Eu me consagro, para que igualmente eles sejam consagrados pela verdade. Não oro somente por estes discípulos, mas igualmente por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da mensagem deles, para que todos sejam um, Pai, como Tu estás em mim e Eu em Ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que Tu me enviaste". 

Jesus nunca se cansa de ser inconveniente e agora diz explicitamente que a unidade daqueles que são verdadeiramente seus será o maior testemunho de que Deus é com eles. 

Deus é a "comunidade perfeita" na qual devem se espelhar os verdadeiros cristãos. Cristão entendido aqui não como aquele que está associado a uma igreja, que paga dízimo, que frequenta cerimônias, nada disso! Aliás, para ser cristão não há necessidade disso. Muitas vezes, igrejas até mais atrapalham que ajudam. 

O verdadeiro cristão é aquele que luta contra o "príncipe deste mundo" com as armas da autonomia racional, que faz do amor uma verdade vivenciada nas relações com seus irmãos, que compartilham daquilo que possuem com os despossuídos, que torna-se a voz, as mãos, os pés, daqueles que foram violentados pelo "espírito do mundo" e que já não possuem a dignidade humana respeitada nem em sua dimensão material sendo-lhes negados os direitos à moradia, à saúde, à educação, ao alimento; nem em sua dimensão espiritual sendo-lhes negados os direitos de serem aquilo que são na essência existencial, o livre pensar, o livre sentir, o livre associar-se, e outros. 

O verdadeiro cristão ama, o verdadeiro cristão aprende a viver na diversidade humana, o verdadeiro cristão é feliz, é luz, é paz. É um militante da vida contra as forças do mal, contra a alienação, contra os opressores!

No futuro escreverei outros textos que para muito serão "inconvenientes" tão quanto  Jesus  continua sendo inconveniente atualmente.

JESUS CRISTO, UM DEUS INCONVENIENTE PARA OS CRISTÃOS? (FILOSOFIA DA RELIGIÃO) _ Parte 2 

20 de novembro: aquilombados, resistiremos!

Artigo | Reproduzo o texto de Thais Conceição que é Psicóloga em formação e militante do Levante Popular da Juventude (publicado originalmente em (https://www.brasildefato.com.br/




Dia que ficou marcado na história das lutas populares pela libertação do povo negro, 20 de Novembro é a data do assassinato de Zumbi dos Palmares. É o símbolo da luta do povo negro pela libertação e se contrapõe ao 13 de maio - dia da abolição da escravidão oficial, quando a lei áurea foi assinada pela princesa Isabel. 

Zumbi liderou um dos mais importantes quilombos do nosso país junto à Dandara, o quilombo dos Palmares, na região da Serra da Barriga, atualmente no estado de Alagoas. Estima-se que o quilombo chegou a ter 20 mil pessoas no período do seu auge, em 1670. Resistiu por mais de 100 anos a tentativas de destruição e é um marco da resistência negra à escravidão. 

Já a história do 13 de maio de 1888 vem sendo contada como fruto da vontade e de um ato de bondade da princesa Isabel, apagando a história de luta e resistência dos negros no Brasil. A lei áurea ainda foi construída de modo perverso: os negros e negras passaram a ser livres, mas não tinham escolaridade, casa, acesso à terra, não eram aceitos nos postos de trabalho das cidades, não tinham meios para bem viver - tudo lhes foi roubado pelo regime escravocrata. 

O 20 de novembro foi instituído oficialmente como dia da Consciência Negra apenas no ano de 2011, com a lei 12.519. No calendário escolar, o 20 de Novembro já era celebrado desde 2003, com base na lei n° 10.639. No entanto, para o povo negro, a celebração da data é mais antiga: foi proposta pelo grupo Palmares, do Rio Grande do Sul, em 1971, e definido como dia de luta pelo Movimento Negro Unificado (MNU) em 1978. 

A recente eleição de Bolsonaro como presidente constrói uma nova face para o racismo no Brasil, mais violenta e sem pudores. Tal como na época dos quilombos, é preciso resistir ao governo racista e aos senhores donos do poder, reafirmar o 20 de novembro como nosso dia de luta. E nos organizarmos para construir um projeto de vida, sem opressão de raça, gênero e orientação sexual, com educação, saúde e trabalho para todos. 

Povo Negro resiste!

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

"Eu também penso..." O pensamento é o ensaio da ação. (Sigmund Freud) [Pagina 2]

Jesus nascerá de novo na "favela" mas poucos perceberão que ele já está entre nós, porque estão deslumbrados com as mercadorias nas vitrines dos centros comerciais. [Lucio Lopes_Dezembro_2018]

O ódio sempre tem um preço. A ignorância dos trabalhadores que reproduziu o ódio das elites financeiras contra o PT (elegendo Bolsonaro e seus monstros de extrema direita) custará muito caro aos próprios trabalhadores. [Lucio Lopes_Dezembro_2018]

Eu observo que um dos males de que padecem os cristãos é o de que trocaram os quatro evangelhos de Jesus Cristo pelos livros do Velho Testamento! Conhecem mais Davi, Salomão e Saul do que Jesus! Isto explica porque os ensinamentos de Jesus permanecem em grande parte nessa gente como sementes jogadas em pedras... [Lucio Lopes_Novembro_2018]

