ACESSE O ARQUIVO DO BLOG
FILOPARANAVAÍ

sábado, 9 de novembro de 2013

20 DE NOVEMBRO: DIA NACIONAL DA CONSCIÊNCIA NEGRA

Counter


"Toda persona tiene todos los derechos y libertades proclamados
en esta Declaración, sin distinción alguna de
raza, color, sexo, idioma, religión, opinión política o de
cualquier otra índole, origen nacional o social,
posición económica, nacimiento o
cualquier otra condición"
(art. 2 de la Declaración Universal de Derechos Humanos)

_______________

Oração Cristã pelo fim de
todas as formas
de preconceitos e discriminações

Por_Lucio LOPES Nov.2013

Fiz aqui uma tentativa de elaborar uma oração ao Deus Cristão cultuado pela maioria da população de meu país. 

Passados mais de 2000 anos da presença do Cristo em nosso meio, seus seguidores vivem um misto de humanidade e santidade, inseridos na hipocrisia velada que é, sobretudo, orientada por uma moral impositiva altamente excludente: homofóbica, xenofóbica, de não respeito às diferenças religiosas, de uma moral sexista punitiva pautada por uma teologia do medo e o pior de tudo, o apaziguamento das desigualdades sociais, servindo não mais que "braço" para sustentar o aparelho ideológico dominante e assim incensar a harmonia entre Ricos e Pobres. 

Mas isso foi o que os homens fizeram do Cristianismo do Cristo, porque o Cristo do Cristianismo não comunga com nada disso. 

Filosoficamente trabalhamos com a ideia de que Deus é um e está ao mesmo tempo em todas as religiões e/ou mesmo, fora delas. Isso quer dizer que nenhuma religião e ninguém é proprietário de Deus: Desde a cristã até a mais milenar religião nativa da áfrica, todas precisam ser respeitadas como expressão de crenças subjetivas. 

É o mesmo Deus que santifica e salva em todos os momentos da história pela humanização do Homem. É bom sempre lembrar que Deus não é propriedade de ninguém - ainda que queiram monopolizá-lo - e o próprio Evangelho sentencia isto: "O ESpírito sopra onde quer..."

Ó Senhor Jesus Cristo, que ao assumir nossa condição humana, não negou sua condição de Judeu, que conviveu com os pobres, com as mulheres consideradas corretas e com aquelas nem tanto consideradas assim; com as crianças, com os doentes, com os estrangeiros... abolindo todas as formas de discriminação quando aqueles só recebiam gestos preconceituosos...

Nós te pedimos por aqueles homens e aquelas mulheres que nunca experimentaram a alegria de serem amados. Por todos os povos, independente de nação ou continente, que na história foram explorados e escravizados, sempre classificados culturamente como povos inferiores.

Por todos os homens e mulheres que são discriminados por causa da cor da pele, da religião, da opção política ou da prática de sua sexualidade, da pobreza... e outras formas de discriminações...

Suscite em nós, Senhor da VIDA, uma vontade decidida de colaborarmos contigo, para a libertação moral e espiritual das pessoas e tirá-las da miséria material concreta e dos sofrimentos daí advindos.

Liberta-nos de nosso egoísmo, de nossa falta de solidariedade e torna-nos pessoas abertas... verdadeiramente humanas, capazes de amar e compartilhar com os outros, tudo o que somos e o que temos. AMÉM!!! OXALÁ!!!

20 de Novembro
Dia Nacional  Consciência Negra
____________________________




Preconceito e Discriminação: Uma sina que os negros e negras brasileiros carregam na alma
por Lucio LOPES 


Neste 20 de Novembro, data tão oportuna e muito cara aos Movimentos de Consciência Negra, que tanto lutam por uma questão mais do que nobre, equânime; eu gostaria de fazer uma breve reflexão filosófica sobre os fundamentos de dois males que convivem em nossos corações e mentes: o PRECONCEITO e a DISCRIMINAÇÃO.

Não é por culpa nossa não, que tenhamos enraizados tão profundamente em nossas almas estes dois males; somos vítimas de um aparato ideológico convencionado ao longo de séculos e que sempre, independentemente da época, construiu o lado do "pseudo" BEM e a satanização do oposto. 


