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FILOPARANAVAÍ

segunda-feira, 10 de junho de 2013

ÉTICA E DIREITOS HUMANOS: QUANDO MATAMOS POR MEIO DA RELIGIÃO E DA BÍBLIA EM NOME DE DEUS



Artigo de Frei BETTO: A BÍBLIA E OS GAYS
Frei Betto, é o autor de um artigo profundamente lúcido e sábio, na hora do confronto entre saberes Filosófico, Científico e Religioso-Teológico-Bíblico. Também sou graduado em Teologia e posso afirmar que o raciocínio de Frei Betto é revolucionário e libertador em relação à promoção da dignidade humana.

Em um contexto no qual temos que conviver com um Congresso composto de deputados e senadores "religiosos fundamentalistas", na defesa da "família brasileira", negando direitos à segmentos vulneráveis e discriminados da população brasileira. 

Momento no qual, ainda, tendo de conviver com um Marco Feliciano na presidência da CDH da Câmara, composta por outros deputados de mesma linha religiosa fundamentalista; discutindo retrocessos em relação às conquistas de direitos LGBT, por exemplo, querendo reativar a chamada "cura gay" e impedindo a aprovação da criminalização da homofobia no Brasil; Frei BETTO, então, converte-se em um profeta do cristianismo.

O frade católico, em janeiro desse ano de 2013, recebeu o Prêmio José Martí durante conferência em Cuba. "Frei Betto recebe o prêmio pelas suas qualidades como intelectual comprometido com os direitos humanos, como educador popular e também como lutador pelas causas dos povos latino-americanos", destacou a diretora-geral da Unesco, Irina Bokova.


Homossexualidade, os fundamentalistas religiosos e a Bíblia...
PALAVRAS SÁBIAS, PROFÉTICAS E LIBERTADORAS DE UM FRADE CATÓLICO



“E a tomar a Bíblia literalmente, teríamos que passar ao fio da espada todos que professam crenças diferentes da nossa e odiar pai e mãe para verdadeiramente seguir a Jesus.” Esse é um dos argumentos do frade dominicano e escritor Frei Betto contra a discriminação religiosa e a favor do projeto de lei que criminaliza a homofobia (PL 122/06). Betto diz que a Igreja Católica já foi até a favor da escravidão e que a postura contra os direitos arco-íris deve mudar. “Pecado é aceitar os mecanismos de exclusão e selecionar seres humanos por fatores biológicos, raciais, étnicos ou sexuais. Todos são filhos amados por Deus.”

Isso é apenas uma introdução a um texto de Frei Beto, escrito em 2011, mas igualmente ao dogmatismo dos religiosos fundamentalistas, um texto super atual.

LEIA O ARTIGO NA ÍNTEGRA:

É no mínimo surpreendente constatar as pressões sobre o Senado para evitar a lei que criminaliza a homofobia. Sofrem de amnésia os que insistem em segregar, discriminar, satanizar e condenar os casais homoafetivos. 

No tempo de Jesus, os segregados eram os pagãos, os doentes, os que exerciam determinadas atividades profissionais, como açougueiros e fiscais de renda. Com todos esses Jesus teve uma atitude inclusiva. Mais tarde, vitimizaram indígenas, negros, hereges e judeus. Hoje, homossexuais, muçulmanos e migrantes pobres (incluídas as "pessoas diferenciadas”...).

Relações entre pessoas do mesmo sexo ainda são ilegais em mais de 80 nações. Em alguns países islâmicos elas são punidas com castigos físicos ou pena de morte (Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Nigéria etc.). No 60º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 2008, 27 países membros da União Europeia assinaram resolução à ONU pela "despenalização universal da homossexualidade”.

A Igreja Católica deu um pequeno passo adiante ao incluir no seu Catecismo a exigência de se evitar qualquer discriminação a homossexuais. No entanto, silenciam as autoridades eclesiásticas quando se trata de se pronunciar contra a homofobia. E, no entanto, se escutou sua discordância à decisão do STF ao aprovar o direito de união civil dos homoafetivos.


Ninguém escolhe ser homo ou heterossexual. A pessoa nasce assim. E, à luz do Evangelho, a Igreja não tem o direito de encarar ninguém como homo ou hétero, e sim como filho de Deus, chamado à comunhão com Ele e com o próximo, destinatário da graça divina. São alarmantes os índices de agressões e assassinatos de homossexuais no Brasil. A urgência de uma lei contra a homofobia não se justifica apenas pela violência física sofrida por travestis, transexuais, lésbicas etc. Mais grave é a violência simbólica, que instaura procedimento social e fomenta a cultura da satanização. A Igreja Católica já não condena homossexuais, mas impede que eles manifestem o seu amor por pessoas do mesmo sexo. Ora, todo amor não decorre de Deus? Não diz a Carta de João (I,7) que "quem ama conhece a Deus” (observe que João não diz que quem conhece a Deus ama...).