Nesse próximo natal me poupe de felicitações natalinas. Inclusive os que são de minha família! Se votou JB17 fica longe de mim, porque eu tenho alergia a hipócritas. Não quero receber felicitações de "Herodes" porque sei muito bem o que ele fez na Palestina com milhares de crianças! O JB17 nem assumiu ainda e milhões de crianças ficarão sem médicos, isso não pesa na consciência não? [Lucio Lopes_Novembro_2018]

Não é o sangue de Jesus que tem poder, são os seus ensinamentos de amor, de não violência, de partilha, do compromisso de militarmos pelo irmão que precisa de justiça e pão, inclusive dando a vida se for preciso, na construção de uma sociedade "comunista" onde todos e todas sejam iguais em suas diferenças, celebrando a vida com a mesa farta, saúde e alegria - símbolo real do Reino que já está entre nós! Jesus derramou seu sangue para que aprendêssemos que não devemos nunca mais derramar sangue de um irmão! «Guarde a espada na bainha. Por acaso não vou beber o cálice que o Pai me deu?». [Lucio Lopes_Novembro_2018]

Bolsonazi disse no JN da Globogolpista que “Violência se combate com violência e, se for o caso, com mais violência ainda”. Eu discordo plenamente! Violência se resolve com promoção da igualdade social, colocando o Estado a serviço dos pobres, trabalhando em favor do povo trabalhador, investindo em educação, em geração de empregos, em distribuição justa dos impostos, coisa que ele nunca fez em quase 30 anos como deputado e que o PT, odiado por seus bajuladores, fez com méritos elogiáveis em todo o mundo. Aliás, por isso Lula está preso e o golpe segue seu curso com pinceladas de "democracia" em uma das eleições mais fraudulentas da história. [Lucio Lopes_Novembro_2018]

Será que é preciso uma intervenção cirúrgica no cérebro para compreenderem que Lula é um prisioneiro político e que inverteram os papéis quando o juiz é o verdadeiro criminoso e o réu inocente? Como Lula pode ser um criminoso para o qual após três anos de investigações a PF e Moro tiveram que inventar um apartamento que nunca foi dele e pelo qual paga 12 anos de prisão? E agora na dinâmica insana o judiciário o acusa de ter um sítio que também já está demonstrado que não é dele. É deprimente ver o que estão fazendo com nosso maior líder nacional. Estou convicto que nesse tempo todo o judiciário só provou uma coisa: Lula é o político mais honesto que  já conheci! A história vai demonstrar isto mais dia ou menos dia! [Lucio Lopes_Novembro_2018]

"ENGRAÇADO EU NÃO ACHEI GRAÇA" - O sujeito é POBRE, PRETO E CATÓLICO: votou, defende e tem esperanças de que JB vai governar para ele! Ou ele não sabe que JB odeia pobre, preto e católico, ou ele é sonso mesmo! Sem maiores comentários!  [Lucio Lopes_Outubro_2018]

QUEM É MAIS LOUCO, JB OU TRUMP? De acordo com o portal Brasil247 os cerca de 8,3 mil profissionais cubanos distribuídos por cerca de 2,2 mil municípios e que hoje fazem parte do Programa Mais Médicos começarão a deixar o Brasil com retorno ao seu país de origem dentro de dez dias; apesar de deixar cerca de 24 milhões de brasileiros sem nenhum tipo de assistência médica, a pressão feita por Bolsonaro, em um claro sinal de alinhamento com a política externa norte-americana, foi elogiada pelo governo dos EUA; "Que bom ver o presidente eleito Bolsonaro insistir em que os médicos cubanos no Brasil recebam seu justo salário ao invés de deixar que Cuba leve a maior parte para os cofres do regime", postou o Departamento de Estado nas redes sociais. É QUE POR AQUI JB E TRUMP ACHAM NORMAL 10% DOS MAIS RICOS LEVAREM A MAIOR PARTE PARA SEUS COFRES E DEIXAR GRANDE PARTE DA POPULAÇÃO NA POBREZA E MISÉRIA 🤔 Em 2017, uma minoria mais rica formada por 10% dos brasileiros detinha 43,3% da renda total do país. Na outra ponta, os 10% mais pobres detinham apenas 0,7% da renda total... isto o dois fascistas acham normal! Ou mais escandaloso ainda, menos de 1% dos proprietários de terras ocupam 13,4% da área total, com média de 361.426,60 hectares. Isto também os dois energúmenos acham normal! [Lucio Lopes_Outubro_2018]

Nesta noite milhões de pessoas doentes não serão atendidas por um médico, nenhuma delas é cubana. [Lucio Lopes_Outubro_2018]

Eu não tenho religião, e por isso mesmo é que entendo estar mais livre para conhecer e respeitar todas as religiões mais do que outro que professe alguma. [Lucio Lopes_Setembro_2018]

Eu não sou cristão, não tenho religião; mas acredito em Jesus Cristo como Deus humanado.  Jesus é meu modelo essencial de humanidade pelo qual procuro pautar meus pensamentos, sentimentos e ações. Minha Bíblia é composta apenas de quatro livros: Mateus, Marcos, Lucas e João! [Lucio Lopes_Setembro_2018]

Eu não acredito em céu ou inferno! Acredito apenas que saímos das mãos de Deus e para elas um dia retornaremos! No mais é com ele em seu infinito amor! [Lucio Lopes_Outubro_2018]