Foi assim no Brasil, para que se justificasse a exploração desumana dos índios e negros nos trabalhos braçais. O Negro, e lê-se aqui também, o índio, não presta - é selvagem, inculto, idólatra. Tudo que é dele não presta. Sua língua não presta, sua religião não presta...

A Ideologia dominante tem um poder imensurável de enraizar suas ideias no Homem. Difícil mesmo é se livrar disso. Se você perguntar para alguêm: "Você é preconceituoso em relação a isto ou aquilo?"; a resposta será sempre a mesma, "não"; quando não acompanhada de alguma outra meia-culpa. 

Nossa sociedade, acima de tudo, é hipócrita: é preconceituosa e pratica as ações de discriminações todos os dias de forma velada e que dificilmente são punidas legalmente.


Auto reconhecer-se como preconceituoso, por mais simples que a pessoa seja, é perceptívelmente algo não louvável. Então auto negar-se é uma saída salutar. Mais isso, não resolve o problema.


Preconceito é sinônimo de IGNORÂNCIA e a ignorância gera a discriminação. Na verdade, a discriminação é uma punição imposta ao outro por algo que não tenho coragem de punir em mim mesmo. Sabe aquele ditado:"Pimenta no do outro não dói, é refresco..."

A discriminação existe e é uma praga que mata caso não for combatida em tempo. Ela é muito parecida com a “tiririca” – erva daninha de difícil erradicação e que só pode ser combatida com produtos químicos. A discriminação, assim comparada à tiririca, precisa de um choque profilático enquanto ainda esteja com suas raízes em expansão.

As vezes ela é incompreensível, ilógica e pode ser que o seja, por sua natureza, de natureza "burra": fruto por excelência da ignorância. Não gosto do termo raça, pois eu o acho pobre. 


Mas vejamos, todos nós pertencemos a subespécie dos hominídeos “Homo Sapiens” ou seja, todos nós os humanos somos da mesma fonte com os acidentes causais e próprios que concebem a uns humanos serem brancos, a outros negros, vermelhos ou ainda amarelos... altos ou baixos, magros ou gordos... enfim estes acidentes não são próprios da espécime humana e sim deles todas as criaturas vivas e até mesmo as não-vivas participam....

Ser diferente é normal e só poderemos nos reconhecer como iguais e entendermos as diferenças como normais.

Então porque se discrimina? Porque o branco se acha superior ao negro e no direito de se achar mais? 


Eu diria que na verdade não tem nada a ver com estes acidentes naturais, porque até mesmo a mais ignorante das criaturas os perceberiam como naturais e não os utilizariam de sã consciência para se posicionarem em algum “ranking” comparativo e de ação excludente. 

Então, resta apenas a certeza de que a discriminação é fruto da ignorância e de problemas internos (do âmbito psquíco) ainda não resolvidos, de uma dada pessoa. Porém, antes de se cristalizar na mente e no coração da pessoa, houve todo um processo decorrente dos movimentos alienatórios gerados pelo sistema ideológico dominante.

A discriminação ultrapassa as fronteiras das diferenças naturais da espécime e alcança diferenças sociais, opção religiosa, opção sexual, etc...

De qualquer maneira, independente da situação em que ocorre todo e qualquer preconceito que acabe em discriminação, o problema é sempre o mesmo: um distúrbio que produz medo e o medo pode provocar as mais danosas reações que poderíamos imaginar...

O mais importante é que o nosso país avance nas campanhas para combater a ignorância e de quebra a discriminação... A informação será a grande aliada contra as discriminações e nisto o ensino da disciplina de Filosofia no ensino médio do Brasil - muito poderá contribuir. 


Nosso país tem avançado nas leis contra discriminação religiosa e de cor, logo logo também teremos leis contra a discriminação por opção sexual. Nosso Código de Direito já garante que calúnia, difamação e injúria são crimes... A lei Maria Da Penha é uma grande aliada das mulheres contra a discriminação e violência machista...

Estas ferramentas proporcionadas pelas Leis devem de ser utilizadas quando se fizerem necessárias, pois há pessoas que tomam consciência quando a dor bate no bolso... 