Por que fingir ignorar que o amor exige união e querer que essa união permaneça à margem da lei? No matrimônio são os noivos os verdadeiros ministros. E não o padre, como muitos imaginam. Pode a teologia negar a essencial sacramentalidade da união de duas pessoas que se amam, ainda que do mesmo sexo?

Ora, direis ouvir a Bíblia! Sim, no contexto patriarcal em que foi escrita seria estranho aprovar o homossexualismo. Mas muitas passagens o subtendem, como o amor entre Davi por Jônatas (I Samuel 18), o centurião romano interessado na cura de seu servo (Lucas 7) e os "eunucos de nascença” (Mateus 19). E a tomar a Bíblia literalmente, teríamos que passar ao fio da espada todos que professam crenças diferentes da nossa e odiar pai e mãe para verdadeiramente seguir a Jesus.

Há que passar da hermenêutica singularizadora para a hermenêutica pluralizadora. Ontem, a Igreja Católica acusava os judeus de assassinos de Jesus; condenava ao limbo crianças mortas sem batismo; considerava legítima a escravidão e censurava o empréstimo a juros. Por que excluir casais homoafetivos de direitos civis e religiosos?

Pecado é aceitar os mecanismos de exclusão e selecionar seres humanos por fatores biológicos, raciais, étnicos ou sexuais. Todos são filhos amados por Deus. Todos têm como vocação essencial amar e ser amados. A lei é feita para a pessoa, insiste Jesus, e não a pessoa para a lei.

Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto , (Belo Horizonte, 25 de agosto de 1944) é um escritor e religioso dominicano brasileiro. autor de "Um homem chamado Jesus” (Rocco), entre outros livros. www.freibetto.org - twitter:@freibetto


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Três professores do estado americano de Iowa afirmam: não há como defender, baseado no que diz a Bíblia, a ideia de que a única forma legítima de casamento é aquela entre um homem e uma mulher.


“As pessoas querem estar bem informadas para tomar decisões. Se os professores não divulgam seu conhecimento, o público vai ter de se basear no que dizem os apresentadores de TV e os religiosos, e eles não são a fonte de informação mais segura”, destaca Robert R. Cargill.

Na verdade, uma variedade de configurações familiares era permitida nas culturas que produziram a Bíblia, indo do celibato à monogamia àquelas em que as vítimas de estupro eram forçadas a casar com seus estupradores, passando ainda pelo casamento por levirato, quando o marido morria sem ter tido filhos e a viúva era dada como esposa ao irmão do falecido, para lhe garantir o nome, a descendência e a herança, independente do estado civil do irmão.

Portanto, ao mesmo tempo em que não é correto afirmar que os textos bíblicos permitiriam casamentos entre pessoas do mesmo sexo, é igualmente incorreto declarar que o formato “um homem e uma mulher” é o único tipo de casamento considerado legítimo.

Os três professores concluem dizendo que esta não é uma interpretação moderna e acadêmica dos textos bíblicos – é simplesmente a constatação de que o casamento tem múltiplas definições na Bíblia.




ÉTICA E DIREITOS HUMANOS

“A luta contra a homofobia é uma parte essencial da batalha mais ampla dos direitos humanos para todos”, disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em Haia, na Holanda. 

“A Declaração Universal dos Direitos Humanos promete um mundo que é livre e igual, e nós só vamos conseguir honrar essa promessa se todos — sem exceção — gozarem da proteção que merecem.” Ban Ki-moon ressaltou a responsabilidade dos governos de tomar a iniciativa para promover uma maior compreensão da questão, acabando com os estereótipos negativos. 

As pessoas LGBT são frequentemente alvos de preconceitos e abusos de extremistas religiosos, grupos paramilitares, neonazistas, ultranacionalistas, entre outros grupos, além de sofrer com a violência no ambiente familiar e comunitário. Lésbicas e mulheres transexuais estão em situação de risco particular. 

A alta comissária das Nações Unidas para os direitos humanos, Navi Pillay — que leu a mensagem de Ban no evento de Haia –, destacou três áreas que requer atenção imediata. A primeira é a dos crimes de ódio, que “acontecem com regularidade alarmante em todas as regiões do mundo” e variam da intimidação à agressão física, tortura, sequestro e assassinato.

A segunda preocupação é a criminalização da homossexualidade. Cerca de 76 países continuam a proibir relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo, violando o direito do cidadão à privacidade. As penalidades variam de sentenças de prisão até a pena de morte, em sete países. 

A prevalência de práticas discriminatórias contra pessoas LGBT é a terceira área de preocupação. Pillay observou que em muitos países as pessoas LGBT não têm proteção legal por leis nacionais e, em alguma instância, os Estados estão contribuindo ativamente para esse tipo de discriminação. 



             




ÓTIMO VÍDEO SOBRE BREVE HISTÓRIA DA HOMOSSEXUALIDADE: AJUDA TER UMA VISÃO AMPLA SOBRE O TEMA
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