Eu acredito que sou filho de Deus, portanto, "filho da luz" e devo viver irradiando "luz" onde haja trevas! [Lucio Lopes_Outubro_2018]

Há algumas passagens nos evangelhos que são essenciais e imprescindíveis para quem quer viver como filho de Deus: Amar a Deus acima de todas as coisas e aos irmãos e irmãs como a si mesmo; esvaziar-se de si mesmo na prática do amor ao próximo assumindo não apenas as alegrias mas também as lágrimas de nossos próximos, militando em uma luta incessante por mais justiça, por mais vida! Não há amor maior do que dar a vida pelo nosso próximo! [Lucio Lopes_Outubro_2018]

Nesta vida eu rechaço toda e qualquer forma de violência. Não acredito que a violência possa ser superada com mais violência. Qualquer proposta neste sentido não é mais do que uma irracionalidade deprimente por partir de seres que entendemos ser racionais. [Lucio Lopes_Setembro_2018]

Leio agora na mídia: "Jesus sem teto" é o nome da obra de arte que o papa Francisco enviou ao Brasil, para a Arquidiocese do Rio de Janeiro; a estátua é de autoria do artista canadense Timothy P. Schmalz e será exposta à visitação do público a partir de 18 de novembro, quando a Igreja Católica celebra o Dia Mundial dos Pobres. Parcela significativa de católicos, tomados pelo ódio fascista, votou em JB17, um político brasileiro que prega sem pudor algum que homens e mulheres, sem-tetos e sem-terras, são "terroristas" por ameaçarem a concentração de propriedades privadas nas cidades e no campo. "Jesus sem-teto" vai incomodar muitos católicos e o presidente eleito. [Lucio Lopes_Novembro_2018]

O novo nome às imagens refletidas nas paredes da caverna platônica é fake news. [Lucio Lopes_Novembro_2018]

Eu agradeço de coração a cada um dos vinte mil médicos cubanos que cuidaram de milhões de brasileiros e brasileiras nestes últimos cinco anos! Atenderam mais de 113 milhões de pacientes; "mais de 700 municípios tiveram um médico pela primeira vez na história". Que vocês possam trabalhar em outras terras com a mesma dedicação à vida que tiveram por aqui e que por lá encontrem o carinho e o respeito que por aqui muitas vezes lhes faltaram! INFELIZMENTE TEM GENTE QUE VENERA OS E.U.A. QUE ENVIAM ARMAS E MUNIÇÕES AOS PAÍSES ALIADOS E ODEIA CUBA QUE ENVIA MÉDICOS E MEDICAMENTOS. A humanidade está mesma doente! NÃO HÁ MAIOR AMOR DO QUE AQUELE DE QUEM CUIDA DO SEU IRMÃO. [Jesus Cristo]. [Lucio Lopes_Novembro_2018]

Yo agradezco de corazón a cada uno de los veinte mil médicos cubanos que cuidaron a millones de brasileños y brasileñas en estos últimos cinco años! Atiende a más de 113 millones de pacientes; "más de 700 municipios tuvieron un médico por primera vez en la historia". ¡Que ustedes puedan trabajar en otras tierras con la misma dedicación a la vida que han tenido por aquí y que por allí encuentren el cariño y el respeto que por aquí muchas veces les faltaron! INFELIZENCIA TIENE GENTE QUE VENECIA LOS EEUU QUE ENVIAN ARMAS Y MUNICIONES A LOS PAÍSES ALIADOS Y ODEIA CUBA QUE ENVÍA MÉDICOS Y MEDICAMENTOS. ¡La humanidad está enferma! NO HAY MAYOR AMOR QUE AQUEL DE QUIEN CUIDA DE SU HERMANO. [Jesucristo]. [Lucio Lopes_Novembro_2018]

Hoje uma eleitora bolsonariana, ao conversar comigo, descobriu a eminente probabilidade de que o presidente eleito irá "meter a mão grande" na aposentadoria dela. Que ainda certamente vai acabar com a estabilidade do serviço público dela e que também vai acabar com sua aposentadoria integral, além dela ser obrigada a contribuir mais e ganhar menos com o congelamento salarial. Ela ainda não aposentou-se e ficou um tanto desesperada! Guedes nela! Inocente, ela ainda não sabe que o "melhor" está por vir! Eu hoje purguei um pouquinho mais! [Lucio Lopes_Novembro_2018]

Vamos ser sinceros, qual é a lógica de um cristão que deveria AMAR  e vota em um candidato que é a personificação do ÓDIO? "Basta tirar o PT", "voto para extinguir o PT", "odeio o PT"... Nem para ter ódio esse tipo de cristão é capacitado, pois ele apenas reproduz o ódio natural da elite burguesa financeira contra os trabalhadores. Sinceramente não sei pra que os sujeitos participam de tantas orações, cultos, missas, retiros, reuniões, e ainda aparentam ler Bíblia, para negar tão explicitamente Jesus e votar JB17... É como se votassem em Herodes ou Pilatos! Cristão que é cristão verdadeiramente deveria colocar seu irmão no horizonte e é ilógico cristão votar em um sujeito que diz que vai "resolver" violência com mais violência e fica o tempo todo sugestionando simbolicamente com suas mãos podres arma em punho. Hipócritas! Deus ninguém engana não! Ódio não combina com amor! Violência não combina com paz! Hipócritas não combinam com Jesus Cristo! Aliás, a maiores iras de Jesus eram voltadas aos hipócritas de seu tempo! [Lucio Lopes_Outubro_2018]

