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domingo, 17 de janeiro de 2010

Reflexão acerca do Pai Nosso, por Lucio Lopes


Reflexão acerca do Pai Nosso

A Oração do Pai Nosso foi colocada em nossas bocas e corações pelo próprio Jesus (cf. Saint Matthieu 6,9-13; Saint Luc 11, 2-4). É a oração mais recitada pelos cristãos sem dúvida alguma... Porém, muitas vezes não paramos para contemplar a riqueza profunda que reside nesta oração de poucas palavras...

A oração do Pai Nosso é uma ajuda para que possamos entrar nos Mistérios do Criador.

Para quem tem fé, é um colocar-se na presença dele mesmo. Deus, longe de ser uma ideia ou aquilo que dele fizeram os judeus-cristãos, é o Perfeito, capaz de nos amar com uma gratuidade sem limites e restrições.

Com Deus há que se fazer o encontro tête-à-tête, infelizmente não há outro caminho a percorrer. Ou isso ou nada.

Deus é "pessoa" que ouve mas que também quer ser ouvido, ama mas quetambém quer ser amado...

Porém, uma relação que não seja cultivada a partir da gratuidade pode dificultar maior intimidade.

Nossas condições de vida, atuais, pautadas pela ditadura do consumismo imposto pelo sistema econômico capitalista têm impregnado nossas relações humanas pelo egocentrismo que desfigura nossas relações, colocando o outro sempre como objeto a satisfazer nossas necessidades imediatas.

Quando satisfeitos  simplesmente o descartamos.

Basta ligar a televisão em um desses programas religiosos de católicos e/ou outras denominações religiosas cistãs para constatarmos que fizeram de Deus apenas mais um objeto a ser comercializado no grande mercado do capital.

Deus está para resolver de forma mágica, fantástica, problemas individuais de saúde, sentimentais ou até mesmo financeiros. Não sai de graça essa 'mania mitológica'sobre os poderes de Jesus, ao contrário, acontece através do depósito de vultuosas quantias nos cofres dos pseudos-líderes religiosos e/ou de suas 'empresas'-igrejas.


Pai Nosso que estais no céu – é o reconhecimento de que, aqui na Terra, todos deveríamos ser filhos do mesmo Pai – o mesmo que nos criou. Ser filhos e agir como filhos d’Ele é nossa maior vocação. Se todos os homens e mulheres assumissem sua condição de filhos e filhas d’Ele, com certeza seria mais fácil erradicar as desigualdades que tantas feridas abrem entre nós. Os brancos – europeus; os vermelhos – norte americanos/índios; os amarelos – asiáticos e os negros – africanos... Fazem parte da diversidade das cores humanas. O homem é um só e mesmo em qualquer lugar do Planeta, feito à imagem e semelhança de seu Criador... Pena que muitos não entendem esta verdade... Não aceitam ser filhos e muito menos, agir como tal...

Santificado seja o vosso nome – A nossa maneira de viver e agir deve revelar o nome de Deus, nosso Criador e Pai. Um dos grandes ensinamentos de Jesus em seu evangelho é o de que Deus é Pai... Profanamos e negamos o nome de Deus quando agimos contrários ao seu mandamento do AMOR. Pois quem é de Deus está obrigado a prática do Amor, e a estar sempre do lado da Vidas...

Venha a nós o vosso Reino – O Reino de Deus já está presente neste mundo, não ainda em plenitude... Mas já acontece onde o Bem prevalece: liberdade, fraternidade, justiça, amor, partilha... São alguns sinais de sua presença em nosso meio (Saint Matthieu 13, 24-30). O Espírito Santo é quem coloca em nossos corações o desejo incessante de tornar este Reino cada vez mais presente entre nós.

Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu – Jesus buscou realizar plenamente a vontade do Pai. Jesus é o nosso modelo de ação neste mundo... Ele não apenas ensinou... Antes de tudo, ele viveu o que ensinou... Por isso mesmo, seus ensinamentos resistem a séculos da história humana sempre como uma grande novidade (Saint Matthieu 12, 46-50). Nossa ação deve sempre buscar a vontade do Pai... E a vontade do Pai é que sejamos capazes de praticar o amor em toda e qualquer situação...

O pão nosso de cada dia nos daí hoje – Pedir o pão é pedir o alimento para nos mantermos fiéis... Sem o alimento ficamos fracos e nos tornamos presa fácil do inimigo. Mais do que o pão material, haveremos de pedir o pão espiritual... Saber compartilhar com os outros esses pães é o grande segredo para eles jamais faltarem em nossa mesa... Não compartilhar é se fazer igual aos filhos das trevas que negam os bens deste mundo, necessários a sobrevivência, à milhões de irmãos e irmãs nossos... Lutarmos compartilhando do nosso pão e denunciando aqueles que acumulam em detrimento de seu próximo, é a missão de todos aqueles que ousam dizer “ O pão nosso de cada dia...”

Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido – Ter um coração livre para amar exige a capacidade de perdoar... Deus só pode perdoar os erros daqueles que fizeram a experiência de perdoar a quem hes deixou tristes... A alegria só pode residir em um coração livre, capaz de amar sem medida e totalmente desinteressado... Pedir perdão é um gesto profundamente humano diante do Criador... Quando pedimos perdão a um irmão que nos deixou triste ou o perdoamos, o Criador se alegra... Pois, meu semelhante assim como eu, ambos somos imagem e semelhança do Criador...

E não nos deixeis cair em tentação – Vivemos em um mundo marcado por uma eterna disputa por novos espaços... O capitalismo nos transforma em seres esdrúxulos uns aos outros... Ter fama, ser rico... Não importa o preço a pagar... Meu próximo torna-se naturalmente um obstáculo aos meus projetos... Sentimentos como raiva, inveja, intolerância... Transformam-se em ações que buscam derrubar quem possa hipoteticamente ser um obstáculo em meu caminho... Pedir ao Pai a capacidade de se contentar com uma vida simples e honesta, evangelicamente, é de extrema importância, se realmente queremos ser fiéis ao Pai. Em um mundo marcado pela desigualdade... como dizia Dom Helder Câmara “Alguns ficam com a mesa vazia, enquanto outros provocam o vômito para poder comer mais, tanta é a comida que sobra (acumulada) em sua mesma...”

Mas livrai-nos do mal – Os sinais de morte estão muito presentes em nossa sociedade. O mal é personificado em nossa sociedade pelos filhos das trevas... Muitas vezes os filhos da luz podem desviar-se de sua missão evangélica e enveredar pelos caminhos das trevas... Geralmente as conseqüências não são nada boas e o caminho de volta torna-se muito difícil... Esta possibilidade concreta deveria fazer com que todos os que aspiram continuarem sendo filhos da luz ficassem mais atentos... A humildade em reconhecer as próprias limitações é uma grande aliada nesta tarefa...

Amém!!! Assim Seja!!! Oxalá!!! Queira Deus!!!

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