Dinheiro nenhum deste mundo repara os danos provocados pelo preconceito e discriminações dele advindos, mas pode despertar a consciência, quem sabe, de algum preconceituoso levado ao tribunal... e de que quebra a consciência de outros milhares... e assim, a realidade de um mundo melhor onde a máxima do ensinamento de Jesus, O AMOR... possa ser mais do que discurso vazio de pseudo-pregadores, ser a luz que envolva nossos relacionamentos humanos e com a natureza, respeitando as diferenças que Deus imprimiu em nossas existências...

Consciência Negra


A lei N.º 10.639, de 9 de janeiro de 2003, incluiu o dia 20 de novembro no calendário escolar, data em que comemoramos o Dia Nacional da Consciência Negra. A mesma lei também tornou obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. Com isso, professores devem inserir em seus programas aulas sobre os seguintes temas: História da África e dos africanos, luta dos negros no Brasil, cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional.

Com a implementação dessa lei, o governo brasileiro espera contribuir para o resgate das contribuição dos povos negros nas áreas social, econômica e política ao longo da história do país.

A escolha dessa data não foi por acaso: em 20 de novembro de 1695, Zumbi - líder do Quilombo dos Palmares- foi morto em uma emboscada na Serra Dois Irmãos, em Pernambuco, após liderar uma resistência que culminou com o início da destruição do quilombo Palmares.

Então, comemorar o Dia Nacional da Consciência Negra nessa data é uma forma de homenagear e manter viva em nossa memória essa figura histórica. Não somente a imagem do líder, como também sua importância na luta pela libertação dos escravos, concretizada em 1888.

Porém, hoje as estatísticas sobre os brasileiros ainda espelham desigualdades entre a população de brancos e a de pretos e pardos. Por isso, é importante conhecermos algumas informações sobre o assunto.

Rei Zumbi

Zumbi foi o grande líder do quilombo Palmares, considerado herói da resistência anti-escravagista. Estudos indicam que nasceu em 1655 no quilombo, sendo descendente de guerreiros angolanos.

Com poucos dias de vida, foi aprisionado pela expedição de Brás da Rocha Cardoso, sendo entregue depois a um padre, conhecido como Antônio Melo que o batizou com o nome de Francisco.

Aos 15 anos, ele foge da casa do padre e retorna a Palmares, onde muda o nome para Zumbi. Ficaria conhecido em 1673, quando a expedição de Jácome Bezerra foi desbaratada. Um ano antes de sua morte, caiu em um desfiladeiro após ser baleado num combate contra as tropas de Domingo Jorge Velho, que seria mais tarde acusado de matá-lo. Dado como morto, Zumbi reaparece em 1695, ano de sua morte.

Aos 40 anos, ele morre após lutar contra milícias organizadas por donos de terras durante dezessete anos. Durante mais uma incursão comandada por Domingos, Zumbi foi abatido no seu esconderijo descoberto depois da traição de um seus principais comandantes, Antônio Soares, que revelou onde o líder se encontrava.




Quilombos?


Os quilombos, que na língua banto significam "povoação", funcionavam como núcleos habitacionais e comerciais, além de local de resistência à escravidão, já que abrigavam escravos fugidos de fazendas. No Brasil, o mais famoso deles foi Palmares.

Criado no final de 1590 a partir de um pequeno refúgio de escravos localizado na Serra da Barriga, em Alagoas, Palmares se fortificou, chegando a reunir quase 30 mil pessoas. Transformou-se num estado autônomo, resistiu aos ataques holandeses, luso-brasileiros e bandeirantes paulistas, e foi totalmente destruído em 1716.

Embora não existam mais quilombos por aqui, comunidades remanescentes se instalaram em vários estados do país. No total, 743 foram identificadas, mas só 29 foram tituladas oficialmente pelo governo.

Localizadas em São Paulo, Rio de Janeiro, Pará, Maranhão, Pernambuco, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Sergipe, Goiás e Amapá, estas comunidades detém os Direitos Culturais Históricos, assegurados pelos artigos 215 e 216 da Constituição Federal que tratam das questões relativas à preservação dos valores culturais da população negra. Além disso, suas terras são consideradas Território Cultural Nacional.