A história é dinâmica! O tempo é o senhor da história! Não vitória absoluta e nem derrota absoluta!  [Lucio Lopes_Outubro_2018]

Leio que quase 30% da renda do Brasil está nas mãos de apenas 1% dos habitantes do país,quase 30% da renda do Brasil está nas mãos de apenas 1% dos habitantes do país, a maior concentração do tipo no mundo. É o que indica a Pesquisa Desigualdade Mundial 2018, coordenada, entre outros, pelo economista francês Thomas Piketty. Não vejo os simpatizantes do fascismo bolsonariano indignados com isso, mas os vejo indignados contra os pobres, contra os sem-tetos e sem-terras, contra os defensores dos direitos humanos, contra os militantes políticos por mais igualdade social. Isto demonstra muito bem o grau de humanidade dessa gente! [Lucio Lopes_Outubro_2018]

Eu com pressa e na entrada de um mercado sou parado por jovens fardados do TG que pediam doações de alimentos para re-doarem para "quem passa fome"! Mais tarde em um sinaleiro  me pediram doação de dinheiro para comprarem alimentos para "quem passa fome". Tempo depois, fui convidado a dar presente para ser doado para crianças carentes... Já em casa passaram pedindo doação de alimentos para re-doarem para "quem passa fome". Só que na hora de votar, eles que pedem, votaram provavelmente no MITÔmano que tem um projeto de governo plutocrata (para os ricos) que irá ampliar a pobreza e a miséria tendo como consequência mais brasileiros/as passando fome e entregues a todo tipo de violência. Além de destruir o futuro de milhões de jovens ao sucatear a educação e entregar os corpos dos pobres às doenças ao sucatear a saúde pública, além de destruir direitos sociais e trabalhistas e ampliar a corrupção nos poderes do Estado. Sem dizer que a maioria dessa gente é a mesma que apoiou o golpe contra Dilma, jogando o Brasil no caos social e econômico. São cúmplices! Contraditório, né!? Fazer caridade com o dinheiro alheio é fácil, quero ver assumir as consequências éticas do seu voto. Com meu pouco dinheirinho fazem não! Se eu fizer caridade não preciso de atravessadores, entrego diretamente a quem precisa! Quanto ao voto, eu votei por mais emprego, mais salário, educação e saúde públicas com qualidade, garantia de direitos sociais e trabalhistas, menos violência, menos ódio e mais democracia com justiça social! Não adianta fazerem-se de bons cristãos dando esmolas! Eu sei muito bem o que vocês fizeram no dia 28 de outubro de 2018! Vamos purgar! [Lucio Lopes_Outubro_2018]

Muitas pessoas passam pelas nossas vidas. A maioria só passa! Por mais que em algum momento possamos ver nelas as amigas que desejávamos com o tempo percebemos que apenas estiveram ao nosso lado em um breve passatempo. Depois se afastam e tornam-se "estranhas". Mas há aquelas que estendem o tempo e este, em alguns casos, tende a tornar-se eterno. São essas, aquelas que nunca se cansam da gente, que são cúmplices na partilha dos bons e maus momentos, que são capazes de rir de bobagens, mas também de chorar junto, que são capazes de mutuamente falar de coisas sérias e refletirem, que são capazes de dar e receber. Que são capazes de ficar ali ao seu lado mesmo que sem palavras velando sua dor que não pode ser compartilhada, quando por algum motivo você sofre. Que te procura quando o tempo da ausência ficou demasiado longo, que quer saber como você está como a apaziguar a alma, "se você está bem eu também fico". Essas são poucas, ou mais precisamente 1, 2 ou 3... mas são exatamente essas que são imprescindíveis! Na vida, o tempo que é o senhor da história se encarrega de nos mostrar quem são essas pessoas! A nós cabe valorizarmos esta dádiva Divina! [Lucio Lopes_Outubro_2018]

Estamos em novembro, quando celebramos a Consciência Negra. Os Racismos cultural e institucional perpetuam os sofrimentos dos negros e negras brasileiros. Precisamos de conhecimento e militância contra este absurdo desumano! Para somar-se à luta contra o racismo e a favor de uma vida melhor para as populações negras não é necessário ser negro, basta ser HUMANO de verdade! [Lucio Lopes_Novembro_2018]

O presidente MITÔmano anuncia com sua "equipe" acabar com a previdência estatal com capitalização para engordar banqueiros, o que em outras palavras significa: você vai morrer de trabalhar aposentando-se com um salário que não dará nem para comprar remédios. Fim da previdência estatal - precarizando aposentadorias, desmantelamento dos programas sociais para os mais fracos. Limitação de investimento em educação e destruição da educação pública. Destruição da saúde pública. Entrega de nosso pré-sal, águas, florestas, aos gringos. Ampliação do desemprego e menos salário, e ainda anuncia-se que o Brasil precisa de menos direitos trabalhistas - ofertando-se uma carteira verde e amarela, e uma parte dos trabalhadores aplaudem o MITÔmano! E ainda alguém pode esperar que eu tenha algum tipo de esperança em relação a um governo eleito por meio de fake news? Só se eu renunciasse ao meu cérebro... [Lucio Lopes_Novembro_2018]



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As pessoas boas partem mas não morrem... Marielle Franco 14/03/2018

As pessoas boas partem mas não morrem... Marielle Franco 14/03/2018 

Com o ódio deles fazemos combustível para alimentar o AMOR! 

 Marielle Franco vive! 

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

BOLSONARO PRESIDENTE DEMONSTRA SER COMPLETAMENTE DESPREPARADO E ESTÁ CERCADO DE UM BANDO DE DESPREPARADOS COMO ELE PARA GOVERNAR UM PAÍS DO TAMANHO DO BRASL

Sobre as eleições 2018 e o futuro do Brasil, Luís Marques Mendes, na SIC TV de Portugal, já disse tudo! Sigo adiante com a consciência em paz por não ser cúmplice de um governo plutocrata de Bolsonaro, que provavelmente fará muito mal ao já sofrido povo brasileiro. Mas, como diz o ditado:"cada povo tem o governo que merece".


Em Paris, onde recebe o prêmio literário Roger Caillois pelo conjunto de sua obra, o escritor brasileiro Milton Hatoum classificou o presidente eleito Jair Bolsonaro como uma "figura sinistra e de extrema direita"; "Eu não torço pelo pior, mas a equipe dele é péssima, não têm nenhuma grandeza ética ou intelectual para governar o país", diz ele; "Acho que a violência vai aumentar e as pessoas estão com medo. Mas medo é a última coisa que a gente deve sentir. Devemos atacar com argumentos toda essa impostura" 


Milton Hatoum se tornou nesta quinta-feira (8) o terceiro escritor brasileiro a ser contemplado com o prêmio Roger Caillois pelo conjunto de sua obra. A premiação, que é anual, celebra tradicionalmente um autor latino-americano e um de língua francesa. Roger Caillois (1913-1978), célebre crítico literário, ensaísta, poeta e sociólogo francês, foi um dos mais importantes promotores da literatura hispano-americana na França, desde que se exilou na Argentina, durante a Segunda Guerra Mundial. A entrega do prêmio acontecerá no dia 13 de dezembro, na Maison de L'Amérique Latine, em Paris. Milton Hatoum, que estará presente, disse que "é um bom momento para sair um pouco do Brasil". O escritor conversou com a RFI sobre a premiação, literatura e os últimos acontecimentos no país. 

RFI – Você é o terceiro brasileiro a ser contemplado com o prêmio Roger Caillois, depois de Haroldo de Campos, em 1999, e Chico Buarque, em 2016. Qual o significado desta premiação para você, que possui várias obras traduzidas e publicadas na França? 

Milton Hatoum – Fiquei muito honrado, é um prêmio importante para a literatura da América Latina. Ele leva o nome de um francês [Roger Caillois] que morou na Argentina vários anos durante a Segunda Guerra, onde fundou uma revista importante, a Lettre Française. Ele tinha sido convidado pela escritora argentina Victoria Ocampo para dar uma série de conferências na Argentina, e teve que ficar por lá por causa da ocupação nazista do governo de Vichy e de Pétain, na França. Quando ele decide ficar em Buenos Aires, ele começa a ler literatura hispano-americana. Além da produção literária de Caillois, ele foi um intelectual importante para fazer essa ponte cultural e afetiva entre a América Latina e a França. Vejo um pouco de paralelismo com a missão francesa no Brasil, com os franceses que vieram dar aula na USP nos anos 1930, entre eles o (Claude) Lévy-Strauss. O fato de ganhar esse prêmio, e de ter dois ilustres conterrâneos como vencedores, o Haroldo e o Chico Buarque, é uma honra para mim. 

RFI – Seu mais recente livro, A noite da espera, que faz parte da trilogia O Lugar mais Sombrio, foi publicado há exatamente um ano no Brasil. É um romance de formação, que recupera um pouco do espectro sombrio da ditadura. Como será o segundo volume, que saíra num Brasil prestes a reviver, talvez, alguns destes fantasmas? 

Milton Hatoum – Comecei a escrever essa trilogia em 2007. Esse ano, eu revisei o segundo volume. Durante a revisão, eu percebi que o ambiente não é muito diferente do que está acontecendo hoje. Críticos, jornalistas e leitores já tinham feito esse comentário sobre o primeiro volume. Muitos acharam que a narrativa e o ambiente opressivo remetem ao que aconteceu no último ano, no Brasil. Mas eu não tinha pensado nisso. Quando escrevi, 2008, 2010, 2012, o Brasil estava na paz, em outra toada. Mas essas tragédias são cíclicas na América Latina. E relendo o segundo volume, eu percebi que esse lugar sombrio continua como espaço e tempo sombrio também. Porque estamos revivendo algo que já vi, eu que passei toda a minha juventude, e uma parte da vida adulta, sob a ditadura. Então, posso dizer que isso que está acontecendo está de algum modo no livro, embora não seja um romance político, nem um romance sobre a ditadura. 

 RFI – Você citou Roger Caillois, que se exilou na Argentina por causa da colaboração francesa com o nazismo. O general Pétain, um dos símbolos dessa colaboração, causou polêmica na França há dois dias, quando o presidente francês, Emmanuel Macron, decidiu homenageá-lo, durante o centenário do Primeira Guerra. Como é ser criador num país, o Brasil, que parece adotar uma postura revisionista em relação a seu passado? 

Milton Hatoum – Li essa declaração infeliz do Macron, e espero que tenha sido uma gafe (risos). Mas no Brasil, o que o presidente eleito, o capitão reformado Jair Bolsonaro falou sobre a ditadura, não foi gafe, foi convicção. Ele elogiou a ditadura e torturadores. Bolsonaro é de fato uma figura sinistra e de extrema direita. Um escritor sente essa pressão, mas esse governo não vai me impedir de escrever. Acho que quem vai sentir profundamente são as pessoas muito pobres, os negros, os homossexuais, as mulheres, ele fez um discurso contra as minorias, muito contundente e ácido. Eu não torço pelo pior, mas a equipe dele é péssima, não têm nenhuma grandeza ética ou intelectual para governar o país. Pessoas já foram assassinadas e professores estão acuados por causa dessa loucura dessa Escola Sem Partido, que vai gerar um verdadeiro caos, se esse projeto for aprovado. Será a loucura da delação em sala de aula, essa coisa de filmar professores e gravar. Acho que a violência vai aumentar e as pessoas estão com medo. Mas medo é a última coisa que a gente deve sentir. Devemos atacar com argumentos toda essa impostura. 

RFI – Você é escritor. Seria possível descrever ou imaginar Brasília (um dos cenários de A noite da espera) em 2019? 

Milton Hatoum – Brasília em 2019 para mim será um governo de militares eleitos pelo povo. Não sabemos o que será o Congresso Nacional, como ele vai se comportar diante do Executivo. Eu estou prevendo uma situação um pouco caótica. Essa para mim é a imagem de Brasília no ano que vem. O Brasil é de uma complexidade enorme, e eles não entenderam isso. Acho que as pessoas estão muito infelizes, há 13 milhões de desempregados. Quem elege um salvador da pátria, não sabe ainda que não haverá salvação, nem a curto, nem a médio prazo. Acho que esse tempo sombrio vai ser longo. 

RFI – Você é traduzido e publicado na França há muitos anos. Alguma novidade está prevista para o mercado editorial francês para este ano? 

Milton Hatoum – Acaba de sair na França meu livro de contos, La Ville au millieu des eaux (Actes Sud, 2018), o título em português é A Cidade Ilhada (Companhia das Letras, 2009). Gostei muito da escolha do título do tradutor, Michel Riaudel. Meu primeiro livro publicado na França foi o Recit d'un certain Orient, publicado pelas edições Seuil, todos os outros saíram pela Actes Sud, como Deux Frères (Dois Irmãos), Cendres d'Amazonie (Cinzas do Norte) e Orphelin d'Eldorado (Órfão do Eldorado).

Fonte: https://www.brasil247.com/

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

A vitória do fascismo com Jair Bolsonaro nos coloca um desafio: Democracia de massas ou barbárie!

O tamanho da nossa derrota e a montanha que temos de subir, é um texto de Roberto Ponciano - Mestre em Filosofia, Mestre em Letras Neolatinas, Especialista em Economia do Trabalho e Sindicalismo. Estou reproduzindo a seguir o texto na íntegra.

              Imagem https://www.brasildefato.com.br/

Leio, com estupefação, algumas “análises” da nossa derrota que me deixam seriamente preocupado. Vivemos a era da internet, da superficialidade, das fake news, da informação repassada e não digerida, de considerar que qualquer texto com mais de dez linhas é “textão”, e na crença de que a informação tem que ser “curta”, “objetiva”, “direta”, “criar empatia”, “porque, se não for, não será digerida”. Lógico que pelos tons das aspas eu sou um crítico deste consenso, toda unanimidade é burra, inclusive esta. A política vista com uma guerra virtual, decidida na internet, em que todo o restante perde a importância. 

E nesta crendice supersticiosa num super mundo virtual, para além e acima das contradições do mundo real, todos e todas viram analistas políticos. Aliás, para ser analista político, nos dias de hoje, é melhor você desistir de fazer leituras de grossos livros de Ciência Política e Filosofia, Clausewitz? Marx? Sartre? Foucault? Maquiavel? Que nada, basta uma leitura de 10 minutos diários sobre a opinião de qualquer guru virtual. E aí pululam as soluções miraculosas, e os discursos otimistas. 

Num texto se lê soluções mágicas de “como sobreviver ao fascismo”, com regras estrambóticas sobre “segurança virtual” e soluções muito práticas como, por exemplo, evitar abordar o fascismo de frente. Só uma coisas, se o fascismo avançar, não vai ser enterrar a cabeça na areia feito avestruz, ou trocar Marx por receita de bolo, que nos salvará da cadeia, da tortura, do exílio e da morte. Mas um texto que substitui o pó mágico do pirlimpimpim, com 8 parágrafos numerados é suficiente para “sobreviver ao fascismo”. 

Pior que este texto e de muito sucesso também é um twitter ou algo parecido que diz que “foi bom os fascistas ganharem, o fascismo só se combate quando em lugar de uma ideia ele se torna uma realidade”. A imbecilidade deste pensamento é algo tão absurdo, que somente sou obrigado a comentá-lo porque a esquerda baixou tanto de nível de análise e leitura, que sim, é necessário explicar o óbvio. Num mundo onde tudo está tão confuso, temos que falar até as coisas triviais. Por este raciocínio “dialético”, e como conclusão necessária dele, foi ótimo para o mundo, por exemplo, que Hitler, Mussolini e Hiroito tenham comandado Itália, Japão e Alemanha, a segunda guerra mundial, o extermínio de comunistas, socialistas, social democratas, ciganos, testemunhas de Jeová, manchus, judeus, deficientes, prostitutas, homossexuais; porque só assim a “ideia” fascismo, que não podia ser combatida, pode, ao fim, com o custo de 50 milhões de vidas, ser combatida. 

Como diria Spinoza, ignorância não é argumento. 

Outro texto muito corrente e prenhe do mesmo otimismo estilo Pollyana moça é o que diz que “não perdemos a eleição”, e conclui que a ganhamos, porque soma os brancos e nulos como prova da “rejeição de Bolsonaro”. Duas coisas nesta “análise”, pelo mesmo raciocínio nem devíamos ter assumido o poder durante os 4 mandatos que ganhamos nas urnas, nas mesmas condições, e, um argumento ainda pior, se somados os brancos e nulos está a dimensão da rejeição de Bolsonaro, deve se usar o mesmo raciocínio para nós, e nossa rejeição seria inexpugnável. 

Em suma, em lugar de assumir que a luta de classes entrou em outro patamar qualitativo, que sofremos uma derrota extremamente profunda, que o fascismo ganhou corpo, forma, partidos políticos, redes de TV e mídia em geral, que penetrou no Judiciário com força, no Ministério Público e terá o auxílio para nos caçar e cassar de todos os aparelhos de Estado, trocamos a análise minuciosa da correlação de forças por frases otimistas e receitas de bolo para escapar dele. 

A nossa derrota é tremenda e profunda. O fascismo que antes era uma ameaça, agora se consolida como ideologia política de Estado. Ao ponto de o juiz de primeira instância, que condenou o candidato mais forte da esquerda, sem provas, poder ser premiado com um cargo de um superministério da Justiça, com a intenção declarada de nos perseguir. E com a promessa solene inclusive de ir ao STF depois. Se um juiz de primeira instância, com parcos recursos intelectuais e quase nenhum poder, pode fazer o estrago que fez, imaginemos um STF fascistizado, inamovível, num processo de nomeação de fascistas! 

Nossa derrota é muito mais profunda do que a perda de uma eleição. Nossa derrota aliás se perfaz na redução de nossa política a disputar eleições de 4 em 4 anos e deixar de fazer a disputa para organizar os trabalhadores na base, localmente, bairro a bairro. De disputar ideologicamente os mais pobres, que largados à própria sorte. Estes foram sugados por seitas neo-pentecostais, que, em sua grande maioria, em lugar de pregar o evangelho, organizam-se como células de partidos políticos com objetivos declarados de uma pauta reacionária e conservadora. 

Não sou um extremista, em lugar de objetivos concretos, não coloco a pauta máxima da Revolução Socialista. Mas entre a pauta máxima e o reduzir à luta popular às eleições, a transformação do aprofundamento da democracia em apenas aprofundar o tamanho da urna, esquecendo-nos de organizar o povo em geral e fazer a disputa ideológica, há uma distância incomensurável. Paramos de organizar o povo, negligenciamos o trabalho de base, trocamos a formação e a disputa ideológica pelas “batalhas de facebook e de whatsapp”. Ao contrário de todo mundo que acredita que perdemos as eleições nos “fake news” (para mim só um sintoma da nossa doença), perdemos as eleições porque paramos de nos organizar e trabalhar a consciência de classe. Como não há espaço vazio em política, as fake news tiveram terreno fértil para proliferar. Mas não, o pobre de direita não surgiu das fake news. 

Alguém já observou como se organiza uma seita de extrema direita conservadora? 1. Tem organização territorial. 2. Tem reuniões periódicas (cultos, estudos, etc). 3. Tem estrutura hierárquica e disciplina interna. 4. Faz a disputa ideológica todo o tempo. A. Terraplanismo. B Criacionismo. C. Submissão da mulher ao homem. D. Homofobia. E. Conservadorismo nos costumes. Em resumo, tudo que fazíamos antes como partidos políticos a direita faz agora em seus aparelhos ideológicos de Estado. 

E como reagimos a isto? “Reforçamos” nossa atuação no twitter, instagram, facebook, whatsapp, signal, etc. Não conseguimos raciocinar e pensar em como frágeis, sem projeto, sem formação política, inserção de massas são nossas organizações partidárias. Em lugar de uma crítica ao mundo real da nossa falta de organização e inserção partidária, é mais fácil creditar aos fake news a conta da nossa derrota. 

A direita não tem ilusões como nós. Ela não faz apologia a um absurdo culto de uma “política do afeto” (já já falarei disto). Descuidamos dos aparelhos de Estado, no auge do sucesso do Governo Lula instigamos o povo a “consumir mais” e defendemos com unhas e dentes que o maior consumo da classe trabalhadora era o maior avanço do nosso Governo. Nossa pauta não foi nas ruas a universalização do SUS, a estatização de todos os serviços de saúde e de educação, a organização e educação das massas, na compreensão que um governo, ainda mais de coalização podia sim sofrer um forte revés. Trocamos a necessária e precisa análise da LUTA DE CLASSES, por crenças do tipo “republicanismo”, e acreditamos que havíamos chegado ao paraíso, e que nossos aliados circunstanciais deixariam de ser nossos inimigos de classes, devido às concessões que fizemos. 

Eles não tem estas ilusões. Antes mesmo de assumir, o governo fascista já anuncia uma super-Gestapo com Sérgio Moro à frente, com promessas futuras de STF, danem-se os escrúpulos e aparências, enquanto isto, brincamos de “republicanismo” e nomeamos Fux, Joaquim Barbosa, Fachin, Carmen Lúcia, dentre outros. A política é o espaço do embate e do confronto. Não entender a dinâmica de luta permanente na política, nos fez fazer concessões inadmissíveis a nossos inimigos no aparelho de Estado, em lugar de usá-los como base da luta de classe. Nosso inimigo não é tão amador. 

Em lugar de análise da dinâmica da luta de classes e da correlação de forças, inclusive de tentar entender a fragilidade da falta de organização nossa no aparelho de Estado, criamos um discurso ursinhos carinhosos da “política do afeto’. Talvez esta seja a contribuição mais tosca da esquerda brasileira às bobagens que a esquerda já fez no mundo. Em 2002 dizer a esperança vai vencer o medo tinha precisamente outro sentido. O medo anticomunista cujo símbolo era Regina Duarte, tinha que ser vencido pela esperança em dias melhores. Preciso. 

Agora a tal da “política do afeto” nos invadiu, e em lugar de militantes parece que viramos um bando de telletubies ou de ursinhos carinhosos. Um valor abstrato e sem conteúdo, que em lugar de esclarecer as nossas deficiências, as mascara, com seu complemento necessário de “horizontalidade” e outros tipos de democratismos que, na verdade, só mostra como regredimos em termos de organização. 

Não é a primeira vez que o fascismo toma o poder no Brasil. O Golpe de 1964 foi fascista. E demoramos 21 anos para voltar a eleger alguém fora do status quo do golpe e 24 anos para sair da sombra dele com a CF de 88. O Golpe de 2016 e a eleição de um fascista, podem agora termina de vez com a CF de 1988, e se, não nos organizarmos de forma real, disputando bairro e bairro e rua a rua os corações e mentes das pessoas, talvez demoremos outros 20 ou 40 anos para voltar ao poder, com consequências funestas para o povo brasileiro. Democracia ou barbárie e a barbárie vai se instalando. 

Não tenho nenhum otimismo, ao contrário de militontos que apontam que o atual governo fascista fará tantas cagadas que o derrotaremos em 2022, lembro aos queridos amigos que este é um governo FASCISTA! Um governo que não terá escrúpulos em cassar liberdade democráticas, em perseguir, em demitir, em prender, que se apoiará em grupos paramilitares para assassinar adversários políticos, como já o fez, num experimento controlado, com Marielle Franco, e continuou fazendo entre o primeiro e o segundo turno das eleições. Esperar as eleições de 2022 será um erro fatal. 

A montanha que temos de subir é alta, íngreme, não conseguiremos escalá-la sem estrutura, formação ideológica e organização. Não a enfrentaremos nem nos escondendo ou ocultando nossas opiniões, (na era digital, com os rastros que deixamos na internet, isto é só uma babaquice); nem militando na internet nos blogs, face, zap etc (embora seja importante). Arduamente temos que voltar a organizar nossas bases. Rua a rua, bairro a bairro. Recriar as células partidárias por local de trabalho e moradia, voltar a disputar política nos corações e mentes das pessoas, organizar brigadas antifascistas, fazer o trabalho ideológico diariamente, e não só em momentos de eleição. Trocar o discurso tolo de política do afeto, pelo discurso arrojado de luta de classes, que dá ao trabalhador a dimensão de qual lado ele está e qual seu papel na disputa entre Capital e Trabalho. 

Sem isto, sem retomarmos as bases da organização popular negligenciadas, o fascismo durará muito. É claro que não estamos numa situação de terra arrasada. A derrota foi dura e profunda, mas não foi total. Temos um governo fascista no qual ainda funcionam aparelhos de Estado em que podemos fazer a disputa interna contra eles. Temos organizações como os sindicatos progressistas da CUT, CTB, nos quais precisamos voltar a fazer a disputa ideológica necessária, temos o MST, o MTST, as frentes, mas, o tamanho da derrota nos sinaliza que sim, havia um vácuo, um espaço político não ocupado o qual a direita ocupou, organizou os pobres a seu favor e construiu o fascismo. Não há reversão do fascismo sem disputarmos e organizarmos os trabalhadores mais pobres. 

Este texto não tem receitas mágicas. Não tem soluções prontas. É pessimista e sombrio porque é realista. Ele em resumo diz que sim, sofremos uma derrota e um revés profundo que coloca a luta de classes em outro patamar no Brasil, avança o fascismo e nos coloca na defensiva. E que para sairmos desta situação só voltando a nos organizarmos na base, ideologicamente, a partir de uma perspectiva classista. 

Longe de soluções mágicas ele nos coloca o desafio. Democracia de massas ou barbárie!