Estima-se que 2 milhões de pessoas vivam nestas comunidades organizadas para garantir o direito à propriedade da terra. Segundo a Fundação Cultural Palmares, do governo federal, que confere às comunidades o direito ao título de posse da terra, os habitantes remanescentes dos quilombos preservam o meio ambiente e respeitam o local onde vivem. Mas sofrem constantes ameaças de expropriação e invasão das terras por inimigos que cobiçam as riquezas em recursos naturais, fertilidade do solo
e qualidade da madeira.


As desigualdades sociais entre brancos e negros são muito grandes e latentes em nossa atual sociedade. Para por um fim nesta triste e desumana história urge que transformemos nossas mentes e corações e nos tornemos mais humanos e sabedores que a diferença é que torna a humanidade mais bonita e junto com a diferença, de mãos dadas, precisam estar a justiça e equidade.

Olurun Eke e a República incompleta



Ao incluir o Dia da Consciência Negra no calendário escolar, a lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, não propiciou apenas um resgate da história dos povos negros. Foi bem além. Ensejou a necessidade de um novo olhar sobre culturas que, ao contrário da postulação ocidental, não colocam a questão da Verdade, de conteúdos absolutos e inarredáveis, de essências escondidas atrás de formas ou aparências. Sua riqueza é de outra ordem. E talvez este seja o significado mais profundo do dia 20 de novembro: memória e resistência como possibilidades históricas.

Para os que estudam a cultura afro-brasileira, é importante registrar a dinâmica de suas origens. Nelas, observamos uma espécie de culto da forma pela forma, algo como a valorização das dimensões plásticas. Seus mitos, rituais, danças, jogos e orações não remetem a quaisquer referências que lhes sejam exteriores, não expressam "outra coisa", não são aparências de uma essência. Portanto não podem ser “decifrados”, “interpretados" ou "descobertos", como ainda pretendem algumas de nossas teorias da cultura, herdeiras do ranço etnocêntrico do velho colonizador.

É o que apreciamos na aparentemente inconciliável visão de mundo que parece existir em alguns poetas negros, como Solano Trindade (1908-1974). Em versos como "A minha bandeira/ É da cor de sangue/ Olurun Eke/ Da cor da revolução/ Olurun Eke", há uma estranheza que parece apontar para ausência de sentido lógico. Pura ilusão. O que lemos são instantes culturais, sínteses de uma vida vivida, de um artista ao sentir a realidade trágica do que é ser negro, também no Brasil.

Na verdade, do ponto de vista dos afro-descendentes, as expressões artísticas são mais para serem percebidas sensorialmente, vistas com a Alma, do que para serem "entendidas". Existe, portanto, uma defasagem entre aquilo que se quer dizer de um lado, e o que se consegue transmitir na realidade. É exatamente neste espaço que o negro brasileiro consegue criar as coisas mais bonitas de sua produção simbólica e de maior valor para sua negritude.

Ser negro no Brasil de 2010 é, culturalmente, assumir a Alma Popular: é pensar a partir do ponto de vista do povo. É, sobretudo, estabelecer sintonia ideológica com as classes sociais que foram exploradas durante nossos 510 anos de história. O grande saque que se iniciou com a invasão portuguesa, por causa do pau-brasil, continuou e prosperou até depois da Independência, sempre a beneficiar os brancos. Consolidou-se com a Abolição/Proclamação da República, e continua até os nossos dias.

No terceiro milênio, da perspectiva do negro, a paz, objetivo perseguido por toda a espécie humana, passa necessariamente pela resolução dos problemas que o grande saque, ocidental e cristão, criou para a negritude. No Dia da Consciência Negra, é preciso repudiar a História do Brasil como um suceder de arranjos, combinações, "jeitinhos" em que o conflito nunca aparece ou, se vem à tona, é considerado como "coisa externa à nossa gente".

O processo de desestruturação do mito da “democracia racial” no campo teórico tem avançado muito nos últimos anos. Já no terreno social e da luta política, apesar das políticas públicas implementadas recentemente, o atraso ainda é considerável. Por isso, é necessário resgatar a memória histórica dos negros, em todos os tempos e sentidos. Olurun Eke, para que a República seja proclamada em definitivo.


Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil

Texto publicado no site www.cartamaior.com.br


filoparanavai 2013

Nenhum comentário: